segunda-feira, janeiro 28, 2013
BEM AMADAS (Les Bien-Aimés)
Suicídio ou morte precoce, personagens homossexuais, um gosto pelo musical e por paixões avassaladoras. Essas e outras temáticas caras ao cineasta Christophe Honoré estão de volta em BEM AMADAS (2011), que também conta com a participação de vários astros que já estiveram presentes em outras obras do diretor. Mas uma coisa que não dá para prever na carreira de um diretor, principalmente se ele já alcançou níveis excelentes de inventividade e inspiração, como foi o caso de CANÇÕES DE AMOR (2007), é que não existe uam fórmula para que tudo funcione às mil maravilhas novamente.
BEM AMADAS procura seguir os passos de CANÇÕES DE AMOR, mas com um pouco mais de ambição em sua produção, que se passa em cinco cidades diferentes e é falado em três línguas (francês, inglês e tcheco). O filme é ambicioso também por cobrir várias décadas na história de duas mulheres, Madeleine (representada por Ludivine Sagnier quando jovem e por Catherine Deneuve quando madura) e sua filha Vera, vivida por Chiara Mastroianni. E dentro desse período pelo menos dois eventos históricos importantes são evidenciados.
Porém, falta ao mais recente trabalho de Honoré mais vivacidade, mais inspiração nas canções, que têm a sua beleza, mas que não falam forte ao coração. E isso é muito importante dentro de um musical. Ainda assim, destacaria como melhores momentos do filme os seus instantes finais, em que a leveza do início é substituída por uma melancolia, que parece ser mais a praia do cineasta, vide obras mais dramáticas e mais bem-sucedidas, como MA MÈRE (2004) e EM PARIS (2006).
Mas não deixa de ser interessante essa curva descendente na vida dos personagens, essa mudança da leveza inicial para o peso do final. Acaba mostrando de forma um tanto realista a melancolia da velhice e a dor dos amores. Nesse sentido, o título do filme é irônico, afinal, tanto as mulheres quanto os homens do filme sofrem em seus relacionamentos. Madeleine, nem tanto, pois há algo de despudorado e alegre em sua persona, apesar de não estar totalmente feliz com seu casamento. Mas é Vera que carrega uma carga de tragédia para a história, ao se apaixonar por um rapaz gay (o americano Paul Schneider). No entanto, o que poderia gerar uma catarse pode ser visto até com certa indiferença. Sorte que o epílogo ajuda o espectador a sair do cinema com uma boa impressão do filme.
O elenco masculino está bem, com a presença do cineasta Milos Forman e do já citado Schneider. Mas o filme poderia ter apostado mais em Louis Garrel, que até já tinha feito parte do triângulo amoroso com Ludivine em CANÇÕES DE AMOR, mas que em BEM AMADAS ganha um papel menor, ainda que digno.
Pode ser que Honoré esteja passando por uma crise criativa, mas ainda assim é muito válido conferir mais um trabalho desse cineasta, um dos mais importantes da cinematografia francesa de sua geração. O cinema francês ainda continua vigoroso, apesar da perda a cada ano de cineastas importantes de sua fase áurea (anos 60 e 70).
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