SIDNEY LUMET EM DOIS FILMES
Estou bem atrasado com os comentários desses filmes do Lumet. Já faz tempo que os vi e acho que esqueci um monte de coisa. Recentemente li a entrevista do diretor no livro “Afinal, quem faz os filmes”, de Peter Bogdanovich, e me deparei com algumas opiniões radicais dele. Nem me refiro àquela que comentei quando falei sobre PACTO DE JUSTIÇA. O que mais me impressionou foi sua opinião sobre a inutilidade do formato CinemaScope. Segundo ele, essa formatação mais retangular que veio para competir com a televisão nos anos 60 é desnecessária. Parece que ele não era o único a ter essa opinião. Vi no blog da Vaquinha Eugênia que o Einsenstein dizia que o formato só servia para filmar cobras e funerais. Não deixa de ser uma opinião engraçada. Mas o velho Einsenstein é do tempo do cinema mudo. E esse pessoal mais velho quase sempre tem uma certa resistência a mudanças. Vamos aos dois filmes.
LONGA JORNADA NOITE ADENTRO (Long Day’s Journey Into Night)
Teria gostado mais desse filme se ele fosse um pouco menor na duração. Mas não há a menor dúvida que é um grande trabalho adaptado de uma prestigiada peça de teatro. LONGA JORNADA... (1962) é baseado numa peça de Eugene O’Neill. Portanto, para se apreciar esse filme, deve-se ter uma predisposição para ver teatro adaptado para cinema, coisa que pode ser um tanto cansativa. Eu, pelo menos, acho até melhor ler peças do que ver adaptações delas para o cinema. Exceção, é claro, para os filmes baseados em Shakespeare, que combinam fantasticamente com o cinema e são cheios de cenas externas. Acho até que se Shakespeare vivesse nos dias de hoje ele seria cineasta e não dramaturgo. O filme de Lumet traz um desempenho excelente de Katharine Hepburn como a matriarca da família que sofre de dependência química. Mas não é só ela que tem problemas na família: o marido (Ralph Richardson) é mão-de-vaca; um dos filhos (Dean Stockwell) está com tuberculose e tem poucas chances de sobreviver; e o outro é alcoólatra e tem complexo de rejeição. Parece que O’Neill, assim como Tenessee Williams, é da leva de dramaturgos que gostava de mostrar a decadência da família americana. Eu não curto muito ver bêbados chatos no cinema, mas a gente dá um desconto. Visto em fita selada.
OS DONOS DO PODER (Power)
Esse filme de 1986 é um Lumet político. Interessante porque mostra quem está por trás dos políticos: os assessores de marketing (nem sei se posso chamar assim). Me refiro àquelas pessoas que fazem um belo trabalho de propaganda política para os candidatos a algum cargo nas eleições. Há pouco tempo vimos o que uma boa propaganda pode fazer para um candidato. Lembram da excelente campanha do Lula? Aquilo ali foi feito com muito cuidado e ajudou, e muito, a eleger o homem. Nesse filme, o assessor é Richard Gere, num papel que caiu bem pra ele. Também no elenco Gene Hackman, Julie Christie, Kate Capshaw e Denzel Washington. Apesar de ser belamente dirigido e interpretado, não me empolgou muito. Gravado da TNT.
Esses dois filmes não são bem os meus preferidos do Lumet. Ainda prefiro os ótimos UM DIA DE CÃO (1975), REDE DE INTRIGAS (1976) e O PESO DE UM PASSADO (1988). Aliás, esse último vai passar na TNT no mês de abril, assim como o não tão elogiado TÃO CULPADO COMO O PECADO (1993).
quarta-feira, março 31, 2004
terça-feira, março 30, 2004
O QUARTO VERDE (La Chambre Verte)
Esse negócio de se apegar a uma idéia fixa pode ser fatal. Atualmente minha família anda passando por uma situação desagradável proveniente de uma idéia fixa e estúpida de uma de minhas irmãs. Prefiro não relatar o que está havendo para evitar mais estresses. Sobre o assunto, Machado de Assis, em sua obra-prima "Memórias Póstumas de Brás Cubas", mostrou que uma idéia fixa pode até matar uma pessoa. Tudo bem que no livro de Machado há um humor peculiar e uma brincadeira com as coisas do destino, mas não deixa de ser um assunto sério, como podemos ver nesse ótimo trabalho de François Truffaut.
Em O QUARTO VERDE (1978), Truffaut mostra o quanto um homem pode ir quando se apega a uma crença (doentia). O maior incômodo desse filme é que, em certos momentos, sentimos Truffaut tomar partido da fé do protagonista. O QUARTO VERDE é diferente de tudo que eu já vi de Truffaut. Em vez da leveza de suas outras obras, vemos aqui um filme mórbido, pesado, que cheira a defunto. O filme foi adaptado do conto "O Altar dos Mortos", de Henry James. Não tenho idéia do que levou levou Truffaut a realizar esse filme.
Na história, o próprio Truffaut interpreta Julien Davenne, um jornalista especialista em escrever notas de falecimento em um jornal decadente de uma cidadezinha francesa. Logo no início do filme, conhecemos um pouco do personagem, quando ele vai para o velório da esposa de um amigo. A seqüência é bem carregada, mostrando o marido recusando-se a dar adeus ao corpo da mulher, inconformado que está com sua morte prematura, enquanto familiares e amigos tentam fechar o caixão. É nessa hora que vemos Davenne expondo suas convicções e contando que também perdera a esposa, mas que hoje ele continua a falar com ela, que nunca se esqueceu nem se esquecerá de seu amor.
Davenne possui uma espécie de santuário para a esposa em um quarto de sua casa. A vida que Davenne leva é totalmente destituída de prazeres. Ele evita a alegria, evita novos amores. Para ele, o que importa é viver com a lembrança da esposa. (Não pude evitar de me lembrar do drama do cantor Roberto Carlos, considerado louco por muitos, ao dizer que fala com a esposa diariamente, mesmo ela estando morta.)
Muito interessante o estranho relacionamento de Davenne com a jovem Cecilia (Nathalie Baye) e sua obstinação em construir um santuário para os "seus" mortos. A fotografia do filme é quase sempre escura ou soturna, acentuando o clima de pesar presente o tempo todo. O filme ou é filmado à noite ou em ambientes fechados e com pouca luminosidade.
Cada vez eu gosto mais de Truffaut. Quem sabe até o final do ano eu consigo ver AMOR EM FUGA (1979), hein!. E quem gostou de Nathalie Baye não deve deixar de ver o excelente UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA (1999). Esse filme é bem especial pra mim.
(O QUARTO VERDE foi gravado do canal Telecine pelo amigão Renato.)
Esse negócio de se apegar a uma idéia fixa pode ser fatal. Atualmente minha família anda passando por uma situação desagradável proveniente de uma idéia fixa e estúpida de uma de minhas irmãs. Prefiro não relatar o que está havendo para evitar mais estresses. Sobre o assunto, Machado de Assis, em sua obra-prima "Memórias Póstumas de Brás Cubas", mostrou que uma idéia fixa pode até matar uma pessoa. Tudo bem que no livro de Machado há um humor peculiar e uma brincadeira com as coisas do destino, mas não deixa de ser um assunto sério, como podemos ver nesse ótimo trabalho de François Truffaut.
Em O QUARTO VERDE (1978), Truffaut mostra o quanto um homem pode ir quando se apega a uma crença (doentia). O maior incômodo desse filme é que, em certos momentos, sentimos Truffaut tomar partido da fé do protagonista. O QUARTO VERDE é diferente de tudo que eu já vi de Truffaut. Em vez da leveza de suas outras obras, vemos aqui um filme mórbido, pesado, que cheira a defunto. O filme foi adaptado do conto "O Altar dos Mortos", de Henry James. Não tenho idéia do que levou levou Truffaut a realizar esse filme.
Na história, o próprio Truffaut interpreta Julien Davenne, um jornalista especialista em escrever notas de falecimento em um jornal decadente de uma cidadezinha francesa. Logo no início do filme, conhecemos um pouco do personagem, quando ele vai para o velório da esposa de um amigo. A seqüência é bem carregada, mostrando o marido recusando-se a dar adeus ao corpo da mulher, inconformado que está com sua morte prematura, enquanto familiares e amigos tentam fechar o caixão. É nessa hora que vemos Davenne expondo suas convicções e contando que também perdera a esposa, mas que hoje ele continua a falar com ela, que nunca se esqueceu nem se esquecerá de seu amor.
Davenne possui uma espécie de santuário para a esposa em um quarto de sua casa. A vida que Davenne leva é totalmente destituída de prazeres. Ele evita a alegria, evita novos amores. Para ele, o que importa é viver com a lembrança da esposa. (Não pude evitar de me lembrar do drama do cantor Roberto Carlos, considerado louco por muitos, ao dizer que fala com a esposa diariamente, mesmo ela estando morta.)
Muito interessante o estranho relacionamento de Davenne com a jovem Cecilia (Nathalie Baye) e sua obstinação em construir um santuário para os "seus" mortos. A fotografia do filme é quase sempre escura ou soturna, acentuando o clima de pesar presente o tempo todo. O filme ou é filmado à noite ou em ambientes fechados e com pouca luminosidade.
Cada vez eu gosto mais de Truffaut. Quem sabe até o final do ano eu consigo ver AMOR EM FUGA (1979), hein!. E quem gostou de Nathalie Baye não deve deixar de ver o excelente UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA (1999). Esse filme é bem especial pra mim.
(O QUARTO VERDE foi gravado do canal Telecine pelo amigão Renato.)
segunda-feira, março 29, 2004
DOIS PEQUENOS E BELOS ANIMES
Ontem, pouco antes de ir pra sessão de PACTO DE JUSTIÇA, resolvi ver dois animes que o Marcelo tinha colocado no segundo cd de MILLENIUM ACTRESS pra completar os megabytes disponíveis no disco. Que coisa linda que são esses filminhos. O diretor dos dois trabalhos é um sujeito chamado Shinkai Makoto. Falo um pouco dos dois filmes abaixo.
VOICES OF A DISTANT STAR (Hoshie no Koe)
A impressão que eu tinha antes de ver o filme (que na verdade é um OVA de 25 minutos) era que se tratava de algo bem parecido com NEON GENESIS EVANGELION, por causa do robô gigante. Mas o que o filme aborda, mais do que ficção científica, é o amor e a dor da separação entre dois jovens. Na história, uma garotinha de 15 anos vai pilotar um grande robô e tem a missão de destruir aliens invasores em planetas do nosso sistema solar e em outros sistemas vizinhos. O problema é que ela vai sentir muita saudade do namorado. E ele, dela. A comunicação vai ficar cada vez mais difícil entre os dois, à medida que ela vai se distanciando do planeta Terra. Nem mesmo a alta tecnogia dos celulares do futuro serão capazes de solucionar o problema.
Muito bonita a atmosfera melancólica, o andamento ao mesmo tempo lento e rápido do filme. É lento quando ouvimos os pensamentos dos personagens. É rápido na explicação do que está acontecendo na história. É uma marca dos desenhos japoneses, que têm histórias mais complexas que as animações ocidentais.
Mas o que mais nos deixa impressionado é que esse belo trabalho de arte foi feito por um homem só. Ele fez tudo no seu Mac. Desenhos, trabalho de CGI, a voz do personagem masculino (a esposa dele fez a voz da garota).
SHE AND HER CAT: THEIR STANDING POINTS (Kanojo to Kanojo no Neko)
Esse belo trabalho de 1999 é mais "cute" ainda do que o outro, que é de 2002. É a estréia na direção de Shinkai Makoto e conta uma história do ponto de vista de um gatinho de estimação. O filme é tão curtinho que se eu for contar sobre a história, posso estragar a surpresa de quem se interessar a ver. São apenas 4 minutos de duração. Achei tão prazeiroso que eu tive de rever imediatamente após, pra pegar algumas coisas que eu tinha deixado passar na primeira vez, bem como para me emocionar de novo. É definitivamente um trabalho poético.
Fiquei interessado em outros trabalhos de Makoto e vi que ele só tem mais um curta de 2 minutos chamado THE SMILE, e está na pré-produção do que virá a ser o seu primeiro longa-metragem. Esse filme promete.
Dando uma lida numa entrevista dele na net, vi que temos duas coisas em comum: o seu filme preferido é 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, do Kubrick (filme que, aliás, é pareceido com o VOICES OF A DISTANT STAR); e seu anime preferido é LAPUTA: CASTELO NOS CÉUS, de Hayao Miyazaki. Legal.
Ontem, pouco antes de ir pra sessão de PACTO DE JUSTIÇA, resolvi ver dois animes que o Marcelo tinha colocado no segundo cd de MILLENIUM ACTRESS pra completar os megabytes disponíveis no disco. Que coisa linda que são esses filminhos. O diretor dos dois trabalhos é um sujeito chamado Shinkai Makoto. Falo um pouco dos dois filmes abaixo.
VOICES OF A DISTANT STAR (Hoshie no Koe)
A impressão que eu tinha antes de ver o filme (que na verdade é um OVA de 25 minutos) era que se tratava de algo bem parecido com NEON GENESIS EVANGELION, por causa do robô gigante. Mas o que o filme aborda, mais do que ficção científica, é o amor e a dor da separação entre dois jovens. Na história, uma garotinha de 15 anos vai pilotar um grande robô e tem a missão de destruir aliens invasores em planetas do nosso sistema solar e em outros sistemas vizinhos. O problema é que ela vai sentir muita saudade do namorado. E ele, dela. A comunicação vai ficar cada vez mais difícil entre os dois, à medida que ela vai se distanciando do planeta Terra. Nem mesmo a alta tecnogia dos celulares do futuro serão capazes de solucionar o problema.
