sábado, novembro 03, 2007

O ESTRANHO DE CINCINNATI (John from Cincinnati)



Série de tv é uma coisa que a gente só acompanha quando gosta. É diferente de um filme que, quando é ruim, agüenta-se até o final pois só tem cerca de duas horas de duração. Série, não. Quando a série é ruim, ou melhor, quando a gente não está mais curtindo a série, o melhor a fazer é parar de acompanhá-la. Como eu fiz com essa segunda temporada de HEROES, por exemplo. Dois episódios foram suficientes pra eu ver que não dava mais. O ESTRANHO DE CINCINNATI (2007) é um belo exemplo de série chata. Mas como ela começou a ficar muito chata lá pela metade e eu sabia que ela iria durar apenas dez episódios, resisti bravamente e fui até o final, devagarinho, até porque estava curioso para saber como aquela confusão toda ia acabar.

Confusão, eu digo no pior sentido, já que a série não faz o menor sentido. Deve fazer sentido para o criador da série, David Milch, também criador de DEADWOOD (2004-2006), série que eu, "coincidentemente", desisti de ver depois de alguns poucos episódios. Achava-a chata e monótona, apesar de ter personagens lendários da história americana e de mostrar o velho oeste de uma maneira original. Mas de que adianta ser original se a estória se arrasta como uma lesma e as coisas parece que não chegam a lugar nenhum? No caso de O ESTRANHO DE CINCINNATI, então, Milch quis dar uma de David Lynch e se ferrou legal. Só existe um David Lynch. E lá pelo final, Milch e sua turma parece que resolveram chutar o pau da barraca de vez. Se no começo, ao menos os diálogos familiares tinham algum sentido, lá pelo final, nada mais fazia sentido. Talvez eles tenham feito isso depois que souberam que a série seria cancelada e quiseram se vingar dos executivos da HBO, fazendo episódios que todos iriam odiar.

No começo, até que a série era intrigante. Tinha esse John (Austin Nichols), um rapaz que apareceu do nada e ficava dizendo que o fim estava próximo e coisas como "some things I know, some things I don't". Inclusive, eu até gostei dessa frase, deu até pra adotar em algumas ocasiões. Esse tal John repetia frases que os outros diziam feito um papagaio. Butchie Yost (Brian Van Holt), um junkie cuja carreira de surfista profissional havia ido para o brejo, logo o adotou como amigo da família e passeava pelos cantos com ele. A influência de John nas pessoas que o rodeavam começava a ser sentida. Butchie perdeu o vício na heroína, seu pai (Bruce Greewood) passou a levitar (!) e o filho de Butchie, Shaun, adquire a estranha capacidade de ressucitar passarinhos (!). A matriarca da família e primeiro nome nos créditos é Rebecca De Mornay. Quem diria que ela já estaria fazendo papel de avó. Mas uma avó jovem, encrenqueira e briguenta, é bom esclarecer. Tem mais uma série de outros personagens, mas a maioria deles são muito chatos, como aqueles dois carecas que moram juntos, ou aquele milionário gay, ou o advogado, ou o latino (Luiz Guzman). Até o personagem de Luke Perry é chato pra cacete. Uma das poucas personagens que eu gostei foi a videomaker Cass, interpretada por Emily Rose. Ela aparece sempre com aquele olhar de inocência ou de tristeza que me faz lembrar a Carolina Dieckmann. A personagem da mãe de Shaun também é interessante, talvez por ser uma atriz pornô.

A grande quantidade de personagens sem função e que vão aumentando com os episódios dá a impressão de que a intenção inicial de David Milch era de criar uma série que durasse mais temporadas. Não faz sentido criar um monte de personagens - a maioria deles, muito chatos - numa trama nonsense para durar apenas dez episódios de uma hora de duração. Um detalhe interessante é que dificilmente eu conseguia ver um episódio inteiro sem dar uma cochilada. Mas bastava eu trocar de programa, colocando um episódio do HOUSE ou de BIG LOVE no lugar que logo eu acordava. Tudo leva a crer que Milch queria fazer uma espécie de TWIN PEAKS na praia, no sentido de que havia um mistério e haviam muitos personagens e muitas coisas pareciam não ter sentido algum. Mas é isso aí, importante é que eu consegui chegar ao final dessa série chata e modorrenta. Eu merecia uma medalha.

P.S.: Tem link novo na lateral esquerda: o Sweet Shirts, da Socorro Araújo, fotolog com várias estampas para camisetas. Eu já providenciei duas pra mim. :)

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