segunda-feira, fevereiro 24, 2003

SPIELBERG EM TRÊS FILMES

No final de semana eu preparei uma verdadeira overdose de Steven Spielberg. Além do novo filme, que eu vi no cinema, vi também A COR PÚRPURA e um filme da década de 60 em que Spielberg participou dirigindo um dos segmentos. Aí vão os comentários.

PRENDA-ME SE FOR CAPAZ (Catch me if you can)

O novo Spielberg já conquista o espectador com os créditos de abertura. Os créditos tem cara de anos 60, mas ao mesmo tempo são modernos. Leonardo DiCaprio está ótimo como o falsário com estilo que enganou muita gente nos anos 60, fazendo-se passar por professor, co-piloto de avião, médico e advogado. O filme é cheio de situações leves e engraçadas. Vendo o filme me lembrei de uma entrevista do Spielberg, em que ele contou que também já teve seus dias de enganar as pessoas. Ele entrava de gaiato num set de filmagens de Hollywood quando jovem. Talvez tenha feito outras estripulias. Já Tom Hanks, apenas faz o seu trabalho e Christopher Walken não passa de um canastrão gente fina. Esse negócio de indicação ao Oscar, sei não. Ah, e a trilha do John Williams está caprichada. Não é o melhor filme do ano, mas é um dos destaques.

A COR PÚRPURA (The Color Purple)

Voltando no tempo para o ano de 1985. Nesse ano, Spielberg arriscou o seu primeiro filme "sério", foi esnobado pela academia e dividiu opiniões. Eu, quando comecei a ver esse filme quando ele passou na Globo há mais de uma década, achei super-piegas aquela cena da separação das irmãs e não quis mais ver o filme. Outro que até hoje não vi por preconceito é O IMPÉRIO DO SOL. Estava num dia bom quando gravei esse filme da TNT, que exibiu esse filme com close caption em inglês. Aí eu não perdi a oportunidade pra gravar também com a tecla sap com o som original. E quanta diferença. Deu pra ver a linguagem "errada" dos negros do início do século XX, cheios de "I´s", "you´s", "womens", falta dos verbos nas frases etc. Outra curiosidade, o filme tem em sua trilha a canção "Miss Celie´s Blues", que Renato Russo gravou no disco de covers STONEWALL CELEBRATION CONCERT. Será que ele se inspirou no filme pra pegar a canção? Com relação ao lado melodramático de Spielberg, ele me incomoda na marioria das vezes. Apenas A LISTA DE SCHINDLER me "pegou", me fazendo chorar de fato. Na grande maioria dos filmes, achei esse lado melodrama muito forçado. Em A COR PÚRPURA, uma cena em particular me emocionou: a cena em que a cantora volta à igreja cantando aquelas canções gospel na frente de seu pai, pastor. Talvez por causa de meu passado gospel. É um filme de de boas interpretações (Danny Glover, Whoopi Goldberg, Margaret Avery, Oprah Winfrey), de belas imagens e de uma ótima reconstituição de época. No fim das contas, mudei de opinião a respeito do filme.

RETRATOS DE UM PESADELO (Night Gallery)

O ano agora é 1969. E Spielberg, antes da fama, dirigiu um dos episódios pilotos da série de tv NIGHT GALLERY. Aliás, em 1970 ele dirigiu outro (chequei agora no IMDB), chamado "Make me Laugh". A série é estilo Além da Imaginação ou Night Visions. O segmento do Spielberg se destaca dos demais, mais fraquinhos. O primeiro segmento, "The Cemetery", conta de um sobrinho que mata o velho tio para herdar a casa. O terceiro, "Escape Route", é o mais fraco e conta a história de um nazista aterrorizado pelos fantasmas dos judeus mortos no holocausto. O segundo episódio, "Eyes", dirigido pelo Spielberg é de longe o melhor. Traz Joan Crawford como uma cega de nascença que compra os olhos de um cara desesperado por causa de dívidas apenas pela possibilidade de enxergar por 11 horas. A história é angustiante. Sempre fico angustiado com essa coisa de se ficar cego, tirar os olhos. Lembrei na hora de MINORITY REPORT, com Tom Cruise fazendo aquela cirurgia de troca de olhos. Perturbador. Gravado da TNT.

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