segunda-feira, março 13, 2023

OSCAR 2023



Foi horrível. Se uma vez eu já reclamei do Oscar, eu retiro o que eu disse. E para completar, para nós brasileiros, ainda sofremos com os apresentadores locais (da TNT, pois não temos mais a opção da Rede Globo). Mas acho, de uma maneira geral, e esquecendo os apresentadores brasileiros, posso estar levando muito para o lado pessoal, já que não sou nada simpatizante do grande vencedor da noite, TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, que conquistou sete estatuetas, no que parecia uma espécie de surto coletivo (ou delírio coletivo?). Aliás, ontem estive conversando brevemente sobre essa história de delírio coletivo no Oscar com uma amiga querida e ela me falou algo que me fez pensar: que isso é mais do que comum nas premiações da academia, especialmente quando certos filmes pouco ou nada interessantes acabam conquistando o prêmio principal. Alguém se lembra de QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? Pois é. Ou quando há essa loucura de muitos prêmios mesmos para um único filme. 

No ano passado ocorreu uma pulverização dos prêmios por causa da falta de um filme que causasse uma simpatia maior por parte dos votantes. Assim, pudemos ver o caso de NO RITMO DO CORAÇÃO, uma deliciosa sessão da tarde que acabou ficando mal vista por conquistar o prêmio principal no fim da noite, sem ter o diretor indicado à categoria de direção. Mais ou menos o que aconteceu quando SPOTLIGHT – SEGREDOS REVELADOS foi o grande vencedor da festa de 2016. De todo modo, ambos são relevantes: um por lidar com questões relativas ao universo das pessoas surdas; outro por explicitar uma denúncia contra padres abusadores.

A desculpa para a vitória de TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO que ando vendo por aí é que se trata de um filme nascido num momento em que as pessoas viviam consumindo telas – de celular, de computadores, de televisão – como forma de se sentirem menos solitárias durante o período da pandemia, mas também como ferramentas para o trabalho. Essa multiplicidade de afazeres e de telas teria supostamente inspirado o filme dos Daniels, embora saibamos que se trata mais de uma espécie de vingança dos nerds, com essa história de trazer a noção de multiverso, que já está se tornando um tema aborrecido, graças aos filmes da Marvel.

Sobre os momentos mais memoráveis da noite, eu destacaria o In Memoriam, ao som de uma canção tocada por Lenny Krevitz. É sempre uma seção da noite que me traz reflexões e John Travolta a apresentou bastante emocionado, como se estivesse sentindo a perda de um grande amigo ou amiga que deixou esse plano da existência. E de fato sentia: de sua amiga Kirstie Alley, falecida em dezembro passado, com quem contracenou em OLHA QUEM ESTÁ FALANDO.

No mais, acredito que o mais próximo de uma zebra da noite foi o prêmio de figurino para PANTERA NEGRA – WAKANDA PARA SEMPRE. No mais, foi tudo mais ou menos como já esperado pelos sites de aposta, e talvez por isso a cerimônia tenha sido tediosa - o que salvou foram os bolões e as conversas pelo zap, messenger ou facebook com os amigos. Claro que eu não queria uma repetição do tapa do ano passado, mas seria interessante ter algo do que falar com entusiasmo no dia seguinte. Os prêmios para Brendan Fraser por A BALEIA e para Michelle Yeoh para o filme dos Daniels já eram aguardados, embora ainda se pensasse numa possível chance de o prêmio da direção ir para Steven Spielberg. Ou, melhor ainda: para Todd Field. Até o Oscar de roteiro adaptado parecia já destinado a ENTRE MULHERES.

Assim, os três melhores filmes indicados à categoria principal (na minha opinião) – OS BANSHEES DE INISHERIN, OS FABELMANS e TÁR – acabaram saindo da festa de mãos abanando. Mas tudo bem. Que o Oscar 2024 seja melhor.


Os premiados


Melhor Filme – TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO
Direção – Daniel Kwan e Daniel Scheinert (TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO
TEMPO)
Ator – Brendan Fraser (A BALEIA)
Atriz – Michelle Yeoh (TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO)
Ator Coadjuvante – Ke Huy Quan (TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO)
Atriz Coadjuvante – Jamie Lee Curtis (TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO)
Roteiro Original – TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO
Roteiro Adaptado – ENTRE MULHERES
Fotografia – NADA DE NOVO NO FRONT
Montagem – TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO
Trilha Sonora Original – NADA DE NOVO NO FRONT
Canção Original - "Naatu Naatu” (RRR – REVOLTA, REBELIÃO, REVOLUÇÃO)
Som – TOP GUN – MAVERICK
Efeitos Visuais – AVATAR – O CAMINHO DA ÁGUA
Direção de arte – NADA DE NOVO NO FRONT
Figurino – PANTERA NEGRA – WAKANDA PARA SEMPRE
Maquiagem e cabelos – A BALEIA
Filme Internacional – NADA DE NOVO NO FRONT (Alemanha)
Longa de Animação – PINÓQUIO POR GUILLERMO DEL TORO
Curta de Animação – O MENINO, A TOUPEIRA, A RAPOSA E O CAVALO
Curta-metragem live action – AN IRISH GOODBYE
Documentário – NAVALNY
Curta Documentário – COMO CUIDAR DE UM BEBÊ ELEFANTE

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