quinta-feira, novembro 25, 2004
AS TRÊS MÁSCARAS DO TERROR (I Tre Volti della Paura / Black Sabbath)
Que prazer que é ver esse filme do mestre Mario Bava! Eu diria que até o momento é o meu Bava preferido. E olha que já vi A MALDIÇÃO DO DEMÔNIO (1960) e RABID DOGS (1974), que são filmes espetaculares, cada um a sua maneira.
BLACK SABBATH (1963), como é mais conhecido, é um trabalho impressionante, tanto pela cuidado estético, com o excelente tratamento de cores já característico de seus filmes, quanto pela capacidade de assombrar de verdade o espectador. Trata-se de um filme de episódios, como CREEPSHOW, de George Romero. E assim como o filme de Romero, nessa versão italiana lançada em DVD no Brasil pela Works, eles deixaram os episódios dispostos de uma maneira que deixa o medo crescente.
"O Telefone", o primeiro episódio, é o único que foge do tema do sobrenatural, e não duvido que tenha sido uma influência decisiva para o PÂNICO, de Wes Craven. É a história de uma mulher que recebe um telefonema ameaçador de um ex-namorado que fugiu da cadeia e está vindo para matá-la. Grandes momentos de tensão numa história que se passa inteiramente num apartamento. Mas isso é apenas o começo pro que viria.
O segundo episódio - "Os Wurdalak" - é talvez o meu preferido dos três. A história se passa à noite num ambiente rural e sem energia elétrica, dando a impressão de se passar na mesma época de A MALDIÇÃO DO DEMÔNIO. A ambientação, a direção de arte, a fotografia com aquelas cores vivas, a meia noite ao mesmo tempo clara e escura, tudo isso contribui para o envolvimento e apreciação dessa obra-prima. A história começa quando um viajante encontra um corpo sem cabeça e vai até a casa em frente avisar. Chegando lá ele fica sabendo que a família está aguardando a chegada do patriarca (Boris Karloff), que saiu há 5 dias para matar um wurdulak. Os wurdulaks são espécies de vampiros (adorei o fato de a palavra "vampiro" não ter sido mencionada no episódio), criaturas da noite que tem o poder de transformar outras pessoas em wurdulaks. A cena do garotinho do lado de fora da casa, gritando pela mãe, é de arrepiar.
"A Gota D'Água" encerra com chave de ouro essa antologia. Disputa pau a pau com a segunda história do título de melhor do trio se levarmos em consideração o horror. É a história de uma enfermeira que é chamada para vestir o corpo de uma velha que acabara de morrer. A merda começa quando ela é tentada a roubar o anel de pedras preciosas do dedo da defunta. O olhar da velha morta não sai mais da mente de quem vê esse filme.
Agradeço ao amigão Renato, que gentilmente me fez uma cópia dessa maravilha do horror gótico italiano em vhs. Apesar de o filme ter sido lançado no Brasil, a distribuição dos filmes da Works/London é horrível, e não consigo encontrá-los nas locadoras da cidade. Uma pena, porque eles têm vários filmes imperdíveis no catálogo. E espero ver mais filmes de Bava nos próximos meses. Fiquei especialmente interessado em MATA, BEBÊ, MATA! (1966), que dizem ter sido uma das influências para TWIN PEAKS: OS ÚLTIMOS DIAS DE LAURA PALMER, de David Lynch, e para A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO, de Martin Scorsese.
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