terça-feira, outubro 15, 2013

ROTA DE FUGA (Escape Plan)























Eis o verdadeiro encontro de Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Esqueçamos os dois OS MERCENÁRIOS, pois ali eles mal tiveram tempo de trocar ideias, com tantos outros marmanjos e tantas piadas internas para administrar. Nada melhor do que numa prisão de segurança máxima para que isso seja possível. Em ROTA DE FUGA (2013), de Mikael Håfström, Stallone interpreta um especialista em fugas de prisões de segurança máxima. Ele é até autor de um livro sobre o assunto, descrevendo as falhas de segurança, no que elas têm de melhorar etc. O filme já começa com seu personagem, Ray Breslin, finalizando uma fuga, depois de meses de planejamento. Porém, ele terá muito mais dificuldade em sair de outra prisão, em um lugar totalmente desconhecido e sem ter ninguém lá fora para ajudá-lo.

Se ROTA DE FUGA parece um filme convencional e apenas divertido, há motivos para vê-lo como algo mais. Além de termos as interpretações dos dois maiores ícones dos anos 1980 – ou o mais próximo de uma interpretação, pois todo mundo é canastrão no filme –, há alguns momentos que chamam a atenção, como a participação do personagem árabe (Faran Tahir), que acaba por se aliar à dupla, formando um trio. A julgar pelo destino do árabe e as tendências ultradireitistas dos dois astros na década de 80, trazer esse personagem para si pode significar uma tentativa de fazer as pazes com o inimigo. Ainda que o inimigo aqui seja outro. Não mais um russo, como era nos tempos da Guerra Fria.

Além do mais, como não ficar com um sorrisão no rosto ao ver o velho Schwarza com uma metralhadora na mão, como nos tempos de COMANDO PARA MATAR, e feliz feito pinto no lixo ao segurar aquele trabuco? Só faltou um charuto na boca para completar a festa. Embora esta sequência aconteça perto do final, e, portanto, traga alguns clichês de thrillers de perseguição, em ROTA DE FUGA é possível ver esta cena com a tranquilidade de quem está vendo uma comédia.

Assim, por mais que esteja longe de ser tão bom quanto o sensacional e geralmente subestimado O ÚLTIMO DESAFIO, de Kim Jee-woo, o retorno pra valer do "Governator", ROTA DE FUGA o deixa invicto neste ano de 2013. Quanto à Stallone, também continua bem na fita. Teve a coragem de fazer um filme de ação ultraviolento com um diretor às portas da aposentadoria, ALVO DUPLO, de Walter Hill, e tem aproveitado seus momentos maduros para se divertir com os amigos e compartilhar isso com os espectadores.

Quanto a ROTA DE FUGA, curioso ver Jim Caviezel, que interpretou Jesus em A PAIXÃO DE CRISTO, como o maléfico diretor da penitenciária. Nem sempre ele convence, mas isso nem vem ao caso no que se refere a este filme. Vale destacar também as boas performances de Amy Ryan, Sam Neill e 50 Cent, ainda que curtas. Podemos destacar mais duas coisas: a generosidade de Schwarzenegger em deixar o amigo brilhar como protagonista e mente intelectual da fuga e ser sempre o segundo em cena; e o fato de encontrarmos mais um personagem de Stallone a engrossar a lista dos heróis solitários e atormentados pelo passado, tão caros ao ator/diretor/roteirista.

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