TOKYO GODFATHERS
Eu ando meio cansado de desenhos animados americanos. Tanto que vi SHREK 2 já faz algum tempo e achei tão chato que nem saco pra comentar o filme eu tive. Já os desenhos japoneses me fascinam cada vez mais. Por isso nem hesitei quando eu vi o DVD de TOKYO GODFATHERS (2003), de Satoshi Kon na locadora para alugar.
Quem acompanha os meus textos há algum tempo deve ter testemunhado o meu entusiasmo quando eu vi os dois filmes anteriores de Kon. PERFECT BLUE (1997) com seu suspense "depalmiano" e MILLENNIUM ACTRESS (2001), com sua história de amor ultra-romântica, me conquistaram de verdade. Em comum, os dois filmes flertavam com a imaginação fazendo contraste ou se misturando com a realidade.
Em TOKYO GODFATHERS esse mix imaginação/realidade só acontece numa única seqüência. É um filme bem diferente dos anteriores. Se não é uma obra-prima como os outros dois, mantém o alto nível. É um filme direcionado ao público adulto, apesar do enredo "fofo" de três sem-teto que encontram uma bebezinha abandonada no lixo na noite de Natal. O detalhe é que um dos sem-teto é um travesti velho, o outro é um bêbado e a outra é uma garota que fugiu de casa. O filme começa com cara de Um Conto de Natal, de Dickens, mas vai se transformando numa aventura à medida que os personagens vão à procura dos pais do bebê.
Por falar em noite de natal, não sabia que os japoneses também comemoravam essa data. No DVD tem até uma entrevista que a dubladora de uma das personagens faz a Satoshi Kon e pergunta pra ele o que ele faz na noite de natal e ele diz que bebe bastante. O making of contido no DVD tem apenas uns 20 minutos de duração, mas é bem interessante.
quarta-feira, junho 30, 2004
terça-feira, junho 29, 2004
MOSTRA BUÑUEL MEXICANO
Infelizmente chegou ao fim a mostra de filmes da fase mexicana do genial Luis Buñuel, exibidos gratuitamente durante o Cine Ceará 2004. Foram seis dias de prazer estético, seis dias freqüentando as salas do Espaço Unibanco Dragão do Mar. Acho que nunca vi tantos filmes seguidos do mesmo diretor. Se bem que empata com os cinco filmes de Eric Rohmer que eu vi nesse ano. A diferença é que foram cinco sábados e não cinco dias corridos. Legal encontrar gente que vai para todas as exibições. A garota das pernas bonitas que sentou ao meu lado na sessão de A PROPÓSITO DE BUÑUEL estava em todas as sessões. Assim como o sujeito que puxou conversa comigo na sessão de A ILUSÃO VIAJA DE BONDE e que se gabava de ter jantado na noite anterior com um amigo de Nelson Pereira dos Santos. Engraçado que quase sempre que eu falava que estava indo ver a mostra do Buñuel, as pessoas perguntavam o que era isso, mal sabendo elas que esse senhor é um dos maiores gênios do cinema, da estatura de um Orson Welles, de um Stanley Kubrick, de um F.W. Murnau.
Ver esses filmes serviu também para eu ver temas recorrentes na obra buñueliana. A obsessão do diretor por pernas femininas ficou presente em quatro dos cinco longas apresentados. As pernas banhadas em leite em OS ESQUECIDOS; as pernas banhadas em sangue em ENSAIO DE UM CRIME; a perna do manequim no mesmo filme, remetendo diretamente à perna postiça de Catherine Deneuve em TRISTANA (1970); o maníaco ciumento que ficava tarado pela mulher sempre que olhava para suas pernas em O ALUCINADO. Essa obsessão também é confirmada em A ILUSÃO VIAJA DE BONDE ainda que em menor grau.
A religiosidade e o catolicismo presentes mais explicitamente em NAZARIN aparecem em simplesmente todos os outros longas da mostra. Incrível como um sujeito ateu pode ter tido tanta atração pelos símbolos da Igreja Católica.
Abaixo comento um pouco sobre cada filme apresentado nesses seis dias.
A PROPÓSITO DE BUÑUEL
Uma excelente forma de iniciar a mostra foi trazer esse documentário comemorativo do centenário do mestre. De acordo com um senhor presente na sessão, essa foi apenas a segunda vez que esse filme foi exibido no Brasil, tendo sido exibido apenas uma vez em São Paulo (ou no Rio, não lembro). A PROPÓSITO DE BUÑUEL (2000) traz depoimentos de amigos íntimos, de atores e atrizes que trabalharam com o mestre, do parceiro roteirista Jean-Claude Carrière, além do amigo padre que tinha quase a sua idade e já estava com 99 anos quando deu a entrevista (incrível a lucidez do padre). Pudemos também conferir depoimentos do próprio Buñuel sobre si mesmo, sobre seus gostos e idiossincrasias. Há coisas engraçadas no filme como o homossexualismo do parceiro de surrealismo Salvador Dali, de como Buñuel odiava Gala, a mulher de Dali, do seu lema "ateu graças a Deus". Outra coisa: no final da vida ele disse que não se importava em ter perdido a potência sexual, mas gostaria que lhe fosse concedido pulmões e fígado mais fortes pra que ele pudesse continuar a beber e fumar. Ele odiava a Igreja Católica, mas gostava muito de conversar com padres. No filme, há um clima de respeito e carinho geral pela sua memória e pela sua obra, o que é muito justo. O documentário mostra cenas de seus principais filmes. Fiquei sabendo que ele odiava o México, ainda que tenha passado mais de uma década morando e trabalhando lá. Uma verdadeira aula de cinema e arte esse filme.
OS ESQUECIDOS (Los Olvidados)
OS ESQUECIDOS (1950) foi talvez o primeiro filme a mostrar a miséria nas favelas, o que enfezou bastante a burguesia mexicana da época, que odiava terem mostrado a desigualdade social gritante do país. É um filme de mais conteúdo de crítica social do que surrealista. De surreal há o homem sem pernas, que parece ter saído de um filme de Todd Browning, e a cena de sonho de um dos protagonistas. O final é brusco e seco, recurso que funciona bem melhor como meio de catalisar a reflexão dos espectadores do que filmes de narrativa clássica. Buñuel recebeu prêmio de direção em Cannes por esse filme. Cotação: Ótimo.
O ALUCINADO (El)
Um dos mais saborosos filmes da mostra, O ALUCINADO (1952) mais parece um suspense hitchcockiano com toques de humor (foi o longa que mais fez a platéia rir). O filme conta a história de um sujeito que tem ciúmes da mulher a ponto de imaginar coisas, ter alucinações e até de tentar matá-la. Há um recurso de flashback pelo ponto de vista da esposa que é um primor de narrativa. O final do filme é bem irônico e envolve, pra variar, o sacerdócio católico. O ALUCINADO é filme pra se sair do cinema com um sorriso no rosto. Cotação: Excelente.
A ILUSÃO VIAJA DE BONDE (La Ilusion Viaja en Tranvia)
O mais fraco da mostra. Mas ainda assim é um Buñuel com cenas bem engraçadas. É provavelmente o filme mais leve do diretor. Talvez por ser declaradamente uma comédia. A ILUSÃO VIAJA DE BONDE (1953) conta a história de dois amigos que, com pena pelo fato de um bonde velho em que trabalhavam estar prestes a ser enviado para o ferro-velho, roubam o tal bonde e saem bêbados pela noite, passeando pra lá e pra cá e tendo que fingir que estavam trabalhando. O filme já vale pela cena do povo voltando do açougue e enchendo o bonde de pedaços de carne, cabeças de boi etc. Cotação: Bom.
ENSAIO DE UM CRIME (Ensayo de um Crimen)
Quando eu pensei que não ia mais ver um filme tão bom quanto O ALUCINADO nessa mostra, eis que ENSAIO DE UM CRIME (1955) vem para fazer a festa. Nesse filme elementos surrealistas estão mais à mostra do que nos anteriores, ainda que não tão explícitos quanto em O ANJO EXTERMINADOR (1962) ou nos filmes da fase francesa, mas o clima de estranheza está no ar nesse outro suspense com toques de humor. A história deve ter servido de inspiração para O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POULIN. O protagonista é um sujeito perturbado que acha que pode matar qualquer pessoa com a força do pensamento, graças a uma caixinha de música e uma infeliz coincidência acontecida em sua infância. É um dos filmes de serial killer mais originais que eu já vi e também um dos mais sensuais do diretor, ao lado de A BELA DA TARDE (1967). Cotação: Obra-prima.
NAZARIN
NAZARIN (1958) é o nome de um padre (interpretado por Francisco Rabal) que é cristão demais para se adaptar aos padrões formais e cínicos do clero. Por conta de sua bondade e resignação, ele acaba se prejudicando e sendo expulso da ordem da Igreja e passa a viver de pedir esmolas. Li numa crítica sobre o filme que "alguns amigos de Buñuel nunca o perdoaram por ter feito de um padre o herói de seu filme, e o Vaticano chegou a outorgar a NAZARIN um diploma de honra (recusado pelo cineasta, claro)." NAZARIN não tem trilha sonora, é contado secamente, ao contrário dos filmes de gênero anteriores. Os elementos surrealistas estão mais fortes e o final me deixou com a cabeça cheia de perguntas. Cotação: Ótimo.
Infelizmente chegou ao fim a mostra de filmes da fase mexicana do genial Luis Buñuel, exibidos gratuitamente durante o Cine Ceará 2004. Foram seis dias de prazer estético, seis dias freqüentando as salas do Espaço Unibanco Dragão do Mar. Acho que nunca vi tantos filmes seguidos do mesmo diretor. Se bem que empata com os cinco filmes de Eric Rohmer que eu vi nesse ano. A diferença é que foram cinco sábados e não cinco dias corridos. Legal encontrar gente que vai para todas as exibições. A garota das pernas bonitas que sentou ao meu lado na sessão de A PROPÓSITO DE BUÑUEL estava em todas as sessões. Assim como o sujeito que puxou conversa comigo na sessão de A ILUSÃO VIAJA DE BONDE e que se gabava de ter jantado na noite anterior com um amigo de Nelson Pereira dos Santos. Engraçado que quase sempre que eu falava que estava indo ver a mostra do Buñuel, as pessoas perguntavam o que era isso, mal sabendo elas que esse senhor é um dos maiores gênios do cinema, da estatura de um Orson Welles, de um Stanley Kubrick, de um F.W. Murnau.
Ver esses filmes serviu também para eu ver temas recorrentes na obra buñueliana. A obsessão do diretor por pernas femininas ficou presente em quatro dos cinco longas apresentados. As pernas banhadas em leite em OS ESQUECIDOS; as pernas banhadas em sangue em ENSAIO DE UM CRIME; a perna do manequim no mesmo filme, remetendo diretamente à perna postiça de Catherine Deneuve em TRISTANA (1970); o maníaco ciumento que ficava tarado pela mulher sempre que olhava para suas pernas em O ALUCINADO. Essa obsessão também é confirmada em A ILUSÃO VIAJA DE BONDE ainda que em menor grau.
A religiosidade e o catolicismo presentes mais explicitamente em NAZARIN aparecem em simplesmente todos os outros longas da mostra. Incrível como um sujeito ateu pode ter tido tanta atração pelos símbolos da Igreja Católica.
Abaixo comento um pouco sobre cada filme apresentado nesses seis dias.
A PROPÓSITO DE BUÑUEL
Uma excelente forma de iniciar a mostra foi trazer esse documentário comemorativo do centenário do mestre. De acordo com um senhor presente na sessão, essa foi apenas a segunda vez que esse filme foi exibido no Brasil, tendo sido exibido apenas uma vez em São Paulo (ou no Rio, não lembro). A PROPÓSITO DE BUÑUEL (2000) traz depoimentos de amigos íntimos, de atores e atrizes que trabalharam com o mestre, do parceiro roteirista Jean-Claude Carrière, além do amigo padre que tinha quase a sua idade e já estava com 99 anos quando deu a entrevista (incrível a lucidez do padre). Pudemos também conferir depoimentos do próprio Buñuel sobre si mesmo, sobre seus gostos e idiossincrasias. Há coisas engraçadas no filme como o homossexualismo do parceiro de surrealismo Salvador Dali, de como Buñuel odiava Gala, a mulher de Dali, do seu lema "ateu graças a Deus". Outra coisa: no final da vida ele disse que não se importava em ter perdido a potência sexual, mas gostaria que lhe fosse concedido pulmões e fígado mais fortes pra que ele pudesse continuar a beber e fumar. Ele odiava a Igreja Católica, mas gostava muito de conversar com padres. No filme, há um clima de respeito e carinho geral pela sua memória e pela sua obra, o que é muito justo. O documentário mostra cenas de seus principais filmes. Fiquei sabendo que ele odiava o México, ainda que tenha passado mais de uma década morando e trabalhando lá. Uma verdadeira aula de cinema e arte esse filme.