Muito bonita a atmosfera melancólica, o andamento ao mesmo tempo lento e rápido do filme. É lento quando ouvimos os pensamentos dos personagens. É rápido na explicação do que está acontecendo na história. É uma marca dos desenhos japoneses, que têm histórias mais complexas que as animações ocidentais.
Mas o que mais nos deixa impressionado é que esse belo trabalho de arte foi feito por um homem só. Ele fez tudo no seu Mac. Desenhos, trabalho de CGI, a voz do personagem masculino (a esposa dele fez a voz da garota).
SHE AND HER CAT: THEIR STANDING POINTS (Kanojo to Kanojo no Neko)
Esse belo trabalho de 1999 é mais "cute" ainda do que o outro, que é de 2002. É a estréia na direção de Shinkai Makoto e conta uma história do ponto de vista de um gatinho de estimação. O filme é tão curtinho que se eu for contar sobre a história, posso estragar a surpresa de quem se interessar a ver. São apenas 4 minutos de duração. Achei tão prazeiroso que eu tive de rever imediatamente após, pra pegar algumas coisas que eu tinha deixado passar na primeira vez, bem como para me emocionar de novo. É definitivamente um trabalho poético.
Fiquei interessado em outros trabalhos de Makoto e vi que ele só tem mais um curta de 2 minutos chamado THE SMILE, e está na pré-produção do que virá a ser o seu primeiro longa-metragem. Esse filme promete.
Dando uma lida numa entrevista dele na net, vi que temos duas coisas em comum: o seu filme preferido é 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, do Kubrick (filme que, aliás, é pareceido com o VOICES OF A DISTANT STAR); e seu anime preferido é LAPUTA: CASTELO NOS CÉUS, de Hayao Miyazaki. Legal.
domingo, março 28, 2004
PACTO DE JUSTIÇA (Open Range)
Sidney Lumet quando entrevistado por Peter Bogdanovich, no começo dos anos 60, falou da comparação entre ver RIO VERMELHO (1948), de Howard Hawks, no cinema e vê-lo na TV. Nas palavras do próprio:
“O que Hawks fez em termos da realidade de um deslocamento de gado está, para mim, no nível daquilo que Ford fez em “Stagecoach” (No Tempo das Diligências, 1939). É um filme definitivo. Mas quando se vê isso na televisão, são só tomadas de vacas que passam – é insensato, sem sentido, parece longo demais. A majestade com que Hawks fez aquilo se perde.”
O que Lumet falou a respeito de RIO VERMELHO pode ser aplicado também ao maravilhoso PACTO DE JUSTIÇA, de Kevin Costner. É um filme pra se ver no cinema. Na tv o filme vai ficar menor, ainda por cima se cortarem os lados. O som do filme é extraordinário. A seqüência do tiroteio final é de chorar de emoção - assim como a seqüência sentimental. O som dos tiros é impactante, parece o som de um canhão, ainda mais porque, durante a maior parte do filme, poucos tiros são ouvidos. O impacto físico e sonoro dos tiros encontra paralelo na violência dos filmes de Peckinpah, só que com menos sangue. Há também uma cena espetacular de uma tempestade. A fotografia em scope é estupenda, valorizando as paisagens do velho oeste e quando necessário centrando nos rostos dos protagonistas. Além de todo esse belíssimo trabalho técnico, há no filme uma valorização muito bonita da honra, da amizade, do companheirismo, da confiança, da beleza presente nas coisas simples.
A história do filme é narrada com uma precisão espantosa. A emoção é narrada num crescendo até chegar ao emocionante clímax final. Até parece um daqueles grandes faroestes dos anos 30-60. E, ao lembrar desses filmes, dá uma pena que esteja se fazendo poucos deles ultimamente. Ainda bem que Costner e Eastwood ainda estão vivos, já que a nova geração de cineastas parece estar bem pouco preocupada em manter a tradição dos bons westerns. Além do mais, o gênero não tem dado dinheiro - na sala em que eu assisti, havia poucas pessoas. Mas eu senti no ar que todas elas saíram do cinema satisfeitas, ficaram sentadas algum tempo enquanto os créditos subiam, em estado de graça.
Não vou nem falar do belo desempenho dos atores (Costner, Duvall, Annette Bening) porque esse é um filme que supera a performance do elenco. E eu quero ser o Kevin Costner quando crescer.
Sidney Lumet quando entrevistado por Peter Bogdanovich, no começo dos anos 60, falou da comparação entre ver RIO VERMELHO (1948), de Howard Hawks, no cinema e vê-lo na TV. Nas palavras do próprio:
“O que Hawks fez em termos da realidade de um deslocamento de gado está, para mim, no nível daquilo que Ford fez em “Stagecoach” (No Tempo das Diligências, 1939). É um filme definitivo. Mas quando se vê isso na televisão, são só tomadas de vacas que passam – é insensato, sem sentido, parece longo demais. A majestade com que Hawks fez aquilo se perde.”
O que Lumet falou a respeito de RIO VERMELHO pode ser aplicado também ao maravilhoso PACTO DE JUSTIÇA, de Kevin Costner. É um filme pra se ver no cinema. Na tv o filme vai ficar menor, ainda por cima se cortarem os lados. O som do filme é extraordinário. A seqüência do tiroteio final é de chorar de emoção - assim como a seqüência sentimental. O som dos tiros é impactante, parece o som de um canhão, ainda mais porque, durante a maior parte do filme, poucos tiros são ouvidos. O impacto físico e sonoro dos tiros encontra paralelo na violência dos filmes de Peckinpah, só que com menos sangue. Há também uma cena espetacular de uma tempestade. A fotografia em scope é estupenda, valorizando as paisagens do velho oeste e quando necessário centrando nos rostos dos protagonistas. Além de todo esse belíssimo trabalho técnico, há no filme uma valorização muito bonita da honra, da amizade, do companheirismo, da confiança, da beleza presente nas coisas simples.
A história do filme é narrada com uma precisão espantosa. A emoção é narrada num crescendo até chegar ao emocionante clímax final. Até parece um daqueles grandes faroestes dos anos 30-60. E, ao lembrar desses filmes, dá uma pena que esteja se fazendo poucos deles ultimamente. Ainda bem que Costner e Eastwood ainda estão vivos, já que a nova geração de cineastas parece estar bem pouco preocupada em manter a tradição dos bons westerns. Além do mais, o gênero não tem dado dinheiro - na sala em que eu assisti, havia poucas pessoas. Mas eu senti no ar que todas elas saíram do cinema satisfeitas, ficaram sentadas algum tempo enquanto os créditos subiam, em estado de graça.
Não vou nem falar do belo desempenho dos atores (Costner, Duvall, Annette Bening) porque esse é um filme que supera a performance do elenco. E eu quero ser o Kevin Costner quando crescer.
sábado, março 27, 2004
TRÊS COMÉDIAS
Como estou com um pouco de febre – acho que vou gripar – não estou muito legal pra fazer textos maiores e melhores sobre os filmes que tenho pra comentar. Então, vai um três-em-um rapidinho sobre três comédias que vi recentemente. As duas primeiras vi em Brasília, no cinema, e a última, em DVD.
ALGUÉM TEM QUE CEDER (Something’s Gotta Give)
Esse filme já estava há algumas semanas em cartaz aqui e eu meio que o esnobei. Por isso, acabei tendo uma ótima surpresa. A diretora Nancy Meyers parece que tem pena de se livrar de seus personagens. Digo isso pelo tempo longo e pouco comum para o gênero comédia romântica. Assim como DO QUE AS MULHERES GOSTAM (2000), esse filme ultrapassa as duas horas usuais do gênero. Mas por uma boa causa, já que os personagens de ALGUÉM TEM QUE CEDER são adoráveis. Jack Nicholson está excelente como o velhão que só pega mulher nova e se apaixona pela mãe (Diane Keaton) de uma de suas namoradas (Amanda Peet). Eu adoro a Amanda Peet. Sou apaixonado por aqueles grandes olhos verdes dela e vejo qualquer filme que tenha ela no elenco. Mas tenho que reconhecer que o brilho mesmo é do casal de protagonistas. Diane Keaton continua exercitando as neuras que aprendeu com o ex-marido Woody Allen e parece até que está em um filme dele, se não fossem as rugas que denunciam que não estamos mais nos anos 70. Jack Nicholson é outro que está mais parecendo uma batata. Mas o barato de tudo é que o romance entre os dois é tão bacana que a gente chegar a achá-los até bonitos; vemos além do corpo físico, além da superfície. E aquele beijo no final é bem legal, hein. O filme também tem o Keanu Reeves, que continua com aquela mesma cara de Neo, mas que não chega a comprometer o conjunto. Pra quem não leu ainda, recomendo a excelente entrevista que o Jack Nicholson deu pra Playboy.
ALBERGUE ESPANHOL (L'Aubergue Spagnole)
Sucesso no circuito alternativo, esse filminho leve de Cédric Klapish não chegou a me convencer. Pelo menos a chata da atriz Audrey Tatou (de AMÉLIE POULAIN) aparece pouco. A história é sobre um rapaz francês que vai para Madrid estudar e conhecer novas pessoas. É quando ele consegue vaga num apartamento que tem jovens de vários lugares do mundo. Os destaques do filme são as cenas em que ele transa com a mulher do amigo e as cenas com a amiga lésbica. Alguns cacoetes do “cinema moderno” chegam a irritar no começo, mas depois são deixados de lado (ainda bem).
UM CASO A TRÊS (Three to Tango)
Comédia engraçada que teria passado batido por mim se minha irmã não trouxesse o DVD pra casa, esse filminho simpático traz Matthew Perry, o eterno Chandler, que é confundido com um gay e é convidado pelo “boss” (Dylan McDermott) a vigiar a sua namorada (Neve Campbell). Como era de se esperar, ele se apaixona pela garota. O filme tem vários momentos engraçados e cai bem como uma sessão da tarde. Matthew Perry vai estar na continuação de MEU VIZINHO MAFIOSO, e dizem que está bem engraçado. É esperar pra ver.
Como estou com um pouco de febre – acho que vou gripar – não estou muito legal pra fazer textos maiores e melhores sobre os filmes que tenho pra comentar. Então, vai um três-em-um rapidinho sobre três comédias que vi recentemente. As duas primeiras vi em Brasília, no cinema, e a última, em DVD.
ALGUÉM TEM QUE CEDER (Something’s Gotta Give)
Esse filme já estava há algumas semanas em cartaz aqui e eu meio que o esnobei. Por isso, acabei tendo uma ótima surpresa. A diretora Nancy Meyers parece que tem pena de se livrar de seus personagens. Digo isso pelo tempo longo e pouco comum para o gênero comédia romântica. Assim como DO QUE AS MULHERES GOSTAM (2000), esse filme ultrapassa as duas horas usuais do gênero. Mas por uma boa causa, já que os personagens de ALGUÉM TEM QUE CEDER são adoráveis. Jack Nicholson está excelente como o velhão que só pega mulher nova e se apaixona pela mãe (Diane Keaton) de uma de suas namoradas (Amanda Peet). Eu adoro a Amanda Peet. Sou apaixonado por aqueles grandes olhos verdes dela e vejo qualquer filme que tenha ela no elenco. Mas tenho que reconhecer que o brilho mesmo é do casal de protagonistas. Diane Keaton continua exercitando as neuras que aprendeu com o ex-marido Woody Allen e parece até que está em um filme dele, se não fossem as rugas que denunciam que não estamos mais nos anos 70. Jack Nicholson é outro que está mais parecendo uma batata. Mas o barato de tudo é que o romance entre os dois é tão bacana que a gente chegar a achá-los até bonitos; vemos além do corpo físico, além da superfície. E aquele beijo no final é bem legal, hein. O filme também tem o Keanu Reeves, que continua com aquela mesma cara de Neo, mas que não chega a comprometer o conjunto. Pra quem não leu ainda, recomendo a excelente entrevista que o Jack Nicholson deu pra Playboy.
ALBERGUE ESPANHOL (L'Aubergue Spagnole)
Sucesso no circuito alternativo, esse filminho leve de Cédric Klapish não chegou a me convencer. Pelo menos a chata da atriz Audrey Tatou (de AMÉLIE POULAIN) aparece pouco. A história é sobre um rapaz francês que vai para Madrid estudar e conhecer novas pessoas. É quando ele consegue vaga num apartamento que tem jovens de vários lugares do mundo. Os destaques do filme são as cenas em que ele transa com a mulher do amigo e as cenas com a amiga lésbica. Alguns cacoetes do “cinema moderno” chegam a irritar no começo, mas depois são deixados de lado (ainda bem).
