quinta-feira, abril 05, 2007

A PAIXÃO DE UMA VIDA (The Long Gray Line)



Infelizmente não deu certo a gravação de MOGAMBO (1953) que um amigo ficou de fazer pra mim do TCM, mas já estou providenciando o download do filme pelo emule. Já que a mula é vagarosa e sujeita a algumas decepções no final, não perdi tempo e já vi o título seguinte de John Ford do meu acervo: A PAIXÃO DE UMA VIDA (1955), o primeiro filme do diretor produzido em cinemascope (no raro aspecto 2,55:1!), aspecto esse respeitado pela edição nacional em DVD. Não é dos melhores trabalhos de Ford, mas é a cara do diretor, com toda a carga de sentimentalismo dos seus trabalhos mais pessoais, além de tratar de assuntos do seu interesse, como o amor pelo povo irlandês e o respeito pelo exército americano, representado pela tradicional academia de West Point.

Assim como em SANGUE POR GLÓRIA (1952), Ford aposta no humor durante o primeiro ato do filme. O problema é que esse humor nem sempre funciona. Acredito que a intenção é conquistar o espectador pelo riso para depois emocioná-lo nas seqüências mais sérias do meio para o final. Engraçado que em alguns momentos desse primeiro ato, A PAIXÃO DE UMA VIDA lembra algumas comédias de Jerry Lewis, só que sem o mesmo poder de causar riso. Talvez o que tenha tornado o filme envelhecido seja o excesso de respeito e sentimentalismo com a pátria e o exército. Mas isso não quer dizer que a morte dos soldados na guerra também não seja questionada a certa altura.

O filme mostra a vida do imigrante irlandês Marty Maher (Tyrone Power), a partir de sua chegada à Academia de West Point, onde ele começa a trabalhar como garçon e depois se alista para ser soldado, depois que percebe que os militares são mais bem tratados lá dentro. Apesar de ser completamente desastrado em tudo o que faz, Marty se torna treinador de boxe - ele sempre perde a luta para os seus próprios alunos - e depois professor de natação - ele não sabe nadar. Marty não é um bom soldado, mas é querido por todos. O ponto de virada de sua vida se dá com a chegada de uma irlandesa ruiva muito invocada (de novo, Maureen O'Hara), por quem ele se apaixona e casa.

Gosto mais do filme quando ele pula para a idade mais velha dos personagens e ganha tons mais solenes e melancólicos. Acho que se o filme fosse todo assim eu teria gostado mais. Outros rostos conhecidos do cinema de Ford também aparecem em A PAIXÃO DE UMA VIDA: Ward Bond e Harry Carey Jr. O filme cobre cinqüenta anos da vida de um homem, mas eu o achei um pouco longo e arrastado, dando saudade dos westerns de Ford. O bom é que o próximo Ford que eu verei é uma de suas maiores obras-primas e um dos filmes mais importantes da história do cinema.

Nenhum comentário: