quinta-feira, janeiro 08, 2009

ESTAMOS BEM MESMO SEM VOCÊ (Anche Libero Va Bene)























O filme que faltava de 2008. Por isso, é o caso de puxar da memória, já que já faz uns vinte dias que o vi. ESTAMOS BEM MESMO SEM VOCÊ (2006) é o longa-metragem de estréia do ator de AS CHAVES DE CASA, Kim Rossi Stuart. Trata-se de um drama familiar que lida com questões difíceis como o sentimento de perda, a dificuldade de se adaptar aos padrões da sociedade e da família e a necessidade de encontrar forças depois de mais uma decepção. Além dos usuais problemas de relacionamento e dificuldades financeiras, comuns à maior parte das famílias. Ao contrário do que eu pensava, o filme não é narrado pelo ponto de vista de Renato, personagem de Kim Rossi Stuart, mas pelo de seu filho de 11 anos, Tommi (Alessandro Morace). O que torna o filme até mais simpático e interessante e que gera certa identificação com o garoto.

Lembro que quando eu era pequeno, meu pai queria que eu fosse jogador de futebol, que gostasse das mesmas coisas que ele, que torcesse pelo Fortaleza, quando, na verdade, o futebol nunca me interessou. Cheguei a ir a uns jogos no estádio com ele, mas apesar de ter ficado impressionado com o verde do gramado e com os gritos de alegria dos torcedores, nunca entendi até hoje qual o sentido de se torcer por um time, por uma camisa. Do outro lado, minha mãe me enviava para as chatas lições da escola dominical na igreja. Eu não gostava, mas ia para agradá-la. Não que eu não me interessasse pela Bíblia, pelo contrário, só achava que aquelas lições não me ajudavam em nada. Sempre aprendi muito mais sendo auto-didata, inclusive nos estudos bíblicos.

Em ESTAMOS BEM MESMO SEM VOCÊ, Renato, o pai de Tommi, quer que ele seja um campeão de natação. Mas Tommi não tem a menor vontade de se dedicar a esse esporte, preferindo o futebol, que para o pai era um esporte vulgar, que todo mundo jogava. Assim, o filme trata da dificuldade de os pais entenderem o que os filhos querem para suas vidas, por mais que se diga que eles ainda não têm idade suficiente para decidir.

Na trama, Renato é o chefe de uma família que conta com a ausência da mãe, que saiu de casa e deixou o marido cuidando sozinho dos filhos. Que amam o pai e tratam de agradá-lo sempre que possível. Quando tudo parecia estável, a mulher retorna, chora e pede para ser novamente incluída no lar. Renato, inicialmente resistente, aceita a mulher de volta. Até porque ela ainda desperta nele amor. A mulher, interpretada por Barbora Bobulova, é bonita e atraente e chega até a ser difícil recusar o pedido aparentemente tão sincero dela de retornar. Quando vi o trailer e li a sinopse do filme lembrei da letra de "I will survive", que trata de assunto similar.

Mas é mais na relação de Tommi com o pai, a mãe e a irmã que o filme ganha momentos de delicadeza. Bem como as cenas de Tommi na escola, seja tentando fazer amizade com um garoto estranho que perdeu a fala graças a um trauma, seja mandando um bilhetinho de declaração de amor anônimo para a menina por quem é apaixonado na sala de aula. O título original que contém a palavra "libero" faz um trocadilho com a posição no jogo de futebol desejada pelo garoto.

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