UM CASO A TRÊS (Three to Tango)
Comédia engraçada que teria passado batido por mim se minha irmã não trouxesse o DVD pra casa, esse filminho simpático traz Matthew Perry, o eterno Chandler, que é confundido com um gay e é convidado pelo “boss” (Dylan McDermott) a vigiar a sua namorada (Neve Campbell). Como era de se esperar, ele se apaixona pela garota. O filme tem vários momentos engraçados e cai bem como uma sessão da tarde. Matthew Perry vai estar na continuação de MEU VIZINHO MAFIOSO, e dizem que está bem engraçado. É esperar pra ver.
sexta-feira, março 26, 2004
VIAGEM A BRASÍLIA
O grande barato de viajar é o mistério que ronda o momento, o não saber pra onde o vento nos levará. Desde o início do mês que estava planejando fazer essa viagem, tanto por ter visto no horóscopo da Susan Miller umas pistas, quanto pela necessidade financeira. Mas pra isso tive que vencer vários obstáculos. Tantos que é quase um milagre ter dado certo. Sinto que Deus está comigo, já que em momentos de necessidade sempre aparece uma espécie de salvação. Além de conseguir pagar parte das minhas dívidas, ainda sobrou espaço pra eu me divertir e me sentir um cara privilegiado.
Logo que cheguei ao aeroporto, liguei pra Betany e marquei pra gente se encontrar às 14h30 no Pátio Shopping. Conheço a Betânia desde 1998, até então apenas pela internet. É claro que não podia deixar de conhecê-la pessoalmente. E o local eu escolhi por ser próximo ao hotel onde eu ia fazer o curso e eu pretendia procurar um hotel barato ali perto. Não consegui contatar o Pablo nesse dia.
Confirmado o encontro lá vou eu, meio perdido, pegar um ônibus e à procura de um hotel. Na parada do ônibus, perguntei a um rapaz se era ali mesmo que passava o ônibus para o Pátio Shopping. Acabou que começamos a conversar e eu soube que ele trabalha num site de garotas de programa, ele até me deu um folder. (Chequei o site e devo dizer que o conjunto de moças é bem atraente.) Pra completar, já no ônibus, ele me perguntou se eu tinha lugar certo pra ficar, e me recomendou umas pousadas baratinhas lá na W3. Beleza. Eu já tava achando que ia pagar uma fortuna com hotel. Com isso, daria pra economizar um bom dinheiro. Imaginem vocês que o cara ainda foi me deixar até a entrada da pousada e ainda pechinchou pra mim. Ele foi super-gente fina. A pousada não era lá grande coisa. Pra ir ao banheiro tem que subir uma escada, o quarto não tem televisão, mas pelo preço acho que tá valendo. Pelo menos o lugar é limpo, e era só pra dormir mesmo.
Fui recebido com um caloroso abraço da Betânia, que é uma gracinha de pessoa, e fomos passear a pé até a Praça dos Três Poderes e conhecer alguns lugares de cultura pop nas redondezas. Tiramos umas fotos, conversamos animadamente sobre os mais diversos assuntos e voltamos ao Pátio Brasil pra pegar uma sessão de ALGUÉM TEM QUE CEDER, que a gente curtiu bastante. E eu que estava esnobando o filme aqui em Fortaleza... (Lá ainda estava passando dois filmes bem interessantes: PACTO DE JUSTIÇA e NA CAPTURA DOS FRIEDMEN.) Depois do filme, ela teve que ir embora e eu ainda fiquei um tempinho no shopping até passar o temporal e dar fome de novo pra eu jantar e ir dormir.
Segundo dia. O curso começa e eu gostei bastante da introdução. O instrutor falou claramente sobre as diferenças entre leis, decretos-lei, portarias, medidas provisórias, instruções normativas etc. Por um momento eu até gostei do assunto, mas no final da tarde já estava lutando pra não dormir.
Consegui entrar em contato com o Pablo e programamos para dar uma saída depois das seis. O Pablo é muito bacana e me apresentou o lado chique da cidade. Conheci a Academia de Tênis, onde vimos ALBERGUE ESPANHOL, e depois conheci o Pier 21. Rolou muito papo legal. O homem sabe tudo sobre indie rock, história do rock e afins.
No terceiro dia, consegui juntar os dois amigos (Pablo & Betany) para umas fotinhas. Pena a Betânia não ter podido sair com a gente. Mas valeu assim mesmo. Ela ainda me presenteou com um belo livro de peças de teatro de Susan Glaspell. Não conheço a autora, mas parece que ela é do nível de um Eugene O’Neill. Acho que vou gostar. No avião, terminei de ler o livro Sonhos de Bunker Hill, de John Fante. De tanto o Renato falar do homem, acabei adquirindo um título dele. Também comprei Cartas Portuguesas de Mariana Alcoforado, que sempre quis ter comigo.
No fim do terceiro dia o programa continuou light, já que Brasília é uma cidade meio deserta à noite, em comparação com Fortaleza, São Paulo e outras capitais. Brasília é um lugar estranho mesmo. Mas com uma semana boa dessas, eu nem tenho direito a reclamar mais, durante pelo menos uns dois meses.
P.S.: Estreou PACTO DE JUSTIÇA aqui em Fortaleza!!!
segunda-feira, março 22, 2004
CONTO DE PRIMAVERA (Conte de Printemps)
Hoje estou elétrico. O dia hoje está agitadíssimo por conta de uma pequena viagem que apareceu pra mim. Pra tentar manter a calma, vou tentar falar um pouco de CONTO DE PRIMAVERA (1990), de Eric Rohmer, que vi no último sábado.
Não sei se por causa das noites mal dormidas que me deixaram com sono durante a sessão, mas o fato é que achei esse o mais fraco dos filmes de Rohmer sobre as estações. Acho que por isso, que os organizadores deixaram por último: pra não assustar os espectadores que iriam ver os outros filmes. O filme antecipa muito do que viria a ser mostrado nos contos seguintes.
As conversas filosóficas estão presentes (inclusive até descobri que quem criu o mito do anel que deixa a pessoa invisível foi Platão e não Tolkien), mas de uma maneira diferente da vista em CONTO DE INVERNO (1992). Aqui o papo é de professor pra professor e o espectador leigo em certo momentos fica voando quando os personagens falam sobre filosofia transcendental. Dá pra comparar com o realismo dos papos sobre agricultura de CONTO DE OUTONO (1998). Mas ainda assim achei interessante. Mas prefiro a conversa sobre almas gêmeas do CONTO DE INVERNO.
O filme inicia a proposta de mostrar personagens em busca do amor. Em alguns dos filmes, o encontro entre os dois amantes acontece meramente por obra do acaso. Em outros casos, como nesse filme e em CONTO DE OUTONO, o amor nasce a partir da intervenção astuta de um cupido. Em CONTO DE PRIMAVERA, vemos Jeanne, uma professora de filosofia que conhece numa festa uma garota chamada Natacha, que arma pra que seu pai se separe de sua atual namorada e fique com Jeanne.
Acho que o problema é que a partir da segunda metade o filme vai ficando monótono, chato. Não seria um filme indicado pra quem está iniciando no cinema de Rohmer. Pra quem está começando a acompanhar a filmografia dele é melhor começar vendo o jovial CONTO DE VERÃO(1996) ou o romântico CONTO DE INVERNO. A cópia do filme também não era das melhores, cheia de falhas. Mas isso é normal, já que o filme é de 1990. Além do mais, essa cópia já rodou durante um tempão várias cidades do Brasil até chegar aqui em Fortaleza.
Hoje estou elétrico. O dia hoje está agitadíssimo por conta de uma pequena viagem que apareceu pra mim. Pra tentar manter a calma, vou tentar falar um pouco de CONTO DE PRIMAVERA (1990), de Eric Rohmer, que vi no último sábado.
Não sei se por causa das noites mal dormidas que me deixaram com sono durante a sessão, mas o fato é que achei esse o mais fraco dos filmes de Rohmer sobre as estações. Acho que por isso, que os organizadores deixaram por último: pra não assustar os espectadores que iriam ver os outros filmes. O filme antecipa muito do que viria a ser mostrado nos contos seguintes.
As conversas filosóficas estão presentes (inclusive até descobri que quem criu o mito do anel que deixa a pessoa invisível foi Platão e não Tolkien), mas de uma maneira diferente da vista em CONTO DE INVERNO (1992). Aqui o papo é de professor pra professor e o espectador leigo em certo momentos fica voando quando os personagens falam sobre filosofia transcendental. Dá pra comparar com o realismo dos papos sobre agricultura de CONTO DE OUTONO (1998). Mas ainda assim achei interessante. Mas prefiro a conversa sobre almas gêmeas do CONTO DE INVERNO.
O filme inicia a proposta de mostrar personagens em busca do amor. Em alguns dos filmes, o encontro entre os dois amantes acontece meramente por obra do acaso. Em outros casos, como nesse filme e em CONTO DE OUTONO, o amor nasce a partir da intervenção astuta de um cupido. Em CONTO DE PRIMAVERA, vemos Jeanne, uma professora de filosofia que conhece numa festa uma garota chamada Natacha, que arma pra que seu pai se separe de sua atual namorada e fique com Jeanne.
Acho que o problema é que a partir da segunda metade o filme vai ficando monótono, chato. Não seria um filme indicado pra quem está iniciando no cinema de Rohmer. Pra quem está começando a acompanhar a filmografia dele é melhor começar vendo o jovial CONTO DE VERÃO(1996) ou o romântico CONTO DE INVERNO. A cópia do filme também não era das melhores, cheia de falhas. Mas isso é normal, já que o filme é de 1990. Além do mais, essa cópia já rodou durante um tempão várias cidades do Brasil até chegar aqui em Fortaleza.
domingo, março 21, 2004
LUGAR NENHUM DA ÁFRICA (Nirgendwo in Afrika)
Acabei de chegar da sessão desse bonito drama alemão ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2003. Trata-se de um filme difícil de não gostar. As duas horas e vinte minutos que passamos durante a projeção do filme são prazerosas.
LUGAR NENHUM DA ÁFRICA (2001) conta a história da família de judeus alemães que se viram obrigados a sair do clima de opressão que se instalava na Alemanha de Hitler. Na verdade, o casal e a filha tiveram sorte de terem saído do país na hora certa. Conseguiram escapar de serem enviados para os campos de concentração. Por outro lado, tiveram que se adaptar a um mundo totalmente diverso do seu. Tiveram que aprender uma língua diferente, viver num país miserável (Quênia), perder o status que tinham na Europa (o personagem principal, Walter, por exemplo, era juiz de direito na Alemanha).
O filme tem um estilo de narrativa clássico, sem pretensões de se criar uma obra-prima, mas é contado com uma habilidade e uma delicadeza que encantam. Muito bem trabalhado no filme o relacionamento da família com o cozinheiro, o afeto que ele cria com a garotinha. As duas atrizes que fazem a garotinha Regina são ótimas, encantadoras.
Pode parecer piegas, mas LUGAR NENHUM NA ÁFRICA nos mostra que devemos tratar bem as pessoas, sem ligar para status social; mostra que devemos respeitar as culturas estranhas à nossa, e agir com a espontaneidade da garotinha Regina, que tinha um profundo respeito pelas crenças africanas; mostra que por mais que odiemos um lugar, vai chegar a hora que nós vamos nos apegar a ele e amá-lo até mais do que o nosso lugar de origem.
O filme está sendo lançado em DVD e VHS esse mês, mas parece que a distribuidora está lançando apenas em fullscreen. Uma pena, já que a fotografia em scope do filme é belíssima.
Acabei de chegar da sessão desse bonito drama alemão ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2003. Trata-se de um filme difícil de não gostar. As duas horas e vinte minutos que passamos durante a projeção do filme são prazerosas.
LUGAR NENHUM DA ÁFRICA (2001) conta a história da família de judeus alemães que se viram obrigados a sair do clima de opressão que se instalava na Alemanha de Hitler. Na verdade, o casal e a filha tiveram sorte de terem saído do país na hora certa. Conseguiram escapar de serem enviados para os campos de concentração. Por outro lado, tiveram que se adaptar a um mundo totalmente diverso do seu. Tiveram que aprender uma língua diferente, viver num país miserável (Quênia), perder o status que tinham na Europa (o personagem principal, Walter, por exemplo, era juiz de direito na Alemanha).
O filme tem um estilo de narrativa clássico, sem pretensões de se criar uma obra-prima, mas é contado com uma habilidade e uma delicadeza que encantam. Muito bem trabalhado no filme o relacionamento da família com o cozinheiro, o afeto que ele cria com a garotinha. As duas atrizes que fazem a garotinha Regina são ótimas, encantadoras.
Pode parecer piegas, mas LUGAR NENHUM NA ÁFRICA nos mostra que devemos tratar bem as pessoas, sem ligar para status social; mostra que devemos respeitar as culturas estranhas à nossa, e agir com a espontaneidade da garotinha Regina, que tinha um profundo respeito pelas crenças africanas; mostra que por mais que odiemos um lugar, vai chegar a hora que nós vamos nos apegar a ele e amá-lo até mais do que o nosso lugar de origem.
O filme está sendo lançado em DVD e VHS esse mês, mas parece que a distribuidora está lançando apenas em fullscreen. Uma pena, já que a fotografia em scope do filme é belíssima.
sexta-feira, março 19, 2004
A PAIXÃO DE CRISTO (The Passion of the Christ)
“Por isso é duvidoso ter-se despedido Cristo da vida com as palavras da escritura, as de Mateus e Marcos, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste, ou as de Lucas, Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito, ou as de João, Tudo está cumprido, o que Cristo disse foi, palavra de honra, qualquer pessoa popular sabe que é esta a verdade, Adeus, mundo, cada vez a pior.”