OS ESQUECIDOS (Los Olvidados)
OS ESQUECIDOS (1950) foi talvez o primeiro filme a mostrar a miséria nas favelas, o que enfezou bastante a burguesia mexicana da época, que odiava terem mostrado a desigualdade social gritante do país. É um filme de mais conteúdo de crítica social do que surrealista. De surreal há o homem sem pernas, que parece ter saído de um filme de Todd Browning, e a cena de sonho de um dos protagonistas. O final é brusco e seco, recurso que funciona bem melhor como meio de catalisar a reflexão dos espectadores do que filmes de narrativa clássica. Buñuel recebeu prêmio de direção em Cannes por esse filme. Cotação: Ótimo.
O ALUCINADO (El)
Um dos mais saborosos filmes da mostra, O ALUCINADO (1952) mais parece um suspense hitchcockiano com toques de humor (foi o longa que mais fez a platéia rir). O filme conta a história de um sujeito que tem ciúmes da mulher a ponto de imaginar coisas, ter alucinações e até de tentar matá-la. Há um recurso de flashback pelo ponto de vista da esposa que é um primor de narrativa. O final do filme é bem irônico e envolve, pra variar, o sacerdócio católico. O ALUCINADO é filme pra se sair do cinema com um sorriso no rosto. Cotação: Excelente.
A ILUSÃO VIAJA DE BONDE (La Ilusion Viaja en Tranvia)
O mais fraco da mostra. Mas ainda assim é um Buñuel com cenas bem engraçadas. É provavelmente o filme mais leve do diretor. Talvez por ser declaradamente uma comédia. A ILUSÃO VIAJA DE BONDE (1953) conta a história de dois amigos que, com pena pelo fato de um bonde velho em que trabalhavam estar prestes a ser enviado para o ferro-velho, roubam o tal bonde e saem bêbados pela noite, passeando pra lá e pra cá e tendo que fingir que estavam trabalhando. O filme já vale pela cena do povo voltando do açougue e enchendo o bonde de pedaços de carne, cabeças de boi etc. Cotação: Bom.
ENSAIO DE UM CRIME (Ensayo de um Crimen)
Quando eu pensei que não ia mais ver um filme tão bom quanto O ALUCINADO nessa mostra, eis que ENSAIO DE UM CRIME (1955) vem para fazer a festa. Nesse filme elementos surrealistas estão mais à mostra do que nos anteriores, ainda que não tão explícitos quanto em O ANJO EXTERMINADOR (1962) ou nos filmes da fase francesa, mas o clima de estranheza está no ar nesse outro suspense com toques de humor. A história deve ter servido de inspiração para O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POULIN. O protagonista é um sujeito perturbado que acha que pode matar qualquer pessoa com a força do pensamento, graças a uma caixinha de música e uma infeliz coincidência acontecida em sua infância. É um dos filmes de serial killer mais originais que eu já vi e também um dos mais sensuais do diretor, ao lado de A BELA DA TARDE (1967). Cotação: Obra-prima.
NAZARIN
NAZARIN (1958) é o nome de um padre (interpretado por Francisco Rabal) que é cristão demais para se adaptar aos padrões formais e cínicos do clero. Por conta de sua bondade e resignação, ele acaba se prejudicando e sendo expulso da ordem da Igreja e passa a viver de pedir esmolas. Li numa crítica sobre o filme que "alguns amigos de Buñuel nunca o perdoaram por ter feito de um padre o herói de seu filme, e o Vaticano chegou a outorgar a NAZARIN um diploma de honra (recusado pelo cineasta, claro)." NAZARIN não tem trilha sonora, é contado secamente, ao contrário dos filmes de gênero anteriores. Os elementos surrealistas estão mais fortes e o final me deixou com a cabeça cheia de perguntas. Cotação: Ótimo.
segunda-feira, junho 28, 2004
SUNLAND HEAT - NO CALOR DA TERRA DO SOL (Sunland Heat)
Domingo foi dia de conferir o filme mais tosco do ano. Assim que eu saí da sessão do Buñuel no Espaço Unibanco Dragão do Mar, fui lá encontrar com o Zezão e a Juliana, que estavam na enorme fila para conseguir as entradas. Por pouco a gente não consegue entrar. Tivemos de assistir ao filme sentados no chão de tão lotado que estava o lugar. E olha que muita gente ficou do lado de fora, sem conseguir ver o filme.
SUNLAND HEAT - NO CALOR DA TERRA DO SOL, de Halder Gomes, é um bom exemplo de que por pior que seja o filme que você já viu, tem sempre um pior do que ele. É o tipo de filme que a partir da primeira meia-hora você já está pouco se lixando pros personagens e quer mesmo é que o pesadelo acabe.
Nem adianta falar qual é a história do filme, que eu nem sei contar de tão mal costurada que é. Mas adianto que tem locações em Los Angeles e no Ceará numa trama cheia de clichezões do gênero "filme de pancadaria".
Bom, mas nem tudo é ruim. Pra quem mora em Fortaleza, pelo menos deu pra se divertir com as locações no Beach Park, na Ponte Metálica e no Aeroporto. E se a pessoa estiver com um senso de humor dos bons, com certeza vai rir das lutas ridículas, dos diálogos podres, das atuações canastríssimas e do roteiro sem sentido do filme. Engraçado que tem duas cenas no filme em que toca no rádio uma canção do Falcão, o nosso "lindo, bonito e joiado" cantor e humorista. A platéia desabou de rir nessa hora.
Antes do filme tivemos duas coisas grátis: um copo de suco Jandaia, que patrocinava o filme, e um pequeno making of, que é mais divertido do que o filme em si (ainda que eu prefira o suco). Pra completar o dia de "mugangos", fomos dar uma conferida na Parada Gay na Av. Beira-Mar. Mais divertido que o filme com certeza foi.
Domingo foi dia de conferir o filme mais tosco do ano. Assim que eu saí da sessão do Buñuel no Espaço Unibanco Dragão do Mar, fui lá encontrar com o Zezão e a Juliana, que estavam na enorme fila para conseguir as entradas. Por pouco a gente não consegue entrar. Tivemos de assistir ao filme sentados no chão de tão lotado que estava o lugar. E olha que muita gente ficou do lado de fora, sem conseguir ver o filme.
SUNLAND HEAT - NO CALOR DA TERRA DO SOL, de Halder Gomes, é um bom exemplo de que por pior que seja o filme que você já viu, tem sempre um pior do que ele. É o tipo de filme que a partir da primeira meia-hora você já está pouco se lixando pros personagens e quer mesmo é que o pesadelo acabe.
Nem adianta falar qual é a história do filme, que eu nem sei contar de tão mal costurada que é. Mas adianto que tem locações em Los Angeles e no Ceará numa trama cheia de clichezões do gênero "filme de pancadaria".
Bom, mas nem tudo é ruim. Pra quem mora em Fortaleza, pelo menos deu pra se divertir com as locações no Beach Park, na Ponte Metálica e no Aeroporto. E se a pessoa estiver com um senso de humor dos bons, com certeza vai rir das lutas ridículas, dos diálogos podres, das atuações canastríssimas e do roteiro sem sentido do filme. Engraçado que tem duas cenas no filme em que toca no rádio uma canção do Falcão, o nosso "lindo, bonito e joiado" cantor e humorista. A platéia desabou de rir nessa hora.
Antes do filme tivemos duas coisas grátis: um copo de suco Jandaia, que patrocinava o filme, e um pequeno making of, que é mais divertido do que o filme em si (ainda que eu prefira o suco). Pra completar o dia de "mugangos", fomos dar uma conferida na Parada Gay na Av. Beira-Mar. Mais divertido que o filme com certeza foi.
domingo, junho 27, 2004
A PROFECIA (The Omen)
Não teria alugado esse DVD se minha irmã não tivesse pedido pra ver o filme por curiosidade. Como já fazia bastante tempo que eu tinha visto o filme e a edição em DVD estava caprichada, quis dar uma conferida de novo para ver o quanto ele envelheceu ou melhorou com o tempo.
A PROFECIA (1976) foi o filme que alavancou a carreira de Richard Donner. Depois desse filme ele fez os bem-sucedidos SUPERMAN (1978), O FEITIÇO DE ÁQUILA (1985) e a série MÁQUINA MORTÍFERA.
Mas tem algo no filme que não me agrada. Acho que deve ser essa história de respeitar demais a Igreja Católica, levar a sério determinadas coisas da Igreja, ao mesmo tempo em que desvirtuam as profecias do Apocalipse, banalizam o simbolismo do número 666 e entregam a trama fácil, fácil, sem o mínimo de mistério real. Esse mistério que eu falo, é aquele que é possível encontrar em filmes como O BEBÊ DE ROSEMARY e O ÚLTIMO PORTAL, de Roman Polansky, ou SUSPIRIA e A MANSÃO DO INFERNO, de Dario Argento, ou mesmo em O EXORCISTA, de William Friedkin. Nesses filmes, o demonismo, a bruxaria, o ocultismo são vistos com uma aura de mistério arrepiante.
A PROFECIA, porém, tem bons momentos: tem a cena da decapitação, a cena dos babuínos no zoológico, a aparição do cachorro no quarto do garoto, as mortes da babá e do padre. Por falar nas tais mortes, o lance das fotos que denunciam as futuras mortes deve ter sido uma inspiração para O CHAMADO.
Os extras que vêm no DVD são legais. No making of de 45 minutos, a gente fica sabendo, por exemplo, como foi que eles fizeram para fazer com que um bando de babuínos atacasse um carro, além das "maldições" que cercam o filme. (Ainda que eu ache tudo apenas coincidência, é impressionante o fato de que poucos dias antes de filmarem a cena da decapitação no filme, a namorada do técnico de efeitos especiais tinha morrido decapitada num acidente.) Há também um documentário com o músico Jerry Goldsmith, que chegou a ganhar um Oscar pela trilha sonora desse filme, derrubando o favoritismo do recém-falecido Bernard Herrmann, que estava concorrendo por dois filmes. A imagem do filme está perfeita, em scope.
Não teria alugado esse DVD se minha irmã não tivesse pedido pra ver o filme por curiosidade. Como já fazia bastante tempo que eu tinha visto o filme e a edição em DVD estava caprichada, quis dar uma conferida de novo para ver o quanto ele envelheceu ou melhorou com o tempo.
A PROFECIA (1976) foi o filme que alavancou a carreira de Richard Donner. Depois desse filme ele fez os bem-sucedidos SUPERMAN (1978), O FEITIÇO DE ÁQUILA (1985) e a série MÁQUINA MORTÍFERA.
Mas tem algo no filme que não me agrada. Acho que deve ser essa história de respeitar demais a Igreja Católica, levar a sério determinadas coisas da Igreja, ao mesmo tempo em que desvirtuam as profecias do Apocalipse, banalizam o simbolismo do número 666 e entregam a trama fácil, fácil, sem o mínimo de mistério real. Esse mistério que eu falo, é aquele que é possível encontrar em filmes como O BEBÊ DE ROSEMARY e O ÚLTIMO PORTAL, de Roman Polansky, ou SUSPIRIA e A MANSÃO DO INFERNO, de Dario Argento, ou mesmo em O EXORCISTA, de William Friedkin. Nesses filmes, o demonismo, a bruxaria, o ocultismo são vistos com uma aura de mistério arrepiante.
A PROFECIA, porém, tem bons momentos: tem a cena da decapitação, a cena dos babuínos no zoológico, a aparição do cachorro no quarto do garoto, as mortes da babá e do padre. Por falar nas tais mortes, o lance das fotos que denunciam as futuras mortes deve ter sido uma inspiração para O CHAMADO.
Os extras que vêm no DVD são legais. No making of de 45 minutos, a gente fica sabendo, por exemplo, como foi que eles fizeram para fazer com que um bando de babuínos atacasse um carro, além das "maldições" que cercam o filme. (Ainda que eu ache tudo apenas coincidência, é impressionante o fato de que poucos dias antes de filmarem a cena da decapitação no filme, a namorada do técnico de efeitos especiais tinha morrido decapitada num acidente.) Há também um documentário com o músico Jerry Goldsmith, que chegou a ganhar um Oscar pela trilha sonora desse filme, derrubando o favoritismo do recém-falecido Bernard Herrmann, que estava concorrendo por dois filmes. A imagem do filme está perfeita, em scope.
O QUINZE
O Cine Ceará desse ano está marcante principalmente por causa da mostra de filmes da fase mexicana de Luís Buñuel. Até agora não perdi nenhum. E não pretendo perder. Quanto aos filmes nacionais da mostra competitiva, o primeiro que eu vi foi O QUINZE, de Jurandir Oliveira, que teve sua estréia nacional no Cine São Luís hoje, sábado. A sala mais bonita de Fortaleza finalmente está tendo um tratamento de respeito. Depois da vergonha nacional que foi o festival do ano passado, com aquelas caixas de som velhas e ar condicionado quebrado, dessa vez parece que o povo criou vergonha. O som está de dar gosto e não senti calor no cinema. Só achei que o movimento na Praça do Ferreira está meio fraco esse ano: não tem barracas, nem chope, nem animação.
Quanto ao filme O QUINZE, eu tive uma surpresa agradável. Não estava esperando nada e o que vi foi um filme digno e agradável de se ver. Não há sequer um momento chato no filme inteiro. É claro que dado o tema dramático, sobre o drama de retirantes cearenses durante a Seca do Quinze, eu não tinha que ficar rindo o tempo inteiro (como eu fiz), devia estar chorando, mas isso é coisa que o filme não provoca. Mesmo assim, não vejo isso como um defeito do filme essa opção de não carregar nas tintas melodramáticas. Pra esse tipo de filme, é interessante ser seco como a caatinga.
O filme acompanha as histórias paralelas de Chico e sua família de retirantes e Conceição, a moça de Fortaleza apaixonada por um vaqueiro de Quixadá. As duas histórias vão se encontrar lá pelo final do filme. Até lá haja menino chorando com fome, lágrimas secadas pelo sol causticante, tragédias familiares, tudo muito bem amarrado e enxuto. Pra mim, o filme passou no teste. Resta saber como será quando for lançado em circuito comercial.
Quanto aos curtas, o que mais gostei foi o curta em vídeo QUASE DIRETOR, de Adriano Lírio. Esse belo trabalho fala sobre paixão por cinema e a dificuldade de se fazer filmes no Brasil com uma garra impressionante. O filme já me conquistou nos segundos iniciais ao juntar duas de minh
O Cine Ceará desse ano está marcante principalmente por causa da mostra de filmes da fase mexicana de Luís Buñuel. Até agora não perdi nenhum. E não pretendo perder. Quanto aos filmes nacionais da mostra competitiva, o primeiro que eu vi foi O QUINZE, de Jurandir Oliveira, que teve sua estréia nacional no Cine São Luís hoje, sábado. A sala mais bonita de Fortaleza finalmente está tendo um tratamento de respeito. Depois da vergonha nacional que foi o festival do ano passado, com aquelas caixas de som velhas e ar condicionado quebrado, dessa vez parece que o povo criou vergonha. O som está de dar gosto e não senti calor no cinema. Só achei que o movimento na Praça do Ferreira está meio fraco esse ano: não tem barracas, nem chope, nem animação.
Quanto ao filme O QUINZE, eu tive uma surpresa agradável. Não estava esperando nada e o que vi foi um filme digno e agradável de se ver. Não há sequer um momento chato no filme inteiro. É claro que dado o tema dramático, sobre o drama de retirantes cearenses durante a Seca do Quinze, eu não tinha que ficar rindo o tempo inteiro (como eu fiz), devia estar chorando, mas isso é coisa que o filme não provoca. Mesmo assim, não vejo isso como um defeito do filme essa opção de não carregar nas tintas melodramáticas. Pra esse tipo de filme, é interessante ser seco como a caatinga.
O filme acompanha as histórias paralelas de Chico e sua família de retirantes e Conceição, a moça de Fortaleza apaixonada por um vaqueiro de Quixadá. As duas histórias vão se encontrar lá pelo final do filme. Até lá haja menino chorando com fome, lágrimas secadas pelo sol causticante, tragédias familiares, tudo muito bem amarrado e enxuto. Pra mim, o filme passou no teste. Resta saber como será quando for lançado em circuito comercial.
Quanto aos curtas, o que mais gostei foi o curta em vídeo QUASE DIRETOR, de Adriano Lírio. Esse belo trabalho fala sobre paixão por cinema e a dificuldade de se fazer filmes no Brasil com uma garra impressionante. O filme já me conquistou nos segundos iniciais ao juntar duas de minh
quarta-feira, junho 23, 2004
TRÊS WESTERNS
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Pena que no tempo em que mais passava western na tv, eu não assistia muito por puro preconceito e ignorância. Mas nunca é tarde para conhecer os filmes dos mestres. Dessa vez eu vi dois westerns americanos e um italiano de diretores prestigiados. Comentarei brevemente, o que não implica que os filmes valham pouco, faço questão de frisar.
O HOMEM DO OESTE (Man of the West)
Se esse filme de Anthony Mann não é tão genial quanto E O SANGUE SEMEOU A TERRA (1952) ou WINCHESTER 73 (1950), ele chega perto. O HOMEM DO OESTE (1958) tem como protagonista Gary Cooper, que tem a típica feição do americano de bem, careta, o homem em que as pessoas confiam. A trama do filme é lindamente narrada com segurança por Mann. Gary Cooper é o homem que pega um trem com o objetivo de encontrar uma professora para ensinar na sua cidade, mas o trem é assaltado por um grupo de ladrões e ele acaba ficando no meio do caminho, junto com uma mulher e um homem. As coisas esquentam quando os três vão parar acidentalmente na cabana dos bandidos. Há uma seqüência de briga de Cooper com um dos bandidos que é de deixar o sangue ferver, pelo misto de emoções que essa cena carrega. O fim do filme deixa a gente em dúvida e serve pra mostrar que caras como Mann sabiam trabalhar no sistema e ainda assim fazer coisas ousadas. Visto em fita selada da Warner.
ALVAREZ KELLY
Esse filme de Edward Dmytryk é mais um desses westerns que servem como aula de história, além de entreter muito bem. William Holden é Alvarez Kelly, um mexicano que trabalha de "tocador de gado", levando o gado para regiões distantes durante a Guerra Civil Americana. Ele faz negócio tanto para os ianques quanto para os confederados. A história envolve roubo de gado dentro desse cenário de guerra em que os sulistas já estavam perto da derrota. ALVAREZ KELLY (1966) lembra um pouco esses filmes de roubo tipo UMA SAÍDA DE MESTRE. O que muda aqui é o cenário. E o charme que os filmes mais modernos não têm na mesma quantidade. Gravado da TNT.
O SILÊNCIO DA MORTE / O VINGADOR SILENCIOSO (Il Grande Silenzio / The Great Silence)
Esse é o melhor western spaghetti não dirigido por Sergio Leone que eu já tive o prazer de assistir. O último exemplar do gênero, KEOMA, de Enzo G. Castellari, me decepcionou um pouco. O SILÊNCIO DA MORTE (1968) é um filmaço dirigido por Sergio Corbucci, diretor de DJANGO (1966). Nessa obra-prima, Jean-Louis Trintgnant é Silêncio, o pistoleiro mudo que mata os cruéis caçadores de recompensa de uma cidade cercada por bandidos. Klaus Kinski é o malvado Loco, um sujeito que carrega os cadáveres de suas vítimas amarrados em cima das carruagens, como se fossem pedaços de carne. A violência é um destaque, com belo uso do sangue ultra-vermelho sobre o branco da neve. A trilha sonora é do grande maestro Ennio Morricone. E o final é um dos mais amargos que eu já vi. Simplesmente não acreditei que o filme terminava daquele jeito. Visto em DVD da Classic Line. A imagem está cristalina e em widescreen, ainda que não no seu formato devido.
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Pena que no tempo em que mais passava western na tv, eu não assistia muito por puro preconceito e ignorância. Mas nunca é tarde para conhecer os filmes dos mestres. Dessa vez eu vi dois westerns americanos e um italiano de diretores prestigiados. Comentarei brevemente, o que não implica que os filmes valham pouco, faço questão de frisar.
O HOMEM DO OESTE (Man of the West)
Se esse filme de Anthony Mann não é tão genial quanto E O SANGUE SEMEOU A TERRA (1952) ou WINCHESTER 73 (1950), ele chega perto. O HOMEM DO OESTE (1958) tem como protagonista Gary Cooper, que tem a típica feição do americano de bem, careta, o homem em que as pessoas confiam. A trama do filme é lindamente narrada com segurança por Mann. Gary Cooper é o homem que pega um trem com o objetivo de encontrar uma professora para ensinar na sua cidade, mas o trem é assaltado por um grupo de ladrões e ele acaba ficando no meio do caminho, junto com uma mulher e um homem. As coisas esquentam quando os três vão parar acidentalmente na cabana dos bandidos. Há uma seqüência de briga de Cooper com um dos bandidos que é de deixar o sangue ferver, pelo misto de emoções que essa cena carrega. O fim do filme deixa a gente em dúvida e serve pra mostrar que caras como Mann sabiam trabalhar no sistema e ainda assim fazer coisas ousadas. Visto em fita selada da Warner.
ALVAREZ KELLY
Esse filme de Edward Dmytryk é mais um desses westerns que servem como aula de história, além de entreter muito bem. William Holden é Alvarez Kelly, um mexicano que trabalha de "tocador de gado", levando o gado para regiões distantes durante a Guerra Civil Americana. Ele faz negócio tanto para os ianques quanto para os confederados. A história envolve roubo de gado dentro desse cenário de guerra em que os sulistas já estavam perto da derrota. ALVAREZ KELLY (1966) lembra um pouco esses filmes de roubo tipo UMA SAÍDA DE MESTRE. O que muda aqui é o cenário. E o charme que os filmes mais modernos não têm na mesma quantidade. Gravado da TNT.
O SILÊNCIO DA MORTE / O VINGADOR SILENCIOSO (Il Grande Silenzio / The Great Silence)
Esse é o melhor western spaghetti não dirigido por Sergio Leone que eu já tive o prazer de assistir. O último exemplar do gênero, KEOMA, de Enzo G. Castellari, me decepcionou um pouco. O SILÊNCIO DA MORTE (1968) é um filmaço dirigido por Sergio Corbucci, diretor de DJANGO (1966). Nessa obra-prima, Jean-Louis Trintgnant é Silêncio, o pistoleiro mudo que mata os cruéis caçadores de recompensa de uma cidade cercada por bandidos. Klaus Kinski é o malvado Loco, um sujeito que carrega os cadáveres de suas vítimas amarrados em cima das carruagens, como se fossem pedaços de carne. A violência é um destaque, com belo uso do sangue ultra-vermelho sobre o branco da neve. A trilha sonora é do grande maestro Ennio Morricone. E o final é um dos mais amargos que eu já vi. Simplesmente não acreditei que o filme terminava daquele jeito. Visto em DVD da Classic Line. A imagem está cristalina e em widescreen, ainda que não no seu formato devido.
segunda-feira, junho 21, 2004
SÃO JERÔNIMO
Tarefa difícil comentar um filme como SÃO JERÔNIMO (1999), de Júlio Bressane, o cineasta mais erudito do cinema brasileiro. Nesse filme, com pouquíssimos recursos, Bressane conta a história de São Jerônimo, o homem que traduziu as escrituras sagradas das línguas originais (hebraico, aramaico e grego) para o latim, a pedido do Papa Gregório. Bressane usa como a caatinga nordestina como o deserto onde Jerônimo se penitenciava. Inclusive, o filme fecha ao som de "O Último Pau-de-Arara".
O filme não é fácil. Tem uma narrativa lenta e poucos closes - e quando há, os ângulos de câmera são bem esquisitos. Destaque para uma cena no final, quando a câmera faz as vezes de uma pedra, machucando Jerônimo.
Algo que me incomodou, ao mesmo tempo que me impressionou, foram os trapos que os personagens vestiam. Apenas roupas de mendigos, sem sandálias nos pés. E a metodologia de trabalho de Jerônimo é totalmente desaconselhável: fazer as traduções no deserto, sem comida e sem água. Os diálogos não são bem diálogos, são dizeres, falas que Bressane julga importante, e ditas de maneira artificial e estranha.
Melhor eu não me estender pra não correr o risco de falar bobagem, devido à pouca intimidade com o tema. Ver esse tipo de filme é como ver um filme do Godard: a gente sempre termina o filme sabendo o quanto a gente é ignorante e precisa ler mais, aprender mais, saber mais. A gente exercita a nossa humildade.
Dois ótimos textos sobre o filme aqui. E vamos aguardar que FILME DE AMOR, o novo filme de Bressane, chegue aos cinemas da cidade.
Tarefa difícil comentar um filme como SÃO JERÔNIMO (1999), de Júlio Bressane, o cineasta mais erudito do cinema brasileiro. Nesse filme, com pouquíssimos recursos, Bressane conta a história de São Jerônimo, o homem que traduziu as escrituras sagradas das línguas originais (hebraico, aramaico e grego) para o latim, a pedido do Papa Gregório. Bressane usa como a caatinga nordestina como o deserto onde Jerônimo se penitenciava. Inclusive, o filme fecha ao som de "O Último Pau-de-Arara".
O filme não é fácil. Tem uma narrativa lenta e poucos closes - e quando há, os ângulos de câmera são bem esquisitos. Destaque para uma cena no final, quando a câmera faz as vezes de uma pedra, machucando Jerônimo.
Algo que me incomodou, ao mesmo tempo que me impressionou, foram os trapos que os personagens vestiam. Apenas roupas de mendigos, sem sandálias nos pés. E a metodologia de trabalho de Jerônimo é totalmente desaconselhável: fazer as traduções no deserto, sem comida e sem água. Os diálogos não são bem diálogos, são dizeres, falas que Bressane julga importante, e ditas de maneira artificial e estranha.
