quarta-feira, novembro 11, 2009

SCANNERS - SUA MENTE PODE DESTRUIR (Scanners)























Com a revisão de SCANNERS - SUA MENTE PODE DESTRUIR (1981), o filme cresceu. Até porque, quando estamos acompanhando mais atentamente a obra de um cineasta, tendemos a procurar os seus signos, suas tendências e obsessões. E para um verdadeiro autor como David Cronenberg isso chega a ser fascinante. Mesmo assim, posso dizer que SCANNERS continua sendo um dos filmes que menos gosto do diretor. Em certas horas me parece até um pouco infantil esse negócio de fazer a cabeça do outro explodir com o poder da mente, mas Cronenberg trata o tema com tanta sofisticação que o filme ganha um ar solene, sério.

Saber as circunstâncias em que o filme foi realizado é muito importante e é uma pena que a edição nacional do dvd, encontrado nos balaios dos grandes magazines, seja tão pobrinha. Não só esse, mas praticamente todos os filmes de Cronenberg mereciam edições especiais. Parece que, por enquanto, apenas A MOSCA (1986) e MARCAS DA VIOLÊNCIA (2005) ganharam edições com extras. Felizmente, como estou de posse do livro "Cronenberg on Cronenberg", estou tendo acesso a informações muito interessantes sobre os bastidores das filmagens.

Um fato inédito até então para Cronenberg foi ter, pela primeira vez, um produtor aceitando o seu projeto logo de cara, sem haver nem mesmo um roteiro pronto, só uma ideia. O que dá uma dimensão do prestígio que o cineasta tinha alcançado com seus filmes dos anos 70. Outro detalhe interessante na produção do filme é o fato de que eles tiveram que fazer muita coisa em estúdio, como salas de conferência e salas de computadores, já que tudo aquilo teria que ser destruído. Também curiosas as histórias envolvendo Jennifer O'Neill, que foi convidada para fazer o filme, mas os realizadores enviaram para ela um roteiro sem as cenas de violência. Resultado: quando ela viu o verdadeiro roteiro, começou a chorar no trêiler, perturbada, dizendo que não queria fazer parte do filme. Cronenberg já tem sorte de encontrar essas atrizes problemáticas. Em CALAFRIOS (1975) foi aquela louca que pedia pra que ele batesse nela, para ela poder chorar; e em GÊMEOS - MÓRBIDA SEMELHANÇA (1988), Geneviève Bujold também fez restrições quando soube das cenas ginecológicas. No caso de Jennifer O'Neill, felizmente, ela acabou aceitando participar do filme.

Comparando com THE BROOD - OS FILHOS DO MEDO (1979), que trazia um tom bem pessimista e ainda tinha uma cena em que Cronenberg mostrava todo o seu ódio para com sua ex-esposa, SCANNERS é bem mais otimista. O sujeito que criou os efeitos especiais de explosão das cabeças foi Chris Walas, o mesmo que ganharia o Oscar de maquiagem por A MOSCA e que faria as criaturas de MISTÉRIOS E PAIXÕES (1991). O sucesso comercial de SCANNERS geraria duas sequências caça-níqueis, não dirigidas por Cronenberg, e mais alguns filmes com temática semelhante, como SCANNER COP e sua continuação.

Agradecimentos ao amigo Zezão, que me emprestou o dvd.

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