(José Saramago – "O Ano da Morte de Ricardo Reis")
Hoje fui ver o filme que eu mais aguardava nesse ano. Fiquei interessado desde as primeiras notícias que li sobre as filmagens. Achei fascinante a idéia de se fazer um filme relatando as últimas horas de Jesus, utilizando-se das línguas originais, latim e aramaico. Mas depois vieram as notícias polêmicas: o anti-semitismo que o filme tem provocado, o excesso de violência nas cenas do flagelo de Jesus, o sofrimento físico pelo qual passou Jim Caviezel durante as filmagens (dizem que até um raio caiu perto de sua cabeça), os depoimentos de Mel Gibson dizendo que o filme foi dirigido pelo Espírito Santo, a notícia de que uma mulher morreu de ataque cardíaco enquanto assistia ao filme nos EUA, entre outras.
Boa parte disso aí é verdade. Há, sim, no filme, uma tendência a depositar a maior parte da culpa da morte de Jesus aos judeus. Mas até que Gibson suaviza um pouco, colocando Satanás, perto dos fariseus, os enfeitiçando e os dominando. Nos evangelhos, Satanás nem aparece nessas últimas horas de Jesus na Terra. Na Bíblia, a culpa é toda dos homens, ao mesmo tempo que é um plano divino com o objetivo de se cumprirem as profecias de Isaías e Jeremias.
No filme, os homens são pintados de maneira exagerada, principalmente os fariseus, liderados por Caifás, e os flageladores romanos, que insistiam em ficar rindo a cada chibatada que davam em Jesus. Mas o que pode incentivar ainda mais o ódio do povo aos judeus é o fato de que, no filme, Pilatos, o governador romano da Judéia, é mostrado quase como um homem bondoso.
Tirando esses problemas, até difíceis de se evitar, levando-se em consideração a necessidade de se mostrar a maldade humana de maneira explícita, o filme é um sucesso (e não falo apenas financeiramente). As seqüências mais emocionantes são as cenas do afeto de duas mulheres: Maria, mãe de Jesus, durante o trajeto para o Calvário, falando com o filho, e a cena em que outra mulher tenta dar água a Jesus, mas é impedida pelos guardas romanos.
Por falar nisso, muito bonita a seqüência que mostra Jesus dando uma demonstração de afeto à sua mãe, enquanto exercia o ofício da carpintaria, durante um dos flashbacks. Isso foi uma das liberdades que Mel Gibson tomou, já que na Bíblia não há demonstração de afeto de Jesus para com Maria. Outra liberdade tomada por Gibson foi colocar a cena do corvo bicando o olho do ladrão crucificado que zombava de Jesus. Mas essas liberdades funcionaram muito bem.
O espetáculo de violência e perversidade humana termina em clima de alívio, com a cena da chuva no Calvário, da destruição do templo de Jerusalém, e o desfecho no sepulcro. A PAIXÃO DE CRISTO não é um filme que eu veria novamente tão cedo. É muito intenso e doloroso pra se ver várias vezes, mas é bom tanto quanto cinema, quanto como demonstração de fé.
“Por isso é duvidoso ter-se despedido Cristo da vida com as palavras da escritura, as de Mateus e Marcos, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste, ou as de Lucas, Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito, ou as de João, Tudo está cumprido, o que Cristo disse foi, palavra de honra, qualquer pessoa popular sabe que é esta a verdade, Adeus, mundo, cada vez a pior.”
(José Saramago – "O Ano da Morte de Ricardo Reis")
Hoje fui ver o filme que eu mais aguardava nesse ano. Fiquei interessado desde as primeiras notícias que li sobre as filmagens. Achei fascinante a idéia de se fazer um filme relatando as últimas horas de Jesus, utilizando-se das línguas originais, latim e aramaico. Mas depois vieram as notícias polêmicas: o anti-semitismo que o filme tem provocado, o excesso de violência nas cenas do flagelo de Jesus, o sofrimento físico pelo qual passou Jim Caviezel durante as filmagens (dizem que até um raio caiu perto de sua cabeça), os depoimentos de Mel Gibson dizendo que o filme foi dirigido pelo Espírito Santo, a notícia de que uma mulher morreu de ataque cardíaco enquanto assistia ao filme nos EUA, entre outras.
Boa parte disso aí é verdade. Há, sim, no filme, uma tendência a depositar a maior parte da culpa da morte de Jesus aos judeus. Mas até que Gibson suaviza um pouco, colocando Satanás, perto dos fariseus, os enfeitiçando e os dominando. Nos evangelhos, Satanás nem aparece nessas últimas horas de Jesus na Terra. Na Bíblia, a culpa é toda dos homens, ao mesmo tempo que é um plano divino com o objetivo de se cumprirem as profecias de Isaías e Jeremias.
No filme, os homens são pintados de maneira exagerada, principalmente os fariseus, liderados por Caifás, e os flageladores romanos, que insistiam em ficar rindo a cada chibatada que davam em Jesus. Mas o que pode incentivar ainda mais o ódio do povo aos judeus é o fato de que, no filme, Pilatos, o governador romano da Judéia, é mostrado quase como um homem bondoso.
Tirando esses problemas, até difíceis de se evitar, levando-se em consideração a necessidade de se mostrar a maldade humana de maneira explícita, o filme é um sucesso (e não falo apenas financeiramente). As seqüências mais emocionantes são as cenas do afeto de duas mulheres: Maria, mãe de Jesus, durante o trajeto para o Calvário, falando com o filho, e a cena em que outra mulher tenta dar água a Jesus, mas é impedida pelos guardas romanos.
Por falar nisso, muito bonita a seqüência que mostra Jesus dando uma demonstração de afeto à sua mãe, enquanto exercia o ofício da carpintaria, durante um dos flashbacks. Isso foi uma das liberdades que Mel Gibson tomou, já que na Bíblia não há demonstração de afeto de Jesus para com Maria. Outra liberdade tomada por Gibson foi colocar a cena do corvo bicando o olho do ladrão crucificado que zombava de Jesus. Mas essas liberdades funcionaram muito bem.
O espetáculo de violência e perversidade humana termina em clima de alívio, com a cena da chuva no Calvário, da destruição do templo de Jerusalém, e o desfecho no sepulcro. A PAIXÃO DE CRISTO não é um filme que eu veria novamente tão cedo. É muito intenso e doloroso pra se ver várias vezes, mas é bom tanto quanto cinema, quanto como demonstração de fé.
terça-feira, março 16, 2004
SOL VERMELHO (Soleil Rouge / Red Sun)
Esse filme de Terence Young (diretor do primeiro filme de James Bond) traz três ícones do cinema mundial: Charles Bronson (EUA), Toshiro Mifune (Japão) e Alain Delon (França). Pra completar, a mais sexy das bondgirls está presente no elenco, trazendo um pouco de beleza àquele ambiente árido do velho oeste.
Na trama, Bronson é um fora-da-lei que é traído pelo parceiro de crime (Alain Delon), após um assalto a trem. Também presente no trem está Toshiro Mifune, um samurai que acompanha o embaixador do Japão em visita aos EUA. Com o objetivo de vingar um amigo samurai assassinado pelo bando de Delon e pegar de volta a espada roubada, ele se junta a Charles Bronson a fim de encontrar o bandido. Cada um com um objetivo: Bronson quer o dinheiro do assalto; Mifune quer a morte de Delon e a espada milenar roubada. Caso ele não consiga pegá-lo em tempo hábil, ele praticará harakiri.
Interessante que o filme antecipa um pouco o que se viu recentemente em O ÚLTIMO SAMURAI. Há aqui também um samurai que sabe que é um ser em extinção por causa das mudanças que o Japão estava passando. O personagem de Toshiro Mifune é o que mais dá dignidade ao filme, que é contado de maneira bem leve, como uma aventura. Bronson também está bem, interpretando o mesmo tipo visto na maioria de seus filmes, com aquela expressão tranqüila e quase sempre sorrindo. Já Delon está bem canastrão como o vilão da história. O clichê dos dois sujeitos totalmente diferentes que se tornam amigos não chega a incomodar e funciona muito bem na história.
O filme é de 1971 e já a partir dos anos 60 era comum fazerem westerns protagonizados por foras-da-lei, ao contrário dos westerns da década de 40 e 50, mais centrados em homens da lei ou pessoas de caráter, ainda que a maioria seja tudo matador de índio. Por falar em índios, os comanches dão um toque todo especial ao clima selvagem da época.
A fita que eu peguei já estava bem velhinha e com a imagem meio borrada. Mas perfeitamente assistível.
Esse filme de Terence Young (diretor do primeiro filme de James Bond) traz três ícones do cinema mundial: Charles Bronson (EUA), Toshiro Mifune (Japão) e Alain Delon (França). Pra completar, a mais sexy das bondgirls está presente no elenco, trazendo um pouco de beleza àquele ambiente árido do velho oeste.
Na trama, Bronson é um fora-da-lei que é traído pelo parceiro de crime (Alain Delon), após um assalto a trem. Também presente no trem está Toshiro Mifune, um samurai que acompanha o embaixador do Japão em visita aos EUA. Com o objetivo de vingar um amigo samurai assassinado pelo bando de Delon e pegar de volta a espada roubada, ele se junta a Charles Bronson a fim de encontrar o bandido. Cada um com um objetivo: Bronson quer o dinheiro do assalto; Mifune quer a morte de Delon e a espada milenar roubada. Caso ele não consiga pegá-lo em tempo hábil, ele praticará harakiri.
Interessante que o filme antecipa um pouco o que se viu recentemente em O ÚLTIMO SAMURAI. Há aqui também um samurai que sabe que é um ser em extinção por causa das mudanças que o Japão estava passando. O personagem de Toshiro Mifune é o que mais dá dignidade ao filme, que é contado de maneira bem leve, como uma aventura. Bronson também está bem, interpretando o mesmo tipo visto na maioria de seus filmes, com aquela expressão tranqüila e quase sempre sorrindo. Já Delon está bem canastrão como o vilão da história. O clichê dos dois sujeitos totalmente diferentes que se tornam amigos não chega a incomodar e funciona muito bem na história.
O filme é de 1971 e já a partir dos anos 60 era comum fazerem westerns protagonizados por foras-da-lei, ao contrário dos westerns da década de 40 e 50, mais centrados em homens da lei ou pessoas de caráter, ainda que a maioria seja tudo matador de índio. Por falar em índios, os comanches dão um toque todo especial ao clima selvagem da época.
A fita que eu peguei já estava bem velhinha e com a imagem meio borrada. Mas perfeitamente assistível.
segunda-feira, março 15, 2004
EMANUELLE IN AMERICA
Depois de anos de curiosidade, pude finalmente conferir esse filme, tão comentado entre os cinéfilos antenados em cinema underground. Porém, EMANUELLE IN AMERICA (1977) me decepcionou bastante. Primeiro porque eu estava esperando um filme mais centrado na trama dos snuff movies, além de excitantes cenas de sexo. Mas não é bem isso que encontrei: a trama sobre os snuffs só acontece no final do filme, depois de muita enrolação, e as mulheres não são bem o exemplo de beleza estética, o que prejudica o fator paudurescente do título. Acho que o problema é que eu me acostumei com o padrão de beleza atual, em que as mulheres aparecem na mídia sem celulite, com corpos perfeitos. Nos anos 70, não havia toda essa obsessão pelo corpo como há hoje. Há poucas mulheres bonitas no filme, destaque para aquela que masturba o cavalo.
Aliás, a cena do cavalo é um dos pontos altos do filme. A mulher tira a roupa e vai lá acariciar o imenso cacete do bicho e ele fica lá relinchando. Hehehe.. As cenas de sexo explícito são normais, nada de extraordinário ou mesmo excitante. Laura Genser, a Emanuelle negra, não protagoniza nenhuma das tais cenas explícitas. Tudo fica a cargo das profissionais do gênero.
Na história, Emanuelle é uma repórter fotográfica que investiga o submundo do sexo entre milionários excêntricos. Até que certo dia, ela flagra uma fita contendo uma mulher sendo agredida e assassinada sadicamente em frente às câmeras. A seqüência do filme snuff é o ponto alto, acordando um pouco do torpor que permeia quase todo o filme.
O espírito libertário (ou libertino, depende de quem o vê) dos anos 70 nem sempre é fácil de ser assimilado pelas novas platéias (me considero uma dessas novas platéias). Como eu já havia falado aqui quando comentei sobre SWEET MOVIE, do Makajev, é preciso entrar no clima da época pra apreciar certos aspectos do filme. Mas apenas certos aspectos, já que o filme como um todo é bem picareta, no pior sentido do termo. Claro, trata-se de um produto exploitation, sensacionalista, feito mesmo pra chamar a atenção de quem vai atrás de ver mulher pelada e cenas violentas. Não me incomodo com esse tipo de filme. Até gosto. Mas quando o resultado é, pelo menos, satisfatório. Filme sobre snuff, prefiro MORTE AO VIVO, do Amenábar, e até mesmo 8 MM, do Schumacher (podem jogar pedras à vontade. Hehehe).
A cópia que eu consegui com o Herbert, apesar de ter uma imagem ótima, ripada do DVD, está com um problema de sincronia do áudio com a imagem a partir da metade. E a culpa nem é da dublagem em inglês não. Valeu ter conhecido o filme, mas chamar de "a obra-prima de Joe D'Amato" é o mesmo que dizer que o cara só fazia porcaria (o que pode até ser verdade). Ainda hoje tenho vontade de ver o pornô MARQUÊS DE SADE (1995), dirigido pelo D'Amato e protagonizado pelo Rocco Sifredi. Dizem que esse pornô é beem hardcore.
