segunda-feira, abril 14, 2008

18º CINE CEARÁ



Fim de semana atípico em Fortaleza. Em pleno aniversário da cidade, dia 13, aconteceu um show gratuito do Roberto Carlos no aterro da Praia de Iracema. E inventaram de agendar o show justo no mesmo dia da exibição de FALSA LOURA, o mais recente filme de Carlos Reichenbach. Claro que eu dei prioridade ao filme do Carlão e fiz questão de ver o seu filme e se desse tempo iria para o show do Rei. Mas não coloquemos o carro na frente dos bois e voltemos um dia antes, na noite de sábado.

Confesso que desde que o Cine Ceará se tornou Ibero-Americano, eu não tive a mínima vontade de conferir filme algum. E não fui mesmo. Mas como nesse ano o festival abriu mais espaço para filmes brasileiros (quatro longas nacionais na mostra competitiva, sendo um do Carlão e outro do Walter Lima Jr, dois dos maiores cineastas vivos do país), mais um filme do Carlos Reygadas (LUZ SILENCIOSA), eu fiquei bastante animado. Outro dos motivos pra eu não ter comparecido às duas edições anteriores do festival foi o fato de não ter com quem ir. Ou não me abrir para a companhia dos amigos, tendo passado por momentos de clausura que espero que se tornem menos freqüentes, já que eu preciso, pra minha própria saúde, me socializar. Por isso, no sábado, tive a idéia de convidar a turma com quem viajo com freqüência pra gente se reunir no Cine Ceará para poder discutir os rumos da próxima viagem. Da turma, compareceram apenas a Erika, a Valéria (e seu amigo secreto) e a Elis. O Murilo (aka "muro pequeno") furou mais uma vez e fez da Erika a sua "representante oficial". A Juliana, que disse que estaria no Cine São Luiz a partir das 14 hs não apareceu. E nem a Bárbara. No fim das contas, não discuti viagem com ninguém. O dois longas que passaram no sábado foram o venezuelano POSTALES DE LENINGRADO e o doc WALDICK, SEMPRE NO MEU CORAÇÃO.

Quem eu não esperava aparecer na noite de sábado era o Carlão Reichenbach, que encontrei no pátio do Cine, pouco depois de sair da sessão de curtas de sábado. Depois de dar aquele abraço de alegria pelo reeencontro, o primeiro comentário que fiz foi: "tá um calor horrível aqui". Ele disse: "um calor do caralho!". Ele se expressou melhor do que eu. E olha que ele não estava lá dentro ainda, naquele forno que se transformou o Cine São Luiz. É uma vergonha. Sai ano e entra ano e eles não resolvem o problema do ar condicionado. Por isso que o festival acaba tendo o seu nome sujo pelos jornais de fora e acredito até que muitos jornalistas deixaram de cobrir o evento por causa disso. E eu só não lamento o fato de perder os filmes que vão passar durante a semana por causa do meu trabalho de professor justamente devido a esse problema do ar condicionado. Filmes merecem ser vistos com o mínimo de conforto possível e não com a cabeça quente e o suor pingando no rosto. Se ao menos, eles continuassem com aquela idéia de colocar um telão na Praça do Ferreira, pra quem preferisse acompanhar o festival do lado de fora, sentindo a brisa da noite e tomando um refrigerante ou uma cerveja... Mas até isso foi cortado. Todo o glamour que um dia o festival teve foi definitivamente pro brejo.

Pois bem. Ao me encontrar com o Carlão, acabei me desencontrando das meninas e assisti à sessão do documentário sobre o Waldick, dirigido pela Patrícia Pillar, ao lado dele, na primeira fileira. O que eu mais lamentei foi não ter levado a minha máquina fotográfica no sábado. Além de ter deixado de tirar uma foto com o Carlão e meus amigos lá no final da sessão, ainda perdi de fotografar a beleza da Patrícia Pillar (como ela estava linda, hein!) e o encontro do Carlão com o produtor Luiz Carlos Barreto, que foi homenageado lá. A sessão do filme foi surpreendente e tanto eu quanto o Carlão nos emocionamos com a história do Waldick, em momento crepuscular. Falarei do documentário em outra ocasião, assim como dos outros longas.