Melhor eu não me estender pra não correr o risco de falar bobagem, devido à pouca intimidade com o tema. Ver esse tipo de filme é como ver um filme do Godard: a gente sempre termina o filme sabendo o quanto a gente é ignorante e precisa ler mais, aprender mais, saber mais. A gente exercita a nossa humildade.
Dois ótimos textos sobre o filme aqui. E vamos aguardar que FILME DE AMOR, o novo filme de Bressane, chegue aos cinemas da cidade.
domingo, junho 20, 2004
DUAS SESSÕES DE CINEMA
A necessidade de rever A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (1971), de Peter Bogdanovich, veio a partir da leitura de um capítulo do livro EASY RIDERS, RAGING BULLS, de Peter Biskind. O tal capítulo é dedicado ao filme e fala de sua importância dentro daquele novo cinema americano que estava nascendo. Ao mesmo tempo, consegui gravar da TNT a continuação do filme original.
Tem tanta coisa interessante na vida de Bogdanovich, que eu aprendi tanto no livro do Biskind quanto no livro de entrevistas de Peter (AFINAL QUEM FAZ OS FILMES), que me deu vontade de falar sobre algumas coisas que me chamaram a atenção.
Por exemplo, Peter é filho de imigrantes sérvios e sua mãe estava grávida dele quando partiram para os EUA. Mas o que mais me deixou chocado foi o fato de o irmão mais velho de Peter, ainda bebê, ter morrido quando sua mãe acidentalmente derramou sopa fervente sobre ele. O pai de Peter nunca perdoou a esposa pelo que aconteceu.
Antes de iniciar as filmagens de A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA, Peter conheceu Polly Plat, com quem acabou se casando em 1962. Dizem que Polly, além de fazer o tipo intelectual, era sexy, não usava nem sutiã nem calcinha, o que deixava muitos homens loucos. Inclusive Peter. Mas o casamento dos dois foi ameaçado nove anos depois pela presença de Cybill Shepherd.
Peter ficou completamente apaixonado por Cybill. Na época Cybill era linda. Talvez a mais bela mulher a surgir no cinema americano dos anos 70. Quando Polly soube do relacionamento dos dois ficou louca, quase matou a si mesma e ao marido num acidente de carro. O relacionamento de Peter e Cybill durou 9 anos. Mas mesmo durante a relação o sem-vergonha do Peter ainda traiu Cybill com a ex-esposa.
O mais trágico relacionamento de Peter se deu com o fim do casamento com Cybill. Ele se apaixonou por Dorothy Stratten, uma mulher casada que estava no elenco do que Peter considera o seu filme mais pessoal: MUITO RISO E MUITA ALEGRIA (1981). Dorothy foi assassinada pelo marido rejeitado. Três anos depois, nova polêmica aconteceu quando Peter se casou com a irmã mais nova de Dorothy. Depois disso, não sei dizer mais o que aconteceu na vida privada de Peter.
Agora os filmes:
A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (The Last Picture Show)
Esse filme inaugurou um tipo de cinema nunca visto em Hollywood: o filme americano com cara de europeu. A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA mostra um grupo de jovens do interior do Texas começando a experimentar o sexo, a se apaixonar. Jeff Bridges está bem jovem; Cybill Shepard está jovem e linda (não custa repetir). Mas o personagem que mais aparece é o de Timothy Bottoms. Também no elenco, o velho cowboy Ben Johnson. Soube no livro de Buskind que Johnson estava fora de forma e não queria aceitar o papel porque as suas falas eram "muito difíceis". Peter teve que pedir uma ajuda a John Ford, que conseguiu convencê-lo a participar do filme. Por falar em westerns, A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA termina com a cena final de RIO VERMELHO (1948), de Howard Hawks, apresentada na única sala de cinema da cidade. O clássico de Hawks é um dos preferidos de Bogdanovich.
TEXASVILLE - A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA CONTINUA (Texaville)
Em 1990, Bogdanovich convidou o elenco do filme original para fazer essa continuação. TEXASVILLE não é tão bom quanto o filme original, mas não deixa de ser uma diversão pra quem viu o filme de 1971. É interessante ver o envelhecimento dos atores nos papéis, ver o andamento da história, ver como a vida dos personagens mudou ao longo do tempo. Mas ao mesmo tempo é triste, principalmente ao vermos o envelhecimento de Cybill. Aí é que vemos quão fugaz e quão preciosa é a juventude.
A história é mais centrada no personagem mulherengo de Jeff Bridges, que é um homem casado e com filhos de várias idades. A rotina da cidade muda com a chegada da personagem de Cybill, que voltou da Europa depois de um trágico acidente envolvendo o seu filho. Bogdanovich faz um pouco de suspense, demorando a apresentar Cybill, o que é um ponto positivo para o filme. TEXASVILLE quase se transforma numa comédia do meio para o final, mas isso não chega a comprometer o todo.
Vale lembrar que uma esperada continuação de um filme importante está para chegar nos cinemas: BEFORE SUNSET, de Richard Linklater, continuação do maravilhoso ANTES DO AMANHECER.
A necessidade de rever A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (1971), de Peter Bogdanovich, veio a partir da leitura de um capítulo do livro EASY RIDERS, RAGING BULLS, de Peter Biskind. O tal capítulo é dedicado ao filme e fala de sua importância dentro daquele novo cinema americano que estava nascendo. Ao mesmo tempo, consegui gravar da TNT a continuação do filme original.
Tem tanta coisa interessante na vida de Bogdanovich, que eu aprendi tanto no livro do Biskind quanto no livro de entrevistas de Peter (AFINAL QUEM FAZ OS FILMES), que me deu vontade de falar sobre algumas coisas que me chamaram a atenção.
Por exemplo, Peter é filho de imigrantes sérvios e sua mãe estava grávida dele quando partiram para os EUA. Mas o que mais me deixou chocado foi o fato de o irmão mais velho de Peter, ainda bebê, ter morrido quando sua mãe acidentalmente derramou sopa fervente sobre ele. O pai de Peter nunca perdoou a esposa pelo que aconteceu.
Antes de iniciar as filmagens de A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA, Peter conheceu Polly Plat, com quem acabou se casando em 1962. Dizem que Polly, além de fazer o tipo intelectual, era sexy, não usava nem sutiã nem calcinha, o que deixava muitos homens loucos. Inclusive Peter. Mas o casamento dos dois foi ameaçado nove anos depois pela presença de Cybill Shepherd.
Peter ficou completamente apaixonado por Cybill. Na época Cybill era linda. Talvez a mais bela mulher a surgir no cinema americano dos anos 70. Quando Polly soube do relacionamento dos dois ficou louca, quase matou a si mesma e ao marido num acidente de carro. O relacionamento de Peter e Cybill durou 9 anos. Mas mesmo durante a relação o sem-vergonha do Peter ainda traiu Cybill com a ex-esposa.
O mais trágico relacionamento de Peter se deu com o fim do casamento com Cybill. Ele se apaixonou por Dorothy Stratten, uma mulher casada que estava no elenco do que Peter considera o seu filme mais pessoal: MUITO RISO E MUITA ALEGRIA (1981). Dorothy foi assassinada pelo marido rejeitado. Três anos depois, nova polêmica aconteceu quando Peter se casou com a irmã mais nova de Dorothy. Depois disso, não sei dizer mais o que aconteceu na vida privada de Peter.
Agora os filmes:
A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (The Last Picture Show)
Esse filme inaugurou um tipo de cinema nunca visto em Hollywood: o filme americano com cara de europeu. A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA mostra um grupo de jovens do interior do Texas começando a experimentar o sexo, a se apaixonar. Jeff Bridges está bem jovem; Cybill Shepard está jovem e linda (não custa repetir). Mas o personagem que mais aparece é o de Timothy Bottoms. Também no elenco, o velho cowboy Ben Johnson. Soube no livro de Buskind que Johnson estava fora de forma e não queria aceitar o papel porque as suas falas eram "muito difíceis". Peter teve que pedir uma ajuda a John Ford, que conseguiu convencê-lo a participar do filme. Por falar em westerns, A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA termina com a cena final de RIO VERMELHO (1948), de Howard Hawks, apresentada na única sala de cinema da cidade. O clássico de Hawks é um dos preferidos de Bogdanovich.
TEXASVILLE - A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA CONTINUA (Texaville)
Em 1990, Bogdanovich convidou o elenco do filme original para fazer essa continuação. TEXASVILLE não é tão bom quanto o filme original, mas não deixa de ser uma diversão pra quem viu o filme de 1971. É interessante ver o envelhecimento dos atores nos papéis, ver o andamento da história, ver como a vida dos personagens mudou ao longo do tempo. Mas ao mesmo tempo é triste, principalmente ao vermos o envelhecimento de Cybill. Aí é que vemos quão fugaz e quão preciosa é a juventude.
A história é mais centrada no personagem mulherengo de Jeff Bridges, que é um homem casado e com filhos de várias idades. A rotina da cidade muda com a chegada da personagem de Cybill, que voltou da Europa depois de um trágico acidente envolvendo o seu filho. Bogdanovich faz um pouco de suspense, demorando a apresentar Cybill, o que é um ponto positivo para o filme. TEXASVILLE quase se transforma numa comédia do meio para o final, mas isso não chega a comprometer o todo.
Vale lembrar que uma esperada continuação de um filme importante está para chegar nos cinemas: BEFORE SUNSET, de Richard Linklater, continuação do maravilhoso ANTES DO AMANHECER.
quinta-feira, junho 17, 2004
NA CAPTURA DOS FRIEDMANS (Capturing the Friedmans)
O melhor filme que vi no último fim de semana, com certeza, foi esse premiado documentário de Andrew Jarecki. Não me entusiasmou tanto quanto TIROS EM COLUMBINE, de Michael Moore, ou EDIFÍCIO MASTER, de Eduardo Coutinho, pra citar dois recentes e ótimos documentários, mas é, certamente, um filme especial e que pode provocar reflexões acerca da natureza da verdade, do papel da mídia, da histeria coletiva, do valor da família na sociedade, sem falar em coisas mais óbvias como a prostituição infantil e a pedofilia.
Apesar de eu já ter lido matérias a respeito do filme desde a época da Mostra Internacional de Cinema, no ano passado, o filme ainda me surpreendeu com alguns depoimentos chocantes, como o de um dos jovens que se diz abusado por Arnold e Jessie Friedman. Ele fala que uma das diversões de Arnold era uma brincadeira que consistia em deixar o garoto de bunda pra cima enquanto os Friedmans introduziam os seus pênis no ânus do garoto, em revezamento.
O filme deixa na dúvida se as acusações são mesmo verdadeiras, fazendo com que o espectador tire suas próprias conclusões (ou não). Eu, por exemplo, acredito que houve realmente os abusos sexuais aos meninos, mas acredito também que algumas das outras acusações eram falsas e geradas pela histeria. É mais ou menos comparado com o que está acontecendo com o Michael Jackson. Tem gente aí ganhando dinheiro em cima do "coitado", acusando-o de pedofilia. Mas será que ele realmente é culpado de tudo o que dizem?
Voltando ao filme, será que os outros dois filhos de Arnold que não foram acusados também não participavam dos incidentes, no caso de eles realmente existirem? Pergunto isso porque havia uma cumplicidade muito grande entre os rapazes e o pai, enquanto que a mãe era deixada de lado, não participando da "gangue". Sem falar que David, o filho mais velho e que comprou a câmera para flagrar, dava depoimentos meio suspeitos para a própria câmera, como se ele também fosse no mínimo cúmplice do que acontecia no porão da casa.
Vale dizer que as melhores e mais impactantes cenas são as filmadas pela câmera de David. A cena que mostra a última vez que a família toda se reúne, na Páscoa, um dia antes da ida de Arnold para a prisão, é perturbadora. Como também é a cena de Jesse dançando na rua, momentos antes de seu julgamento, como se estivesse alheio ao seu destino. A cena final envolvendo Jesse e sua mãe fecha com chave de ouro esse brilhante documentário.
O Cinema de Arte daqui de Fortaleza acertou em trazer esse filme.
O melhor filme que vi no último fim de semana, com certeza, foi esse premiado documentário de Andrew Jarecki. Não me entusiasmou tanto quanto TIROS EM COLUMBINE, de Michael Moore, ou EDIFÍCIO MASTER, de Eduardo Coutinho, pra citar dois recentes e ótimos documentários, mas é, certamente, um filme especial e que pode provocar reflexões acerca da natureza da verdade, do papel da mídia, da histeria coletiva, do valor da família na sociedade, sem falar em coisas mais óbvias como a prostituição infantil e a pedofilia.
Apesar de eu já ter lido matérias a respeito do filme desde a época da Mostra Internacional de Cinema, no ano passado, o filme ainda me surpreendeu com alguns depoimentos chocantes, como o de um dos jovens que se diz abusado por Arnold e Jessie Friedman. Ele fala que uma das diversões de Arnold era uma brincadeira que consistia em deixar o garoto de bunda pra cima enquanto os Friedmans introduziam os seus pênis no ânus do garoto, em revezamento.