Bom mesmo é Tinto Brass...
Depois de anos de curiosidade, pude finalmente conferir esse filme, tão comentado entre os cinéfilos antenados em cinema underground. Porém, EMANUELLE IN AMERICA (1977) me decepcionou bastante. Primeiro porque eu estava esperando um filme mais centrado na trama dos snuff movies, além de excitantes cenas de sexo. Mas não é bem isso que encontrei: a trama sobre os snuffs só acontece no final do filme, depois de muita enrolação, e as mulheres não são bem o exemplo de beleza estética, o que prejudica o fator paudurescente do título. Acho que o problema é que eu me acostumei com o padrão de beleza atual, em que as mulheres aparecem na mídia sem celulite, com corpos perfeitos. Nos anos 70, não havia toda essa obsessão pelo corpo como há hoje. Há poucas mulheres bonitas no filme, destaque para aquela que masturba o cavalo.
Aliás, a cena do cavalo é um dos pontos altos do filme. A mulher tira a roupa e vai lá acariciar o imenso cacete do bicho e ele fica lá relinchando. Hehehe.. As cenas de sexo explícito são normais, nada de extraordinário ou mesmo excitante. Laura Genser, a Emanuelle negra, não protagoniza nenhuma das tais cenas explícitas. Tudo fica a cargo das profissionais do gênero.
Na história, Emanuelle é uma repórter fotográfica que investiga o submundo do sexo entre milionários excêntricos. Até que certo dia, ela flagra uma fita contendo uma mulher sendo agredida e assassinada sadicamente em frente às câmeras. A seqüência do filme snuff é o ponto alto, acordando um pouco do torpor que permeia quase todo o filme.
O espírito libertário (ou libertino, depende de quem o vê) dos anos 70 nem sempre é fácil de ser assimilado pelas novas platéias (me considero uma dessas novas platéias). Como eu já havia falado aqui quando comentei sobre SWEET MOVIE, do Makajev, é preciso entrar no clima da época pra apreciar certos aspectos do filme. Mas apenas certos aspectos, já que o filme como um todo é bem picareta, no pior sentido do termo. Claro, trata-se de um produto exploitation, sensacionalista, feito mesmo pra chamar a atenção de quem vai atrás de ver mulher pelada e cenas violentas. Não me incomodo com esse tipo de filme. Até gosto. Mas quando o resultado é, pelo menos, satisfatório. Filme sobre snuff, prefiro MORTE AO VIVO, do Amenábar, e até mesmo 8 MM, do Schumacher (podem jogar pedras à vontade. Hehehe).
A cópia que eu consegui com o Herbert, apesar de ter uma imagem ótima, ripada do DVD, está com um problema de sincronia do áudio com a imagem a partir da metade. E a culpa nem é da dublagem em inglês não. Valeu ter conhecido o filme, mas chamar de "a obra-prima de Joe D'Amato" é o mesmo que dizer que o cara só fazia porcaria (o que pode até ser verdade). Ainda hoje tenho vontade de ver o pornô MARQUÊS DE SADE (1995), dirigido pelo D'Amato e protagonizado pelo Rocco Sifredi. Dizem que esse pornô é beem hardcore.
Bom mesmo é Tinto Brass...
domingo, março 14, 2004
O PAGAMENTO (Paycheck)
Tinha decidido que não ia pro cinema nesse fim de semana porque não estou podendo gastar, mas só agüentei até o sábado. Hoje não resisti à tentação. Saber que está passando um filme do John Woo, baseado em Philip K. Dick, num cinema aqui pertinho foi o suficiente para isso.
Bom, o filme não é melhor do que os melhores filmes baseados em Dick (VINGADOR DO FUTURO, BLADE RUNNER, MINORITY REPORT) mas é um bom filme. E pra quem anda dizendo que John Woo não é mais John Woo, digo que esse filme tem mais elementos de suas outras obras do que o anterior – CÓDIGOS DE GUERRA (2002). Woo até forçou a barra em colocar uma pomba numa cena só pra impor uma de suas marcas.
Outra característica de John Woo é brincar com situações inverossímeis a exemplo do que já tinha feito nos ótimos A OUTRA FACE (1997) e MISSÃO IMPOSSÍVEL 2 (2000). Na trama do filme, Ben Affleck é um cientista que aceita participar de uma experiência ultra-secreta e ter sua memória dos últimos três anos apagada. Em troca, ele receberia um cheque bem gordo, que o permitiria passar o resto da vida sem precisar trabalhar. O bicho pega quando, passados os três anos, ele descobre que ele mesmo tinha renunciado a todo o dinheiro e só tinha pra receber um envelope com alguns objetos estranhos a ele.
Interessante notar o quanto Philip K Dick ainda serve de boa matéria-prima para Hollywood fazer filmes de ficção científica bacanas. Pena que a tentativa de Woo de imprimir um ritmo acelerado ao filme não o impediu de se tornar um pouco chato em repetir a já desgastada fórmula do filme de ação. O maior problema do filme é cansar em vez de empolgar. Isso é fatal em filme de ação. Mesmo assim, uma cena como a da perseguição na rodovia é difícil de ser superada esse ano em se tratando de cinema de ação. E a cena no túnel do metrô também é boa pra caramba.
De qualquer maneira, ainda é cedo pra julgar o filme, que pode agradar bastante a muita gente boa, e se revelar até um grande filme no futuro. É possível. Ah, uma coisa que me chamou a atenção foi o olhar apaixonado de Uma Thurman para o Ben Affleck. Ou ela é uma excelente atriz, ou a moça realmente ficou gamada nele durante as filmagens (ambos terminaram um relacionamento com seus parceiros recentemente). Mas deixa pra lá: foi só impressão minha.
Tinha decidido que não ia pro cinema nesse fim de semana porque não estou podendo gastar, mas só agüentei até o sábado. Hoje não resisti à tentação. Saber que está passando um filme do John Woo, baseado em Philip K. Dick, num cinema aqui pertinho foi o suficiente para isso.
Bom, o filme não é melhor do que os melhores filmes baseados em Dick (VINGADOR DO FUTURO, BLADE RUNNER, MINORITY REPORT) mas é um bom filme. E pra quem anda dizendo que John Woo não é mais John Woo, digo que esse filme tem mais elementos de suas outras obras do que o anterior – CÓDIGOS DE GUERRA (2002). Woo até forçou a barra em colocar uma pomba numa cena só pra impor uma de suas marcas.
Outra característica de John Woo é brincar com situações inverossímeis a exemplo do que já tinha feito nos ótimos A OUTRA FACE (1997) e MISSÃO IMPOSSÍVEL 2 (2000). Na trama do filme, Ben Affleck é um cientista que aceita participar de uma experiência ultra-secreta e ter sua memória dos últimos três anos apagada. Em troca, ele receberia um cheque bem gordo, que o permitiria passar o resto da vida sem precisar trabalhar. O bicho pega quando, passados os três anos, ele descobre que ele mesmo tinha renunciado a todo o dinheiro e só tinha pra receber um envelope com alguns objetos estranhos a ele.
Interessante notar o quanto Philip K Dick ainda serve de boa matéria-prima para Hollywood fazer filmes de ficção científica bacanas. Pena que a tentativa de Woo de imprimir um ritmo acelerado ao filme não o impediu de se tornar um pouco chato em repetir a já desgastada fórmula do filme de ação. O maior problema do filme é cansar em vez de empolgar. Isso é fatal em filme de ação. Mesmo assim, uma cena como a da perseguição na rodovia é difícil de ser superada esse ano em se tratando de cinema de ação. E a cena no túnel do metrô também é boa pra caramba.
De qualquer maneira, ainda é cedo pra julgar o filme, que pode agradar bastante a muita gente boa, e se revelar até um grande filme no futuro. É possível. Ah, uma coisa que me chamou a atenção foi o olhar apaixonado de Uma Thurman para o Ben Affleck. Ou ela é uma excelente atriz, ou a moça realmente ficou gamada nele durante as filmagens (ambos terminaram um relacionamento com seus parceiros recentemente). Mas deixa pra lá: foi só impressão minha.
sexta-feira, março 12, 2004
A ESSÊNCIA DA PAIXÃO (House of Mirth)
"Não basta ser sincero,
ter caráter, ser honesto,
gotta work, like Kirk e o vulcano
oh, meu Deus, quanta luta, quanta luta..."
"Spoc" (Pato Fu)
Sim, meus amigos. Estou muito cansado e muito triste por ter que trabalhar tanto. Já não tenho mais gás pra agüentar essa rotina de trabalhar os três turnos e viver cada vez mais quebrado e endividado. Pelo horóscopo da Susan Miller, isso se deve ao grande fazedor de tarefas, o impiedoso Saturno, que tem forçado a humanidade a trabalhar mais, a dar duro. Saturno retomou o seu movimento direto com gás total. Mas tem nada não. Coisas boas surgirão para o futuro. Assim dizem. Assim espero.
Por estar nesse estado de quebradeira física e financeira, me identifiquei bastante com a personagem de Gillian Anderson nesse ótimo drama de Terence Davis, baseado em romance de Edith Wharton, a mesma autora do livro que deu origem ao filme A ÉPOCA DA INOCÊNCIA (1993), de Martin Scorsese. A ESSÊNCIA DA PAIXÃO (2000), apesar de não ter a força da mão de Scorsese, possui muito em comum com o filme americano e passa muito bem todo o sentimento da protagonista e o espírito da época.
O filme fala sobre as oportunidades que a gente perde na vida, sobre as imposições da sociedade, sobre amar alguém e ter que desistir da pessoa por causa de dinheiro, sobre conservar a todo custo a aparência de que as coisas estão bem, apesar de tanta dor por dentro. Gillian Anderson tem um desempenho excepcional como Lilly, a mulher que tem a fama de caçadora de maridos e por isso, apesar de sua beleza e inteligência, é temida por vários homens. Quem diria que a cerebral agente Scully de ARQUIVO X se daria tão bem em filmes dramáticos como esse e CORAÇÕES APAIXONADOS (1998). Ela está em melhor posição que o seu ex-parceiro David Duchovny, que nem tem escolhido bons papéis no cinema.
Eric Stolz é a paixão da vida de Gillian no filme. A cena do beijo entre os dois é um dos pontos altos do filme e é cheia daquela paixão reprimida, prestes a explodir. Outros atores em papéis de destaque no elenco: Dan Aykroyd e Laura Linney.
Pena ter terminado de ver o filme ontem, com o corpo muito cansado. Mas a experiência me fez sentir mais próximo da protagonista. Principalmente porque terminei de ver o filme a partir do momento da decadência da personagem, quando ela se sente exaurida, por causa do trabalho e das pressões que a vida lhe impõe.
Interessante notar que no universo das escritoras Edith Wharton e Jane Austen as mulheres são sempre mais psicologicamente interessantes do que os homens, que são mostrados de maneira superficial, ainda que fundamentais na vida delas. A mulher nessas obras é cheia de complexidades mentais e emocionais, tornando-a mais rica, mais espiritualmente evoluída. Mas nada mais natural: essas escritoras estavam falando do universo que elas conheciam muito bem: o seu próprio.
"Não basta ser sincero,
ter caráter, ser honesto,
gotta work, like Kirk e o vulcano
oh, meu Deus, quanta luta, quanta luta..."
"Spoc" (Pato Fu)
Sim, meus amigos. Estou muito cansado e muito triste por ter que trabalhar tanto. Já não tenho mais gás pra agüentar essa rotina de trabalhar os três turnos e viver cada vez mais quebrado e endividado. Pelo horóscopo da Susan Miller, isso se deve ao grande fazedor de tarefas, o impiedoso Saturno, que tem forçado a humanidade a trabalhar mais, a dar duro. Saturno retomou o seu movimento direto com gás total. Mas tem nada não. Coisas boas surgirão para o futuro. Assim dizem. Assim espero.
Por estar nesse estado de quebradeira física e financeira, me identifiquei bastante com a personagem de Gillian Anderson nesse ótimo drama de Terence Davis, baseado em romance de Edith Wharton, a mesma autora do livro que deu origem ao filme A ÉPOCA DA INOCÊNCIA (1993), de Martin Scorsese. A ESSÊNCIA DA PAIXÃO (2000), apesar de não ter a força da mão de Scorsese, possui muito em comum com o filme americano e passa muito bem todo o sentimento da protagonista e o espírito da época.
O filme fala sobre as oportunidades que a gente perde na vida, sobre as imposições da sociedade, sobre amar alguém e ter que desistir da pessoa por causa de dinheiro, sobre conservar a todo custo a aparência de que as coisas estão bem, apesar de tanta dor por dentro. Gillian Anderson tem um desempenho excepcional como Lilly, a mulher que tem a fama de caçadora de maridos e por isso, apesar de sua beleza e inteligência, é temida por vários homens. Quem diria que a cerebral agente Scully de ARQUIVO X se daria tão bem em filmes dramáticos como esse e CORAÇÕES APAIXONADOS (1998). Ela está em melhor posição que o seu ex-parceiro David Duchovny, que nem tem escolhido bons papéis no cinema.
Eric Stolz é a paixão da vida de Gillian no filme. A cena do beijo entre os dois é um dos pontos altos do filme e é cheia daquela paixão reprimida, prestes a explodir. Outros atores em papéis de destaque no elenco: Dan Aykroyd e Laura Linney.
Pena ter terminado de ver o filme ontem, com o corpo muito cansado. Mas a experiência me fez sentir mais próximo da protagonista. Principalmente porque terminei de ver o filme a partir do momento da decadência da personagem, quando ela se sente exaurida, por causa do trabalho e das pressões que a vida lhe impõe.
Interessante notar que no universo das escritoras Edith Wharton e Jane Austen as mulheres são sempre mais psicologicamente interessantes do que os homens, que são mostrados de maneira superficial, ainda que fundamentais na vida delas. A mulher nessas obras é cheia de complexidades mentais e emocionais, tornando-a mais rica, mais espiritualmente evoluída. Mas nada mais natural: essas escritoras estavam falando do universo que elas conheciam muito bem: o seu próprio.
quarta-feira, março 10, 2004
terça-feira, março 09, 2004
LIGADO EM VOCÊ (Stuck on You)
Quem espera se mijar de rir como nos filmes QUEM VAI FICAR COM MARY? (1998) e DÉBI E LÓIDE (1994), pode se decepcionar com esse novo trabalho dos irmãos Farrelly. O filme garante apenas algumas poucas risadas. Aqui, os Farrelly dão mais profundidade aos personagens, processo que se iniciou em O AMOR É CEGO (2001). O filme é quase um drama bizarro sobre dois gêmeos siameses, que apesar das diferenças de personalidade, gostam-se como se fossem duas metades da mesma pessoa. Aqui, não há nada de escatologia, nem piadas politicamente incorretas.
Comparando com o filme anterior, as seqüências mais emotivas não funcionam tão bem. (Lembro que eu chorei na cena em que Jack Black descobre algo sobre as criancinhas que ele ia visitar com a namorada, durante o efeito da hipnose, em O AMOR É CEGO.) Os Farrelly não têm vergonha de serem vistos como piegas ou de serem chamados de traidores do "movimento escatológico".
As participações especiais no filme são legais: Cher, Merryl Streep e a nossa gatíssima Fernanda Lima, que aparece por apenas 15 segundos, mas pelo menos fala (diferente do Rodrigo Santoro em AS PANTERAS DETONANDO) e ainda tem o seu nome destacado no filme. Entre as parceiras dos gêmeos siameses está Eva Mendes, cada vez mais bonita e em trajes que valorizam o seu corpo.
Há quem diga que os Farrelly são os verdadeiros herdeiros de Jerry Lewis, como o Filipe falou em seu blog. As comparações são justas. Jerry Lewis também chegou a fazer um humor bem diferente do usual nos anos 60. Quem leva a sério o cinema desses dois irmãos, não deve deixar de conferir.
Meu top 5 dos Farrelly:
1. QUEM VAI FICAR COM MARY?
2. O AMOR É CEGO
3. DÉBI E LÓIDE
4. EU, EU MESMO E IRENE
5. LIGADO EM VOCÊ
Quem espera se mijar de rir como nos filmes QUEM VAI FICAR COM MARY? (1998) e DÉBI E LÓIDE (1994), pode se decepcionar com esse novo trabalho dos irmãos Farrelly. O filme garante apenas algumas poucas risadas. Aqui, os Farrelly dão mais profundidade aos personagens, processo que se iniciou em O AMOR É CEGO (2001). O filme é quase um drama bizarro sobre dois gêmeos siameses, que apesar das diferenças de personalidade, gostam-se como se fossem duas metades da mesma pessoa. Aqui, não há nada de escatologia, nem piadas politicamente incorretas.
Comparando com o filme anterior, as seqüências mais emotivas não funcionam tão bem. (Lembro que eu chorei na cena em que Jack Black descobre algo sobre as criancinhas que ele ia visitar com a namorada, durante o efeito da hipnose, em O AMOR É CEGO.) Os Farrelly não têm vergonha de serem vistos como piegas ou de serem chamados de traidores do "movimento escatológico".
As participações especiais no filme são legais: Cher, Merryl Streep e a nossa gatíssima Fernanda Lima, que aparece por apenas 15 segundos, mas pelo menos fala (diferente do Rodrigo Santoro em AS PANTERAS DETONANDO) e ainda tem o seu nome destacado no filme. Entre as parceiras dos gêmeos siameses está Eva Mendes, cada vez mais bonita e em trajes que valorizam o seu corpo.
Há quem diga que os Farrelly são os verdadeiros herdeiros de Jerry Lewis, como o Filipe falou em seu blog. As comparações são justas. Jerry Lewis também chegou a fazer um humor bem diferente do usual nos anos 60. Quem leva a sério o cinema desses dois irmãos, não deve deixar de conferir.
Meu top 5 dos Farrelly:
1. QUEM VAI FICAR COM MARY?
2. O AMOR É CEGO
3. DÉBI E LÓIDE
4. EU, EU MESMO E IRENE
5. LIGADO EM VOCÊ
segunda-feira, março 08, 2004
O SANGUE DE DRÁCULA (Taste the Blood of Dracula)
Esse é o filme de Drácula mais católico que eu vi. Todo mundo sabe que esses filmes tradicionais de vampiro sempre se utilizam de crenças cristãs para se defender dos vampiros. Basta mostrar a cruz pro vampiro ficar todo troncho (excessão feita aos vampiros de Anne Rice, que parece que não ligam muito pra crucifixo). Mas O SANGUE DE DRÁCULA (1970), de Peter Sasdy, parece até que foi escrito por um padre. Drácula é vencido vendo várias figuras de cruz numa igreja e ao som duma oração do Pai Nosso. Não que eu ache isso um problema. De certa forma, isso torna a figura do vampiro ainda mais malévola. É como se ele fosse o próprio diabo sendo exorcizado. É claro que o filme não tem a força e a carga amaldiçoada de O EXORCISTA (1973), por exemplo, mas já prenuncia um pouco o que o filme de William Friedkin viria a mostrar.
Antes de tudo é um filme da Hammer. E nos anos 70, a produtora já começava a apelar um pouco para a sensualidade das mulheres e para a sangreira. Logo após as filmagens desse filme, Roy Ward Baker fez o ótimo e sangrento O CONDE DRÁCULA (1970), até agora o meu preferido do ciclo de Dráculas de Christopher Lee na Hammer.
Falando no diabo (me refiro ao Drácula), nesse filme ele aparece bem pouco, ainda que o filme gire em torno dele. Quando ele surge, age pouco e fala pouco. Ele prefere hipnotizar os jovens para que eles cometam atos de violência com seus pais. Mais uma vez nesse filme, o vampiro se aproxima da figura do demônio, manipulando mentalmente as pessoas.
O filme é continuação de DRÁCULA: O PERFIL DO DEMÔNIO (1968) e começa exatamente onde este termina. (Digo isso por ter lido a respeito, mas não cheguei a ver esse filme de 68.) Há um bom enredo envolvendo três famílias na Inglaterra vitoriana, com pais que se envolvem por acidente num ritual de magia negra e cujos filhos têm relacionamentos em comum (há um namoro proibido que lembra Romeu e Julieta). O resultado ficou muito bom.
Já que o SBT tem contrato com a Warner, bem que a emissora podia exibir mais desses filmes. A qualidade da imagem estava muito boa e a dublagem era nova. Vamos torcer pra que venha mais Hammer por aí.
Esse é o filme de Drácula mais católico que eu vi. Todo mundo sabe que esses filmes tradicionais de vampiro sempre se utilizam de crenças cristãs para se defender dos vampiros. Basta mostrar a cruz pro vampiro ficar todo troncho (excessão feita aos vampiros de Anne Rice, que parece que não ligam muito pra crucifixo). Mas O SANGUE DE DRÁCULA (1970), de Peter Sasdy, parece até que foi escrito por um padre. Drácula é vencido vendo várias figuras de cruz numa igreja e ao som duma oração do Pai Nosso. Não que eu ache isso um problema. De certa forma, isso torna a figura do vampiro ainda mais malévola. É como se ele fosse o próprio diabo sendo exorcizado. É claro que o filme não tem a força e a carga amaldiçoada de O EXORCISTA (1973), por exemplo, mas já prenuncia um pouco o que o filme de William Friedkin viria a mostrar.
Antes de tudo é um filme da Hammer. E nos anos 70, a produtora já começava a apelar um pouco para a sensualidade das mulheres e para a sangreira. Logo após as filmagens desse filme, Roy Ward Baker fez o ótimo e sangrento O CONDE DRÁCULA (1970), até agora o meu preferido do ciclo de Dráculas de Christopher Lee na Hammer.
Falando no diabo (me refiro ao Drácula), nesse filme ele aparece bem pouco, ainda que o filme gire em torno dele. Quando ele surge, age pouco e fala pouco. Ele prefere hipnotizar os jovens para que eles cometam atos de violência com seus pais. Mais uma vez nesse filme, o vampiro se aproxima da figura do demônio, manipulando mentalmente as pessoas.
O filme é continuação de DRÁCULA: O PERFIL DO DEMÔNIO (1968) e começa exatamente onde este termina. (Digo isso por ter lido a respeito, mas não cheguei a ver esse filme de 68.) Há um bom enredo envolvendo três famílias na Inglaterra vitoriana, com pais que se envolvem por acidente num ritual de magia negra e cujos filhos têm relacionamentos em comum (há um namoro proibido que lembra Romeu e Julieta). O resultado ficou muito bom.
Já que o SBT tem contrato com a Warner, bem que a emissora podia exibir mais desses filmes. A qualidade da imagem estava muito boa e a dublagem era nova. Vamos torcer pra que venha mais Hammer por aí.
POR UM TRIZ (Out of Time)
Uma das melhores surpresas de 2004, esse thriller de Carl Franklin, estrelado por Denzel Washington, é de dar gosto. POR UM TRIZ é herdeiro dos filmes noir dos anos 40 e 50, com sua trama recheada de mulheres fatais, protagonistas que entram numa fria, apólices de seguro e cadáveres suspeitos. Ao mesmo tempo, o filme tem elementos hitchcockianos e um tipo de tensão que remete a títulos mais modernos como SEM SAÍDA (1987) e a série 24 HORAS.
Na trama, Denzel Washington é delegado de uma cidadezinha do litoral da Flórida, que está em processo de divórcio com a mulher (Eva Mendes, gatíssima), tem um caso com uma mulher casada e recentemente apreendeu milhares de dólares do tráfico de drogas. Logo no início do filme, sabemos que a informação sobre o dinheiro que está no cofre da delegacia é elemento fundamental para a história.
O barato de POR UM TRIZ é que quando a gente pensa que um filme vai pra um lado, um incidente inesperado muda totalmente o rumo dos acontecimentos, deixando o filme em alta tensão. A seqüência do fax é um dos pontos altos do filme, assim como as cenas de briga corpo a corpo.
O filme anda recebendo críticas medianas por aqui. A não ser pelas quatro estrelas dadas pelo Inácio Araújo, a maioria dos críticos não têm gostado tanto do filme. Considero esse filme mais do que um mero entretenimento. E Denzel Washington é sempre ótimo em suas caracterizações.
No domingo, vi outro filme com a beldade Eva Mendes no elenco: LIGADO EM VOCÊ, dos Farrelly, que deixo pra comentar depois.
Uma das melhores surpresas de 2004, esse thriller de Carl Franklin, estrelado por Denzel Washington, é de dar gosto. POR UM TRIZ é herdeiro dos filmes noir dos anos 40 e 50, com sua trama recheada de mulheres fatais, protagonistas que entram numa fria, apólices de seguro e cadáveres suspeitos. Ao mesmo tempo, o filme tem elementos hitchcockianos e um tipo de tensão que remete a títulos mais modernos como SEM SAÍDA (1987) e a série 24 HORAS.
Na trama, Denzel Washington é delegado de uma cidadezinha do litoral da Flórida, que está em processo de divórcio com a mulher (Eva Mendes, gatíssima), tem um caso com uma mulher casada e recentemente apreendeu milhares de dólares do tráfico de drogas. Logo no início do filme, sabemos que a informação sobre o dinheiro que está no cofre da delegacia é elemento fundamental para a história.
O barato de POR UM TRIZ é que quando a gente pensa que um filme vai pra um lado, um incidente inesperado muda totalmente o rumo dos acontecimentos, deixando o filme em alta tensão. A seqüência do fax é um dos pontos altos do filme, assim como as cenas de briga corpo a corpo.
O filme anda recebendo críticas medianas por aqui. A não ser pelas quatro estrelas dadas pelo Inácio Araújo, a maioria dos críticos não têm gostado tanto do filme. Considero esse filme mais do que um mero entretenimento. E Denzel Washington é sempre ótimo em suas caracterizações.
No domingo, vi outro filme com a beldade Eva Mendes no elenco: LIGADO EM VOCÊ, dos Farrelly, que deixo pra comentar depois.
domingo, março 07, 2004
CONTO DE OUTONO (Conte d'automne)
Esse último filme da série “Contos das Quatro Estações”, de Eric Rohmer, é considerado por muitos o melhor do ciclo. Pra mim, o principal diferencial desse filme para os outros é que aqui Rohmer usa bem menos cortes e bem mais planos-seqüência. As cenas são mais longas e lentas e, por isso, acredito que é mais fácil desagradar platéias desavisadas. Foi o caso, por exemplo, de uma mulher que saiu no final da sessão “p” da vida, dizendo pra amiga dela que o filme era muito ruim. É também o caso de vários usuários do IMDB. Definitivamente não é filme para grandes platéias.
Em CONTO DE OUTONO (1998), temos Magali, uma mulher de meia-idade que é viúva e que se sente solitária e gostaria de encontrar um marido ou namorado. A sua amiga, Isabelle, sem que ela saiba, trata de procurar um pra ela, através de anúncios em classificados. Ao mesmo tempo, a namorada de seu filho também quer que ela namore um de seus professores, com quem já teve um caso. O que se vê a seguir são situações tão divertidas quanto constrangedoras.
O naturalismo está ainda mais presente nesse filme, com seqüências longas sobre safras de uvas e vinhos. A trilha sonora do filme é inexistente, a não ser pelo som do farfalhar das folhas, do canto dos pássaros e da canção que toca no final. O que tira talvez um pouco o realismo seja a facilidade com que os homens são manipulados pelas três mulheres do filme, que são manipuladoras e calculistas, além de, também, bem imprevisíveis. Se bem que vai ver as mulheres são assim mesmo, e o fator da imprevisibilidade é uma característica dos personagens de Rohmer.
Diferente de CONTO DE INVERNO (1992), as conversas filosóficas não estão presentes, apesar da presença de um professor de filosofia entre os personagens. Apesar de ter gostado muito do filme, esse não é o meu preferido dos três que vi até agora do ciclo das estações. Talvez por ser de mais difícil identificação, já que ainda não cheguei na meia-idade. Mas um dia eu chego lá. Eu acho.
Esse último filme da série “Contos das Quatro Estações”, de Eric Rohmer, é considerado por muitos o melhor do ciclo. Pra mim, o principal diferencial desse filme para os outros é que aqui Rohmer usa bem menos cortes e bem mais planos-seqüência. As cenas são mais longas e lentas e, por isso, acredito que é mais fácil desagradar platéias desavisadas. Foi o caso, por exemplo, de uma mulher que saiu no final da sessão “p” da vida, dizendo pra amiga dela que o filme era muito ruim. É também o caso de vários usuários do IMDB. Definitivamente não é filme para grandes platéias.
Em CONTO DE OUTONO (1998), temos Magali, uma mulher de meia-idade que é viúva e que se sente solitária e gostaria de encontrar um marido ou namorado. A sua amiga, Isabelle, sem que ela saiba, trata de procurar um pra ela, através de anúncios em classificados. Ao mesmo tempo, a namorada de seu filho também quer que ela namore um de seus professores, com quem já teve um caso. O que se vê a seguir são situações tão divertidas quanto constrangedoras.
O naturalismo está ainda mais presente nesse filme, com seqüências longas sobre safras de uvas e vinhos. A trilha sonora do filme é inexistente, a não ser pelo som do farfalhar das folhas, do canto dos pássaros e da canção que toca no final. O que tira talvez um pouco o realismo seja a facilidade com que os homens são manipulados pelas três mulheres do filme, que são manipuladoras e calculistas, além de, também, bem imprevisíveis. Se bem que vai ver as mulheres são assim mesmo, e o fator da imprevisibilidade é uma característica dos personagens de Rohmer.
Diferente de CONTO DE INVERNO (1992), as conversas filosóficas não estão presentes, apesar da presença de um professor de filosofia entre os personagens. Apesar de ter gostado muito do filme, esse não é o meu preferido dos três que vi até agora do ciclo das estações. Talvez por ser de mais difícil identificação, já que ainda não cheguei na meia-idade. Mas um dia eu chego lá. Eu acho.
quarta-feira, março 03, 2004
FESTIVAL WILLIAM WYLER
Acabando com o meu estoque de assuntos para essa semana (acho difícil conseguir ver filmes até sábado, por causa do excesso de trabalhos e preocupações), comento a seguir quatro filmes de William Wyler, o "estilista sem estilo", que assinou obras extraordinárias como O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (1939) e O COLECIONADOR (1965). Por causa de uma discussão num post anterior, fiquei com vontade de ver o que eu tinha de Wyler nas minhas fitas. Todos os filmes foram gravados de exibições na Rede Globo, exceto PÉRFIDA, que foi visto em fita original da Editora Altaya.
JEZEBEL
Sabe que a Bette Davis até que era bem bonita nos anos 30? Depois é que de tanto interpretar megeras (fez até filmes de horror psicológico) foi se enfeiando, até chegar ao cúmulo do ridículo em O QUE TERIA ACONTECIDO A BABY JANE? (1960), de Robert Aldrich. JEZEBEL (1938) é uma espécie de preview de E O VENTO LEVOU, feito um ano depois. Ambos os filmes se passam no sul dos EUA, durante a Guerra Civil e mostram anti-heroínas de forte temperamento e com vontade de derrubar tabus na sociedade. É claro que JEZEBEL é um filme menor, em comparação com o filme de Fleming, mas é um belo trabalho. A cena mais famosa é a tal cena do baile, em que Bette Davis vai vestida de vermelho, quando na época todas as mulheres de respeito da sociedade deveriam vestir branco. O objeto de desejo de Davis aqui é Henry Fonda, que fica engraçado com as roupas da época. Em vez de o filme focalizar na guerra em si, há o problema da febre amarela, epidemia que assolou os EUA no final do século XIX.
PÉRFIDA (The Little Foxes)
Aqui, Bette Davis já está com as feições de uma completa jararaca, ainda que cheia de elegância. PÉRFIDA (1941) é um filme que se passa no ano de 1900. Quem viu SEABISCUIT sabe que assim que o século XX começou os EUA receberam um boom de lucros e negócios bem sucedidos. É nesse período que antecede à Grande Depressão que se passa a história. PÉRFIDA, por ser adaptado de uma peça de teatro, no começo é meio aborrecido, mas depois quando a trama vai ficando intrincada e a gente começa a simpatizar com os personagens - especialmente o do marido doente de Davis -, o filme vai ficando mais e mais interessante. Inclusive, o final eu achei perfeito. Tinha que terminar daquele jeito mesmo, com a expressão de medo e solidão de Davis, tendo que conviver com seus fantasmas e aprender que dinheiro sujo não traz felicidade.
A PRINCESA E O PLEBEU (Roman Holiday)
Esse é o filme que me fez ficar apaixonado pela Audrey Hepburn. Que coisa linda que era aquela mulher. Não tem pra ninguém em papel de princesa. Talvez só a Grace Kelly pudesse se equiparar (ela até foi princesa de verdade), mas ela tinha mais sex appeal que a Audrey, que tinha um tipo mais inocente e angelical. Não por acaso, Spielberg chamou-a para fazer um papel angelical na sua despedida das telas em ALÉM DA ETERNIDADE (1989), antes de ser vencida pelo câncer. A PRINCESA E O PLEBEU (1953) é um filme quase impossível de desagradar a quem quer que seja. Até mesmo àquelas pessoas que não tem interesse em filmes antigos e em preto e branco. É assistir sem medo e curtir os bons momentos da história da princesa inglesa que se sente presa às obrigações e dá uma escapulida pra conhecer a cidade de Roma. Ela vai parar na casa do repórter Gregory Peck , que nem desconfiava que ela era a princesa. De derramar lágrimas a seqüência final. O filme foi rodado nos estúdios da Cinecittá. Agora eu fiquei com vontade de ver BONEQUINHA DE LUXO (1961). Vou alugar o DVD assim que puder.
SUBLIME TENTAÇÃO (Friendly Persuasion)
Esse Wyler de 1956 é uma espécie de "western familiar", isto é, apesar de a história se passar nos EUA do Norte durante a Guerra Civil e lá pelo final ter uma seqüência de tiros, o filme é um drama sobre uma família de quakers e sua rotina de ir pra igreja e se relacionar com a comunidade. Eu achei um filme bem bonito, com personagens fáceis de se gostar. No elenco está Gary Cooper como o patriarca da família que é meio que mandado pela mulher, Dorothy Maguire, que consegue ser irritante e adorável ao mesmo tempo. Uma curiosidade para os fãs de PSICOSE (1960) é encontrar Anthony Perkins no papel do filho de Cooper. Bem diferente, e ainda sem aquela cara de freak, que ele nunca mais conseguiu largar depois de encarnar o Norman Bates. SUBLIME TENTAÇÃO é um desses filmes que elevam o espírito, fazendo a gente rir de satisfação.
Acabando com o meu estoque de assuntos para essa semana (acho difícil conseguir ver filmes até sábado, por causa do excesso de trabalhos e preocupações), comento a seguir quatro filmes de William Wyler, o "estilista sem estilo", que assinou obras extraordinárias como O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (1939) e O COLECIONADOR (1965). Por causa de uma discussão num post anterior, fiquei com vontade de ver o que eu tinha de Wyler nas minhas fitas. Todos os filmes foram gravados de exibições na Rede Globo, exceto PÉRFIDA, que foi visto em fita original da Editora Altaya.
JEZEBEL
Sabe que a Bette Davis até que era bem bonita nos anos 30? Depois é que de tanto interpretar megeras (fez até filmes de horror psicológico) foi se enfeiando, até chegar ao cúmulo do ridículo em O QUE TERIA ACONTECIDO A BABY JANE? (1960), de Robert Aldrich. JEZEBEL (1938) é uma espécie de preview de E O VENTO LEVOU, feito um ano depois. Ambos os filmes se passam no sul dos EUA, durante a Guerra Civil e mostram anti-heroínas de forte temperamento e com vontade de derrubar tabus na sociedade. É claro que JEZEBEL é um filme menor, em comparação com o filme de Fleming, mas é um belo trabalho. A cena mais famosa é a tal cena do baile, em que Bette Davis vai vestida de vermelho, quando na época todas as mulheres de respeito da sociedade deveriam vestir branco. O objeto de desejo de Davis aqui é Henry Fonda, que fica engraçado com as roupas da época. Em vez de o filme focalizar na guerra em si, há o problema da febre amarela, epidemia que assolou os EUA no final do século XIX.
PÉRFIDA (The Little Foxes)
Aqui, Bette Davis já está com as feições de uma completa jararaca, ainda que cheia de elegância. PÉRFIDA (1941) é um filme que se passa no ano de 1900. Quem viu SEABISCUIT sabe que assim que o século XX começou os EUA receberam um boom de lucros e negócios bem sucedidos. É nesse período que antecede à Grande Depressão que se passa a história. PÉRFIDA, por ser adaptado de uma peça de teatro, no começo é meio aborrecido, mas depois quando a trama vai ficando intrincada e a gente começa a simpatizar com os personagens - especialmente o do marido doente de Davis -, o filme vai ficando mais e mais interessante. Inclusive, o final eu achei perfeito. Tinha que terminar daquele jeito mesmo, com a expressão de medo e solidão de Davis, tendo que conviver com seus fantasmas e aprender que dinheiro sujo não traz felicidade.
A PRINCESA E O PLEBEU (Roman Holiday)
Esse é o filme que me fez ficar apaixonado pela Audrey Hepburn. Que coisa linda que era aquela mulher. Não tem pra ninguém em papel de princesa. Talvez só a Grace Kelly pudesse se equiparar (ela até foi princesa de verdade), mas ela tinha mais sex appeal que a Audrey, que tinha um tipo mais inocente e angelical. Não por acaso, Spielberg chamou-a para fazer um papel angelical na sua despedida das telas em ALÉM DA ETERNIDADE (1989), antes de ser vencida pelo câncer. A PRINCESA E O PLEBEU (1953) é um filme quase impossível de desagradar a quem quer que seja. Até mesmo àquelas pessoas que não tem interesse em filmes antigos e em preto e branco. É assistir sem medo e curtir os bons momentos da história da princesa inglesa que se sente presa às obrigações e dá uma escapulida pra conhecer a cidade de Roma. Ela vai parar na casa do repórter Gregory Peck , que nem desconfiava que ela era a princesa. De derramar lágrimas a seqüência final. O filme foi rodado nos estúdios da Cinecittá. Agora eu fiquei com vontade de ver BONEQUINHA DE LUXO (1961). Vou alugar o DVD assim que puder.
SUBLIME TENTAÇÃO (Friendly Persuasion)
Esse Wyler de 1956 é uma espécie de "western familiar", isto é, apesar de a história se passar nos EUA do Norte durante a Guerra Civil e lá pelo final ter uma seqüência de tiros, o filme é um drama sobre uma família de quakers e sua rotina de ir pra igreja e se relacionar com a comunidade. Eu achei um filme bem bonito, com personagens fáceis de se gostar. No elenco está Gary Cooper como o patriarca da família que é meio que mandado pela mulher, Dorothy Maguire, que consegue ser irritante e adorável ao mesmo tempo. Uma curiosidade para os fãs de PSICOSE (1960) é encontrar Anthony Perkins no papel do filho de Cooper. Bem diferente, e ainda sem aquela cara de freak, que ele nunca mais conseguiu largar depois de encarnar o Norman Bates. SUBLIME TENTAÇÃO é um desses filmes que elevam o espírito, fazendo a gente rir de satisfação.
terça-feira, março 02, 2004
A VINGANÇA DE FRANKENSTEIN (The Revenge of Frankenstein)
Sempre que passa um filme da Hammer na TV, eu faço questão de assistir. Na última sexta-feira, a Globo exibiu A VINGANÇA DE FRANKENSTEIN (1958), de Terence Fisher. Trata-se da continuação de A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (1957), do mesmo diretor, e supera o primeiro, por conseguir impor mais originalidade, livrando-se da intenção de adaptar o livro de Mary Shelley.
