quinta-feira, agosto 01, 2024

DEADPOOL & WOLVERINE



Estava com uma preguiça imensa de escrever sobre DEADPOOL & WOLVERINE (2024), mas talvez consiga fazer isso de maneira prática e rápida, até porque costumo escrever sobre os filmes de super-heróis aqui para o blog, com algumas exceções, nem que seja só para bater ponto. Vi o filme na pré-estreia, na quarta-feira, no Cine Del Paseo, e havia dois sujeitos vestidos como os heróis do filme, para fazer graça ao público presente. As vestimentas estavam bem-feitas, o que me levou a pensar que aquilo fazia parte de um marketing bem pago, talvez até pela Disney (será?) ou pela própria rede de cinemas. Mas acontece que a sala escolhida não era das mais animadas e as pessoas pareciam não se importar com esses personagens coloridos, o que tornava a presença deles um tanto constrangedora.

A gente sabe que os filmes de Deadpool são construídos a base de muita bobagem e humor, mas, mesmo assim, com um filme com classificação indicativa de 18 anos talvez esse tipo de humor físico e infantil não estivesse atingisse o público apropriado. Será que quem contratou pensava que era filme para todas as idades? Sei que se divertir depende muito do estado de espírito, que tem dias que a gente ri do vento, como dizem, mas nunca vi muita graça no Deadpool.

O novo filme, agora a cargo de Shawn Levy, diretor de filmes parecidos com sessões da tarde, como GIGANTES DE AÇO (2011) e FREE GUY – ASSUMINDO O CONTROLE (2021), portanto parceiro de Hugh Jackman e de Ryan Reynolds, tem um trunfo e tanto ao trazer também Wolverine, personagem querido e morto em LOGAN, de James Mangold, lá em 2017. E LOGAN tem essa cara de filme muito sério, muito dramático e o próprio Jackman não queria mais voltar ao personagem depois de ter lhe dado adeus. Mas a gente sabe que dinheiro compra quase tudo e aqui está o herói de garras de adamantium de volta, e com o mesmo ator (“até os 90 anos”, dizia Deadpool). A saída para trazer o herói desta vez foi a noção de multiverso aprofundado na série do LOKI e o Wolverine deste filme é uma variação de outro universo, um Wolverine que se acha o ser mais fracassado do universo.

Os filmes de super-heróis nos últimos anos acabaram criando uma subcategoria: a dos filmes que se importam mais em explorar referências do que em contar uma boa história. Vimos isso em DOUTOR ESTRANHO NO MULTIVERSO DA LOUCURA, em HOMEM-ARANHA – SEM VOLTA PARA CASA e em THE FLASH. Levando isso em consideração, sobra pouco de novidade para DEADPOOL & WOLVERINE, a não ser explorar ainda mais os títulos da companhia, desta vez os produzidos pela Fox, como uma espécie de despedida.

E não nego que algumas dessas brincadeiras são legais, principalmente se vistas de maneira isolada, com o aparecimento surpreendente de certos personagens do passado, mas a história é bem "qualquer coisa", talvez confiante demais dos dois heróis. A equipe de roteiristas não conseguiu criar um tipo de humor mais eficiente. Ou seja, o filme vai agradar quem já é fã das piadas bobas de Deadpool, de seu estilo e de uma quarta parede que deixou de ser novidade. Mas mesmo cansado desses filmes, desejo boa sorte à Marvel no próximo ano. Ainda mais depois do recente anúncio do retorno de Robert Downey Jr. ao MCU, que serviu para trazer uma boa dose de animação para o filão.

+ TRÊS FILMES

TWISTERS

Divertida e dinâmica “continuação” do original de 1996. Este tipo de filme tem como principal base as boas cenas de passagens dos tornados e a destruição que eles provocam das mais diferentes e criativas maneiras. O que há de humano em TWISTERS (2024), de Lee Isaac Chung, se deve principalmente à presença de Daisy Edgar-Jones (eternamente querida por causa da série NORMAL PEOPLE). Essa moça tem muito talento e ganha o filme para si, bem mais que o novo queridinho do momento, Glen Powell, que faz um bom trabalho como interesse amoroso da história e inicialmente rival da protagonista feminina, que carrega consigo uma memória trágica envolvendo tornados. Tenho impressão de que os efeitos visuais de hoje parecem tão parecidos com videogames que já não impressionam mais ninguém. Não duvido nada que o filme anterior até funcione melhor nesse quesito. Ainda assim, é uma diversão garantida.

DIVERTIDA MENTE 2 (Inside Out 2)

Acho que estou ficando velho para essas animações da Disney e da Pixar. Quando foram apresentados os novos personagens-emoções me senti representado por dois deles, a Ansiedade e o Tédio. DIVERTIDA MENTE (2024) sofre com excesso de falas e de um dinamismo exacerbado que me parece uma busca desesperada de não cansar o espectador, especialmente as crianças menores, mesmo as que não entendem muito da complexidade dos sentimentos humanos que o filme busca retratar. No entanto, essa busca de não cansar é que acaba me cansando ou me deixando bem pouco interessado. Felizmente, lá pela metade o filme vai ficando mais interessante quando a personagem Alegria ganha um pouquinho mais de profundidade (a alegria pela alegria é algo muito superficial). Claro que uma produção da Pixar faz uma diferença em comparação com outras de outros estúdios. Há todo um cuidado visual e aqui há até mesmo uma pesquisa no campo da psicologia para tratar de problemas de ansiedade e da chegada da puberdade. Mas houve outra coisa que me incomodou: a sala 3 do UCI Parangaba (justamente a XPlus!) está com uma leve tremida e aguentei toda a metragem por ser dublado e eu poder fechar os olhos de vez em quando para não me sentir tão afetado. Ainda assim, eu e a Giselle saímos e fomos a uma farmácia comprar um colírio anti-inflamatório pra mim. Até quando as redes de cinema vão dar a devida atenção a todos os "detalhes" de uma projeção?

FURIOSA – UMA SAGA MAD MAX (Furiosa – A Mad Max Saga)

Expectativa pode ser inimiga do espectador. Além do mais, esperar algo tão impactante quanto MAD MAX – ESTRADA DA FÚRIA (2015) é querer muito de George Miller. A paleta de cores de FURIOSA – UMA SAGA MAD MAX (2024) é igual e há a intenção de contar um outro tipo de história de vingança – o primeiro MAD MAX (1979) já era uma história de vingança num mundo devastado. O que dá gosto de ver neste novo filme é a beleza das tomadas, o olhar de Anya Taylor-Joy, mesmo quando coberta por sujeira ou outro tipo de protetor contra a areia e o vento do deserto. Chris Hemsworth faz um vilão tão carismático (e de certa forma simpático) que não consegui me encher de fúria para ir atrás da vingança junto com a heroína. Também acaba depondo contra o filme de Miller o fato de não ser mais uma novidade, mas um retorno ao universo do filme anterior, à loucura das cenas com carros e motos e pessoas sendo atropeladas ou se suicidando. É um filme quase mudo, da herança de um Buster Keaton, no sentido de não haver tantos diálogos e de ser um cinema mais físico, apesar do CGI. Miller nos apresenta a um mundo tão desesperançado que até o momento digamos romântico do filme sai prejudicado, como se todos ali tivessem que ser tão fortes quanto cruéis, não apenas para sobreviver, mas até para sentirem certo prazer naquela existência amarga. Gosto do final e lamentei não ter revisto o ESTRADA DA FÚRIA imediatamente antes, de modo a fazer as devidas conexões. 

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