segunda-feira, outubro 07, 2013

METALLICA – THROUGH THE NEVER























O musical METALLICA – THROUGH THE NEVER (2013) é definitivamente para quem gosta da banda. Para fãs e apreciadores. O pouco que tem de ficção, a historinha um tanto boba estrelada por Dane DeHaan (de PODER SEM LIMITES), funciona em alguns momentos, mas não diz a que veio. Serve mesmo apenas para dar um ar de novidade ao que seria "apenas" o concerto do Metallica. O "apenas" está entre aspas pois é pelo concerto da banda que o filme vale a pena.

Trata-se de uma versão compacta de seus atuais shows, que privilegiam as canções dos cinco primeiros discos, mas não deixam de lado duas do sétimo (Reload, 1997): "Fuel" e "The Memory Remains". Esta última, inclusive, fica até difícil de imaginar os shows sem ela, já que aquele coro cantado pelo público é um momento bem emocionante. O fato de o show ser bem compacto e de as canções serem razoavelmente longas faz com que haja poucas faixas – cerca de uma dúzia. De qualquer forma, até por causa dos desconfortáveis óculos 3D, é possível sair bem satisfeito com o setlist.

O namoro do Metallica com o cinema não é de hoje. Já em 1988, quando lançaram o clipe de "One", aproveitaram cenas de JOHNNY VAI À GUERRA, de Dalton Trumbo. A canção fala de um homem que foi à guerra e voltou sem seus membros e seus sentidos. Uma história trágica que rendeu uma das melhores canções da banda, com a bateria de Lars Ulrich emulando o som de metralhadoras.

Outro exemplo desse namoro está também nas já famosas guitarras que Kirk Hammett usa com os desenhos de dois filmes de horror dos anos 30: A MÚMIA e ZUMBI BRANCO. Para completar, os shows atuais da banda estão se iniciando com "The Ecstasy of Gold", composição de Ennio Morricone para o clímax de TRÊS HOMENS EM CONFLITO, de Sergio Leone.

Começar o show com "Creeping Death" é outro grande acerto e a câmera em cima do palco nos apresenta alguns efeitos que combinam com o tema. No caso, durante essa canção especificamente, as luzes brancas do palco vão ficando banhadas de vermelho, como sangue. A canção fala da sétima praga de Moisés ao Faraó, aquela que trouxe morte aos primogênitos do Egito. Sem falar que o refrão é emocionante. Talvez o melhor de toda a carreira da banda.

Mas outros grandes momentos viriam: outra excelente do segundo disco, "For Whom the Bell Tolls", depois "Fuel", depois "Ride the Lightning", que apresenta cenas de um homem condenado à cadeira elétrica. Há, inclusive, uma grande cadeira elétrica na parte de cima do palco. Outro efeito especial fantástico acontece em "...And Justice for All", com a imagem-símbolo da Justiça montada para depois ser totalmente destruída, como na amarga canção ("Justice is lost / Justice is raped / Justice is gone”).

"Master of Puppets" e "Battery" representam bem o terceiro e aclamado álbum da banda e "Nothing Else Matters" e "Enter Sandman" representam o quinto e mais popular disco do quarteto. Inclusive, difícil não se arrepiar com cada acorde de "Nothing Else Matters", com a harmonia das guitarras de James Hetfield e Kirk Hammett, com a melodia de uma canção que beira à perfeição. Fechar com a quase punk "Hit the Lights", do primeiro disco, é uma boa, mas fica aquele gosto de quero mais. Muito pouco para um repertório tão rico.

Ainda assim, acaba sendo o melhor trabalho de Nimród Antal, mais conhecido como o diretor do horror TEMOS VAGAS (2007) e da sci-fi PREDADORES (2010). E o maior trabalho para que o resultado saísse bom nem foi dele, mas da banda.

P.S.: Uma pequena reclamação com relação à cópia da H2O Films: as legendas não mostram as letras com acentos. Tudo bem que quase não há diálogo no filme, mas uma gafe como essa poderia ser evitada. 

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