quinta-feira, outubro 21, 2010

ETERNAMENTE SUA (Sud Sanaeha / Blissfully Yours)



E finalmente chegou o dia de eu ver um filme de Apichatpong Weerasethakul, esse cineasta tailandês de nome impronunciável para a maioria dos terrestres, mas que tem se tornado um dos mais queridos diretores da nova geração. E não foi nenhum dos mais badalados - MAL DOS TRÓPICOS (2004) ou SÍNDROMES E UM SÉCULO (2006) - que eu escolhi para ver. Foi o seu segundo longa-metragem, o romance erótico-idílico ETERNAMENTE SUA (2002). E não vou dizer que fiquei extasiado ou que me tornei um fã do homem logo de início. Talvez seja o caso de eu ainda me acostumar com o estilo do diretor ou de ver os seus filmes no cinema, onde há uma maior imersão. Inclusive, mesmo tendo visto em casa, dá para notar a importância que Joe (apelido que o diretor usa para facilitar a vida da gente) dá ao som ambiente.

Antes de mais nada, não deixa de ser um filme bem especial, bem diferente. Afinal, que diretor, num filme de duas horas de duração, só colocaria os créditos iniciais passados 45 minutos? O primeiro ato, que consiste das sequências pré-créditos, até lembra um pouco o cinema de diretores como Hou Hsiao-hsien ou Tsai Ming-Liang. Mas depois desses créditos, ao som de uma versão tailandesa de "Samba de Verão", ETERNAMENTE SUA só cresce. Vai ficando mais interessante, principalmente quando centra as atenções no casal de jovens que resolve fazer um piquenique num lugar bem reservado de uma floresta. A jovem está bem a fim do rapaz, um birmanês que se faz de mudo no começo do filme para ajudar uma senhora picareta. O local aonde eles vão fica na fronteira entre a Tailândia e a Birmânia.

O lugar é paradisíaco e a moça está querendo bem mais do que só beijinhos. Ela toma a iniciativa. Ele, só usando um calção, faz o tipo passivo da história. E como sexo é algo que acorda o espectador nas horas de sono, eu destaco os momentos de atração entre os corpos e de contemplação da natureza quase orgasmático como os melhores. Por outro lado, senti dificuldades de gostar da personagem da senhora do filme. Talvez o drama dela no final seja o de mais difícil identificação por parte do espectador. E eu ainda estou para saber o que são aqueles desenhos e caracteres estranhos que aparecem no meio das cenas, como fantasmas. Mas sei que isso não é a única coisa que deixei de apreender de ETERNAMENTE SUA.

O filme foi ganhador da mostra paralela Un Certain Regard, em Cannes. E falando no festival, fico na torcida para que o último filme do cineasta, o vencedor da Palma de Ouro UNCLE BOONMEE WHO CAN RECALL HIS PAST LIVES (2010), estreie no circuito comercial brasileiro.

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