
Filmes que abordam viagens no tempo sempre são do meu interesse. Existe algo de muito fascinante nisso, que tem sido abordado das mais diferentes maneiras pelo cinema e pela literatura. O que parece uma novidade nesse filão são os filmes românticos, como foi o caso recentemente de A CASA DO LAGO, de Alejandro Agresti, que por sua vez já era uma refilmagem de uma produção sul-coreana. No filme, a comunicação temporal não se dava através de nenhuma máquina do tempo e isso, somado à delicada direção de Agresti, resultou em algo belo e poético. TE AMAREI PARA SEMPRE (2009) é o mais novo exemplar dessa safra. Não se deve esperar nada tão bom quanto A CASA DO LAGO, mas isso não quer dizer que o trabalho do alemão Robert Schwentke não mereça a devida atenção dos espectadores. O diretor é mais famoso pelo elegante thriller PLANO DE VÔO (2005), com Jodie Foster.
O que é sempre uma pedra no sapato dos roteiristas de filmes sobre viagens no tempo é a possibilidade de furos na trama. Elas são grandes. E talvez por isso uma das regras de TE AMAREI PARA SEMPRE é a de que as viagens temporais do personagem de Eric Bana não teriam o poder de mudar o destino, de impedir, por exemplo, o acidente que tirou a vida de sua mãe. Ainda assim, se pensarmos no quanto o Henry (o personagem de Bana) jovem e o Henry mais velho aparecem e no quanto eles interferem na vida da personagem de Rachel McAdams, talvez essa regra tenha sido transgredida pela própria trama. Mas não sei se vale a pena ficar procurando furos no filme.
Outro dos problemas de TE AMAREI PARA SEMPRE talvez seja a velocidade com que os eventos ocorrem. Se por um lado isso impede que o filme se torne chato e monótono, por outro, passa a impressão de que houve uma montagem muito picotada ou, pior, uma insegurança em lidar com tantos detalhes passíveis de erros. O filme representa o retorno do sumido roteirista Bruce Joel Robin, que em 1990 emplacou dois sucessos: GHOST - DO OUTRO LADO DA VIDA e ALUCINAÇÕES DO PASSADO, até hoje o melhor filme de Adrian Lyne. Ele também tentou uma carreira na direção com MINHA VIDA (1993), que continua no meu top 5 de filmes que mais me fizeram chorar, mas que foi massacrado pela crítica da época.
TE AMAREI PARA SEMPRE é um filme híbrido. Começa com elementos de filme de horror, com a cena do acidente e o primeiro desaparecimento físico de Henry, mas vai abrindo um espaço cada vez maior para o principal: a história de um amor que ultrapassa a barreira do tempo. Clare (McAdams) conhece Henry quando ela era ainda criança. Ele aparece sem roupas por detrás dos arbustos, pedindo a ela um cobertor. Sempre que viaja no tempo, Henry aparece pelado em lugar e tempo indefinido, passado ou futuro, sem ter como controlar. Assim, TE AMAREI PARA SEMPRE seria também um filme sobre a impossibilidade de controle do corpo e do destino. E por mais que se possa encontrar motivos até morais para tirar o brilho do filme, fica difícil não simpatizar com os protagonistas, especialmente a sempre adorável Rachel McAdams. Confesso que saí do cinema um pouco melhor do que quando entrei. E isso eu devo ao filme.
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