2. ERA UMA VEZ NA ANATÓLIA, de Nuri Bilge Ceylan
3. SOB A PELE, de Jonathan Glazer
4. THE ROVER – A CAÇADA, de David Michôd
6. O PASSADO, de Asghar Farhadi
7. ERA UMA VEZ EM NOVA YORK, de James Gray
8. RELATOS SELVAGENS, de Damián Szifrón
10. MAGIA AO LUAR, de Woody Allen
11. LUNCHBOX, de Ritesh Batra
12. RIOCORRENTE, de Paulo Sacramento
14. ELA, de Spike Jonze
15. VIDAS AO VENTO, de Hayao Miyazaki
16. UMA FAMÍLIA EM TÓQUIO, de Yôji Yamada
18. PELO MALO, de Mariana Rondón
19. O HOMEM DUPLICADO, de Dennis Villeneuve
20. O ESPELHO, de Mike Flanagan
Menções honrosas (ou filmes que quase entraram no top 20)
A COLEÇÃO INVISÍVEL, de Bernard Attal; CÃES ERRANTES, de Tsai Ming-Liang; CASTANHA, de Davi Pretto; INTERESTELAR, de Christopher Nolan; ANOS FELIZES, de Daniele Luchetti; GAROTA EXEMPLAR, de David Fincher; QUANDO EU ERA VIVO, de Marco Dutra; ALABAMA MONROE, de Felix Van Groeningen; BEM-VINDO A NOVA YORK, de Abel Ferrara; MAIS UM ANO, de Mike Leigh
2014 não foi um ano normal. O Brasil sediou a Copa e as eleições presidenciais deixaram os brasileiros com os ânimos tão acirrados que isso dividiu o país ao meio e continuou a desfazer amizades. Senti falta de alguns amigos, mas também acabei me esquivando de vários contatos sociais, o que não é bom, mas precisava para atingir uma meta. Infelizmente não foi dessa vez, mas talvez porque a meta desde o começo estivesse borrada e sem o devido empenho da minha parte. Daí o ano ter terminado pra mim com um gosto levemente amargo de frustração. Mas nada tão sério assim.
O ano também foi de perdas para o cinema. Nosso maior documentarista Eduardo Coutinho foi morto pelo próprio filho, Robin Williams cometeu suicídio, Philip Seymour Hoffman morreu em consequência do uso de drogas, José Wilker morreu do coração e também perdemos os cineastas Harold Ramis, Alain Resnais e Mike Nichols. Com exceção de Hoffman, o Diário de um Cinéfilo tratou de homenageá-los. Isso só para citar as perdas mais sentidas. Pareceu um ano um tanto pesado espiritualmente. Mas nós sobrevivemos para contar e esperamos que 2015 seja, no mínimo, muito melhor.
Nos cinemas, não faltaram blockbusters bons e ruins, filmes de super-heróis, tanto adaptados dos quadrinhos como criados direto para a telona (se considerarmos LUCY e O PROTETOR como filmes de super-heróis), dois ambiciosos épicos bíblicos e, vejam só, até filmes brasileiros de horror.
Em Fortaleza, tivemos as ótimas ações do Cinema do Dragão, que tratou de animar o ânimo dos cinéfilos com várias mostras especiais que privilegiaram principalmente o cinema com pouca chance de chegar ao circuito, preenchendo, assim, lacunas enormes. Além disso, ganhamos novamente a chance de ver clássicos na telona. Destaques para SANGUE RUIM e BOY MEETS GIRL, de Leos Carax, UM CORPO QUE CAI e OS PÁSSAROS, de Alfred Hitchcock, LARANJA MECÂNICA, de Stanley Kubrick, ERA UMA VEZ EM TÓQUIO, de Yasujiro Ozu, BYE BYE BRASIL, de Carlos Diegues, O BEIJO DA MULHER ARANHA, de Hector Babenco, OS EMBALOS DE SÁBADO À NOITE, de John Badham, O EXORCISTA, de William Friedkin, O PODEROSO CHEFÃO, de Francis Ford Coppola, MORANGOS SILVESTRES e O SÉTIMO SELO, de Ingmar Bergman.
Quanto aos vinte escolhidos, curiosamente há dois filmes com "Lobo" no título. O primeiro deles, O LOBO DE WALL STREET, representa a volta de Martin Scorsese ao ritmo "cheirado" de suas obras mais louvadas, bem como a melhor performance da carreira de Leonardo DiCaprio. O segundo, O LOBO ATRÁS DA PORTA, é uma das estreias mais bem-vindas de um diretor brasileiro em muito tempo, ainda que a forma seja a de uma narrativa tradicional.
Para quem prefere uma narrativa mais ousada também não faltaram opções, como o muito estranho SOB A PELE, de Jonathan Glazer; e o brasileiro RIOCORRENTE, de Paulo Sacramento, que se sustenta todo ele em simbolismos para passar a sua mensagem de inconformismo. Também nesse campo onírico, vale destacar o horror psicológico O HOMEM DUPLICADO, de Dennis Villeneuve. Falando em horror, fiz questão de destacar um dos mais interessantes filmes do gênero lançados em nossos cinemas neste ano, O ESPELHO, de Mike Flanagan.
