"My name is Francesco Dellamorte. Weird name, isn't it ? Frances Of Death. Saint Frances Of Death. I've often thought of having it changed. Andre Dellamorte would be much better."
Comparando com muitos dos filmes resenhados pelos amigos do Projeto 365, PELO AMOR E PELA MORTE, de Michele Soavi, é um filme até famoso. É a obra-prima do diretor e o filme que fechou, junto com SÍNDROME MORTAL, de Dario Argento, a era de ouro do horror gótico italiano.
PELO AMOR E PELA MORTE é o meu filme de zumbis preferido. Talvez por não ser apenas um filme de zumbis - deixando claro que eu adoro os zumbis do Romero -, mas um filme esteticamente deslumbrante que fala do amor e da morte, com um humor negro único e um final existencialista e poético. O filme é diferente de todos os filmes de horror italianos que costumamos ver. Inclusive, diferente também dos outros filmes de Soavi, como PÁSSARO SANGRENTO e A CATEDRAL.
O personagem Francesco Dellamorte é interpretado pelo ator inglês Rupert Everett e foi inspirado no herói das HQs italianas Dylan Dog. Curiosamente, quando Tiziano Sclavi criou o personagem dos quadrinhos, ele se inspirou no visual do ator inglês. Deve ter sido uma alegria quando os produtores do filme conseguiram o ator para o papel.
O filme pode ser dividido em três atos. E cada ato correponde a cada uma das três mulheres que aparecem na vida de Francesco. As três são interpretadas pela mesma atriz, a bela e voluptuosa Anna Falchi. O destaque do primeiro ato do filme é justamente a cena em que ela, uma viúva que acabara de perder o esposo, transa com Francesco em cima do túmulo do velho marido, numa seqüência pra lá de sensual. A excitação se transforma em uma espécie de êxtase estético quando, no momento em que os dois fazem sexo, o marido levanta do túmulo. (E essa é apenas uma das várias cenas bizarras do filme.)
No segundo ato, o amor é ainda mais difícil de se alcançar. Os obstáculos são muitos. Ainda mais se você se apaixona por uma mulher que prefere que você seja impotente(!). A cena de Dellamorte indo para o médico e pedindo para que ele lhe arranque o pênis é de dar calafrios.
O terceiro ato mostra o lado psicótico do personagem, quando ele passa a matar não apenas os mortos e começa a enlouquecer. O amor, quando aparece é apenas uma máscara, uma mentira. Assim como o mundo em que ele vive, como descobrimos no final.
Enquanto isso, o parceiro de Francesco, Gnaghi (François-Hadji Lazaro), um sujeito gordo e meio retardado, se apaixona pela filha do prefeito, que morre decapitada numa cena bem gráfica, apesar de pouco realista. Impagável a cena do pai da moça chegando no cemitério e dando de cara com a cabeça de sua filha falando bem mais que as cabeças falantes de TRAUMA, do Argento.
Desde que terminou esse filme, Michele Soavi não fez mais outra produção para cinema. De lá pra cá, ele fez seis filmes para a televisão italiana, incluindo São Francisco, sobre a vida do santo que falava com os bichos, que foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil. A expectativa pela volta de Soavi ao cinema de horror é grande. Diria que até maior que a expectativa em torno dos novos filmes de Dario Argento.
Texto originalmente publicado no Projeto 365.
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