sexta-feira, setembro 04, 2015

A ENTIDADE 2 (Sinister 2)



Uma boa surpresa este A ENTIDADE 2 (2015), de Ciarán Foy, que tem imagens e cenas fortes o suficiente para ficarem gravadas na memória, diferente do primeiro, de 2012, que era mais convencional e por isso esquecível. Nesta sequência, algumas coisas do primeiro filme são usadas como elo de ligação, como a figura demoníaca que aparece de vez em quando, as citações às casas amaldiçoadas e cercadas de morte e o personagem de Ethan Hawke. O único personagem remanescente neste novo filme é o agora ex-delegado de polícia vivido por James Ransone.

Trata-se de um personagem que ganha a simpatia da audiência já na primeira cena, quando entra em uma igreja para conversar com um padre em um confessionário, e depois quando começa a manter contato com uma mãe de dois garotos que tem fugido do marido violento e acaba se escondendo em uma dessas casas amaldiçoadas e palco de fantasmas e morte. Uma vez que as pessoas entram numa dessas casas, elas serão perseguidas e mortas por este demônio.

Quem interpreta a desesperada mãe é a belíssima Shannyn Sossamon, que vem sendo descoberta para um público maior graças à minissérie WAYWARD PINES, embora ela tenha aparecido também no excelente (e pouco visto) CAMINHO PARA O NADA, de Monte Hellmann. Aqui ela contribui novamente para abrilhantar a história, elevando o que poderia ser um filme de horror de segunda categoria e o tornando bem mais interessante.

Quando o horror da vida real, representado pela crueldade do marido e também de um dos filhos, aflora, ele passa a se tornar ainda mais assustador que o horror das crianças fantasmas que afligem o garoto mais sensível – as crianças fantasmas o forçam a ver filmes de mortes cruéis e violentas. Assim se inicia um processo de crescimento do filme, inclusive como exemplar do gênero, graças, principalmente a uma cena ao mesmo tempo extremamente cruel e delirante.

Sem querer presentear o leitor com um spoiler, mas já o fazendo, refiro-me à cena das três cruzes, que é tão inacreditável, até mesmo dentro da própria lógica da narrativa e da montagem do filme, que parece algo saído de um de nossos piores pesadelos e invade a sala de cinema.

Nesse sentido, toda a questão que o filme (a própria franquia, na verdade) apenas ensaiava no início, sobre a força do cinema, e em sua extensão, da arte, como também um elemento voltado para o mal se torna muito mais pungente quando vemos o ato daquela criança empunhando uma câmera e prestes a fazer cometer barbárie.

Assim, A ENTIDADE 2 ganha ao apostar na construção psicológica de seus personagens, e aos fazê-los mais interessantes do que a suposta trama principal, para, em seguida, se autoafirmar como uma obra que se fincará na memória afetiva de certas audiências.

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