Vindo de cineastas americanos aclamados, tivemos a história de amor e dor ERA UMA VEZ EM NOVA YORK, de James Gray; a (des)construção do tempo em BOYHOOD – DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, de Richard Linklater; a volta à comédia romântica doce em MAGIA AO LUAR, de Woody Allen; uma visão nada convencional do mito do dilúvio em NOÉ, de Darren Aronofski; uma história de amor futurista em ELA, de Spike Jonze; e a sofrida luta de um músico por um lugar ao sol em INSIDE LLEWYN DAVIS – BALADA DE UM HOMEM COMUM, dos irmãos Coen.
Fora dos Estados Unidos, chegaram o grandioso e sensível ERA UMA VEZ NA ANATÓLIA, do turco Nuri Bilge Ceylan; o thriller distópico THE ROVER – A CAÇADA, do australiano David Michôd; mais uma incômoda briga entre casais em O PASSADO, a cargo do iraniano Asghar Farhadi; uma coletânea de curtas empolgantes dirigidos pelo mesmo diretor, RELATOS SELVAGENS, do argentino Damián Szifrón; uma história de amor regada a boa comida e correspondência, LUNCHBOX, do indiano Ritesh Batra; e uma dura história de preconceito e opressão a um garotinho em PELO MALO, da venezuelana Mariana Rondón.
O cinema japonês pode ser visto como um caso a parte, tendo trazido o filme mais emotivo e comovente do ano, UMA FAMÍLIA EM TÓQUIO, de Yôji Yamada, remake adorável do clássico ERA UMA VEZ EM TÓQUIO, de Ozu. Tivemos também a despedida das telas do imbatível Hayao Miyazaki, com sua bela animação VIDAS AO VENTO.
Top 5 Piores do Ano
Quanto aos piores, não é preciso tecer muitas considerações a respeito. Creio que já escrevi o suficiente sobre eles e quem quiser saber mais é só clicar nos links. Os selecionados do ano foram:
1. SIN CITY – A DAMA FATAL
2. TRANSFORMERS – A ERA DA EXTINÇÃO
3. RIO 2
4. O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA 2 – A AMEAÇA DE ELECTRO
5. GERONIMO
As séries
Novidades e boas surpresas não faltaram em 2014. As novas e melhores séries (ou minisséries, dependendo do caso) que tive o prazer de ver este ano foram TRUE DETECTIVE, FARGO, PENNY DREADFUL e THE AFFAIR. A primeira trilhando o caminho do mistério, a segunda do humor negro, a terceira dos personagens clássicos do horror britânico, e a quarta da tensão existente numa relação proibida. O ano também marcou a volta de Jack Bauer, com a minissérie 24 HORAS – VIVA UM NOVO DIA, com a diminuição de 24 para 12 episódios, o que funcionou muito bem. Outra série que foi salva pelo gongo foi THE KILLING, que conquistou uma quarta temporada, graças à sensatez e à boa vontade de boas almas.
Das séries que continuo vendo, felizmente houve uma melhora ainda maior em GAME OF THRONES, na novíssima temporada de THE WALKING DEAD, nas aventuras das meninas de GIRLS, e especialmente no reboot de HOMELAND, que soube muito bem se adaptar à saída de um dos protagonistas. Quanto a BATES MOTEL, houve uma leve queda em relação à empolgante primeira temporada, mas nada muito preocupante. 2014 também foi o ano da despedida de TRUE BLOOD, uma série que estava mesmo precisando sair do ar, mas que pelo menos saiu de maneira bastante digna e emocionante.
O ano também marcou o meu retorno a BREAKING BAD, uma série que justifica todos os elogios que recebeu ao longo dos anos em que esteve no ar. As bolas pretas foram para ORPHAN BLACK, que fechou uma segunda temporada chata e me fez desistir dela, e para AMERICAN HORROR STORY. Quanto a THE BIG BANG THEORY, a sitcom chegou a um momento de sua carreira milionária que deixou de ousar e raramente é engraçada. Porém, não é série para largar, graças a seus personagens carismáticos.
