sábado, outubro 09, 2004

KILL BILL: VOL. 2



O título de melhor filme do ano se confirma pra mim (pelo menos até agora) ao ver essa belezura espetacular que é KILL BILL VOL. 2. Tarantino baixa a bola nessa segunda parte, mas como eu já estava preparado pra isso, curti bastante as cenas mais lentas e de conversas típicas do diretor (destaque para a teoria do Super-Homem). Em certo sentido, dá pra comparar com a diferença de tons existente entre PULP FICTION (1994) e JACKIE BROWN (1997).

Quem reclamou da superficialidade dos personagens na 1ª parte, finalmente vai calar a boca ao ver toda a profundidade que eles ganham nessa conclusão. Sente-se o carinho que Tarantino tem pelos seus personagens, mesmo fazendo eles comerem o pão que o diabo amassou. Uma Thurman, a noiva, é cuspida, humilhada e até enterrada viva, numa das seqüências mais memoráveis do filme.

A violência continua, mas em tom menos exagerado. A cena de maior violência do filme acaba acontecendo na briga de Uma com a personagem de Daryl Hannah, mas que eu não vou contar como termina pra não estragar a surpresa de quem ainda não viu. Interessante como os homens no filme são mais "zen", enquanto as mulheres são mais piradas, mais violentas. Mesmo se tratando de malvados assassinos, os personagens de David Carradine e Michael Madsen são bem tranqüilões.

Eu não saí do cinema tão entusiasmado feito uma criança como aconteceu quando vi o Volume 1. Graças ao andamento mais lento do filme, acabei saindo do cinema menos excitado, mas bastante maravilhado. A primeira cena que me deixou de boca aberta foi aquela em que a câmera se distancia um pouco da Igreja, dando espaço para vermos a chegada do bando de assassinos de Bill. Aquela cena é sensacional. As cenas do aprendizado com o Pai Mei também são fantásticas - dá uma vontade de pegar uns filmes antigos de kung fu pra ver.

Aparentemente as citações e homenagens a outros filmes não são tão numerosas como na primeira parte. Dá pra perceber o óbvio: o western spaghetti, Lucio Fulci, THEY CALL HER ONE-EYE, filmes de kung fu, o seriado KUNG FU... Parece que Tarantino brinca menos com as referências e se preocupa mais em explorar melhor o passado e o futuro de seus personagens. O homem é sábio.

UPDATE: Deixo aqui o link de um ótimo texto sobre as referências em KILL BILL escritas pelo Otavio para o blog do Vebis, o Fotograma Experimental.

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