quarta-feira, janeiro 28, 2009
FATAL (Elegy)
Isabel Coixet, em seu terceiro longa-metragem lançado comercialmente no Brasil, mostra-se uma cineasta dedicada em tratar mais uma vez da reflexão da vida frente à morte. Em MINHA VIDA SEM MIM (2003), ela já havia se utilizado do melodrama assumido, sem medo de ser (in)feliz. Desta vez, com FATAL (2008), Coixet nos fornece uma trama que trafega por caminhos inesperados, ao contar a história de um professor de faculdade sexagenário (Ben Kingsley) que se apaixona por uma garota na casa dos vinte anos (Penélope Cruz).
O filme trata com sensibilidade do relacionamento desse senhor divorciado e que tem problemas em se relacionar com o filho, que o culpa pela destruição do lar, de tê-lo abandonado. Há também a simpática figura do amigo poeta, vivido por Dennis Hopper. Logo ele, que tem um passado nada familiar, é escolhido como o personagem que serve de conselheiro para o amigo. Uma das melhores falas do filme vem dele, que diz que as mulheres bonitas são invisíveis. "Como assim, invisíveis, se as pessoas só olham para elas?", pergunta o amigo. Elas são invisíveis pois nós não sabemos quem de fato elas são; só olhamos para o exterior, belo e atraente, teoriza o poeta.
E se eu não sou exatamente fã da beleza de Penélope Cruz, o mesmo não se aplica aos seus belos seios, que estão entre os mais bonitos do cinema na atualidade. (Talvez Tom Cruise tenha ficado com ela alguns anos só para usufruir deles.) Ao iniciar o relacionamento que dura bem mais do que esperava, o professor se debruça pelo belo par de mamas e os adora, segundo suas próprias palavras. A narração, ora espirituosa, ora ácida e triste, do protagonista vai nos aproximando dele e fazendo com que nos identifiquemos com seus sentimentos, com a ansiedade de ligar para a garota por quem está apaixonado, com o fato de estar inseguro diante de tão avassaladora paixão, do medo de perdê-la e do mais que natural ciúme. Seu porto-seguro está em uma mulher na casa dos quarenta (Patricia Clarkson), com quem mantém um longo relacionamento puramente baseado no sexo, sem muita conversa. Ela, no passado, também foi uma de suas alunas.
FATAL, cujo título original faz mais jus ao filme e não engana o espectador, foi me conquistando aos poucos. No começo, apenas entendía meio que racionalmente os sentimentos do personagem de Kingsley. E assim como ele, desconfiava da personagem de Penélope, de suas reais intenções. Aos poucos, fui criando um elo com o protagonista, a ponto de ficar perdido com ele na multidão, sem saber o que fazer da vida. E quando a gente pensa que o filme está se encaminhando para um final mais ou menos previsível, a diretora nos leva para um caminho ainda mais doloroso, assumindo de vez o melodrama. Até então, o filme mais parecia um estudo psicológico do personagem e de seu drama diante de ter um relacionamento que não teria um longo futuro pela frente. Mas ao trazer a cartada final, e junto com ela, as lágrimas, Isabel Coixet mais uma vez me deixou no chão. Preciso ver A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS (2005) e os trabalhos espanhóis da diretora, aparentemente todos passionais.
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