quinta-feira, maio 06, 2010

À PROCURA DE ERIC (Looking for Eric)



Mais um da série "faz tanto tempo que eu vi, que quase me esqueci". Não sou entusiasta de Ken Loach. O número de filmes que vi do diretor dá pra contar nos dedos de uma só mão. Para um cineasta que está na ativa desde a década de 1960, é pouco. Loach também não é uma unanimidade entre a crítica. Mas hoje em dia, o que é unânime mesmo? Entre os que vi, o trabalho dele de que mais gostei até agora foi APENAS UM BEIJO (2004), que considero um grande filme, tanto nas questões sociais e políticas quanto no trato sentimental. À PROCURA DE ERIC (2009), eu enquadraria mais no quesito 'interessante', o que meio que significa que eu não me entusiasmei com o filme, mas respeito e reconheço alguns momentos marcantes.

Como À PROCURA DE ERIC depende muito do carisma dos personagens/atores, eu diria que o filme não me disse muito. Provavelmente seja necessário alguns pré-requisitos para ser melhor apreciado. Gostar de futebol e saber da importância do ex-jogador francês que jogou no Manchester United, Éric Cantona, pode ajudar um pouco - tive de ler algo na internet sobre a figura mítica que Cantona criou para si mesmo. Na trama, Steve Evets é Eric Bishop, um carteiro loser que chora até hoje o fato de ter deixado a primeira esposa por ter entrato em parafuso e de não ter moral com os enteados do segundo casamento. De uma hora para a outra, ele passa a ver a figura imaginária do jogador Eric Cantona, que serve como uma espécie de guia espiritual para ele. Mais ou menos como Humphrey Bogart aparecendo para o personagem de Woody Allen em SONHOS DE UM SEDUTOR. Só que de maneira bem menos onírica e mais intrusiva com a realidade. A exemplo do brasileiro A MULHER INVISÍVEL.

Talvez comparar o filme de Loach com a comédia estrelada por Selton Mello e Luana Piovani seja um pouco ofensivo para os fãs de Loach, mas não acho a comparação de todo ruim. Ambos os filmes tratam de personagens em circunstâncias emocionais bem delicadas e que precisam da fuga da realidade para conseguir ficar de pé. Mas Loach é o cineasta do social e precisa ser, antes de tudo, cronista da sociedade e ver a situação com distanciamento, o que acaba tornando o personagem de Eric Bishop ainda mais idiota. Precisaríamos nos aproximar mais dele para podermos nos solidarizar e torcer por sua vitória diante dos obstáculos da vida. Ainda assim, não deixa de ser muito boa a sequência dos amigos de Eric se juntando para dar uma lição no mafioso folgado. Melhor do que vingança dos nerds é vingança dos losers.

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