sexta-feira, agosto 07, 2009

A ESTALAGEM MALDITA (Jamaica Inn)
























Quando Alfred Hitchcock realizou A ESTALAGEM MALDITA (1939), ele já havia assinado contrato com David O. Selznick para trabalhar em Hollywood. Mas preferiu fazer um último filme na Inglaterra, enquanto ainda tinha tempo. E foi muito bom rever esse belo e subestimado filme do mestre. Não está entre as suas grandes obras, mas é um filme feito por um cineasta já em pleno domínio de sua técnica, o que já se torna uma obra fundamental. Na primeira vez que o vi foi através de uma exibição em telão no Centro Cultural Banco do Nordeste, naquele horário de meio-dia, quando o sono bate mais forte. E o sono me impediu de apreciar o filme, além de me fazer esquecer de muitas cenas. Portanto, era importante a revisão.

Uma das coisas que mais saltam aos olhos no filme é a presença deslumbrante de Maureen O'Hara, que se tornaria uma das atrizes mais queridas dos trabalhos de John Ford e que em A ESTALAGEM MALDITA aparece bem jovem, linda. Ela faz o papel de uma das personagens principais, mas como ainda era semidesconhecida, foi destacada nos créditos com um "and introducing Maureen O'Hara". Ela merecia mesmo ser tratada de maneira especial. Dois anos depois, ela estaria nos Estados Unidos encabeçando o elenco de COMO ERA VERDE O MEU VALE, de Ford.

A trama de A ESTALAGEM MALDITA se passa numa região litorânea bastante perigosa, alvo de saqueadores, que provocavam naufrágios de grandes navios no litoral rochoso para matar e roubar. Quem está por trás de tudo isso é o juiz de paz da cidade, vivido por Charles Laughton. O romance original de Daphne Du Maurier mostrava o personagem apenas no final da trama, como um whodunit, coisa que Hitchcock tratou, muito acertadamente, de mudar. Assim, desde o começo, já sabemos das artimanhas do tal juiz e Laughton imprime um ar sempre maquiavélico ao papel. Até um pouco exagerado, coisa que não agradou muito a Hitchcock.

Apesar de não ser um dos trabalhos mais queridos do mestre do suspense, é um filme de um vigor admirável, tanto narrativo, quanto atmosférico, muito disso devendo-se à textura da fotografia em preto e branco, que dá preferência à noite. Mesmo quando se passa em interiores, Hitchcock dá o seu toque especial. Destaque para a cena do enforcamento de um dos membros do bando de Joss, com uma visão de cima, do ponto de vista da personagem de O'Hara. A cena final de Laughton, no barco, também é antológica.

Para encerrar a fase britânica do mestre, um top dos filmes falados desse importante momento:

1. JOVEM E INOCENTE
2. OS 39 DEGRAUS
3. O HOMEM QUE SABIA DEMAIS
4. CHANTAGEM E CONFISSÃO
5. A ESTALAGEM MALDITA

Nenhum comentário: