quinta-feira, maio 04, 2017

O CINEMA FANTÁSTICO ORIENTAL EM TRÊS FILMES























O Japão já tem uma longa tradição de filmes de horror. A Coreia do Sul tem crescido o número e a qualidade de filmes do gênero com o passar dos anos. E a China é um caso especial, até no filme selecionado aqui. Os três filmes foram vistos no cinema meses atrás, então vou mesmo ter que puxar da memória algumas impressões e sentimentos com relação a esses trabalhos, que certamente mereceriam um cuidado mais especial, mas pelo menos vou trazê-los de volta à minha mente.

CREEPY (Kurîpî: Itsuwari No Rinjin)

Antes de ganhar espaço em nosso circuito, o cinema do japonês Kiyoshy Kurosawa já era bastante cultuado pelos fãs do cinema de horror, especialmente aqueles que visualizam também as produções do outro lado do mundo. Assim, trabalhos seus como CURE (1997), KAIRO (2001) e DOPPELGANGER (2003) já eram vistos como exemplos de grande cinema de gênero. CREEPY (2016, foto) teve a sorte de encontrar um circuito alternativo mais receptivo a obras das mais variadas formas. O filme conta a história de Takakura (Hidetoshi Nishijima), um ex-detetive que é chamado por um antigo colega, Nogami (Masahiro Higashide), para investigar o caso de uma família desaparecida há seis anos. Enquanto isso, o detetive e sua esposa recentemente se mudaram para uma nova casa e conhecem um estranho vizinho (Teruyuki Kagawa), que tem uma esposa doente e uma filha adolescente. Pelo menos é isso que ele diz. O ator que faz o vizinho bizarro é impressionante. Um vilão perturbador e que não duvido que tenha aparecido no sonho de muitos espectadores impressionados. Algumas cenas são particularmente marcantes, como a do rapto da família, dentro do carro. É quando o filme de Kurosawa atinge verdadeiramente o tom de sonho/pesadelo. Até os tons de cores na fotografia parecem diferentes. Talvez o problema do filme seja a duração, um pouco longa.

A VIDA APÓS A VIDA (Zhi Fan Ye Mao)

Há filmes sobre tudo. Até sobre um espírito de uma mulher que usa o corpo do filho pequeno como veículo para que o marido mude uma árvore de lugar. Sim, A VIDA APÓS A VIDA (2016), do chinês Hanyi Zhang, tem essa história como mote. Mas sabemos que a história não é o mais importante nesse tipo de obra. Também não é um filme feito para assustar, mas que deve ser visto com ar de intriga e contemplação. Este primeiro trabalho do realizador é tão espiritual quanto terreno. A força da natureza é tão imensa em toda a narrativa e nos chamados tempos mortos (se é que dá pra chamá-los assim) que a questão espiritual às vezes passa a ser vista como algo orgânico, concreto, por mais que o filme em si não o seja. É difícil explicar, mas esse tipo de obra, justamente por isso, deve ser vista com carinho e atenção. Além do mais, há também espaço para o humor. Só há uma cena bastante incômoda de maus tratos de um animal que realmente incomoda.

O LAMENTO (Goksung)

Eis um filme desafiador. Tanto pela duração (2h36min) para um filme de horror, quanto pelo modo como a trama vai sendo desfiada de maneira cada vez mais bizarra e estranha. O LAMENTO (2016), terceiro longa do sul-coreano Na Hong-Jin, ganhou muita visibilidade e atenção nos festivais de cinema, inclusive os daqui do Brasil. Assim tivemos a sorte de ter este filme em nosso circuito, ainda que em lançamento reduzido. Trata-se de uma história um tanto pesada sobre assassinatos cruéis cometidos em um vilarejo. Os criminosos parecem estar fora de si e as autoridades acreditam que eles estão ou estavam sob efeito de alguma droga ou coisa parecida. Porém, o inspetor de polícia Jong-Goo (Kwak Do-Won) suspeita que os casos tenham uma origem sobrenatural, tendo ligação com um estranho homem japonês que chegara ao local. Enquanto investiga o suspeito, ele percebe que sua filha pode ser também uma vítima do ataque. Um dos pontos altos do filme é a cena em que vemos uma disputa espiritual entre dois feiticeiros diferentes. É quando vemos até que ponto O LAMENTO é capaz de chegar em ser bizarro e sobrenatural.

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