domingo, janeiro 02, 2011

AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?



É sempre bom quando um filme ou uma série desperta em nós aquele sentimento de paixão inebriante que parece ter ficado para trás. Mesmo que este sentimento seja passageiro e fruto apenas de uma identificação com algo do passado e que muito provavelmente sairá da nossa memória em poucos dias ou horas. Ainda assim, como não se apaixonar vendo Paola Oliveira mais linda do que nunca ao som de "A whiter shade of pale", a versão clássica do Procol Harum? Essa canção tem algo que mexe com os corações da gente já de ouvirmos os primeiros acordes do órgão. E não há como não se lembrar do uso da mesma canção no segmento de Martin Scorsese em CONTOS DE NOVA YORK.

Se no curta de Scorsese, o clássico do Procol Harum é mais usado como canção de dor de cotovelo, em AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES? (2010), a minissérie de Luiz Fernando Carvalho, a música também serve como trilha sonora para as noites de amor. A primeira vez que ela é apresentada é quando André Newman, o personagem de Michel Melamed, leva para o seu apartamento aquela que seria a mulher da sua vida: Lívia (Paola Oliveira). A identificação com o personagem é imediata. Afinal, quem não gostaria de estar na pele dele naquela hora? E a câmera cheia de filtros de Carvalho ajuda a tornar aquela ambientação ainda mais onírica.

O problema de mais este trabalho de Carvalho é que mais uma vez ele exagera nas cores, nas luzes, nas pretensões. E no final das contas, pelo menos na maioria das vezes, ele não se sai muito bem, já que o meio da minissérie é só pra "encher linguiça" como uma telenovela, com personagens totalmente desnecessários, que só servem para mostrar coadjuvantes de luxo, como Tarcísio Meira, no papel do pai de André. Por outro lado, é de se dar o braço a torcer à coragem que Carvalho tem de fazer episódios totalmente anticomerciais, como um em que é quase que inteiramente cantado. E incrivelmente chato, por mais que o suspense da primeira aparição da personagem de Letícia Spiller cause alguma emoção. A participação de Vera Fischer como a mãe de André também não tem um momento sequer de real importância na história e o personagem de Rodrigo Santoro até que faz algum sentido, mas no final tudo o que interessa, pelo menos a meu ver, é a relação de André com as mulheres e a presença sempre luminosa de Paola.

Na trama, André e Lívia se conhecem. Ele é um estudioso de psicologia que se dedica a escrever um livro que dá título à minissérie. Lívia é uma artista plástica que sente falta de uma maior presença do marido. E como ele se dedica tanto ao seu trabalho, ela vai embora. Casa-se com um homem rico (Dan Stulbach), descrito como um homem perfeito (embora eu veja ali um completo babaca), enquanto André, mesmo triste, procura conhecer outras mulheres. Ele conhece uma moça russa linda (Bruna Linzmeyer), entre outras beldades, mas nenhuma que conquiste o seu coração de fato. A ausência de Lívia está sempre presente.

AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES? poderia ter menos de seis episódios, já que os do miolo são bem chatos. Tanto que eu aposto que a série deve ter perdido muitos pontos de audiência ao longo das semanas. Mas, ao que parece, a Globo, ainda que não tenha retorno financeiro com isso, parece querer continuar investindo nos trabalhos de Luiz Fernando Carvalho, que deve ter seus fãs. Eu não estou entre eles, mas dessa vez, com a Paola Oliveira como destaque, não tive como resistir. E não me arrependi, já que o final é bonito e tem momentos de arrepiar.

P.S.: O site Pipoca Moderna publicou a sua lista de melhores filmes de 2010 e os de melhores filmes brasileiros também. Eu, como enxerido que sou, estive presente nas duas votações. Confiram o resultado e as listas individuais!

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