O filme deixa na dúvida se as acusações são mesmo verdadeiras, fazendo com que o espectador tire suas próprias conclusões (ou não). Eu, por exemplo, acredito que houve realmente os abusos sexuais aos meninos, mas acredito também que algumas das outras acusações eram falsas e geradas pela histeria. É mais ou menos comparado com o que está acontecendo com o Michael Jackson. Tem gente aí ganhando dinheiro em cima do "coitado", acusando-o de pedofilia. Mas será que ele realmente é culpado de tudo o que dizem?
Voltando ao filme, será que os outros dois filhos de Arnold que não foram acusados também não participavam dos incidentes, no caso de eles realmente existirem? Pergunto isso porque havia uma cumplicidade muito grande entre os rapazes e o pai, enquanto que a mãe era deixada de lado, não participando da "gangue". Sem falar que David, o filho mais velho e que comprou a câmera para flagrar, dava depoimentos meio suspeitos para a própria câmera, como se ele também fosse no mínimo cúmplice do que acontecia no porão da casa.
Vale dizer que as melhores e mais impactantes cenas são as filmadas pela câmera de David. A cena que mostra a última vez que a família toda se reúne, na Páscoa, um dia antes da ida de Arnold para a prisão, é perturbadora. Como também é a cena de Jesse dançando na rua, momentos antes de seu julgamento, como se estivesse alheio ao seu destino. A cena final envolvendo Jesse e sua mãe fecha com chave de ouro esse brilhante documentário.
O Cinema de Arte daqui de Fortaleza acertou em trazer esse filme.
quarta-feira, junho 16, 2004
VAN DAMME NOS INFERNOS
Recentemente vi esses dois filmes estrelados por Jean-Claude Van Damme. Já faz tempo que não vou ao cinema pra ver um filme dele, mas sempre que passa na tv algum que eu não vi, gosto de gravar pra ver em algum momento. Esses dois filmes, com títulos sinônimos, têm a vantagem de serem dirigidos por cineastas que já tiveram ou ainda têm sucesso no gênero "filme de ação".
INFERNO (Coyote Moon / Inferno / Desert Heat)
Talvez seja um dos filmes mais leves de Van Damme. INFERNO (1999) mostra Van Damme como um misterioso sujeito que vai a uma cidadezinha do interior para dar uma moto para um amigo índio (?!?). Esse índio é meio misterioso: às vezes aparece e desaparece de lugar. A história tem esse clima meio surrealista, mas bem descompromissado. O espectador tem que relevar um monte de coisas no filme para se divertir. O diretor é John G. Avildsen, que no passado fez sucesso com ROCKY, UM LUTADOR (1976) e KARATÊ KID (1984). Inclusive, de KARATÊ KID, ele trouxe o velho Pat Morita para um papel pequeno nesse filme. Van Damme aqui é um matador que traz a felicidade para uma comunidade, matando a banda podre da cidade. Algo como um DESEJO DE MATAR 3, com o Charles Bronson. Bonita a moça que faz o par romântico de Van Damme.
Gravado da Globo.
HELL (In Hell / Hell / The Shu)
Terceiro filme que Ringo Lam dirigiu para Van Damme. Os outros foram RISCO MÁXIMO (1996) e REPLICANTE (2001). Gosto bastante dos filmes do Ringo Lam, que são menos estilosos que os de Tsui Hark e o diretor ainda tem manha para manter uma história compreensível, sem os furos no roteiro e a bagunça dos filmes de Hark. Assim como outro clássico de Lam made in Hong Kong - PRISIONEIRO DO INFERNO (1987) - esse HELL (2003) se passa numa prisão. E a barra aqui é bem pesada. Faz O EXPRESSO DA MEIA-NOITE parecer brincadeira de criança. Na prisão russa, Van Damme é um americano que foi para a cadeia porque matou o assassino de sua esposa, que fora inocentado por ter comprado o juíz e o júri. O filme de Lam tem um ritmo muito bom. As coisas acontecem rapidamente, não dando tempo para o espectador se entediar. Pelo contrário, acho que nunca curti tanto um filme do Van Damme. O visual do filme também é caprichado. Fiquei com vontade de ver REPLICANTE. Van Damme já tinha feito um outro filme passado numa prisão: GARANTIA DE MORTE(1990), de Deran Sarafian.
Gravado do SBT.
Recentemente vi esses dois filmes estrelados por Jean-Claude Van Damme. Já faz tempo que não vou ao cinema pra ver um filme dele, mas sempre que passa na tv algum que eu não vi, gosto de gravar pra ver em algum momento. Esses dois filmes, com títulos sinônimos, têm a vantagem de serem dirigidos por cineastas que já tiveram ou ainda têm sucesso no gênero "filme de ação".
INFERNO (Coyote Moon / Inferno / Desert Heat)
Talvez seja um dos filmes mais leves de Van Damme. INFERNO (1999) mostra Van Damme como um misterioso sujeito que vai a uma cidadezinha do interior para dar uma moto para um amigo índio (?!?). Esse índio é meio misterioso: às vezes aparece e desaparece de lugar. A história tem esse clima meio surrealista, mas bem descompromissado. O espectador tem que relevar um monte de coisas no filme para se divertir. O diretor é John G. Avildsen, que no passado fez sucesso com ROCKY, UM LUTADOR (1976) e KARATÊ KID (1984). Inclusive, de KARATÊ KID, ele trouxe o velho Pat Morita para um papel pequeno nesse filme. Van Damme aqui é um matador que traz a felicidade para uma comunidade, matando a banda podre da cidade. Algo como um DESEJO DE MATAR 3, com o Charles Bronson. Bonita a moça que faz o par romântico de Van Damme.
Gravado da Globo.
HELL (In Hell / Hell / The Shu)
Terceiro filme que Ringo Lam dirigiu para Van Damme. Os outros foram RISCO MÁXIMO (1996) e REPLICANTE (2001). Gosto bastante dos filmes do Ringo Lam, que são menos estilosos que os de Tsui Hark e o diretor ainda tem manha para manter uma história compreensível, sem os furos no roteiro e a bagunça dos filmes de Hark. Assim como outro clássico de Lam made in Hong Kong - PRISIONEIRO DO INFERNO (1987) - esse HELL (2003) se passa numa prisão. E a barra aqui é bem pesada. Faz O EXPRESSO DA MEIA-NOITE parecer brincadeira de criança. Na prisão russa, Van Damme é um americano que foi para a cadeia porque matou o assassino de sua esposa, que fora inocentado por ter comprado o juíz e o júri. O filme de Lam tem um ritmo muito bom. As coisas acontecem rapidamente, não dando tempo para o espectador se entediar. Pelo contrário, acho que nunca curti tanto um filme do Van Damme. O visual do filme também é caprichado. Fiquei com vontade de ver REPLICANTE. Van Damme já tinha feito um outro filme passado numa prisão: GARANTIA DE MORTE(1990), de Deran Sarafian.
Gravado do SBT.
terça-feira, junho 15, 2004
O OUTRO LADO DA RUA
No domingo eu meio que me arrependi de sair de casa. No Iguatemi tava uma fila enorme e fiquei quase quarenta minutos pra comprar ingresso pra um filme de pouca bilheteria. Um monte de filmes de apelo popular estão lotando os cinemas: TRÓIA, O DIA DEPOIS DE AMANHÃ, CAZUZA, HARRY POTTER... Imagina em julho como não vai ser isso. Acho que nem vai ter espaço pra filme "pequeno", com tantos grandões na jogada.
Eu me decepcionei com O OUTRO LADO DA RUA. Já tinha visto um comentário negativo, do Sérgio Alpendre, mas como o filme também tinha recebido boas críticas, resolvi conferir. Trata-se de um filme chato e pouco ousado. Tudo bem que Fernanda Montenegro e Raul Cortez são ótimos, mas cinema de primeira não se sustenta em interpretação de elenco.
Marcos Berstein, o roteirista de CENTRAL DO BRASIL (1998), não se mostrou tão feliz nesse filme, que não evolui nem como suspense hitchcockiano, nem como história de amor da terceira idade, já que Cacá Diegues já fez com seu CHUVAS DE VERÃO (1978) um filme ousado e sensível sobre o tema com muito mais propriedade e com bem menos recursos.
O filme de Berstein me deu sono. Será que o cinema nacional está mesmo tão bom quanto dizem? Tô sentindo falta de um filme como O INVASOR, por exemplo. Tô sentindo falta dos filmes do Reichenbach (quando será que GAROTAS DO ABC vai estrear por aqui?). Que saudade do Khouri. Algo me diz que o longa-metragem de estréia de Philipe Barcinski, NÃO POR ACASO, é legal, porque eu adorei o curta PALÍNDROMO.
O Cine Ceará daqui tá trazendo uma programação meio desanimadora de longas. Os filmes selecionados foram: DOM HÉLDER CÂMARA - O SANTO REBELDE (fala sério!), LOST ZWEIG (os documentários do Sylvio Back são chatos pra cacete, apesar de terem valor histórico), NOITE DE SÃO JOÃO, O RISCO - LÚCIO COSTA E A UTOPIA MODERNA e O QUINZE. Bom, não sei praticamente nada sobre esses filmes. Pode até ser que alguns deles sejam bons. De qualquer maneira, vou dar preferência à mini-mostra do Luis Buñuel. Se eu conseguir ver dois filmes dele, já vou ficar feliz.
No domingo eu meio que me arrependi de sair de casa. No Iguatemi tava uma fila enorme e fiquei quase quarenta minutos pra comprar ingresso pra um filme de pouca bilheteria. Um monte de filmes de apelo popular estão lotando os cinemas: TRÓIA, O DIA DEPOIS DE AMANHÃ, CAZUZA, HARRY POTTER... Imagina em julho como não vai ser isso. Acho que nem vai ter espaço pra filme "pequeno", com tantos grandões na jogada.
Eu me decepcionei com O OUTRO LADO DA RUA. Já tinha visto um comentário negativo, do Sérgio Alpendre, mas como o filme também tinha recebido boas críticas, resolvi conferir. Trata-se de um filme chato e pouco ousado. Tudo bem que Fernanda Montenegro e Raul Cortez são ótimos, mas cinema de primeira não se sustenta em interpretação de elenco.
Marcos Berstein, o roteirista de CENTRAL DO BRASIL (1998), não se mostrou tão feliz nesse filme, que não evolui nem como suspense hitchcockiano, nem como história de amor da terceira idade, já que Cacá Diegues já fez com seu CHUVAS DE VERÃO (1978) um filme ousado e sensível sobre o tema com muito mais propriedade e com bem menos recursos.
O filme de Berstein me deu sono. Será que o cinema nacional está mesmo tão bom quanto dizem? Tô sentindo falta de um filme como O INVASOR, por exemplo. Tô sentindo falta dos filmes do Reichenbach (quando será que GAROTAS DO ABC vai estrear por aqui?). Que saudade do Khouri. Algo me diz que o longa-metragem de estréia de Philipe Barcinski, NÃO POR ACASO, é legal, porque eu adorei o curta PALÍNDROMO.
O Cine Ceará daqui tá trazendo uma programação meio desanimadora de longas. Os filmes selecionados foram: DOM HÉLDER CÂMARA - O SANTO REBELDE (fala sério!), LOST ZWEIG (os documentários do Sylvio Back são chatos pra cacete, apesar de terem valor histórico), NOITE DE SÃO JOÃO, O RISCO - LÚCIO COSTA E A UTOPIA MODERNA e O QUINZE. Bom, não sei praticamente nada sobre esses filmes. Pode até ser que alguns deles sejam bons. De qualquer maneira, vou dar preferência à mini-mostra do Luis Buñuel. Se eu conseguir ver dois filmes dele, já vou ficar feliz.
domingo, junho 13, 2004
CAZUZA - O TEMPO NÃO PÁRA
Ontem até que foi um Dia dos Namorados atípico. Não é todo ano que se arranja companhia para a tal noite, ainda que seja apenas um encontro passageiro. Mas vale pela lembrança boa que vai ficar.
Fomos ver CAZUZA - O TEMPO NÃO PÁRA, de Sandra Werneck e Walter Carvalho. Por falar em Walter Carvalho, o homem tá em todas, né? Agora, além de diretor de fotografia, ele está também assinando a direção com outras pessoas. Ele tinha feito isso antes com JANELA DA ALMA(2001). Quanto à Sandra, o melhor filme dela ainda é AMORES POSSÍVEIS(2001).
Sobre o filme do Cazuza, é bom em alguns aspectos. Se filme bom for aquele que prende a atenção até o final, então o filme da Sandra Werneck passou no teste. Mas CAZUZA é cheio de problemas. Tudo acontece muito rápido, os personagens passam como nuvens, não dando tempo para aprofundar. Acabam ficando os estereótipos: Cazuza é o filho mimado, Frejat é o amigo careta, Lucinha Araújo é a mãe pentelha e o Ezequiel Neves é uma bichona que adora se drogar. E a desculpa nem é porque não dá pra resumir metade da vida de um rockstar num filme de uma hora e meia, já que THE DOORS, do Oliver Stone é espetacular. Mas tudo bem. Não vamos comparar uma superprodução de Hollywood com um filme de orçamento bem inferior. É realmente uma tarefa difícil fazer cinebiografias.
