quarta-feira, março 04, 2015

ESPECIAIS EFEITOS (Special Effects)



Lembro que no início dos anos 2000 – puxa, isso já faz um tempão, hein – o Carlão Reichenbach, em suas saudosas colunas, costumava com frequência destacar alguns filmes que ele considerava merecedores de serem conhecidos. Um desses títulos recorrentes era o ESPECIAIS EFEITOS (1984), do Larry Cohen. Era uma lenda encontrar um VHS desse filme por aqui. Simplesmente não tinha. Acho que até procurei no tal sebo do Messias, em São Paulo, na vez que fui lá. E nunca foi lançado em DVD.

Hoje vivemos tempos melhores, pelo menos em termos de podermos encontrar com facilidade certos filmes. As comunidades secretas de filmes e sites de compartilhamento ajudam demais a vida dos cinéfilos, trazendo aquilo que antes custaria uma pequena fortuna. E olha que ainda não contaria com umas legendas nem mesmo em inglês, caso fosse comprar um DVD americano em um site gringo.

Meu interesse também pelo filme vem da admiração pelo Larry Cohen, esse que talvez seja o maior dos diretores de filmes B da década de 1980. Pena que ele, aparentemente, se aposentou como cineasta. A última coisa que ele dirigiu foi o excelente PICK ME UP, episódio/filmete da antologia MASTERS OF HORROR.

ESPECIAIS EFEITOS tem bem cara de produção oitentista, desde o visual até a trilha sonora com sintetizador. Hoje isso acaba sendo um aspecto charmoso na composição, ainda mais quando se trata de uma obra que envelheceu bem. Na trama, temos um cineasta (Eric Bogosian) que faz um filme baseado em um assassinato que ele mesmo cometeu. E ainda tem a cara de pau de chamar o namorado da vítima para protagonista e convidar um policial para consultor de roteiro.

O filme tem um quê de UM CORPO QUE CAI, já que a Zoë Lund interpreta dois papéis: um da mulher morta e outro da atriz convidada para interpretá-la. A citação ao filme de Hitch só pode ter sido proposital, embora a transformação física aconteça num salão de beleza – ou num lugar do tipo.

O curioso deste trabalho de Cohen é que a narrativa tem a agilidade tradicional dos bons filmes B, mas há um trabalho todo especial de interpretação de Bogosian, que depois faria o ótimo TALK RADIO – VERDADES QUE MATAM, de Oliver Stone, que já pode ser considerado uma produção classe A. Ainda assim, seu excelente desempenho não faz com que haja uma disparidade entre os outros atores. Todos parecem estar no tom. Enfim, uma delícia de filme. Sinal de que eu preciso ver mais Cohen.

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