domingo, junho 06, 2004

O FALCÃO DOS MARES (Captain Horatio Hornblower)



Raoul Walsh foi um dos grandes diretores de filmes de ação de Hollywood. E também um dos mais doidos. Eu até agora não acredito numa história contada no livro "Afinal, Quem Faz os Filmes", de Peter Bogdanovich. Segue um trecho do livro - vejam que loucura:

"Quando John Barrymoore morreu, Walsh foi ao necrotério, roubou o corpo e o carregou até a casa de outro amigo, Errol Flynn. Este, que também era muito íntimo de Barrymoore, voltou para casa tarde da noite, bêbado, e lá encontrou o companheiro, sentado no sofá à sua espera. 'Foi um susto dos diabos!', disse Walsh, rindo, no início dos anos 70, ao me contar a história, ocorrida na década de 40: 'Aquilo quase o fez parar de beber - quase.'"

Fora isso, o livro ainda conta a história de como ele perdeu o olho. Ele vinha dirigindo na estrada, quando um coelho avançou no pára-brisa do seu carro e o vidro cortou o olho dele. O pior é que com o tempo ele acabou ficando cego do outro olho. Mas ainda assim viveu até os 95 anos de idade.

Tem também a história de quando ele e John Ford estavam sentados num jantar chique, e Ford, que também usava tapa-olho, ficava reclamando do olho ruim que doía. Aí, Walsh pegou um garfo e disse: "Bem, vamos lá, Jack, deixe-me consertar isso e arrancar esse olho para você." John Ford ficou horrorizado e nunca mais reclamou de seu olho perto dele.

O livro conta muitas outras aventuras da vida de Walsh. Pena que a entrevista só cobre até o filme que ele fez em 1929, não cobre o período do cinema falado, que foi o seu auge. Mas é muito bom ler sobre o tempo que ele viajava de barco com o tio, depois virou cowboy, assistente de médico, até ser chamado pra atuar numa peça. Daí pro cinema foi um pulo.

O FALCÃO DOS MARES (1951) é uma de suas bem sucedidas aventuras. A história, assim como no recente MESTRE DOS MARES: O LADO MAIS DISTANTE DO MUNDO, de Peter Weir, se passa num navio da marinha britânica, na época das Guerras Napoleônicas. O capitão Horatio Hornblower do título é interpretado por Gregory Peck.

Comparando com o filme de Weir, senti falta de mais violência nesse filme do Walsh. Do jeito que ficou mal dá pra saber como é que os homens morrem durante as batalhas no mar contra outras embarcações. Os únicos personagens que são bem explorados são os de Peck, de seu par romântico, e de seus dois ajudantes no mar.

Uma cena de destaque do filme é quando o barco deles afunda e centenas de homens vão ao mar. O final do filme confirma que se trata de uma aventura despretensiosa e pra fazer o espectador se despedir do filme com um sorriso no rosto.

Quero ver mais filmes de Walsh, mas não sei quais estão disponíveis em vídeo. Sei que A GRANDE JORNADA (1930), o primeiro filme com John Wayne em papel central, foi lançado em DVD recentemente e que COMANDO NEGRO (1940) chegou a ser lançado em VHS pela Republic, na mesma época de JOHNNY GUITAR, de Nicholas Ray.

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