Infelizmente, nos últimos dias um problema de saúde tem prejudicado minha apreciação dos filmes. Por conta de uma garganta inflamada, que tem me provocado uma sonolência bastante incômoda, algumas idas ao cinema não têm sido experiências agradáveis, já que o ar condicionado piora ainda mais a situação. Por causa disso, minhas impressões sobre alguns filmes vistos recentemente poderão soar ranzinzas. Não sei dizer se por causa do filme em si, ou por causa dessa sonolência, eu não gostei do filme. Como não pretendo revê-lo tão cedo, vai um texto assim mesmo.
Falemos então, primeiramente, do personagem de John Constantine, criado por Alan Moore como coadjuvante numa história do Monstro do Pântano. Aqui no Brasil, ele teve várias histórias publicadas de maneira bastante irregular por diversas editoras (Abril, TEQ, Atitude, MP, Brainstore). A Brainstore, a última editora a lançar material do personagem, já faz mais de um ano que não lança mais nada - já nem sei se a editora existe. Os preços altíssimos para edições fininhas não ajudavam a vender o título. Soube através do site Hellblazer.net que a Devir irá lançar uma edição especial de Hellblazer ainda esse mês. Quanto ao criador de Constantine, o excêntrico e genial Alan Moore preferiu não ser creditado como criador do personagem no filme. Moore não está nem aí para os filmes baseados em seus quadrinhos, como foi também o caso de DO INFERNO e A LIGA EXTRAORDINÁRIA.
Meu primeiro contato com o personagem foi através da revista Vertigo, publicação voltada para o público adulto e que durou apenas 12 edições em sua "primeira encarnação", pela Editora Abril. As primeiras histórias que li eram bem impactantes. Tratava-se do arco "Maus Hábitos", escrito pelo maluco do Garth Ennis. Na trama, o mago descobre que está com câncer de pulmão depois de anos de uso abusivo do cigarro, e vai ter que fazer alguns joguetes com demônios para poder se livrar da morte e das chamas do inferno.
A história de CONSTANTINE (2005), o filme, dirigido pelo videoclipeiro e estreante nas telas Francis Lawrence, tem como base o arco "Maus Hábitos", com John Constantine descobrindo que está com câncer, mas há uma mistura com outras tramas. Paralelamente ao drama de John, vivido pelo inexpressivo Keanu Reeves, temos a bela Rachel Weisz cuja irmã gêmea se suicidou saltando do alto de um prédio. Ela acredita que sua irmã não se suicidou, mas que foi assassinada por algum demônio. Pra completar a história, temos o aparecimento da lança que perfurou Jesus na crucificação. Segundo a Bíblia do Inferno (uma das coisas mais engraçadas do filme a existência dessa bíblia), Jesus foi morto pela perfuração com a tal lança, que transforma quem a encontrou numa criatura que atrai a morte por onde ela passa.
Quando o filme começou eu fiquei até empolgado, principalmente por causa de seu visual. A fotografia do francês Philippe Rousselot, que trabalhou em A RAINHA MARGOT, PEIXE GRANDE e no novo Tim Burton A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE, entre outros, é de dar gosto. Pena que com o tempo a gente vai se acostumando com as imagens e nem a história nem o clima sustentam o filme.
Tentei separar o Constantine dos quadrinhos com o do cinema, mas não sei se consegui, já que me incomodei com várias liberdades tomadas pelo filme. Em primeiro lugar, mostrar o nosso anti-herói cínico como uma versão moderna do exorcista não é lá uma boa idéia. Depois, tem aquele personagem ridículo do anjo Gabriel (interpretado pela Tilda Swinton), falando o quanto Constantine era pecador e que seu destino era mesmo o inferno.
Bom, como eu disse, estava com muito sono e o que tenho, por enquanto, é essa primeira (má) impressão do filme. Quem sabe numa revisão, a coisa não muda? Afinal, enquanto tem crítico de jornal que chegou a dizer que CONSTANTINE é o pior filme do ano até agora (refiro-me ao Merten, do Estadão), os críticos pop tem elogiado até elogiado a estréia de Lawrence.
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