Top 5 Musas do Ano
1. Amy Adams, em TRAPAÇA |
2. Leandra Leal, em O LOBO ATRÁS DA PORTA |
3. Margot Robbie, em O LOBO DE WALL STREET |
4. Scarlett Johansson, em SOB A PELE, LUCY e CAPITÃO AMÉRICA 2 – O SOLDADO INVERNAL |
5. Stacy Martin, em NINFOMANÍACA – VOLUME 1 |
Se no ano passado eu mesmo reclamei de não ter nenhuma brasileira na lista das cinco musas do ano, 2014 nos trouxe a assustadora performance de Leandra Leal em O LOBO ATRÁS DA PORTA, bem como seu sex appeal extraordinário, além de um corpo nu magnífico. E falando em corpo nu, quase tive um treco com a revelação Margot Robbie, em suas cenas mais sensuais de O LOBO DE WALL STREET. Nunca Scorsese colocou tanto sexo em um filme seu. Falando em sexo, outra revelação é Stacy Martin, que interpretou a viciada em sexo Joe quando jovem em NINFOMANÍACA, a divertida saga em duas partes de Lars von Trier. Já Scarlett Johansson virou cadeira cativa nesta seção anual. A diferença é que desta vez ela tirou a roupa, no belo e estranho SOB A PELE. Mas quem acabou encabeçando a lista mesmo, por sua doçura e por seus traços de princesa em traje sexy setentista foi mesmo Amy Adams. Ela é a melhor coisa de TRAPAÇA, de David O. Russell.
Os 20 Melhores Filmes Vistos na Telinha
Infelizmente vi poucos filmes em casa durante o ano, em comparação com os anos anteriores. Senti falta, especialmente, de filmes clássicos, principalmente da Velha Hollywood, que eu amo até mais que os da Nova. Mas foi bom finalmente entrar em contato com as obras de John Cassavetes, além de ter o prazer de conseguir dois filmes raros de Carlos Reichenbach para ver. Mas a maior supresa veio de um filme brasileiro que não conseguiu espaço nos cinemas: NA CARNE E NA ALMA, de Alberto Salvá. Quem ainda não viu, faça esse favor a si mesmo.
ALÉM DAS MONTANHAS, de Cristian Mungiu
AMOR, PALAVRA PROSTITUTA, de Carlos Reichenbach
ASSIM FALOU O AMOR, de John Cassavetes
BANG BANG, de Andrea Tonacci
CAÇADOR DE ASSASSINOS/DRAGÃO VERMELHO, de Michael Mann
CLÉO DAS 5 ÀS 7, de Agnès Varda
FACES, de John Cassavetes
INSTINTO MATERNO, de Călin Peter Netzer
MENINA BONITA, de Louis Malle
MEU NOME É...TONHO, de Ozualdo Candeias
NA CARNE E NA ALMA, de Alberto Salvá
O MELHOR PAI DO MUNDO, de Bobcat Goldthwait
O SÉTIMO CONTINENTE, de Michael Haneke
PASSION, de Brian De Palma
REINO ANIMAL, de David Michôd
SEGREDOS DE SANGUE, de Chan-wook Park
STEEKSPEL, de Paul Verhoeven
ÚLTIMO TANGO EM PARIS, de Bernardo Bertolucci
UM DIA NA VIDA, de Eduardo Coutinho
UMA MULHER SOB INFLUÊNCIA, de John Cassavetes
Revisões
Curiosamente, no mesmo ano em que eu vi poucos filmes em casa, aumentei ainda mais a lista de revisões. Conversando com um senhor cinéfilo certo dia ele me falou que, devido à idade, não tem mais tempo de vida para ficar revendo filmes. Sua sede é para descobrir filmes que ainda não viu. Bem que eu queria ter uma memória boa para dizer o mesmo, o que não é o caso, já que boa parte desses filmes que revi foram por necessidade mesmo. Ver a maioria deles foi como se fosse a primeira vez. Pra completar, houve a chance de ver alguns clássicos no cinema, o que ajudou a aumentar a lista de 11 (no ano passado) para 17.
A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM, de Mike Nichols
BACKBEAT – OS 5 RAPAZES DE LIVERPOOL, de Ian Softley
BYE BYE BRASIL, de Carlos Diegues
FEITIÇO DO TEMPO, de Harold Ramis
JACKIE BROWN, de Quentin Tarantino
LARANJA MECÂNICA, de Stanley Kubrick
MORANGOS SILVESTRES, de Ingmar Bergman
O BEIJO DA MULHER ARANHA, de Hector Babenco
O FRANCO ATIRADOR, de Michael Cimino
O GAROTO, de Charles Chaplin
O SÉTIMO SELO, de Ingmar Bergman
PULP FICTION – TEMPO DE VIOLÊNCIA, de Quentin Tarantino
SANGUE RUIM, de Leos Carax
SEXO, MENTIRAS E VIDEOTAPE, de Steven Soderbergh
SHOWGIRLS, de Paul Verhoeven
SOBRE ONTEM À NOITE..., de Edward Zwick
UM CORPO QUE CAI, de Alfred Hitchcock
Feliz ano novo!
Desejo aos leitores um excelente 2015, com mais tempo e mais condições para nos realizarmos nos mais diversos campos da vida e encontrarmos aquilo que mais se aproxima da felicidade terrena. Que seja um ano que possamos cuidar melhor de nós mesmos e daqueles que amamos. E que para nós, amantes da arte, seja também um ano com mais tempo para vermos mais e melhores filmes, lermos mais e melhores livros, ouvirmos mais e melhores discos. Pois a vida sem a arte fica vazia.
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