quinta-feira, março 07, 2019

CAPITÃ MARVEL (Captain Marvel)

Curioso como, mesmo tendo uma longevidade e um vigor tão grandes, a Marvel ainda não tinha uma heroína solo que rivalizasse com a Mulher Maravilha, da DC Comics. Isso levando em consideração tanto a popularidade quanto o poderio da personagem. Tanto que muitos cobravam um filme-solo de uma heroína feminina, que poderia muito bem ser da Viúva Negra, já que era uma personagem já apresentada e muito interessante. No entanto, os pensadores do Universo Cinematográfico Marvel sabem o que fazem e precisavam de alguém que fizesse um link com as histórias épicas e estelares que culminariam em VINGADORES - ULTIMATO, o filme que fechará a terceira e mais bem-sucedida fase do estúdio.

Daí tirar da manga Carol Danvers, personagem que ganhou força novamente nos anos 2000, graças à sua importância nas populares histórias dos Vingadores escritas por Brian Michael Bendis. Isso, ainda sob o nome de Miss Marvel. No entanto, por mais que fosse uma personagem querida pelo roteirista e por muitos leitores, Miss Marvel ainda não tinha uma base sólida, uma história que a tornasse tão humana quanto os melhores e mais populares heróis da Marvel. A chamada "Casa das Ideias", inclusive, se caracteriza justamente por dar esse trato mais humano a seus heróis.

A personagem passou por uma mudança drástica em 2012, quando passou a adotar a alcunha de Capitã Marvel e deixar de lado o maiô sexy e usar uma vestimenta mais compatível com os dias atuais, de menor objetificação do corpo feminino nas HQs. Assim, mesmo forçando um pouco a barra, os estúdios Marvel trazem a heroína para o universo já estabelecido e justo para um momento anterior a quase tudo que foi mostrado até então, já que a trama se passa nos anos 1990. Aliás, quem curte a década, vai se deliciar não apenas com as canções que aparecem no filme, mas também com imagens queridas daqueles anos, como a capa de Mellon Collie and the Infinite Sadness, álbum dos Smashing Pumpkins, ou um cartaz de TRUE LIES, de James Cameron.

Para quem é fã dos quadrinhos há uma boa quantidade de personagens conhecidos em CAPITÃ MARVEL (2019), a começar pelos skrulls, a raça transmorfa verde e de queixo enrugado que costuma aparecer com mais frequência nas histórias dos Vingadores. Dos personagens já estabelecidos, apenas Nick Fury (Samuel L. Jackson) surge, ainda sem o tapa-olho, e o jovem Agente Coulson (Clark Gregg), ambos da S.H.I.E.L.D. Eles surgem quando a Capitã Marvel (Brie Larson), então chamada pela raça kree de Vers, cai no planeta Terra, dentro de uma videolocadora. A bela loira estava naquele lugar estranho também para descobrir muito de si mesma, já que havia memórias intensas, mas bastante confusas, de uma vida naquele mundo de tecnologia inferior.

Embora o filme dirigido pela dupla Anna Boden e Ryan Fleck (de SE ENLOUQUECER, NÃO SE APAIXONE, 2010) tropece quando parte para a ação (que parece não ser a praia dos diretores), não estamos diante de um filme aborrecido. Talvez justamente por suas falhas e por conter elementos novos (como o gato alienígena, por exemplo), CAPITÃ MARVEL mantém o interesse. Até porque, em determinados momentos, a produção remete a ficções científicas dos tempos em que o gênero era sinônimo de filmes camp de baixo orçamento, principalmente nas cenas em que Jude Law aparece, seja no início, seja perto do final.

Em comparação com vários outros filmes do universo Marvel, CAPITÃ MARVEL é um dos mais modestos em se tratando de elenco estelar. Até porque a intenção aqui é preparar terreno para a conclusão do épico dos Vingadores e introduzir a personagem na próxima aventura. Por mais que ainda seja uma heroína com pouca personalidade (não se sabe quase nada sobre quem ela foi, na verdade), o filme trata de fazê-la brilhar o suficiente para mostrar que Brie Larson tem mais carisma do que se dizia dela, além de ter sido uma bela escolha para vestir o manto da heroína mais poderosa da Casa das Ideias. Que venha novamente Thanos e os Vingadores.

+ TRÊS FILMES

ANIMAIS FANTÁSTICOS - OS CRIMES DE GRINDELWALD (Fantastic Beasts - The Crimes of Grindelwald)

Que filme chato! Claro que quem se envolve com o universo de Harry Potter vai achar interessante. Ou não. O fato é que em nenhum momento me envolvi com nada dos personagens. Nem mesmo o charme de Katherine Waterston. Não digo que não haja nada de interessante, e não há como negar a beleza da direção de arte, mas isso não pode ser tudo num filme. E mais uma trilha sonora óbvia e tramas de família que parecem saídas de novelas das nove. Aproveitem as próximas três continuações. Estou fora. Direção: David Yates. Ano: 2018.

BUMBLEBEE

Só pelas críticas positivas que resolvi dar uma chance a esse spin-off de TRANSFORMERS. Não gosto nada dos filmes desses brinquedos. Mas é difícil não simpatizar com uma heroína vivida pela Hailee Steinfeld. E também quando o filme já começa a sua sucessão de canções dos anos 80 com "Bigmouth strikes again", dos Smiths, dá para ficar animado de cara. Só acho meio chato quando tem a briga dos robozões, e parece que o próprio diretor também não se entusiasma, pois o foco acaba sendo o sentimento de amor entre a protagonista e o Bumblebee. Confesso que queria ter gostado mais, mas já está bom demais o saldo para um filme da franquia. Direção: Travis Knight. Ano: 2018.

ALITA - ANJO DE COMBATE (Alita - Battle Angel)

Comecei a gostar do filme em sua terça parte final, talvez por começar a perceber um pouco da característica trágica da personagem e da trama. Mas Robert Rodriguez é o tipo de diretor que quase sempre deixa a gente na mão, com um produto torto e desleixado. Esse aqui, como é produção do James Cameron, parece um pouco mais caprichado, mas a falta de interesse pelos personagens logo entrega que há algo errado ali. Não conhecia o material original. Ano: 2019.

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