quinta-feira, abril 29, 2004

CAÇADO (The Hunted)



Quentin Tarantino disse numa entrevista à revista BRAVO que, pra ele, "as seqüências de ação são as que mais se aproximam do cinema em seu estado puro". Tarantino está promovendo uma revalorização dos filmes de ação e mostrando que eles podem ser mais do que mero entretenimento. O que William Friedkin fala durante os comentários em áudio do dvd de CAÇADO é mais ou menos parecido. Ele diz que o que é mais difícil de se fazer no cinema é filme de ação e comédia. Fazer uma seqüência de ação não é moleza. É preciso dar ritmo não apenas com a montagem, mas com a imagem em si. Se forem cenas de perseguição, então, é muito difícil. Tanto, que aqui no Brasil não temos um diretor que saiba fazer um filme de ação sem parecer amador.

William Friedkin é um dos mestres do gênero nos EUA. Em CAÇADO (2003), ele faz o terceiro de uma trilogia involuntária de filmes que tem o Tommy Lee Jones numa caçada a um fugitivo. Os outros filmes com Tommy - O FUGITIVO (1993) e US MARSHALS (1998) - também são muito bons. Nesse tipo de filme, as razões, o porquê da perseguição não é tão importante quanto a perseguição em si. Sabendo disso, Friedkin não aprofunda detalhes do passado do personagem de Benicio Del Toro. Deixa tudo no mistério.

Com os extras do dvd, a gente fica sabendo que o personagem de Tommy Lee Jones foi inspirado num sujeito que Friedkin conheceu. Assim como o personagem de Lee Jones, esse sujeito ensinava a matar, mas nunca tinha matado ninguém na vida. E esse homem foi quem deu assessoria ao diretor para elaboração de algumas cenas de luta e de alguns detalhes no comportamento dos personagens.

As melhores cenas são as externas: o encontro na floresta entre Lee Jones e Del Toro, e o clímax final, com a luta de facas. A luta de facas é crua e sangrenta, sem coreografias influenciadas pelo kung fu. (Se bem que eu prefiro a luta de facas de Uma Thurman com Vivica Fox em KILL BILL.)

Friedkin continua em ótima forma. E os dois atores principais são ótimos, ainda que estejam interpretando mais economicamente nesse filme. Destaque também para Connie Nielsen, que é bem sexy em papel de militar, como se pôde ver também em VIOLAÇÃO DE CONDUTA, do McTiernan.

O DVD do filme está muito bom, com imagem em widescreen 1.85:1, linda fotografia, comentários em áudio do diretor (legendados), mini-documentários sobre as filmagens e algumas cenas deletadas, também muito boas.

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