Mesmo assim, a interpretação de Daniel Oliveira é digna de nota. O rapaz, além de muito bom ator, fica parecidíssimo com o Cazuza. Especialmente quando ele aparece magro e definhando. Talvez essas cenas sejam as melhores do filme. A melhor cena, a que mais emociona (ainda que não tenha causado lágrimas em mim) é aquela do Cazuza cantando "O Tempo Não Para". Essa canção tinha tudo a ver com o momento doloroso que o cantor estava vivendo, e ele depositava todas as suas poucas energias para os shows, já que cantava perto de um tubo de oxigênio. E eu me lembro do show da turnê desse disco. Eu vi quando passou na Rede Globo. Naquela época eu gostava pra caramba dele. E ele morreu no dia do meu aniversário: 07 de julho de 1990.
A escolha por um final bem pouco melodramático talvez até tenha sido acertada, mas, por outro lado, deixou o filme um pouco frio e distante. Por isso que eu prefiro que nunca façam um filme sobre a vida do Renato Russo.
E para o pessoal do Espaço Unibanco Dragão do Mar: vamo consertar o ar condicionado da Sala 2, meu povo!
Ontem até que foi um Dia dos Namorados atípico. Não é todo ano que se arranja companhia para a tal noite, ainda que seja apenas um encontro passageiro. Mas vale pela lembrança boa que vai ficar.
Fomos ver CAZUZA - O TEMPO NÃO PÁRA, de Sandra Werneck e Walter Carvalho. Por falar em Walter Carvalho, o homem tá em todas, né? Agora, além de diretor de fotografia, ele está também assinando a direção com outras pessoas. Ele tinha feito isso antes com JANELA DA ALMA(2001). Quanto à Sandra, o melhor filme dela ainda é AMORES POSSÍVEIS(2001).
Sobre o filme do Cazuza, é bom em alguns aspectos. Se filme bom for aquele que prende a atenção até o final, então o filme da Sandra Werneck passou no teste. Mas CAZUZA é cheio de problemas. Tudo acontece muito rápido, os personagens passam como nuvens, não dando tempo para aprofundar. Acabam ficando os estereótipos: Cazuza é o filho mimado, Frejat é o amigo careta, Lucinha Araújo é a mãe pentelha e o Ezequiel Neves é uma bichona que adora se drogar. E a desculpa nem é porque não dá pra resumir metade da vida de um rockstar num filme de uma hora e meia, já que THE DOORS, do Oliver Stone é espetacular. Mas tudo bem. Não vamos comparar uma superprodução de Hollywood com um filme de orçamento bem inferior. É realmente uma tarefa difícil fazer cinebiografias.
Mesmo assim, a interpretação de Daniel Oliveira é digna de nota. O rapaz, além de muito bom ator, fica parecidíssimo com o Cazuza. Especialmente quando ele aparece magro e definhando. Talvez essas cenas sejam as melhores do filme. A melhor cena, a que mais emociona (ainda que não tenha causado lágrimas em mim) é aquela do Cazuza cantando "O Tempo Não Para". Essa canção tinha tudo a ver com o momento doloroso que o cantor estava vivendo, e ele depositava todas as suas poucas energias para os shows, já que cantava perto de um tubo de oxigênio. E eu me lembro do show da turnê desse disco. Eu vi quando passou na Rede Globo. Naquela época eu gostava pra caramba dele. E ele morreu no dia do meu aniversário: 07 de julho de 1990.
A escolha por um final bem pouco melodramático talvez até tenha sido acertada, mas, por outro lado, deixou o filme um pouco frio e distante. Por isso que eu prefiro que nunca façam um filme sobre a vida do Renato Russo.
E para o pessoal do Espaço Unibanco Dragão do Mar: vamo consertar o ar condicionado da Sala 2, meu povo!
sexta-feira, junho 11, 2004
SECRETÁRIA (Secretary)
Para o feriado de ontem aluguei o DVD de SECRETÁRIA (2002), filme que demorou tanto a chegar nos cinemas aqui da cidade, que acabou chegando em vídeo antes. Aconteceu com SUBMERSOS, A VINGANÇA DE WILLARD e acho que vai acontecer com TERRA DE SONHOS também.
O título não é daqueles que encantam, mas é um filme estranho com gente esquisita - característica que tem sido a marca desse novo cinema independente americano -, com uma história envolvente. Na trama, Maggie Gyllenhaal é uma moça recém-saída de um hospício. Ela tinha ido para o sanatório por causa dos hábitos de se cortar e de inflingir dor em si mesma. Ela não deixa os velhos hábitos, mas consegue um emprego de secretária no escritório do advogado interpretado por James Spader, que nesse filme tá com uma cara de maluco que só vendo. O advogado tem a mania de maltratar as suas secretárias.
Interessante que Spader já tem no histórico alguns bons papéis de pessoas sexualmente diferentes. Teve o travado sexualmente e doido por depoimentos picantes de SEXO, MENTIRAS E VIDEOTAPE (1989), o tarado por sexo associado a acidentes automobilísticos de CRASH (1996) e no ainda inédito FALANDO DE SEXO (2001) ele faz o papel de um psiquiatra bem heterodoxo. O cara tá se especializando.
Incrível como a Maggie fica sensual e bonita ao longo do filme. E ela nem tem uma beleza fotográfica. Acho que o sucesso do filme depende muito mais dela do que do Spader. Entre as performances de Maggie no filme, as cenas que eu mais gostei são a primeira cena das palmadas e aquela outra da exposição.
O clima do filme é meio estranho. Como se o romantismo doce se misturasse com o s&m amargo. Apesar dos elementos sado-masoquistas, o filme não deixa de ser uma história de amor. Poderia ser melhor, mas do jeito que ficou, no mínimo, é um filme difícil de se esquecer.
O DVD, apesar de estar em fullscreen, tá recheado de extras. Tem entrevistas com Spader, Maggie e o diretor Steven Shainberg, pequeno making of, trailer e comentários em áudio do diretor e da roteirista, legendados em português.
Para o feriado de ontem aluguei o DVD de SECRETÁRIA (2002), filme que demorou tanto a chegar nos cinemas aqui da cidade, que acabou chegando em vídeo antes. Aconteceu com SUBMERSOS, A VINGANÇA DE WILLARD e acho que vai acontecer com TERRA DE SONHOS também.
O título não é daqueles que encantam, mas é um filme estranho com gente esquisita - característica que tem sido a marca desse novo cinema independente americano -, com uma história envolvente. Na trama, Maggie Gyllenhaal é uma moça recém-saída de um hospício. Ela tinha ido para o sanatório por causa dos hábitos de se cortar e de inflingir dor em si mesma. Ela não deixa os velhos hábitos, mas consegue um emprego de secretária no escritório do advogado interpretado por James Spader, que nesse filme tá com uma cara de maluco que só vendo. O advogado tem a mania de maltratar as suas secretárias.
Interessante que Spader já tem no histórico alguns bons papéis de pessoas sexualmente diferentes. Teve o travado sexualmente e doido por depoimentos picantes de SEXO, MENTIRAS E VIDEOTAPE (1989), o tarado por sexo associado a acidentes automobilísticos de CRASH (1996) e no ainda inédito FALANDO DE SEXO (2001) ele faz o papel de um psiquiatra bem heterodoxo. O cara tá se especializando.
Incrível como a Maggie fica sensual e bonita ao longo do filme. E ela nem tem uma beleza fotográfica. Acho que o sucesso do filme depende muito mais dela do que do Spader. Entre as performances de Maggie no filme, as cenas que eu mais gostei são a primeira cena das palmadas e aquela outra da exposição.
O clima do filme é meio estranho. Como se o romantismo doce se misturasse com o s&m amargo. Apesar dos elementos sado-masoquistas, o filme não deixa de ser uma história de amor. Poderia ser melhor, mas do jeito que ficou, no mínimo, é um filme difícil de se esquecer.
O DVD, apesar de estar em fullscreen, tá recheado de extras. Tem entrevistas com Spader, Maggie e o diretor Steven Shainberg, pequeno making of, trailer e comentários em áudio do diretor e da roteirista, legendados em português.
quinta-feira, junho 10, 2004
OSAMA
Se OSAMA (2003) não pode ser visto como grande cinema, pelo menos podemos vê-lo como um filme de denúncia. Não dá pra querer que um país como o Afeganistão faça filmes muito sofisticados ou estilosos. Até o final do filme é meio brusco, como se tivesse sido finalizado às pressas, assim como também era o final de A CAMINHO DE KANDAHAR (2001), outro filme que retratava o sofrimento do povo afegão. Acho importante que filmes como esse sejam exibidos em todo mundo, já que o cinema é a forma de arte que melhor chance tem de ser mostrada em várias partes do mundo.
OSAMA é um pouco melhor que Kandahar. Livra-se logo no começo do personagem estrangeiro, o jornalista com câmera na mão, para se concentrar no drama da menina que se disfarça de menino para poder trabalhar e trazer comida para casa. A mãe era viúva, o pai morrera numa dessas ?guerras santas? promovidas por Bin Laden. O nome de Bin Laden é citado uma vez apenas no filme. Os grandes vilões do filme são os talibãs, fundamentalistas islâmicos imbecis que não permitem que as mulheres saiam sem usar as burcas, entre outras proibições e regras. Nem os pés das mulheres são permitidos ficar à mostra, para não excitar os homens.
Há no filme uma cena em que uma mulher é apedrejada, ainda que a cena não seja explicitamente mostrada. O apedrejamento é bem cruel: deixam a pessoa enterrada apenas com a cabeça de fora e dão início à chuva de pedras. Por falar em punições horríveis, dia desses recebi um e-mail com um vídeo de um homem sendo empalado. Uma coisa realmente horrível. E o pior é que a população assistia a tudo e cantava e batia palmas. Quantas coisas cruéis e vergonhosas têm sido feitas em nome da religião e da fé cega, hein?
OSAMA ganhou o Globo de Ouro de filme estrangeiro esse ano.
Se OSAMA (2003) não pode ser visto como grande cinema, pelo menos podemos vê-lo como um filme de denúncia. Não dá pra querer que um país como o Afeganistão faça filmes muito sofisticados ou estilosos. Até o final do filme é meio brusco, como se tivesse sido finalizado às pressas, assim como também era o final de A CAMINHO DE KANDAHAR (2001), outro filme que retratava o sofrimento do povo afegão. Acho importante que filmes como esse sejam exibidos em todo mundo, já que o cinema é a forma de arte que melhor chance tem de ser mostrada em várias partes do mundo.
OSAMA é um pouco melhor que Kandahar. Livra-se logo no começo do personagem estrangeiro, o jornalista com câmera na mão, para se concentrar no drama da menina que se disfarça de menino para poder trabalhar e trazer comida para casa. A mãe era viúva, o pai morrera numa dessas ?guerras santas? promovidas por Bin Laden. O nome de Bin Laden é citado uma vez apenas no filme. Os grandes vilões do filme são os talibãs, fundamentalistas islâmicos imbecis que não permitem que as mulheres saiam sem usar as burcas, entre outras proibições e regras. Nem os pés das mulheres são permitidos ficar à mostra, para não excitar os homens.
Há no filme uma cena em que uma mulher é apedrejada, ainda que a cena não seja explicitamente mostrada. O apedrejamento é bem cruel: deixam a pessoa enterrada apenas com a cabeça de fora e dão início à chuva de pedras. Por falar em punições horríveis, dia desses recebi um e-mail com um vídeo de um homem sendo empalado. Uma coisa realmente horrível. E o pior é que a população assistia a tudo e cantava e batia palmas. Quantas coisas cruéis e vergonhosas têm sido feitas em nome da religião e da fé cega, hein?
OSAMA ganhou o Globo de Ouro de filme estrangeiro esse ano.
terça-feira, junho 08, 2004
HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban)
Essa semana está curta por conta do feriado, mas está bem aperreada pra mim. Por isso, pra não deixar pra amanhã e começar a trabalhar no que eu tenho pra fazer daqui a pouco, vou comentar logo o filme que eu vi no fim de semana.
No domingo saí de casa com a intenção de ver OSAMA, mas como sou igual ao Woody Allen em ANNIE HALL, cheguei cinco minutos atrasado e não quis mais pegar uma fila pra comprar ingresso e me atrasar ainda mais. Estava pensando em deixar pra ver o terceiro HARRY POTTER quando os cinemas estivessem mais esvaziados, mas não ia querer voltar pra casa sem ver um filme sequer. Aí liguei pro amigo Zezão, que é leitor dos livros e ainda não tinha visto o filme, e parti pro North Shopping pra ver o filminho.
