quarta-feira, agosto 07, 2019

FAIXA VERMELHA 7000 (Red Line 7000)

Mais um filme de Howard Hawks visto. Ainda bem que ele tem uma obra tão vasta que costuma faltar um ou outro para ver pela dificuldade de achar. FAIXA VERMELHA 7000 (1965) estava entre as minhas lacunas e é uma de suas obras menos inspiradas e mais problemáticas. Ele admite isso na entrevista a Peter Bogdanovich, presente no livro Afinal, Quem Faz os Filmes. Reclama da atriz que faz a moça azarada (Gail Hire), que quis dar uma de estrela nas filmagens depois que passou no teste e atrapalhou muito, fala que o filme não presta, embora seja uma obra tida entre os melhores trabalhos do cineasta por muitos críticos europeus.

No meu caso, é o seguinte: percebo que é um filme problemático, mas o fato de ser uma autêntico Hawks, por mais torto que seja, traz um prazer de ver especial. Além do mais, há cenas muito boas, especialmente as protagonizadas pelo jovem James Caan, um talentoso piloto de corridas, e por Marianna Hill, que faz a francesa que ingressa naquele novo mundo da velocidade e dos constantes acidentes automobilísticos.

O fato de o filme não ter uma trilha sonora acaba sendo um aspecto interessante. As cenas de corrida dão destaque para o arranque do motor e para o som dos freios e das batidas dos carros. Senti falta de mais emoção nas sequências dos pilotos dentro dos carros. Não nos sentimos lá. Bem diferente dos filmes de aviação de Hawks, que nos fazem entrar naqueles aviões frágeis e sentir um frio na barriga. Mas tudo bem, já que sabemos que as filmagens das corridas são autênticas e as dos pilotos dentro dos carros são coisas de estúdio.

Uma característica bem hawksiana que aparece também aqui é o fato de haver a presença da morte seguida de uma espécie de celebração da vida. Ou seja, mesmo depois que determinado personagem morre, como acontece logo no começo, todos os demais lamentam, ficam tristes, mas tentam jogar a tristeza para o alto e seguir vivendo a vida da melhor maneira possível. É a atitude que eles tomam. Por isso dois desses colegas temem conversar com a namorada do piloto falecido, mas acabam se surpreendendo com a moça ouvindo música alta no quarto, como se estivesse em uma festa.

Uma personagem que me agrada é a de Laura Devon, que interpreta uma mulher um tanto insegura. Gosto da cena em que ela está na cama com o namorado (John Robert Crawford) e faz rodeios para perguntar se ele a acha sexy, ou tão sexy quanto as outras mulheres que ele já encontrou na vida. Essas cenas de intimidade entre os personagens acabam sendo os pontos altos do filme, especialmente perto do final, com uma maior aproximação dos personagens de Caan e Hill.

Felizmente Hawks ainda faria mais outros dois filmes antes de encerrar sua carreira, mais dois westerns com John Wayne, EL DORADO (1967) e RIO LOBO (1970), encerrando, assim, uma das mais brilhantes obras do cinema mundial.

+ TRÊS FILMES

O PASSAGEIRO (The Commuter)

Impressionante este novo filme da parceria Jaume Collet-Serra/Liam Neeson. Ao mesmo tempo, parece muito ruim, graças aos seus diálogos e os efeitos especiais um tanto estranhos, mas é também muito admirável, do ponto de vista da direção, que inclusive tem a coragem de fazer uma cena tão incrível quanto a da cena da guitarra. Ano: 2018.

MIB: HOMENS DE PRETO - INTERNACIONAL (Men in Black - International) 

O que salva o filme, em alguns aspectos, é apenas a química entre Chris Hemsworth (que encontrou o seu tom através da comédia) e Tessa Thompson, representando um novo momento para a franquia. Mas é uma franquia que nunca me agradou de fato. E este filme eme especial não tem um momento sequer que segure o espectador no chão. Tudo é contado de maneira tão descontraída que não nos importamos com nada ou ninguém. É filme para esquecer rapidinho. Direção: F. Gary Gray. Ano: 2019.

JOGADOR Nº 1 (Ready Player One)

Só pela homenagem genial a certo filme de Stanley Kubrick o filme já mereceria os aplausos. Há coisas que não me animaram tanto, como alguns excessos nas cenas de ação em animação, mas em outros momentos ficava maravilhado. Além do mais, nunca vi o próprio Steven Spielberg tão bem retratado em um protagonista de seus filmes como no personagem de Tye Sheridan. E vai ser nerd assim lá na casa do Chico, Spielba! Ano: 2018.

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