domingo, junho 01, 2003

CINEMA EM PRETO E BRANCO



De vez em quando eu me obrigo a ver uns filmes seguidos, seguindo uma certa temática. Só assim, eu vou conseguindo dar conta dos filmes gravados em VHS aqui em casa. Já fiz isso com três filmes do Hitchcock, três com o Jackie Chan, três com o Paul Newman, três filmes do Dario Argento etc. Faço isso de acordo com o que eu tenho disponível gravado aqui. Resolvi fazer um novo tema: os filmes em preto e branco que passam no Band na meia-noite de domingo. Sugiro a quem não está gravando que fique de olho na programação. Passam verdadeiras pérolas.

Os filmes que vou comentar brevemente são de diretores bem conhecidos, mas não populares: Joseph L. Mankiewicz, Anatole Litvak e Rober Mulligan.

QUEM É O INFIEL ? (A Letter to Three Wives)

Filme de 1949 de Joseph L. Mankiewicz, diretor de CLEOPATRA (1963), JULIO CESAR (1953), A CONDESSA DESCALÇA (1954), A MALVADA (1950), entre outros. O filme é todo contado usando o recurso (bastante utilizado na época) do flashback. Na história, três amigas, imediatameante antes de desembarcar num passeio de barco, recebem uma carta de uma quarta mulher. Na carta, a mulher diz que fugiu com um dos três maridos. Sem poder ligar ou fazer mais nada pra se livrarem dessa dúvida cruel, elas lembram de momentos de suas vidas com seus maridos, tentando encontrar motivos para terem sido abandonadas. Esse é um dos mais saborosos filmes de Mankiewicz e conta com um trio de atrizes muito legal. A mais bonita das três é Linda Darnell. Kirk Douglas está no elenco como um dos maridos. E uma das melhores coisas do filme é nunca mostrar a tal mulher que lhes escreveu a carta. Ela é apenas citada. Filmão!

NA COVA DA SERPENTE (The Snake Pit)

Esse é um filme de 1948 de Anatole Litvak, que dirigiu no mesmo ano UMA VIDA POR UM FIO (Sorry, Wrong Number), ótimo suspense com Barbara Stanwick e um dos mais fáceis de encontrar numa locadora uns dez anos atrás. Ver NA COVA DA SERPENTE dá uma dimensão do estilo de Litvak, bem exagerado. Certo dia, conversando com o Renato por icq, ele me contou que Reichenbach coloca um dos filmes de Litvak como uma espécie de "guilty pleasure", de tão grotesco que é em termos de interpretação e estilo de direção. Realmente os filmes dele são barrocos, exagerados. Nesse filme com Olivia De Havilland no papel título, a história é vista pelo ponto de vista de uma louca. A atriz é uma mulher que se vê confusa num hospital psiquiátrico ao lado de outras doidas. Ela não se lembra de por que está ali ou quem é ela. Só de algumas coisas. Diferente de filmes como UM ESTRANHO NO NINHO ou BICHO DE 7 CABEÇAS, o filme de Litvak não se propõe a denunciar os hospícios - mesmo mostrando a técnica do eletrochoque como um meio de "acordar" o paciente. Além disso, o médico da personagem também se utiliza da psicanálise freudiana, tentando descobrir as causas da loucura da paciente. Bom filme.

O PREÇO DE UM PRAZER (Love with the Proper Stranger)

Robert Mulligan, o diretor de VERÃO DE 42, dirige esse filme, de 1963, que traz os astros Steve McQueen e Natalie Wood como protagonistas. Acredito que Natalie Wood era vista com bons olhos pelos tarados de plantão da época. Os títulos nacionais era bastante apelativos sexualmente. O PREÇO DE UM PRAZER.... O CLAMOR DO SEXO... Além de tudo, Natalie Wood é uma graça e com certeza era um dos símbolos sexuais dos anos 50 e 60. Nesse filme, Steve McQueen é um jazzista que recebe a notícia de que a garota com quem ele saiu uma única noite (Natalie) está grávida. Ela pede para ele conseguir um desses médicos clandestinos pra fazer um aborto. Ele faz um esforço pra conseguir o dinheiro. Diferente do que eu pensei, o filme é uma bela história de amor. Daquelas de fazer a gente ficar querendo encontrar a nossa Natalie Wood. (Onde estará a minha?)