domingo, agosto 18, 2013

CINE HOLLIÚDY























“Como já dizia o grande diretor de Hollywood, Genghis Khan: o astista nunca é assassino, o caba do mal é que é morredô” (Francisgleydisson) 

A pergunta que não quer calar: será que CINE HOLLIÚDY (2012) repetirá o mesmo sucesso fenomenal que está tendo nas salas cearenses quando avançar para os demais estados? Ou se tornará um exemplar de um humor exótico, com tanto cearensês explícito? Em breve saberemos. Mas de uma coisa eu sei: o filme fica ainda melhor na revisão. Até porque CINE HOLLIÚDY tem tantas sequências divertidas que dá vontade de ver mais vezes, para decorar certas passagens. E não duvido que muitos estejam fazendo isso.

E se durante a exibição no Cine Ceará o trabalho de Halder Gomes trazia legendas apenas nas falas das crianças ou em outra sequência menos audível, para a exibição comercial ele está totalmente legendado. Uma boa ideia, eu diria. Falando em ideia, a estratégia de começar a distribuição apenas no Ceará, para depois expandir para o Norte e Nordeste, e só então exibi-lo nos demais estados, pode vingar, já que a essa altura muita gente lá do Sul e Sudeste anda muito curioso para conferir as presepadas de Francisgleydisson (Edmilson Filho), o herói da história, o homem que quer construir um cinema em um tempo em que a televisão já está dominando tudo.

E por mais que saibamos que o filme é uma declaração de amor ao cinema como veículo narrativo, há também uma grande valorização da oralidade, já que o protagonista adora contar histórias fantásticas para o filho, seja de disco voador ou de lutas de artes marciais impressionantemente fabulosas. Lá pelo final do filme, a linguagem oral é que servirá de salvação para o herói.

É bom deixar claro que o cinema homenageado por Halder é principalmente o cinema de artes marciais, que é o gênero que mais o fascinou e que teve um apelo popular bem acentuado, principalmente nos anos 1970. Inclusive, a estreia de Halder na direção de longas-metragens foi com a produção americana SUNLAND HEAT – NO CALOR DA TERRA DO SOL (2004), um filme de pancadaria passado em Fortaleza, e que não esconde o jeitão de filme B amador.

E se há essa saudade dos filmes de artes marciais, há também a saudade da própria terra, o Ceará. Que em momentos de valorização da cultura popular, com a ascensão de um fenômeno das redes sociais chamado “Suricate Seboso”, torna-se cada vez mais divertido lembrar o modo como se falava ou ainda se fala ou se comporta neste que é um dos estados que mais sabe rir de si mesmo, no Brasil.

Essa fala popular está bem representada no elenco presente na inauguração da sala na cidade de Pacatuba, com participações especiais de humoristas famosos do Ceará, como Falcão, no papel do cego “ignorante”; João Netto, como o bêbado; e Karla Karenina, como a torcedora do Fortaleza. Está representada também nas crianças, que dão um show à parte. Muito bom o momento em que os mais pobres, que não tem uma televisão Telefunken colorida em casa como o menino mais abastado, pedem para que ele conte como foi o filme de kung fu que passou na tevê na noite anterior. “Pedido de amigo”, suplicam.

Outro destaque do filme: a fotografia em cores quentes, que privilegia tanto o azul do céu e da fachada do cinema, quanto o amarelo do carro. E há também a trilha sonora, que prestigia Odair José, Fernando Mendes e Márcio Greyck. Este último, inclusive, faz uma ponta, no papel do comprador do carro. Bom, há quem vá achar o filme coisado ou fuleragem, mas é o que a gente tem mais perto de um CINEMA PARADISO por ora.

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