segunda-feira, agosto 31, 2015

UM SONHO, DOIS AMORES (The Thing Called Love)



Dos cineastas oriundos da Nova Hollywood, Peter Bogdanovich talvez seja um dos mais subestimados. Responsável por filmes memoráveis no início de sua carreira e mesmo na década de 1980, e ainda sendo também um dos responsáveis por tornar o cinema americano mais próximo da Nouvelle Vague francesa, com sua vontade de estudar cinema de maneira mais aprofundada e sua paixão por filmes. E também pelas mulheres de seus filmes, o que o aproxima de François Truffaut.

Em UM SONHO, DOIS AMORES (1993), um filme quase esquecido dele, ele traz uma atriz que hoje também é pouco lembrada, mas que brilha acima de todos no filme, a adorável Samantha Mathis. E isso não é pouco, levando em consideração que se trata de um dos trabalhos de despedida do jovem astro River Phoenix e que ainda conta com a simpatia dos então novatos Sandra Bullock e Dermot Mulroney. Os quatro formam um quadrado amoroso bem interessante na meca da música country americana, Nashville.

É de lá que chega de Nova York a jovem e decidida Miranda Presley, a fim de ganhar a vida como uma estrela nesse competitivo universo. Ela chega atrasada para a primeira sessão de divulgação de seu trabalho, no mesmo dia que o jovem e um tanto abusado James Wright (Phoenix) também chega. Os dois não se bicam no primeiro dia, mas a tensão gera sentimentos positivos, por assim dizer, e eles terão a chance de se ver novamente, já que ambos estão ali para realizar os seus sonhos. No mesmo dia conhecem Kyle (Mulroney) e Linda (Bullock) e a nova vida de Miranda fica excitante aos nossos olhos.

É ela quem mais se aproxima do espectador, que também é um estranho naquele ambiente e que compartilha com ela de seus desejos e de suas frustrações. E interessante como Nashville se torna mais uma cidade interessante dentro da vasta geografia americana, com suas canções simples de amor e espírito de cidadezinha.

E o bacana é que nem é preciso ser um fã de country music para curtir o filme. Além do mais, música boa a gente reconhece fácil e vamos acompanhando aos poucos a evolução musical dos personagens. Curiosamente, a música não é exatamente o foco de atenção do filme, mas a ciranda de amores entre os personagens. A gente sente que, apesar de sofrerem, eles também estão vivendo o melhor momento de suas vidas. Bogdanovich foi muito feliz em passar esse sentimento de estar vivo na juventude, quando tudo é tão mais urgente e confuso em nossas cabeças.

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