sexta-feira, novembro 21, 2014

A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM (The Graduate)























Normalmente, quando um artista do cinema, principalmente um cineasta, morre, faço questão de ver algum de seus filmes como forma de homenageá-lo. Anteontem foi a vez de Mike Nichols nos deixar. Embora pouco valorizado dentro da política dos autores, trata-se de um diretor com uma carreira de destaque, que foi tanto relevante para ajudar a criar a chamada “Nova Hollywood”, justamente com este A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM (1967), quanto por seus trabalhos mais convencionais feitos ao longo dos anos, mas que quase sempre traziam algo de especial. Não cabe aqui citar cada um de seus trabalhos, até por eu não ter visto todos, mas o caminho que ele trilhou foi marcante. Pode-se dizer que o seu último grande sucesso popular foi CLOSER – PERTO DEMAIS (2004), que angariou uma impressionante legião de fãs.

Quanto à sua contribuição para a "Nova Hollywood", eu achava que no livro Easy Riders, Raging Bulls – Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’Roll Salvou Hollywood o escritor Peter Biskind tivesse dado maior destaque a esse clássico moderno, já que A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM foi responsável, junto com com BONNIE & CLYDE – UMA RAJADA DE BALAS, de Arthur Penn, a iniciar oficialmente essa nova fase do cinema americano feito nos estúdios. Mas infelizmente não há muitas informações sobre o filme de Nichols no livro. Talvez por não ter muita fofoca e intriga em jogo.

Mas o que importa é o valor do filme, que além de ser retrato de uma revolução social de um país, é também uma obra de arte que resiste ao tempo e continua admirável e emocionante. Basta ver o começo, com um meditativo e dormente Dustin Hoffman dentro de um avião e depois saindo do aeroporto para sua casa, com a canção "Sound of Silence", de Simon & Garfunkel, ao fundo, para perceber que estamos diante de um filme especial. Aliás, a trilha sonora da dupla é fundamental para que a emoção tome conta da gente.

Na época, Hoffman já tinha 30 anos, mas convenceu muito bem na pele de Ben Braddock, um rapaz tímido e atrapalhado de 20. Recém-saído da faculdade, mas sem saber o que fazer da vida, sendo cobrado pela família e amigos da família, o rapaz que só queria fugir de tudo teve uma chance de ter uma guinada na vida ao ser seduzido por uma mulher casada e que teria idade para ser sua mãe, a Sra. Robinson, vivida com brilhantismo por Anne Bancroft. Todas as cenas envolvendo o relacionamento de Ben com aquela mulher são tratadas com muita inteligência por Nichols. Impossível esquecer a montagem acelerada de quando Ben vê pela primeira vez o corpo nu da Sra. Robinson e entra em pânico. Ou da primeira vez no hotel.

Mas o filme consegue melhorar ainda mais com a entrada em cena da filha da Sra. Robinson, Elaine, vivida pela belíssima Katharine Ross. Assim, pode-se dizer que o filme é dividido em lado A e lado B, sendo que o primeiro trata de sexo enquanto o segundo trata de amor. Elaine, apesar de ser uma moça proibida, acaba se tornando o grande amor e o verdadeiro sentido para a vida de Ben. A última cena dos dois é tão linda que consegue superar até mesmo aquilo que tentou representar. Não é maravilhoso quanto isso acontece?

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