terça-feira, maio 18, 2010

O PREÇO DA TRAIÇÃO (Chloe)



O nome de Atom Egoyan me remete a meados dos anos 90, quando fui a uma memorável sessão matutina de EXÓTICA (1994). O filme tinha uma interessante trama de mistério, mas o ponto forte era a sensualidade. Garotas dançando de topless ao som de Leonard Cohen não é todo dia que se vê, não. E uma delas era a Mia Kirshner, na época ainda desconhecida. Delícia de filme. Acabei ligando o nome de Egoyan a esse universo misterioso e excitante. Pena que Egoyan nem sempre seguiu essa linha com eficiência. Eu mesmo ainda não sei qual é o ponto principal de sua carreira, se há um elemento comum, autoral. Depois do frio O DOCE AMANHÃ (1997), vi também O FIO DA INOCÊNCIA (1999), bom thriller, mas pouco memorável. Depois desse, não vi mais outro trabalho do cineasta egípcio-canadense. Até porque a maioria de seus filmes são complicados de chegarem nos cinemas locais. Com sorte, chegam em dvd. (Hoje em dia, isso não é nenhuma desculpa para não ver um filme, mas até um tempo atrás era.) VERDADE NUA (2005), um dos últimos a ter uma repercussão maior, ainda não cheguei a ver, apesar do cartaz atraente do ponto de vista erótico.

E é sabendo do poder da sensualidade que uma distribuidora independente - no caso, a PlayArte - soube vender muito bem o novo filme de Egoyan, O PREÇO DA TRAIÇÃO (2009). Eu fiquei tentado só de ver o trailer. Amanda Seyfried, no momento de maior visibilidade de sua carreira, vive uma garota de programa contratada para fazer um "teste de fidelidade" no professor universitário Liam Neeson. Ela é contratada pela própria esposa (Julianne Moore), que desconfia que o marido a esteja traindo. O trailer já adianta que Chloe, a personagem de Amanda Seyfried, vai ter também uma relação sexual com a própria Julianne Moore. E isso é um dos elementos que mais nos convidam a pegar uma fila enorme daquelas de domingo à tarde no Iguatemi só para conferir o filme.

Aliás, quero deixar registrado aqui o meu protesto. Cheguei no cinema faltando cinquenta minutos para a sessão começar. Demorei uma hora e vinte minutos para chegar ao caixa. Resultado: tive que optar pela sessão seguinte. Se fosse um filme de maior duração, teria ido embora para casa frustrado. Ou mais frustrado, já que o filme também é frustrante. Está mais para um clone de ATRAÇÃO FATAL do que para uma homenagem aos grandes filmes noir dos anos 40. Talvez o segredo para se gostar do filme seja mesmo não levá-lo muito a sério. Mas ainda assim fica complicado, pois o próprio filme se leva a sério demais. Tanto a personagem de Julianne Moore quanto a de Amanda Seyfried saem queimadas, com personagens constrangedoras. Liam Neeson consegue escapar ileso, porque seu personagem acaba ficando em segundo plano, já que a ênfase está na relação entre a esposa supostamente traída e a garota que quer se envolver com ela e sua família obsessivamente. O PREÇO DA TRAIÇÃO é uma prova de que, ao contrário do que muita gente pensa, fazer thrillers eróticos não é para qualquer um. E nem vou fazer comparação com um certo filme dirigido por um cineasta holandês meio maluco nos anos 90, porque aí ia ser covardia.

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