domingo, março 07, 2004

CONTO DE OUTONO (Conte d'automne)



Esse último filme da série “Contos das Quatro Estações”, de Eric Rohmer, é considerado por muitos o melhor do ciclo. Pra mim, o principal diferencial desse filme para os outros é que aqui Rohmer usa bem menos cortes e bem mais planos-seqüência. As cenas são mais longas e lentas e, por isso, acredito que é mais fácil desagradar platéias desavisadas. Foi o caso, por exemplo, de uma mulher que saiu no final da sessão “p” da vida, dizendo pra amiga dela que o filme era muito ruim. É também o caso de vários usuários do IMDB. Definitivamente não é filme para grandes platéias.

Em CONTO DE OUTONO (1998), temos Magali, uma mulher de meia-idade que é viúva e que se sente solitária e gostaria de encontrar um marido ou namorado. A sua amiga, Isabelle, sem que ela saiba, trata de procurar um pra ela, através de anúncios em classificados. Ao mesmo tempo, a namorada de seu filho também quer que ela namore um de seus professores, com quem já teve um caso. O que se vê a seguir são situações tão divertidas quanto constrangedoras.

O naturalismo está ainda mais presente nesse filme, com seqüências longas sobre safras de uvas e vinhos. A trilha sonora do filme é inexistente, a não ser pelo som do farfalhar das folhas, do canto dos pássaros e da canção que toca no final. O que tira talvez um pouco o realismo seja a facilidade com que os homens são manipulados pelas três mulheres do filme, que são manipuladoras e calculistas, além de, também, bem imprevisíveis. Se bem que vai ver as mulheres são assim mesmo, e o fator da imprevisibilidade é uma característica dos personagens de Rohmer.

Diferente de CONTO DE INVERNO (1992), as conversas filosóficas não estão presentes, apesar da presença de um professor de filosofia entre os personagens. Apesar de ter gostado muito do filme, esse não é o meu preferido dos três que vi até agora do ciclo das estações. Talvez por ser de mais difícil identificação, já que ainda não cheguei na meia-idade. Mas um dia eu chego lá. Eu acho.

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