quinta-feira, agosto 28, 2008

RICAS E FAMOSAS (Rich and Famous)



E com RICAS E FAMOSAS (1981) chega ao fim a minha peregrinação pelo cinema de George Cukor. E que bom ver que a sua despedida das telas, o seu "filme-testamento", é tão bom quanto os seus melhores trabalhos, surpreendendo muitos que viam a sua decadência como permanente. E embora os últimos trabalhos do diretor que eu tive a chance de ver não tenham me agradado muito, eles já apontavam para um tema que seria visto nesse seu último filme: o tema da solteirice, ou da solidão de viver só. Lembremos que os personagens de Rex Harrison e Katharine Hepburn em MY FAIR LADY (1964) e O MILHO ESTÁ VERDE (1979), respectivamente, são solteirões ou por vontade própria ou por força das circunstâncias. No caso de RICAS E FAMOSAS, não se trata exatamente de estar solteiro, mas de terminar um relacionamento prolongado (caso da personagem de Candice Bergen) ou de ter tido vários parceiros durante a vida de solteira e não ter tido a chance de casar (como a personagem de Jacqueline Bisset).

Falando em Bisset, vale ressaltar que mesmo em sua fase mais madura, ela continuava linda, e já fazendo um papel de uma mulher de meia-idade que atrai homens mais jovens. Há duas cenas de sexo no filme que me surpreenderam, mas principalmente por se tratar de um filme de Cukor. E Bisset tem uma sensualidade fantástica. Outra surpresa foi ver que o filme tem no elenco a Meg Ryan! Isso mesmo! Ela ainda estava novinha, "verdinha", ainda a alguns anos para alcançar o auge da beleza e da graciosidade no adorável HARRY E SALLY – FEITOS UM PARA O OUTRO. Mas foi muito bom poder flagrar esse momento inicial da carreira daquela que seria considerada por um tempo a "namoradinha da América". Ela interpreta a filha adolescente da personagem de Candice Bergen.

RICAS E FAMOSAS não nega suas origens teatrais e eu acho que aprendi a ver filmes baseados em peças de teatro com prazer, mas desde que eu esteja preparado psicologicamente para ver uma adaptação de uma peça. A vantagem é que o filme é muito rico nos diálogos e consegue ir além de um teatro filmado, além de ser plasticamente belo nas seqüências externas. O filme mostra o relacionamento de duas amigas de longa data que se tornam escritoras de sucesso em três momentos distintos de suas vidas – 1969, 1977 e 1981. Os cortes no tempo mostram os altos e baixos nas carreiras e nas vidas pessoais dessas duas mulheres. Dois momentos especiais ocorrem no ano de 1981 para as duas no terreno dos relacionamentos. O final do filme é sentimental mas sutil, numa delicadeza típica dos melhores trabalhos do diretor.

Para encerrar, meu top 10 George Cukor, dando para notar que eu adorei a fase da parceria do diretor com Judy Holliday:

1. A DAMA DAS CAMÉLIAS (1936)
2. DA MESMA CARNE (1952)
3. À MEIA LUZ (1944)
4. BOÊMIO ENCANTADOR (1938)
5. ADORÁVEL PECADORA (1960)
6. DEMÔNIO DE MULHER (1954)
7. RICAS E FAMOSAS (1981)
8. NÚPCIAS DE ESCÂNDALO (1940)
9. NASCIDA ONTEM (1950)
10. LES GIRLS (1957)

Filmes importantes de Cukor não vistos durante a peregrinação: DAVID COPPERFIELD (1935), VIVENDO EM DÚVIDA (1935), FATALIDADE (1947), JUSTINE (1969).

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