quarta-feira, maio 14, 2003

SODERBERGH E CATON-JONES



Mesmo durante o Cine Ceará fui conferir os filmes que estrearam no circuito comercial aqui na cidade. Vê-lo no conforto do friozinho e com a qualidade de som e imagem de um cinema de shopping faz a diferença, mesmo quando os filmes não são ótimos. SOLARIS, na versão de Soderbergh, e O ÚLTIMO SUSPEITO, com DeNiro e grande elenco, se não chegam a ser ótimos, valem a conferida. Os comentários:

SOLARIS

Antes de tudo: ainda não vi a primeira versão de SOLARIS, o clássico da ficção científica de Andrei Tarkovski. Logo, não tenho como fazer comparações. E nem acho que seja justo comparar os filmes. Pelo que eu li o filme soviético (ainda existia URSS, na época) é mais complexo, mais elaborado e trata de mais assuntos que a versão de Steven Soderbergh, que centra no relacionamento entre o psicólogo que é mandado para a órbita do planeta Solaris e a esposa morta (Natascha McElhone) que "revive" na nave espacial. Esse tema me lembrou o terceiro ato de A.I., do Spielberg, em que o garotinho revê sua mãe, morta há milhares de anos, graças ao DNA do fio de cabelo. Em SOLARIS, o que o personagem de George Clooney encontra na nave também não é sua esposa, mas resultado das lembranças dele, que chegam para lhe visitar. (Engraçado que depois do filme eu e a Rejane fomos comer uns pastéizinhos e falamos sobre a personalidade que fica depois da morte, de acordo com os ensinamentos da Gnose.)

O clima do filme é um pouco sonolento, mas muito interessante, já que sono tem a ver com sonho e com a atmosfera onírica do filme. Mas a diferença é que eu não fiquei com sono. Hehehhe. SOLARIS tem que ser visto por platéias pacientes, graças à direção lenta de Soderbergh, que confirma ser um grande diretor, mesmo não tendo muitos grandes filmes no currículo. De qualquer maneira, pra mim, seu melhor filme continua sendo o primeirão SEXO, MENTIRAS E VIDEOTAPE.

O ÚLTIMO SUSPEITO (City by the Sea)

Filme ok de Michael Caton-Jones com elenco de primeira linha: Robert DeNiro, Frances McDormand, James Franco, Eliza Dushku. No filme, DeNiro é o policial que investiga a morte de um traficante e descobre que o cara que o matou é seu próprio filho (James Franco), viciado em drogas. O filme está mais pra um drama do que pra um policial. Eliza Dushku está linda mesmo de visual junkie, Frances McDormand está muito bem (pra variar) e o DeNiro é o DeNiro, que hoje meio que se repete nos filmes, mas que é sempre bom. Gostei do drama familiar, especialmente da chegada do neto, que ele nem sabia que existia. E o final é até meio piegas, mas a vida às vezes não é??