quarta-feira, julho 06, 2011

VÊNUS NEGRA (Vénus Noire)



A primeira impressão que eu tinha, antes de ver VÊNUS NEGRA (2010), é que se tratava de uma espécie de versão feminina de O HOMEM ELEFANTE, de David Lynch. Esperava um filme diferente e acabei não gostando do resultado final deste quarto longa-metragem do diretor tunisiano Abdellatif Kechiche (do elogiado O SEGREDO DO GRÃO, 2007). Sem querer fazer comparação com a gordura da personagem principal, o filme tem muita gordura a ser eliminada. São quase três horas de duração de momentos que se repetem de maneira exaustiva. Pelo menos uma meia hora a menos iria fazer bem ao filme.

VÊNUS NEGRA se passa no início do século XIX em Londres. Vemos um espetáculo no qual um homem diz ter trazido uma selvagem africana que tem o corpo grande em que se destacam os glúteos enormes – nada de mais para nós, brasileiros, mas que na época e lugar era algo quase monstruoso. Se não fosse assim, não seria atração de circo. A polêmica começa por alguns círculos e logo aparece na imprensa a notícia de que a mulher está sofrendo humilhações, ao se apresentar vestida com uma roupa colante e com a cor parecida com a da sua pele e ainda ter a sua bunda beliscada pelos espectadores. Nos bastidores, vemos a personagem bastante triste com sua condição, mas aceitando as condições impostas pelo seu "gerente". No fim, ele diz, eles sairão dali com dinheiro suficiente para se aposentarem e ela poderá voltar para o seu lar ou para onde ela preferir.

VÊNUS NEGRA se inicia com um médico mostrando a estátua do corpo nu da mulher para um grupo de estudantes curiosos, o que já dá o tom de que se trata de uma obra a lidar com o preconceito e a desumanidade. O fato de ter também a genitália da mulher guardada em vidro para exibição é um fator que contribui para essa visão preconceituosa. Em algumas cenas mais incômodas, parte da plateia desistiu do filme. Eu, sinceramente, não achei tão forte quanto as pessoas diziam ao final da sessão. Já vi mais fortes, mais violentos e melhores também. O fato de ser baseado numa história real e de a mulher ter se tornado um símbolo na luta pelos direitos humanos acaba não fazendo muita diferença, afinal.

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