Se no primeiro filme, tínhamos a presença dos dois gigantes da produtora inglesa, Christopher Lee e Peter Cushing, neste filme temos apenas Cushing, continuando com o papel de Dr. Frankenstein. Na história, ele aparece com uma nova identidade, depois de ter sido perseguido por causa de sua desastrosa criação. Um sujeito descobre a sua verdadeira identidade e quer ser seu discípulo e aprender a ciência de reviver corpos mortos.
Bem divertida a cena em que o dr. Frank faz um transplante de cérebro de um corpo defeituoso para um corpo perfeito. Além do mais, esse filme não tem aquela história inverossímil de juntar pedaços de cadáveres. Ora, bolas, pra que diabos fazer um bicho feio e todo remendado? Por que não ressucitar um cadáver completo? Pois é. Esse detalhe da obra de Mary Shelley sempre me incomodou. E é por isso que os melhores filmes de Frankenstein pra mim são os que tentam fugir da obra literária. Como foram os casos do ótimo FRANKENSTEIN: O MONSTRO DAS TREVAS (1990), de Roger Corman, e deste filme de Fisher.
Peter Cushing, nesse filme, impõe dignidade ao papel do médico maluco. Depois desse filme, Cushing ainda voltou na pele de Dr. Frankenstein em THE EVIL OF FRANKENSTEIN (1964), FRANKENSTEIN CREATED WOMAN (1967), FRANKENSTEIN MUST BE DESTROYED (1969) e em FRANKENSTEIN AND THE MONSTER FROM HELL (1974). Gostaria de ver esses filmes um dia.
Quem curte essas produções da Hammer deve ficar de olho porque na próxima sexta, dia 05/03, o SBT estará exibindo pra todo o Brasil, exceto São Paulo, o filme O SANGUE DE DRÁCULA (1969), mais um filme da série protagonizada por Christopher Lee. De acordo com o amigo Thomaz Albornoz, especialista em horror europeu, o filme é um dos melhores do ciclo. É torcer pra que o SBT passe mesmo essa pérola.
Sempre que passa um filme da Hammer na TV, eu faço questão de assistir. Na última sexta-feira, a Globo exibiu A VINGANÇA DE FRANKENSTEIN (1958), de Terence Fisher. Trata-se da continuação de A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (1957), do mesmo diretor, e supera o primeiro, por conseguir impor mais originalidade, livrando-se da intenção de adaptar o livro de Mary Shelley.
Se no primeiro filme, tínhamos a presença dos dois gigantes da produtora inglesa, Christopher Lee e Peter Cushing, neste filme temos apenas Cushing, continuando com o papel de Dr. Frankenstein. Na história, ele aparece com uma nova identidade, depois de ter sido perseguido por causa de sua desastrosa criação. Um sujeito descobre a sua verdadeira identidade e quer ser seu discípulo e aprender a ciência de reviver corpos mortos.
Bem divertida a cena em que o dr. Frank faz um transplante de cérebro de um corpo defeituoso para um corpo perfeito. Além do mais, esse filme não tem aquela história inverossímil de juntar pedaços de cadáveres. Ora, bolas, pra que diabos fazer um bicho feio e todo remendado? Por que não ressucitar um cadáver completo? Pois é. Esse detalhe da obra de Mary Shelley sempre me incomodou. E é por isso que os melhores filmes de Frankenstein pra mim são os que tentam fugir da obra literária. Como foram os casos do ótimo FRANKENSTEIN: O MONSTRO DAS TREVAS (1990), de Roger Corman, e deste filme de Fisher.
Peter Cushing, nesse filme, impõe dignidade ao papel do médico maluco. Depois desse filme, Cushing ainda voltou na pele de Dr. Frankenstein em THE EVIL OF FRANKENSTEIN (1964), FRANKENSTEIN CREATED WOMAN (1967), FRANKENSTEIN MUST BE DESTROYED (1969) e em FRANKENSTEIN AND THE MONSTER FROM HELL (1974). Gostaria de ver esses filmes um dia.
Quem curte essas produções da Hammer deve ficar de olho porque na próxima sexta, dia 05/03, o SBT estará exibindo pra todo o Brasil, exceto São Paulo, o filme O SANGUE DE DRÁCULA (1969), mais um filme da série protagonizada por Christopher Lee. De acordo com o amigo Thomaz Albornoz, especialista em horror europeu, o filme é um dos melhores do ciclo. É torcer pra que o SBT passe mesmo essa pérola.
segunda-feira, março 01, 2004
OSCAR 2004
Como era de se esperar o SENHOR DOS ANÉIS: O RETORNO DO REI papou quase todos os prêmios e CIDADE DE DEUS não ganhou nada. Agora o filme de Jackson é recordista em número de Oscar, empatado com TITANIC e BEN-HUR. Eu não reclamo. Gostei pra caramba da trilogia do anel e na parte técnica não tinha mesmo pra ninguém.
Quanto à festa desse ano, não foi das melhores. Apesar do ótimo apresentador Billy Crystal estar de volta, faltaram espetáculos especiais, que existiam em outras edições.
A brincadeira com os filmes, que Crystal fez na abertura, e as paródias em cima dos filmes indicados ficou bem legal, mas aquilo já está sendo feito no MTV Movie Awards também.
A homenagem a Blake Edwards foi bem engraçada. Ele está bem velhinho, mas a mulher dele, Julie Andrews, está em forma e bonita ainda. Eu gargalhei com a cena da cadeira de rodas e o Jim Carrey gritando "Oh, my God!".
A homenagem póstuma a Kathryn Hepburn também foi emocionante. É foda ver a mulher jovem e bonita nos primeiros filmes e depois vê-la envelhecendo cada vez mais. Mas é a vida. E ela é uma grande atriz.
Quanto às premiações, o destaque mesmo foi o prêmio de melhor ator para Sean Penn (SOBRE MENINOS E LOBOS), que foi recebido pelos colegas de pé. Quanta moral.
Teve também a premiação de Charlize Theron. O Adrien Brody ainda ganhou outro beijo na boca (bastard..hehehe). Dessa vez foi por iniciativa da moça.
Por falar em mulher bonita, destaco a Juliane Moore, que estava radiante. A Naomi Watts também estava mais bela que de costume. E aquela roupa da Angelina Jolie estava bem sexy - dava até pra ver detalhes dos mamilos dela. Hehehe.
A surpresa foi o prêmio de fotografia para MESTRE DOS MARES. Qualquer fotografia de outro filme parecia melhor. Se bem que talvez o critério não seja bem a beleza estética das imagens, mas também o enquadramento da câmera etc. E nisso o filme é bom mesmo.
A desvantagem de AS INVASÕES BÁRBARAS ter ganhado o prêmio de filme estrangeiro é que o lançamento dos outros indicados nos cinemas fica mais difícil. Mas eu adoro o filme do Denys Arcand.
Por outro lado, fica mais fácil de o documentário premiado do Errol Morris (THE FOG OF WAR) chegar no circuito comercial.
As canções apresentadas foram quase todas fracas ou chatas. Só gostei da canção do filme A MIGHTY WIND, que acabou nem ganhando.
Legal ver a Sofia Coppola entrando com o pai e cenas dos dois trabalhando, nos telões ao lado. Bacana. Ela é muito tímida, hein. Não conseguia nem expressar um sorriso em público.
Já o Bill Murray, gostei quando o Billy Crystal falou pra ele: "Bill, don´t go..We love you" e ele com um sorriso de satisfação, conformado por ter perdido pro Penn.
Se a festa em si não foi das melhores, pelo menos foi mais curta e eu não precisei dormir depois das três da madrugada, como em outras edições.
A premiação completa:
* MELHOR FILME
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR DIRETOR
Peter Jackson -- "O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR ATOR
Sean Penn -- "Sobre Meninos e Lobos"
* MELHOR ATOR COADJUVANTE
Tim Robbins -- "Sobre Menino e Lobos"
* MELHOR ATRIZ
Charlize Theron -- "Monster"
* MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Renée Zellweger -- "Cold Mountain"
* MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
"Procurando Nemo"
* MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
"Encontros e Desencontros"
* MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR FOTOGRAFIA
"O Mestre dos Mares -- O Lado Mais Distante do Mundo"
* MELHOR FIGURINO
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR DOCUMENTÁRIO
"The Fog of War"
* MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO
"Chernobyl Heart"
* MELHOR EDIÇÃO
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"As Invasões Bárbaras" -- Canadá
* MELHOR MAQUIAGEM
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR TRILHA SONORA
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR CANÇÃO
"Into the West" -- "O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
(Fran Walsh, Howard Shore, Annie Lennox)
* MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMADO
"Harvie Krumpet" * MELHOR CURTA-METRAGEM
"Two Soldiers"
* MELHOR EDIÇÃO DE SOM
"Mestre dos Mares -- O Lado Mais Distante do Mundo"
* MELHOR SOM
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
Como era de se esperar o SENHOR DOS ANÉIS: O RETORNO DO REI papou quase todos os prêmios e CIDADE DE DEUS não ganhou nada. Agora o filme de Jackson é recordista em número de Oscar, empatado com TITANIC e BEN-HUR. Eu não reclamo. Gostei pra caramba da trilogia do anel e na parte técnica não tinha mesmo pra ninguém.
Quanto à festa desse ano, não foi das melhores. Apesar do ótimo apresentador Billy Crystal estar de volta, faltaram espetáculos especiais, que existiam em outras edições.
A brincadeira com os filmes, que Crystal fez na abertura, e as paródias em cima dos filmes indicados ficou bem legal, mas aquilo já está sendo feito no MTV Movie Awards também.
A homenagem a Blake Edwards foi bem engraçada. Ele está bem velhinho, mas a mulher dele, Julie Andrews, está em forma e bonita ainda. Eu gargalhei com a cena da cadeira de rodas e o Jim Carrey gritando "Oh, my God!".
A homenagem póstuma a Kathryn Hepburn também foi emocionante. É foda ver a mulher jovem e bonita nos primeiros filmes e depois vê-la envelhecendo cada vez mais. Mas é a vida. E ela é uma grande atriz.
Quanto às premiações, o destaque mesmo foi o prêmio de melhor ator para Sean Penn (SOBRE MENINOS E LOBOS), que foi recebido pelos colegas de pé. Quanta moral.
Teve também a premiação de Charlize Theron. O Adrien Brody ainda ganhou outro beijo na boca (bastard..hehehe). Dessa vez foi por iniciativa da moça.
Por falar em mulher bonita, destaco a Juliane Moore, que estava radiante. A Naomi Watts também estava mais bela que de costume. E aquela roupa da Angelina Jolie estava bem sexy - dava até pra ver detalhes dos mamilos dela. Hehehe.
A surpresa foi o prêmio de fotografia para MESTRE DOS MARES. Qualquer fotografia de outro filme parecia melhor. Se bem que talvez o critério não seja bem a beleza estética das imagens, mas também o enquadramento da câmera etc. E nisso o filme é bom mesmo.
A desvantagem de AS INVASÕES BÁRBARAS ter ganhado o prêmio de filme estrangeiro é que o lançamento dos outros indicados nos cinemas fica mais difícil. Mas eu adoro o filme do Denys Arcand.
Por outro lado, fica mais fácil de o documentário premiado do Errol Morris (THE FOG OF WAR) chegar no circuito comercial.
As canções apresentadas foram quase todas fracas ou chatas. Só gostei da canção do filme A MIGHTY WIND, que acabou nem ganhando.
Legal ver a Sofia Coppola entrando com o pai e cenas dos dois trabalhando, nos telões ao lado. Bacana. Ela é muito tímida, hein. Não conseguia nem expressar um sorriso em público.
Já o Bill Murray, gostei quando o Billy Crystal falou pra ele: "Bill, don´t go..We love you" e ele com um sorriso de satisfação, conformado por ter perdido pro Penn.
Se a festa em si não foi das melhores, pelo menos foi mais curta e eu não precisei dormir depois das três da madrugada, como em outras edições.
A premiação completa:
* MELHOR FILME
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR DIRETOR
Peter Jackson -- "O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR ATOR
Sean Penn -- "Sobre Meninos e Lobos"
* MELHOR ATOR COADJUVANTE
Tim Robbins -- "Sobre Menino e Lobos"
* MELHOR ATRIZ
Charlize Theron -- "Monster"
* MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Renée Zellweger -- "Cold Mountain"
* MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
"Procurando Nemo"
* MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
"Encontros e Desencontros"
* MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR FOTOGRAFIA
"O Mestre dos Mares -- O Lado Mais Distante do Mundo"
* MELHOR FIGURINO
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR DOCUMENTÁRIO
"The Fog of War"
* MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO
"Chernobyl Heart"
* MELHOR EDIÇÃO
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"As Invasões Bárbaras" -- Canadá
* MELHOR MAQUIAGEM
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR TRILHA SONORA
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHOR CANÇÃO
"Into the West" -- "O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
(Fran Walsh, Howard Shore, Annie Lennox)
* MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMADO
"Harvie Krumpet" * MELHOR CURTA-METRAGEM
"Two Soldiers"
* MELHOR EDIÇÃO DE SOM
"Mestre dos Mares -- O Lado Mais Distante do Mundo"
* MELHOR SOM
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"
* MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
"O Senhor dos Anéis -- O Retorno do Rei"