segunda-feira, agosto 23, 2021

CINCO FILMES DE HORROR



Gostaria muito de estar podendo escrever todos os dias textos maiores e mais aprofundados sobre cada filme que vejo, mesmo aqueles que imagino não ter muito a dizer. Mas a falta de tempo e as preocupações com certas coisas da vida acabam prejudicando o processo de escrita. Sem falar que demora um bocado fazer pesquisa, se a minha opção for não fazer apenas um texto impressionista, mas algo também calcado em informações sobre a obra ou o realizador. De todo modo, para não deixar este espaço parado, vamos de textos feitos no calor do momento, que costumo postar no meu letterboxd.

O HOMEM NAS TREVAS 2 (Don’t Breathe 2)

Interessante eu não me lembrar de quase nada do primeiro filme. De todo modo, gostei desta continuação, agora sob as mãos do roteirista dos outros dois filmes de terror de Fede Alvarez, A MORTE DO DEMÔNIO (2013) e O HOMEM NAS TREVAS (2016). E ele estreou muito bem como diretor, com um filme redondinho, inclusive no roteiro, e trabalhando a questão da redenção do personagem principal, uma espécie de anti-herói cheio de pecados a pagar. Em O HOMEM NAS TREVAS 2 (2021), dirigido agora por Rodo Sayagues, o protagonista cuida de uma garota órfã que ele encontrou há oito anos em um cenário de incêndio. Ele cuida dela com muito cuidado, como uma filha, mas tem o problema de um excesso de proteção, para usar de eufemismo. O filme começa mesmo, por assim dizer, com a chegada de um grupo de homens que invadem a casa onde o homem cego mora. E agora são homens também advindos de experiências militares em guerras. Há muita tensão e suspense, muito disso apenas dentro de uma casa, mas o filme ainda reserva alguns surpresas em seu terceiro ato, e isso acaba por valorizá-lo ainda mais. Muito bom o novo vilão, vivido por Brendan Sextan III.

ATÉ O VENTO TEM MEDO (Hasta el Viento Tiene Miedo)

Primeiro filme que vejo de Carlos Enrique Taboada, e aqui, nesta que é uma de suas primeiras obras, a contaminação entre horror e um forte tom melodramático é bem aparente, e nem sempre é possível evitar, levando em consideração questões culturais. A história de ATÉ O VENTO TEM MEDO (1968) é relativamente simples e por isso há uma intenção de se trabalhar mais a atmosfera. Na trama, um grupo de garotas é obrigada, pela diretora da escola, a passar as férias na instituição. As meninas ficam inconformadas, mas aos poucos isso se torna a menor das preocupações, já que passam a ser assombradas pela presença do fantasma de uma ex-aluna morta. Gosto de como essa questão mais espiritual é equilibrada com os momentos de conversa entre as meninas, até por revelarem alguns pudores da sociedade da época. Há uma cena em que uma delas faz um striptease, e isso gera escândalo para as colegas. Pena que a cópia existente ainda não faça jus ao filme, especialmente o som. Mas isso é um problema sério de muitas cinematografias. Ainda assim, as cores vibrantes, com destaque para o vermelho, se destacam belamente ao longo de todo o filme. Filme presente no box Obras-Primas do Terror – Horror Mexicano.

THE ALLIGATOR PEOPLE

Um filme que só soube da existência depois de ver a tal cena do sujeito com cabeça de jacaré saindo de uma casa e uma moça aterrorizada. Até virou meme nestes tempos de Covid-19. THE ALLIGATOR PEOPLE (1959), de Roy Del Ruth, é um sci-fi/horror B bem característico daquela época e, por mais que muita coisa soe engraçada ou até ridícula, o andamento é agradável e há o recurso que funciona muito bem do flashback para se contar a história. Na trama, jovem acaba de se casar, mas o noivo sai correndo quando recebe um telegrama que o deixa desconcertado. Ela segue seus passos e consegue encontrá-lo nos pântanos de Louisana. Lon Chaney aparece como um bêbado que perdeu a mão por um jacaré e sonha matar todos os jacarés do mundo. A cópia existente é excelente. De dar gosto ver que mesmo filmes B são respeitados, a ponto de ganharem restaurações lindas como essa. Meu sonho é um dia esse respeito chegar ao Brasil também.

ESCURIDÃO DA MORTE (Fade to Black)

Slasher especialmente agradável de ver, especialmente pelas inúmeras referências a filmes, frutos, em sua maioria, das lembranças, da imaginação ou mesmo da indumentária do protagonista para perpetrar alguma coisa. Na trama de ESCURIDÃO DA MORTE (1980), de Vernon Zimmerman, temos um rapaz louco por cinema, em especial o cinema americano, que trabalha em uma produtora de filmes B, sofre bullying e tem dificuldade de alcançar aquilo que deseja. Começa a pirar depois de levar um bolo de uma moça parecida com a Marilyn Monroe e de ser atormentada pela tia. A partir de então o filme segue pelo caminho do slasher de vingança. O jovem passa a usar referências cinematográficas para se vingar daqueles que o humilharam de alguma maneira. Gosto especialmente da cena dele caminhando pelas ruas de Los Angeles, cheias de cinemas de rua por todos os lados. Fiquei curioso para saber como uma produção tão barata conseguiu os direitos de tantas imagens de produções das majors. De ator conhecido, há o jovem Mickey Rourke antes da fama, em papel pequeno. Filme presente no box Slashers Vol. IX.

VIOLATION

Gosto de como VIOLATION (2020), de Madeleine Sims-Fewer e Dusty Mancinelli, utiliza o tempo, seja para expandir o respiro das cenas de conversa, seja para acentuar as imagens às vezes em close-up da natureza, seja para nos expor a uma dose de violência bem explícita. Talvez tenha sentido falta de uma maior motivação por parte da protagonista para executar seu ato - estaria eu o minimizando? De todo modo, não é todo dia que nos deparamos com um filme que traz sentimentos e sensações tão fortes. Destaque também para a performance da diretora/atriz Madeleine Sims-Fewer, principalmente nos instantes de maior exasperação.

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