quinta-feira, novembro 21, 2013

TRÊS FILMES EXIBIDOS NO PANORAMA ALEMÃO



Desde o início dos anos 1990 que o cinema alemão vem passando por uma crise criativa. Não é que não tenham ótimos filmes daquele tempo pra cá, mas faltam grandes realizadores, ou pelo menos cineastas que tenham não só prestígio mas também repercussão internacional. O cineasta alemão de maior prestígio atualmente é Werner Herzog, que nos últimos anos também tem feito filmes em Hollywood. Há Michael Haneke também mas ele nem filma na Alemanha, mas na Áustria ou na França. Por isso, uma mostra que exiba o novo cinema alemão é necessária para que possamos entrar em contato com novos filmes e, quem sabe, futuros mestres do cinema. Estes três filmes foram exibidos no Panorama Alemão em excelentes cópias em DCP, no Cinema do Dragão. A qualidade de imagem e som é tão boa que eu aguentei na boa a maratona com estes três filmes, mesmo já tendo visto um outro no Iguatemi.

A GAROTA DAS NOVE PERUCAS (Heute bin ich Blond)

Provavelmente o filme mais acessível da mostra, A GAROTA DAS NOVE PERUCAS (2013) certamente teria um bom sucesso comercial caso fosse lançado em circuito, já que não há obstáculos para o espectador não-cinéfilo e dialoga com todos os públicos. O filme acompanha a história de Sophie, uma jovem de 21 anos que descobre que tem um tipo raro e agressivo de câncer, situado próxima à pleura (difícil não lembrar de CINE HOLLIÚDY quando se fala em pleura agora). O diretor, Marc Rothemund, não se importa em abraçar o melodrama, oferecendo vários momentos de lágrimas, embora seja também uma obra otimista. Um dos diferencias de outros filmes sobre doenças está no uso das perucas por Sophie, quando seu cabelo cai. Ela resolve criar um blog e cada peruca representa uma personagem que ela incorpora a cada dia, durante o tratamento. Mas esse detalhe nem chega a ser assim tão importante. O que mais importa é o relacionamento com a família, os amigos e um namorado, e como ela lida com as possibilidades de morrer ou viver. Belo filme.

DUAS VIDAS (Zwei Leben) 


Candidato da Alemanha ao Oscar de filme em língua estrangeira, DUAS VIDAS (2012) se recente de uma trama um tanto confusa, que até tem o seu charme, já que flerta com o thriller de espionagem. Há também um tema interessante e curioso, que é o caso de esposas norueguesas de soldados nazistas que tiveram suas vidas destruídas após a guerra, chegando a perder seus filhos. Katrine, a protagonista, é a filha de uma dessas mulheres. Ela teria passado parte da infância em um orfanato na Alemanha Oriental sem poder ter contato com sua mãe. O filme acompanha a vida dupla dessa mulher, em um momento em que a Europa mudou, logo após a queda do muro de Berlim. O problema de DUAS VIDAS é que ele passa de thriller para novelão na cena da grande revelação e acaba perdendo as estribeiras e tendo um final bem ruim. Se ficar entre os cinco escolhidos pela Academia é por pura falta de noção dos votantes.

MAR SILENCIOSO (Meeres Stille) 

Para quem já achou a trama de DUAS VIDAS intrincada, imagina como não ficou a minha cabeça ao ter que encarar este MAR SILENCIOSO (2013), com seus 142 minutos de duração e uma trama que mais parece um quebra-cabeças. Mas desses que só entrega a solução para o espectador em seus momentos finais. Daí não é nenhuma surpresa algumas pessoas saírem da sala de exibição e desistirem do filme. Porém, por mais doloroso e difícil de acompanhar, não deixa de ser um trabalho interessante, parecendo em muitos momentos com um horror psicológico. A trama gira em torno de uma família em férias numa casa de praia. Ao mesmo tempo, há a trama de um garotinho que tenta salvar o pai da depressão. O problema do enredo é que a diretora Juliane Fezer parece não ter muito domínio do monstro que criou, confundindo mais do que intrigando. Daí a vontade de ver o filme chegar ao fim é maior do que o interesse pela sua resolução.

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