quarta-feira, novembro 14, 2007

LEÕES E CORDEIROS (Lions for Lambs)























Nessa semana consegui emendar quatro bons filmes no cinema em quatro dias seguidos. De sábado a terça. Hoje acho que vou tirar uma folguinha, por que ninguém é de ferro, certo? O filme de ontem, com a sala quase vazia, foi LEÕES E CORDEIROS (2007), reflexão sobre a atual situação dos Estados Unidos em relação ao Iraque e aos Talibãs, dirigida por Robert Redford, que também atua como um dos protagonistas. Não é de hoje que Redford é envolvido em causas políticas. Ele foi produtor de um dos filmes políticos mais importantes dos anos 70, TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE (1976), de Alan J. Pakula, sobre o escândalo watergate. Em LEÕES E CORDEIROS, o atuante ator, diretor, produtor e mentor do Festival de Sundance faz um filme bem estranho ao tipo de cinema "espetáculo" que Hollywood se acostumou a produzir nos últimos anos. Boa parte da ação, por exemplo, são conversas entre quatro paredes e com diálogos nebulosos sobre responsabilidades, ações políticas, coisas do tipo.

Num lugar, temos a jornalista vivida por Meryl Streep no gabinete de um Senador da República, interpretado por Tom Cruise, em sua habitual persona mista de arrogância com simpatia. O político anuncia uma ação estratégica e militar que estaria acontecendo naquele exato momento. Ao convidar a jornalista, ele estaria dando um generoso "furo de reportagem" para ela, embora ela suspeite que se trata, no mínimo, de mera propaganda do Governo. Em outro local, temos um professor universitário (Robert Redford) oferecendo a um de seus alunos uma chance de mudar de vida e fazer algo importante. Ambas as conversas, tanto a do gabinete do Senador, quanto a da sala do professor são nebulosas, pouco claras e por isso mesmo intrigantes. Talvez seja esse o motivo de esse filme não ter me feito dormir, coisa que eu sinceramente suspeitava que iria acontecer. Os diálogos são muito bem escritos e o responsável por isso é Matthew Michael Canahan, também roteirista de O REINO, outro filme político que deve estrear no Brasil nos próximos dias. Mas nem tudo no filme são salas com ar condicionado e cadeiras confortáveis. Vemos também os esforços de dois soldados que caem feridos em pleno território talibã e esperam resgate do exército.

Dá pra notar que o filme foge do lugar comum. Por isso, ter a chance de ver LEÕES E CORDEIROS no cinema é até um privilégio, diante de tanta produção burra passando nas telas. A impressão que se tem é que a temporada de candidatos ao Oscar já começou. Agora, como sou muito ingênuo para entender os jogos e artimanhas políticas, além de pouco informado com o que acontece na mídia - essa minha mania de só ler os cadernos de cultura dos jornais está me deixando cada vez mais alienado -, fiquei sem entender muita coisa do filme. Mesmo assim, trata-se de uma obra intrigante e elegante. E aquela cena perto do final, com a Meryl Streep passando de carro em frente ao cemitério onde foram enterrados os soldados mortos nas últimas guerras é uma bofetada nos governantes americanos.

P.S.: Vi ontem o trailer de O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA e por mais que digam que o filme é ruim e que a trilha é da Shakira (so what?), ver a Giovanna Mezzogiorno, ainda que só por alguns minutos, fez o meu coração bater mais forte.

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