Eu diria, mesmo sem ter visto OSAMA, que eu fiz bom negócio em trocar um filme pelo outro. HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN é ótimo e cresce mais em minha mente à medida que penso nos melhores momentos. Nem parece aquele filminho burocrático e sem graça que foi o primeiro filme (não cheguei a ver o segundo). A ambientação já chama a atenção no começo e o filme adquire tons assustadores com os lobisomens que aparecem da escuridão.
Não é um filme perfeito, cansa um pouco lá pelo meio, mas a seqüência final é de tirar o chapéu, envolvendo lobisomens, bruxos, árvore assassina e viagem no tempo. Toda essa seqüência, assim como o início do filme, com silêncios maravilhosos, compensam qualquer falha que o filme possa ter de desenvolvimento de personagens e de buracos na trama.
A menina Hermione (Emma Watson) está uma gracinha agora que está crescendo (caramba, vi agora no IMDB que ela nasceu em 1990!). O garoto Daniel Radcliff que faz o Harry Potter hoje é um dos adolescentes mais ricos da Inglaterra ao lado de Charlotte Church.
Alfonso Cuarón se deu bem nessa super-produção e consegue expor o seu estilo mágico, já visto em A PRINCESINHA (1995) e GRANDES ESPERANÇAS (1998). Só não dá pra comparar muito com o road movie erótico E SUA MÃE TAMBÉM (2001), mas deve haver alguma coisa em comum, sei lá. Vi no IMDB que ele tem um filme feito no ano passado chamado CHILDREN OF MEN mas não há nenhuma outra informação no site. Nem elenco, nem plot, nem nada. Alguém sabe algo a respeito?
Essa semana está curta por conta do feriado, mas está bem aperreada pra mim. Por isso, pra não deixar pra amanhã e começar a trabalhar no que eu tenho pra fazer daqui a pouco, vou comentar logo o filme que eu vi no fim de semana.
No domingo saí de casa com a intenção de ver OSAMA, mas como sou igual ao Woody Allen em ANNIE HALL, cheguei cinco minutos atrasado e não quis mais pegar uma fila pra comprar ingresso e me atrasar ainda mais. Estava pensando em deixar pra ver o terceiro HARRY POTTER quando os cinemas estivessem mais esvaziados, mas não ia querer voltar pra casa sem ver um filme sequer. Aí liguei pro amigo Zezão, que é leitor dos livros e ainda não tinha visto o filme, e parti pro North Shopping pra ver o filminho.
Eu diria, mesmo sem ter visto OSAMA, que eu fiz bom negócio em trocar um filme pelo outro. HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN é ótimo e cresce mais em minha mente à medida que penso nos melhores momentos. Nem parece aquele filminho burocrático e sem graça que foi o primeiro filme (não cheguei a ver o segundo). A ambientação já chama a atenção no começo e o filme adquire tons assustadores com os lobisomens que aparecem da escuridão.
Não é um filme perfeito, cansa um pouco lá pelo meio, mas a seqüência final é de tirar o chapéu, envolvendo lobisomens, bruxos, árvore assassina e viagem no tempo. Toda essa seqüência, assim como o início do filme, com silêncios maravilhosos, compensam qualquer falha que o filme possa ter de desenvolvimento de personagens e de buracos na trama.
A menina Hermione (Emma Watson) está uma gracinha agora que está crescendo (caramba, vi agora no IMDB que ela nasceu em 1990!). O garoto Daniel Radcliff que faz o Harry Potter hoje é um dos adolescentes mais ricos da Inglaterra ao lado de Charlotte Church.
Alfonso Cuarón se deu bem nessa super-produção e consegue expor o seu estilo mágico, já visto em A PRINCESINHA (1995) e GRANDES ESPERANÇAS (1998). Só não dá pra comparar muito com o road movie erótico E SUA MÃE TAMBÉM (2001), mas deve haver alguma coisa em comum, sei lá. Vi no IMDB que ele tem um filme feito no ano passado chamado CHILDREN OF MEN mas não há nenhuma outra informação no site. Nem elenco, nem plot, nem nada. Alguém sabe algo a respeito?
domingo, junho 06, 2004
O FALCÃO DOS MARES (Captain Horatio Hornblower)
Raoul Walsh foi um dos grandes diretores de filmes de ação de Hollywood. E também um dos mais doidos. Eu até agora não acredito numa história contada no livro "Afinal, Quem Faz os Filmes", de Peter Bogdanovich. Segue um trecho do livro - vejam que loucura:
"Quando John Barrymoore morreu, Walsh foi ao necrotério, roubou o corpo e o carregou até a casa de outro amigo, Errol Flynn. Este, que também era muito íntimo de Barrymoore, voltou para casa tarde da noite, bêbado, e lá encontrou o companheiro, sentado no sofá à sua espera. 'Foi um susto dos diabos!', disse Walsh, rindo, no início dos anos 70, ao me contar a história, ocorrida na década de 40: 'Aquilo quase o fez parar de beber - quase.'"
Fora isso, o livro ainda conta a história de como ele perdeu o olho. Ele vinha dirigindo na estrada, quando um coelho avançou no pára-brisa do seu carro e o vidro cortou o olho dele. O pior é que com o tempo ele acabou ficando cego do outro olho. Mas ainda assim viveu até os 95 anos de idade.
Tem também a história de quando ele e John Ford estavam sentados num jantar chique, e Ford, que também usava tapa-olho, ficava reclamando do olho ruim que doía. Aí, Walsh pegou um garfo e disse: "Bem, vamos lá, Jack, deixe-me consertar isso e arrancar esse olho para você." John Ford ficou horrorizado e nunca mais reclamou de seu olho perto dele.
O livro conta muitas outras aventuras da vida de Walsh. Pena que a entrevista só cobre até o filme que ele fez em 1929, não cobre o período do cinema falado, que foi o seu auge. Mas é muito bom ler sobre o tempo que ele viajava de barco com o tio, depois virou cowboy, assistente de médico, até ser chamado pra atuar numa peça. Daí pro cinema foi um pulo.
O FALCÃO DOS MARES (1951) é uma de suas bem sucedidas aventuras. A história, assim como no recente MESTRE DOS MARES: O LADO MAIS DISTANTE DO MUNDO, de Peter Weir, se passa num navio da marinha britânica, na época das Guerras Napoleônicas. O capitão Horatio Hornblower do título é interpretado por Gregory Peck.
Comparando com o filme de Weir, senti falta de mais violência nesse filme do Walsh. Do jeito que ficou mal dá pra saber como é que os homens morrem durante as batalhas no mar contra outras embarcações. Os únicos personagens que são bem explorados são os de Peck, de seu par romântico, e de seus dois ajudantes no mar.
Uma cena de destaque do filme é quando o barco deles afunda e centenas de homens vão ao mar. O final do filme confirma que se trata de uma aventura despretensiosa e pra fazer o espectador se despedir do filme com um sorriso no rosto.
Quero ver mais filmes de Walsh, mas não sei quais estão disponíveis em vídeo. Sei que A GRANDE JORNADA (1930), o primeiro filme com John Wayne em papel central, foi lançado em DVD recentemente e que COMANDO NEGRO (1940) chegou a ser lançado em VHS pela Republic, na mesma época de JOHNNY GUITAR, de Nicholas Ray.
Raoul Walsh foi um dos grandes diretores de filmes de ação de Hollywood. E também um dos mais doidos. Eu até agora não acredito numa história contada no livro "Afinal, Quem Faz os Filmes", de Peter Bogdanovich. Segue um trecho do livro - vejam que loucura:
"Quando John Barrymoore morreu, Walsh foi ao necrotério, roubou o corpo e o carregou até a casa de outro amigo, Errol Flynn. Este, que também era muito íntimo de Barrymoore, voltou para casa tarde da noite, bêbado, e lá encontrou o companheiro, sentado no sofá à sua espera. 'Foi um susto dos diabos!', disse Walsh, rindo, no início dos anos 70, ao me contar a história, ocorrida na década de 40: 'Aquilo quase o fez parar de beber - quase.'"
Fora isso, o livro ainda conta a história de como ele perdeu o olho. Ele vinha dirigindo na estrada, quando um coelho avançou no pára-brisa do seu carro e o vidro cortou o olho dele. O pior é que com o tempo ele acabou ficando cego do outro olho. Mas ainda assim viveu até os 95 anos de idade.
Tem também a história de quando ele e John Ford estavam sentados num jantar chique, e Ford, que também usava tapa-olho, ficava reclamando do olho ruim que doía. Aí, Walsh pegou um garfo e disse: "Bem, vamos lá, Jack, deixe-me consertar isso e arrancar esse olho para você." John Ford ficou horrorizado e nunca mais reclamou de seu olho perto dele.
O livro conta muitas outras aventuras da vida de Walsh. Pena que a entrevista só cobre até o filme que ele fez em 1929, não cobre o período do cinema falado, que foi o seu auge. Mas é muito bom ler sobre o tempo que ele viajava de barco com o tio, depois virou cowboy, assistente de médico, até ser chamado pra atuar numa peça. Daí pro cinema foi um pulo.
O FALCÃO DOS MARES (1951) é uma de suas bem sucedidas aventuras. A história, assim como no recente MESTRE DOS MARES: O LADO MAIS DISTANTE DO MUNDO, de Peter Weir, se passa num navio da marinha britânica, na época das Guerras Napoleônicas. O capitão Horatio Hornblower do título é interpretado por Gregory Peck.
Comparando com o filme de Weir, senti falta de mais violência nesse filme do Walsh. Do jeito que ficou mal dá pra saber como é que os homens morrem durante as batalhas no mar contra outras embarcações. Os únicos personagens que são bem explorados são os de Peck, de seu par romântico, e de seus dois ajudantes no mar.
Uma cena de destaque do filme é quando o barco deles afunda e centenas de homens vão ao mar. O final do filme confirma que se trata de uma aventura despretensiosa e pra fazer o espectador se despedir do filme com um sorriso no rosto.
Quero ver mais filmes de Walsh, mas não sei quais estão disponíveis em vídeo. Sei que A GRANDE JORNADA (1930), o primeiro filme com John Wayne em papel central, foi lançado em DVD recentemente e que COMANDO NEGRO (1940) chegou a ser lançado em VHS pela Republic, na mesma época de JOHNNY GUITAR, de Nicholas Ray.
sexta-feira, junho 04, 2004
OS EXERCÍCIOS DE BUTTMAN (Buttman's Ultimate Workout)
E por que não falar de filme pornô aqui também? Da última vez que comentei sobre sexo explícito aqui foi o maior sucesso. Mas essa é a primeira vez que falo sobre um pornozão de verdade.
OS EXERCÍCIOS DE BUTTMAN (1990) foi um dos pornôs que mais marcaram pra mim. Nunca vi um vídeo com tanta carga erótica. John Stagliano, o Buttman, revolucionou o cinema pornográfico com seu personagem que anda com uma câmera procurando mulheres de bundas grandes e bonitas. A graça dos trabalhos de Stagliano é que ele não vai direto ao "entra e sai". Nos seus vídeos, há a paquera, a cantada, as preliminares que são bem mais excitantes do que closes de genitálias.
Foi com OS EXERCÍCIOS DE BUTTMAN que eu tive o primeiro contato com os seus vídeos. Foi a primeira vez que eu vi a maravilhosa holandesa Zara Whites, que tem um papel de destaque no filme. Ela é a moça que quer dar pro Rocco Sifredi e envia vídeos de performances suas para convencê-lo a transar com ela. Zara Whites depois iria aparecer ainda mais bela nos filmes de Andrew Blake, como A ANFITRIÃ DA CASA DOS SONHOS.
A maior bunda do filme é a de Talia James, que dizem, cometeu suicídio. Acho que devo ter lido uma nota sobre ela no antigo e saudoso Guia do Vídeo Erótico. Era com essa revista que eu me atualizava e fazia a peneira fina na escolha dos vídeos. Hoje estou totalmente por fora. A cena de Talia James é tão boa que foi incluída numa coletânea - The Best of Buttman. O próprio Stagliano não agüentou e depois de ver ela ser comida pelo amigo, fez questão de ir lá tirar uma casquinha. Segundo Stagliano, Talia gozou mesmo nessa cena.
Outra presença marcante no video é Alexandria Quinn, que hoje é a sra. Stagliano; hoje ambos são soro-positivos. Parece que o Stagliano pegou AIDS transando com um travesti brasileiro em São Paulo. Uma famosa namorada do Stagliano que morreu num desastre de carro foi Kristy Lynn. Ele chegou a dedicar um filme só pra ela, o SONHO MOLHADO DE BUTTMAN.
Nesse filme também vemos Madison Stone, uma menina sapeca que faria uma cena melhor ainda em NEW WAVE HOOKERS 2, dos irmãos Dark (outro vídeo antológico)
Entre as cenas de destaque, além da já citada cena de Talia James, há a cena "romântica", com jantar à luz de velas e tudo, de Rocco com Zara, e a cena da repórter adentrando a mansão de Rocco, enquanto Buttman filma os melhores ângulos. Até a trilha sonora é boa nessa cena.
