terça-feira, agosto 17, 2021
AMOR MODERNO – SEGUNDA TEMPORADA (Modern Love – Season Two)
Como havia gostado bastante da primeira temporada (2019) de MODERN LOVE, fiquei logo animado quando soube que neste mês de agosto estrearia a segunda (2021), também contando com alguns episódios dirigidos por John Carney, que também é o criador da série-antologia. Para quem não lembra, Carney é aquele cara que encantou muita gente com o drama musical APENAS UMA VEZ (2007), e depois foi seguindo caminhos igualmente belos, envolvendo música e relacionamentos, como foi o caso de MESMO SE NADA DER CERTO (2013) e SING STREET – MÚSICA E SONHO (2016). Sua marca transparece nos episódios que dirige em MODERN LOVE.
"On a Serpentine Road, with the Top Down"
Esta segunda temporada começou me fazendo chorar. Acho que, como se trata de uma história sobre apego e a memórias, vai encontrar abrigo fácil nos corações de cancerianos. Na história, Minnie Driver é uma médica que está no segundo casamento e tem um apego especial a um carro que costuma deixá-la na mão com frequência. Como estão passando por aperto financeiro em casa o marido sugere a venda do veículo. Eu fiquei com o coração na mão com a perspectiva da venda e isso se acentua ainda mais quando percebemos os motivos, a partir de flashbacks. Direção: John Carney.
"The Night Girl Finds a Day Boy"
O segundo episódio tem mais uma característica de história de amor convencional, do tipo “boy meets girl”. Mas há uma questão que diferencia a história de tantas outras. A garota (Zoe Chao) tem uma condição de saúde que faz com que ela só consiga viver à noite e durma durante o dia, enquanto o rapaz (Gbenga Akinnagbe) tem uma vida, digamos, normal. Isso acaba afetando de certa forma o relacionamento. Acho bonito o modo como a personagem de Zoe olha para a noite como um momento especial, poético. Como sou uma pessoa notívaga, rolou um pouco de identificação. Mas só um pouco. Direção: Jesse Peretz.
"Strangers on a (Dublin) Train"
Carney retorna aqui com a sensibilidade habitual, mas lembrando mais a leveza de filmes como MESMO SE NADA DER CERTO, especialmente numa cena envolvendo música no trem. Há uma diferença grande entre este, mais leve e engraçado, e o primeiro, mais direcionado ao luto. Aqui, rapaz (Kit Harington) e moça (Lucy Boynton) se conhecem em um trem, se gostam, se conectam, e fazem um pacto semelhante ao de um famoso filme. O tom cômico permeia a narrativa e há espaço até para brincadeiras metalinguísticas, como citação a GAME OF THRONES. Gosto tanto da tensão para o reencontro, quanto das escolhas de Carney para a conclusão, de modo a fugir do clichê. E ainda apresentar uma história que se passa no início da pandemia do Coronavírus. Miranda Richardson aparece com o peso da idade, no papel da mãe da garota. Direção: John Carney
"A Life Plan for Two, Followed by One"
O mais fraco dos episódios até agora, este aqui trata da relação de amizade entre um rapaz latino e uma moça negra desde a infância até o high school (e depois). Ela é apaixonada por ele; ele a tem como amiga. É um tipo de situação que certamente já aconteceu com muita gente e pode gerar identificação. Mas acredito que tenha faltado capacidade de nos solidarizar com os personagens. De positivo, tem a diversidade racial que comparece com certa naturalidade ao longo da narrativa. Direção: Martha Cunningham.
"Am I...? Maybe This Quiz Will Tell Me"
Belo coming of age sobre garota (Lulu Wilson, jovem atriz presente em vários títulos de horror) que tem uma quase certeza de que é lésbica. Conhece uma menina na escola por quem se apaixona e começa a aproveitar os momentos e possibilidades de estar junto dela. Como todo filme feito que aborda essa idade na vida, há sempre os momentos de falta de jeito em como lidar com aquilo que é tão novo, e há também, felizmente aqui, os momentos de alegria. Este episódio me pareceu mais compacto que os demais, mas talvez seja a boa edição. Direção: Logan George e Celine Held
"In the Waiting Room of Estranged Spouses"
Talvez o episódio mais comum no que se refere a histórias de amor. Por mais que não seja tão comum assim haver "troca de casal" no meio de uma separação. Muito da força deste episódio está nos seus protagonistas. Gosto muito de Anna Paquin, com quem tive um relacionamento de cinco anos, e seu parceiro de cena, Garrett Hedlund. Ambos se encontram no mesmo consultório de psicanálise para tratar dos traumas da separação de seus respectivos casamentos - isso na verdade é mesmo fora do comum - e começam um relacionamento bem agradável de acompanhar. Não tem nada de tão brilhante no episódio, mas sua simplicidade encanta. Direção: John Crowley
"How Do You Remember Me?"
Como aconteceu na primeira temporada, quando a atriz Emmy Rossum foi convidada para dirigir um dos episódios desta série-antologia (o meu favorito da temporada passada, inclusive), aqui temos Andrew Rannells, mais conhecido como o ator que faz o amigo das meninas da série GIRLS, dirigindo justamente uma história sobre um caso de amor (rápido, mas marcante) entre dois jovens homens. A força deste episódio está em saber lidar com a questão da memória, o quanto ela pode nos trair ou transformar momentos a partir de fragmentos que utilizamos. Quase todo o episódio é construído de flashbacks dúbios, o que não deixa de ser muito interessante para tratar da noção de verdade, mas também, claro, da noite inesquecível dos dois rapazes. Direção: Andrew Rannells.
"A Second Embrace, with Hearts and Eyes Open”
Como já é de se esperar, quando vemos o nome de John Carney nos créditos de abertura como diretor, este episódio de despedida da segunda temporada é bastante sensível. Temos a história de uma tentativa de reativação de um casamento, depois de anos da separação. A indicada ao Oscar Sophie Okonedo é uma mãe que anda um pouco cansada e se sente quase uma fraude no papel de mãe dedicada. Ao mesmo tempo, o pai das crianças (Tobias Menzes) começa a se tornar cada vez mais presente, atencioso e dedicado com as duas meninas que os dois tiveram no relacionamento. Como se trata de um episódio com um momento de virada, é melhor não falar muita coisa a respeito para não estragar as surpresas. Além do mais, adorei terem terminado com uma canção linda de Neil Young que tem tudo a ver com o tema do episódio: "Only love can break your heart"." Direção: John Carney.
Agradecimentos à Paula pela companhia ao longo dos episódios.
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