terça-feira, abril 04, 2017
A VIGILANTE DO AMANHÃ – GHOST IN THE SHELL (Ghost in the Shell)
Será que precisava de tanta polêmica assim quando escalaram Scarlett Johansson para viver a protagonista de A VIGILANTE DO AMANHÃ – GHOST IN THE SHELL (2017)? Afinal, depois de ter sido uma inteligência artificial em ELA, de Spike Jonze, uma alienígena mortal em SOB A PELE, de Jonathan Glazer, e uma mulher que passa a usar 100% de sua inteligência em LUCY, de Luc Besson, sem falar nas vezes em que viveu a Viúva Negra nos filmes dos Vingadores da Marvel, ela estava mais do que preparada para viver a Major da cultuada criação de Shirow Masamune.
Então, esse não é o problema do filme. O que não quer dizer que não haja problemas. Há bastante. Mas, no meio de tanta coisa que parece não funcionar, há algo que dignifica esse retorno à direção de Rupert Sanders, depois do vendaval que o deixou de molho, após se envolver com Kristen Stewart durante as gravações de BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR (2012). Cinco anos se passaram e, se ele não entregou uma obra tão redondinha quanto a fantasia que revisitava o clássico conto infantil, o diretor parece ter evoluído no modo como lida com orçamentos caros, direção de arte sofisticada e uma trama envolvendo a crise existencial de uma ciborgue.
E, de certa forma, A VIGILANTE DO AMANHÃ – GHOST IN THE SHELL até consegue ser mais sintética em lidar com o drama da personagem do que a própria animação O FANTASMA DO FUTURO (1995), que seria a inspiração principal, mas que já se esforçava para transformar a sucessão de episódios fragmentados que é o mangá em uma história um pouco mais coesa.
Já A VIGILANTE DO AMANHÃ, se frustra nas sequências de ação, encanta visualmente, talvez porque o diretor tenha tido um excesso de respeito à obra original, embora percebamos as diversas mudanças e adaptações. Por exemplo, alguns diálogos do anime pareceriam exaustivos na adaptação em live action para o cinema. Ou pelo menos ficariam estranhos, embora no fim das contas o resultado final desta produção seja um filme torto e não muito feliz em passar para a tela a angústia da protagonista nem também funcione dirito como um thriller de ação futurista.
Quanto aos acertos, a escalação de Pilou Asbæk como Batou, o parceiro da Major, foi mais do que feliz. Além de ser muito parecido com o Batou do mangá e da animação, ele confere um ar de confiança ao personagem, que também abraça, assim como a amiga, a vida que lhe foi dada de máquina a serviço de uma corporação. A diferença é que ela pensa mais sobre isso e tenta ir fundo para descobrir suas origens. Há também outro acerto em cheio, que é a escalação de Takeshi Kitano como o chefe da Major e de Batou, Aramaki. E o fato de ele só falar em japonês não deixa de ser muito interessante. Assim como é positivo não haver um vilão chato e megalomaníaco.
Há um incômodo didatismo no modo como é contada a história da Major, mas talvez isso seja necessário para a apresentação da personagem e, por sua vez, daquele universo para um novo público. Não dá pra fazer um filme com esse orçamento (de 130 milhões) com uma trama que boa parte da audiência não vá entender. No fim das contas, A VIGILANTE DO AMANHÃ é um filme que até tem uma cota de pontos positivos que o fazem interessante até para ser revisto. Nem que seja para ficar novamente deslumbrado com o desenho de produção e as cores, que não saem prejudicadas pelo 3D, aqui usado de maneira atraente e elegante.
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