Considero esse o melhor trabalho desse mestre da pornografia, ao lado de FACE DANCE (1992), um filme (filme mesmo, feito em película) bem mais luxuoso e com mais de quatro horas de duração que foi lançado aqui em duas fitas na época.
Consegui a fita original de OS EXERCÍCIOS DE BUTTMAN numa banca que vende fitas usadas e acabei levando. O meu vídeo rejeitou, por isso tive que fazer uma filtragem e gravação em outra fita. E deu certo. Beleza.
E por que não falar de filme pornô aqui também? Da última vez que comentei sobre sexo explícito aqui foi o maior sucesso. Mas essa é a primeira vez que falo sobre um pornozão de verdade.
OS EXERCÍCIOS DE BUTTMAN (1990) foi um dos pornôs que mais marcaram pra mim. Nunca vi um vídeo com tanta carga erótica. John Stagliano, o Buttman, revolucionou o cinema pornográfico com seu personagem que anda com uma câmera procurando mulheres de bundas grandes e bonitas. A graça dos trabalhos de Stagliano é que ele não vai direto ao "entra e sai". Nos seus vídeos, há a paquera, a cantada, as preliminares que são bem mais excitantes do que closes de genitálias.
Foi com OS EXERCÍCIOS DE BUTTMAN que eu tive o primeiro contato com os seus vídeos. Foi a primeira vez que eu vi a maravilhosa holandesa Zara Whites, que tem um papel de destaque no filme. Ela é a moça que quer dar pro Rocco Sifredi e envia vídeos de performances suas para convencê-lo a transar com ela. Zara Whites depois iria aparecer ainda mais bela nos filmes de Andrew Blake, como A ANFITRIÃ DA CASA DOS SONHOS.
A maior bunda do filme é a de Talia James, que dizem, cometeu suicídio. Acho que devo ter lido uma nota sobre ela no antigo e saudoso Guia do Vídeo Erótico. Era com essa revista que eu me atualizava e fazia a peneira fina na escolha dos vídeos. Hoje estou totalmente por fora. A cena de Talia James é tão boa que foi incluída numa coletânea - The Best of Buttman. O próprio Stagliano não agüentou e depois de ver ela ser comida pelo amigo, fez questão de ir lá tirar uma casquinha. Segundo Stagliano, Talia gozou mesmo nessa cena.
Outra presença marcante no video é Alexandria Quinn, que hoje é a sra. Stagliano; hoje ambos são soro-positivos. Parece que o Stagliano pegou AIDS transando com um travesti brasileiro em São Paulo. Uma famosa namorada do Stagliano que morreu num desastre de carro foi Kristy Lynn. Ele chegou a dedicar um filme só pra ela, o SONHO MOLHADO DE BUTTMAN.
Nesse filme também vemos Madison Stone, uma menina sapeca que faria uma cena melhor ainda em NEW WAVE HOOKERS 2, dos irmãos Dark (outro vídeo antológico)
Entre as cenas de destaque, além da já citada cena de Talia James, há a cena "romântica", com jantar à luz de velas e tudo, de Rocco com Zara, e a cena da repórter adentrando a mansão de Rocco, enquanto Buttman filma os melhores ângulos. Até a trilha sonora é boa nessa cena.
Considero esse o melhor trabalho desse mestre da pornografia, ao lado de FACE DANCE (1992), um filme (filme mesmo, feito em película) bem mais luxuoso e com mais de quatro horas de duração que foi lançado aqui em duas fitas na época.
Consegui a fita original de OS EXERCÍCIOS DE BUTTMAN numa banca que vende fitas usadas e acabei levando. O meu vídeo rejeitou, por isso tive que fazer uma filtragem e gravação em outra fita. E deu certo. Beleza.
quinta-feira, junho 03, 2004
NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO (C'Eravamo Tanto Amati)
Acho uma ironia que o filme mais famoso de Ettore Scola seja um dos que mais envelheceram dentre os seus vários trabalhos. Talvez o filme tenha mais a dizer para a geração que viveu os anos 60 e 70 do que para aqueles que não viveram os anos da ditadura ou não têm muita intimidade com os pensamentos de esquerda. Scola voltaria à temática socialista e sua repercussão na vida das pessoas em MARIO, MARIA E MARIO (1993).
NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO (1974) em alguns momentos parece um filme de Fellini - há até uma homenagem ao clássico A DOCE VIDA, com participação especial de Marcelo Mastroianni e do próprio Fellini. Talvez por causa dessa semelhança eu não tenha gostado tanto desse filme quanto gostei de outros trabalhos de Scola, com narrativas um pouco mais lineares e convencionais.
Senti falta de um personagem com quem me identificar. Nem o personagem de Nino Manfredi (o enfermeiro) nem o de Vitorio Gassman (o milionário) me causaram sequer simpatia. Muito menos o personagem de Stefano Satta Flores (o jornalista cinéfilo), que é apresentado como um cara meio ruim da cabeça. A melhor coisa é mesmo Stefania Sandrelli, que com a sua voz sensual e a sua beleza justificam o interesse dos três marmanjos. Inclusive, a melhor parte do filme é a seqüência inicial em preto e branco, justamente a parte que mostra a juventude dos personagens, acentuando a beleza de Stefania. Depois, o filme vai ficando sem graça.
Dentre os filmes de Scola, o meu preferido continua sendo UM DIA MUITO ESPECIAL (1977), com o envolvente relacionamento entre Marcelo Mastroianni e Sophia Loren. E olha que o filme é narrado quase em tempo real e tem muita conversa. Tenho pouca lembrança de OS NOVOS MONSTROS (1977), filme em episódios co-dirigido por Dino Risi e Mario Monicelli, mas quando vi a fita há muito tempo lembro de ter adorado. Lembro que tinha a Ornella Muti, linda de morrer. Ela também aparece maravilhosa e mais madura em A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (1991), ao lado da jovem Emmanuelle Béart. Boas lembranças desses filmes. Queria revê-los, principalmente OS NOVOS MONSTROS.
Segue meu Top 10 Scola:
1. UM DIA MUITO ESPECIAL (1977)
2. OS NOVOS MONSTROS (1977)
3. A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (1991)
4. CONCORRÊNCIA DESLEAL (2001)
5. FEIOS, SUJOS E MALVADOS (1976)
6. CASANOVA E A REVOLUÇÃO (1982)
7. PAIXÃO DE AMOR (1981)
8. NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO (1974)
9. ROCCO PAPALEO (1971)
10. O JANTAR (1998)
Acho uma ironia que o filme mais famoso de Ettore Scola seja um dos que mais envelheceram dentre os seus vários trabalhos. Talvez o filme tenha mais a dizer para a geração que viveu os anos 60 e 70 do que para aqueles que não viveram os anos da ditadura ou não têm muita intimidade com os pensamentos de esquerda. Scola voltaria à temática socialista e sua repercussão na vida das pessoas em MARIO, MARIA E MARIO (1993).
NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO (1974) em alguns momentos parece um filme de Fellini - há até uma homenagem ao clássico A DOCE VIDA, com participação especial de Marcelo Mastroianni e do próprio Fellini. Talvez por causa dessa semelhança eu não tenha gostado tanto desse filme quanto gostei de outros trabalhos de Scola, com narrativas um pouco mais lineares e convencionais.
Senti falta de um personagem com quem me identificar. Nem o personagem de Nino Manfredi (o enfermeiro) nem o de Vitorio Gassman (o milionário) me causaram sequer simpatia. Muito menos o personagem de Stefano Satta Flores (o jornalista cinéfilo), que é apresentado como um cara meio ruim da cabeça. A melhor coisa é mesmo Stefania Sandrelli, que com a sua voz sensual e a sua beleza justificam o interesse dos três marmanjos. Inclusive, a melhor parte do filme é a seqüência inicial em preto e branco, justamente a parte que mostra a juventude dos personagens, acentuando a beleza de Stefania. Depois, o filme vai ficando sem graça.
Dentre os filmes de Scola, o meu preferido continua sendo UM DIA MUITO ESPECIAL (1977), com o envolvente relacionamento entre Marcelo Mastroianni e Sophia Loren. E olha que o filme é narrado quase em tempo real e tem muita conversa. Tenho pouca lembrança de OS NOVOS MONSTROS (1977), filme em episódios co-dirigido por Dino Risi e Mario Monicelli, mas quando vi a fita há muito tempo lembro de ter adorado. Lembro que tinha a Ornella Muti, linda de morrer. Ela também aparece maravilhosa e mais madura em A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (1991), ao lado da jovem Emmanuelle Béart. Boas lembranças desses filmes. Queria revê-los, principalmente OS NOVOS MONSTROS.
Segue meu Top 10 Scola:
1. UM DIA MUITO ESPECIAL (1977)
2. OS NOVOS MONSTROS (1977)
3. A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (1991)
4. CONCORRÊNCIA DESLEAL (2001)
5. FEIOS, SUJOS E MALVADOS (1976)
6. CASANOVA E A REVOLUÇÃO (1982)
7. PAIXÃO DE AMOR (1981)
8. NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO (1974)
9. ROCCO PAPALEO (1971)
10. O JANTAR (1998)
quarta-feira, junho 02, 2004
VIDOCQ
VIDOCQ (2001) é um exemplar desse novo cinema francês, mais ligado ao visual e aos filmes de ação do que ao verbo e aos dramas psicológicos. E por visual entenda-se fotografia estilosa e direção de arte caprichada. Nem sempre o resultado é bom: é possível encontrar filmes de alto nível como PACTO DOS LOBOS (2001), de Christopher Gans, e outros nem tão bons assim como DOBERMANN (1997), de Jan Kounen .
O Vidocq do título é interpretado por Gerard Depardieu. Pena que ele aparece pouco no filme. O personagem foi inspirado num investigador criminal que viveu na França no século XIX. Só que o filme não se preocupou em falar sobre o verdadeiro Vidocq, mas criou uma ficção inspirada nos quadrinhos, com direito a super-vilão de primeira. O vilão é uma das melhores coisas do filme. Ele tem super-poderes e usa uma máscara que reflete o rosto das vítimas quando elas estão sendo assassinadas.
A história começa com a morte de Vidocq pelo vilão e prossegue a partir da investigação de um sujeito que diz ser o biógrafo de Vidocq. Ele pretende descobrir quem é o assassino do investigador. Aí alguns flashbacks ajudam a contar pedaços da história de Vidocq, a partir dos entrevistados. O problema é que o filme vai ficando chato lá pelo meio e só melhora de novo no final quando somos surpreendidos com uma revelação bombástica.
É um filme que mereceria ser visto no cinema por conta das imagens impressionantes, mas parece que nenhuma distribuidora se interessou e nem em DVD o filme chegou no Brasil ainda.
O diretor de VIDOCQ - Pitof - mal começou e já se deu mal. Depois de sua estréia bem sucedida na França, foi convidado para dirigir o filme da Mulher-Gato em Hollywood. Aquele com a Hale Berry de fantasia sado-masô. Só pelas fotos de divulgação do filme todo mundo está apostando que vai ser uma bomba. A própria Hale Berry já tá querendo esquecer que fez o filme.
Filme visto em divx.
VIDOCQ (2001) é um exemplar desse novo cinema francês, mais ligado ao visual e aos filmes de ação do que ao verbo e aos dramas psicológicos. E por visual entenda-se fotografia estilosa e direção de arte caprichada. Nem sempre o resultado é bom: é possível encontrar filmes de alto nível como PACTO DOS LOBOS (2001), de Christopher Gans, e outros nem tão bons assim como DOBERMANN (1997), de Jan Kounen .
O Vidocq do título é interpretado por Gerard Depardieu. Pena que ele aparece pouco no filme. O personagem foi inspirado num investigador criminal que viveu na França no século XIX. Só que o filme não se preocupou em falar sobre o verdadeiro Vidocq, mas criou uma ficção inspirada nos quadrinhos, com direito a super-vilão de primeira. O vilão é uma das melhores coisas do filme. Ele tem super-poderes e usa uma máscara que reflete o rosto das vítimas quando elas estão sendo assassinadas.
A história começa com a morte de Vidocq pelo vilão e prossegue a partir da investigação de um sujeito que diz ser o biógrafo de Vidocq. Ele pretende descobrir quem é o assassino do investigador. Aí alguns flashbacks ajudam a contar pedaços da história de Vidocq, a partir dos entrevistados. O problema é que o filme vai ficando chato lá pelo meio e só melhora de novo no final quando somos surpreendidos com uma revelação bombástica.
É um filme que mereceria ser visto no cinema por conta das imagens impressionantes, mas parece que nenhuma distribuidora se interessou e nem em DVD o filme chegou no Brasil ainda.
O diretor de VIDOCQ - Pitof - mal começou e já se deu mal. Depois de sua estréia bem sucedida na França, foi convidado para dirigir o filme da Mulher-Gato em Hollywood. Aquele com a Hale Berry de fantasia sado-masô. Só pelas fotos de divulgação do filme todo mundo está apostando que vai ser uma bomba. A própria Hale Berry já tá querendo esquecer que fez o filme.
Filme visto em divx.