Domingo foi o grande dia. Sessão de FALSA LOURA. Na noite anterior, o Carlão havia me dito que iria apresentar o filme usando uma peruca loura, já que nem a Rosanne Mulholland, nem a Suzana Alves, nem o Cauã Reymond, nem Maurício Mattar puderam vir, por estarem ocupados, trabalhando. Não pude evitar a minha decepção. Quanto aos atores, não fazia mesmo questão que viessem, mas eu estava sonhando em tirar fotos ao lado das duas beldades, provavelmente com um sorriso bobo no rosto. Mas talvez tenha sido melhor assim. Pelo que eu pude comprovar mais uma vez no filme, a Rosanne é linda demais. Acho que iria ficar desestabilizado emocionalmente com a presença dela. Quanto à peruca loura, eu achava que era brincadeira do Carlão, mas não era (ver fotos no link abaixo).

Na noite anterior, Carlão havia me perguntado: "e aí, vai ver amanhã o FALSA LOURA ou o show do Roberto Carlos?" Eu disse que tentaria ver o show do Rei assim que terminasse o filme. E até combinei com as minhas irmã de vermos o show. Mas como sabiamente disse Jesus: "não se pode servir a dois senhores" - ou como consta no Evangelho (apócrifo) de Tomé, "não se pode cavalgar dois cavalos". E senti os efeitos de ousar fazer isso na noite de ontem. Não tive nem condições de acompanhar o filme direito sem ficar recebendo, a todo instante, ligação das minhas irmãs que me esperavam para irmos ao show do Roberto. Por causa disso, mal tive tempo de falar com o Carlão no final da sessão, fizemos apenas a já programada troca de dvds com filmes raros, me despedi dos meus amigos Zezão, Daisy e Erika rapidamente e fui correndo pegar minhas irmãs, deixar o carro na garagem do prédio de uma amiga que mora próximo à Praia de Iracema e fomos ao encontro do Rei. A decepção começou quando a gente viu um monte de gente voltando e dizendo que o show já havia acabado. Mesmo assim continuamos caminhando, a tempo para conferir o "bis". Apenas três canções: "Cavalgada", "É Preciso Saber Viver" e "Jesus Cristo". E pronto. Meio frustrante, mas melhor do que nada. Tentei tirar umas fotos, que resultaram ruins, mas o pequeno vídeo que tirei da hora que ele cantou "Cavalgada" até que serviu pra dar uma idéia do calor do momento.

Pra fechar o post, vou usar esses dois últimos parágrafos pra falar um pouco sobre os curtas, que me pareceram não muito bons. Os exibidos no sábado, então, não sei se porque eu estava me sentindo muito ansioso ou sozinho (tinha acabado de chegar e não tinha visto ninguém), eu achei particularmente ruins. DÉCIMO SEGUNDO (PE,2007), de Leonardo Lacca, foi o mais interessante da noite, sobre um rapaz que tem uma série de problemas psiquiátricos (claustrofobia, TOC etc). AREIA (SP, 2008), de Caetano Gotardo, é chato e incompreensível, mostrando uma conversa entre um casal na praia. Não conseguia ouvir o que a mulher dizia. FIZ ZUM ZUM E PRONTO (PE, 2007), de Marcelo Lordello, é outro que só deve funcionar depois de fumar um baseado. Quem sabe assim, entra-se no clima do filme.

Os curtas de domingo foram um pouco melhores. Pelo menos, dois dos quatro exibidos são bons. PRISÃO (MG, 2007), de Joana Oliveira, passa a sua mensagem, mas me aborreceu. CORPO PRESENTE (SP, 2007), de Marcelo Toledo e Paolo Gregori, é um dos melhores. Começa com o laudo de um corpo no IML e voltamos no tempo para ver a rotina triste de uma jovem. Diria que os dois diretores do curta têm futuro. OUTUBRO (PR,2007), de Murilo Hauser, começa forte, com uma cena surpreendente de um suicídio, mas depois vai se tornando confuso. Parece ter problemas de edição. UM RAMO (SP, 2007), de Juliana Rojas e Marcos Dutra, é o mais intrigante, contando a estória de uma mulher em cujo corpo começa a nascer ramos de folhas. Será que os diretores são fãs do Monstro do Pântano? Uma coisa que eu percebi em todos esses curtas e que eu comentei com a Erika foi justamente o fato de todos eles lidarem com a solidão. Pra mim, isso nada mais é do que reflexo dos dias atuais, em que as pessoas estão cada vez mais sozinhas. E essa angústia é sentida em cada um desses curtas, sejam os bons, sejam os ruins.

Para ver as poucas fotos que tirei da noite de domingo, fiquem à vontade pra entrar no link.

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