domingo, outubro 12, 2008
SUPREMA CONQUISTA (Twentieth Century)
Depois de se desentender com Louis B. Mayer por não ter total controle da produção VIVA VILLA! (1934), Howard Hawks resolveu pedir umas férias de vinte dias da MGM. Tempo suficiente para que ele dirigisse e produzisse e ainda agendasse uma sessão de testes para SUPREMA CONQUISTA (1934), a comédia que revolucionaria o jeito de se fazer humor na década de 30. O filme foi o pioneiro das screwball comedies. E sabendo disso, acabei por me decepcionar um pouco com o resultado do filme, mas acho que me incomodei mesmo foi com a presença de John Barrymore. Eu já não havia gostado dele no papel de Mercuccio em ROMEU E JULIETA, de George Cukor, e nesse filme de Hawks, ele parece estar o tempo todo num teatro, desempenhando de maneira exagerada alguma peça de Shakespeare. E por mais que ele tenha sido admirado como ator na época, seu jeito de atuar não me agradou e hoje eu vejo SUPREMA CONQUISTA apenas como um ensaio para o que Hawks, McCarey e outros diretores da época fariam de bom nas screwball comedies. Hawks ainda faria duas pérolas do gênero: LEVADA DA BRECA (1938) e JEJUM DE AMOR (1940), ambos com Cary Grant no papel principal. Esse sim, foi um ator ideal para as comédias de Hawks, mais azeitadas e realmente engraçadas.
SUPREMA CONQUISTA, por mais que eu tenha gostado e que admita que seja um bom filme, é uma produção um pouco estragada pela presença de cena, praticamente o tempo inteiro, de Barrymore. Gosto mais da primeira parte do filme, antes de Carole Lombard largar o diretor de teatro louco e possessivo (Barrymore) e embarcar no tal trem que dá nome ao título original. Nessa primeira parte, a presença mais constante de Lombard torna o filme mais agradável e gostei do início, com Barrymore se esforçando para transformar uma modelo em atriz de teatro. Depois que ele a transformou em estrela, tentou usar meios pouco nobres para manter a mulher presa sentimentalmente a ele, seja dramatizando exageradamente que iria pular da janela do prédio se ela saísse, seja usando de outro tipo de chantagem emocional para aquebrantar o coração da pobre moça.
A partir do momento em que o filme se desloca para o trem, onde se desenrolará a maior parte da estória e onde vemos o divertido personagem de um protestante fanático que fica colando às escondidas em todos os lugares do trem adesivos com os dizeres "arrependam-se". Esse e mais outros dois loucos barbudos que se dizem fãs do diretor de teatro são algumas das figuras que passam pelo filme de modo a tornar o humor mais maluco, quase como num desenho animado ou numa comédia de Buster Keaton ou Charles Chaplin. Isso se tornaria ainda mais forte nas comédias seguintes de Hawks, mas tudo começou aqui. Por mais que tenha havido improvisação nas cenas entre Barrymore e Lombard, os diálogos sobrepostos eram uma novidade e um avanço na já famosa rapidez de cenas e diálogos que já marcavam o cinema de Howard Hawks, desde quando ele começou a fazer cinema falado.
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