SAMSARA (The Samsara)
Depois de uma sessão frustrada de S.W.A.T. , melhor esquecer o filme por um momento e falar de um filme que em vez de nos deixar ainda mais vazios do que quando entramos na sala, nos enche de satisfação e de emoção.
Apesar do andamento lento do filme, acredito que ele agradaria a mais audiências que se propusessem a vê-lo, e não apenas ao público típico do Espaço Unibanco. O filme tem uma fotografia linda. Sem falar que SAMSARA é bem sensual, com boas mas sutis cenas de sexo. (Há uma cena em especial que todo mundo vai sentir vontade de experimentar um dia com alguém.) Pra completar, o filme tem um final tão emocionante que é difícil conter as lágrimas.
SAMSARA (2001), de Pan Nalin, é uma produção indiana/alemã sobre jovem monge budista, que depois de passar três anos, três meses e três dias meditando, volta para o seu mosteiro. Para se ter uma idéia de como ele estava depois de todo esse período de meditação, basta dizer que suas mãos pareciam as do Zé do Caixão, com unhas enormes e os seus cabelos e barbas bem crescidos. No entanto, ao voltar para o mosteiro, ele se vê tendo sonhos eróticos e excitando-se ao ver partes do corpo feminino, o que preocupou os seus colegas e os seus mestres, que acharam melhor que ele tomasse uma decisão. Numa de suas andanças, ele conhece uma mulher por quem ele se apaixona. Essa mulher muda a sua vida, apresenta pra ele prazeres que ele até então desconhecia.
Há também uma curiosidade quase antropológica por culturas diferentes da nossa que pode ser saciada no filme. O cinema pode proporcionar um pouco disso e até que barato. Bom mesmo seria podermos viajar sempre que quiséssemos, pra qualquer lugar do mundo que tivéssemos vontade. Eu por exemplo, gostaria de saber qual o gosto daquela comida que aquele povo come.
O final pode causar polêmica ou até indignação, mas o que eu achei importante, entre outras coisas, foi poder analisar o ponto de vista da mulher. Ela que tem mais sabedoria instintiva nas coisas da vida. Como se fosse mais desse mundo do que o homem, sempre desorientado, sempre querendo fugir, sempre querendo mais, ou não querendo nada.
Ao entrar no cinema, entrei meio estressado, ainda por causa da rotina de trabalho durante a semana e também por causa do corre-corre pra não chegar atrasado à sessão. Ao sair da sala, depois de me deixar levar pelo espírito “zen” do filme, saí olhando para as coisas e para as pessoas com outros olhos. Tudo parecia estar diferente, como se eu tivesse experimentado uma droga ou algo do tipo. E eu acho que não botaram nada na latinha de Coca-Cola.
domingo, novembro 30, 2003
sexta-feira, novembro 28, 2003
ESPERANDO 'KILL BILL'
Enquanto um dos filmes mais aguardados do ano não chega aqui no Brasil, lendo ontem um interessante artigo sobre KILL BILL, soube que o macacão usado pela Uma Thurman no filme é igualzinho ao que o Bruce Lee usou em BRUCE LEE NO JOGO DA MORTE (1978), e que as seqüências de animação do filme de Tarantino foram feitas pela equipe de BLOOD: THE LAST VAMPIRE (2000). Como eu estava com esses dois filmes em casa, fiquei mais animado para assistí-los. O do Bruce Lee faz tempo que eu tinha gravado da Globo e precisava de um empurrãozinho pra vê-lo. Comento abaixo os dois filmes.
BLOOD: THE LAST VAMPIRE
Vamos começar pelo melhor. BLOOD: THE LAST VAMPIRE é uma das animações mais impressionantes que eu já vi. Fiquei admirado com a qualidade da coisa. A animação além de ser estilosa e parecer bem diferente dos tradicionais animes, ainda há o uso lindo de CGI e de seqüências que parecem fotografias.
A história se passa numa base americana no Japão em 1966. A trama é meio confusa e cheio de mistério, o que já nem é novidade em anime, mas o mais importante a gente sabe: Saya é uma vampira, a última restante, que participa de um projeto secreto que tem o objetivo de aniquilar os demônios que estão no planeta, disfarçados de humanos. Esse enredo é bem parecido com o da série VAMPIRE PRINCESS MIYU, que eu vi recentemente. Mas além de ser muito melhor desenhado, BLOOD tem litros de sangue espirrando estilosamente. Deu pra perceber porque Tarantino escolheu os animadores desse filme para o seu KILL BILL. Inclusive, a tal vampira usa uma espada muito parecida com a que Uma aparece em algumas das fotos divulgadas.
Muita gente reclama da duração do filme. Realmente, do jeito que está, com apenas 48 minutos, parece um piloto de uma série de tv. Mas acho que se as pessoas reclamam que ele é curto demais é porque estavam gostando, não é mesmo?? Logo, acaba sendo um elogio dizer que a série é curta. Heheh.
Nos comentários no IMDB, vi alguém falando do inglês muito explicadinho do filme. Eu como não sou tão bom assim nas habilidades de "listening", acabei gostando bastante de ouvir e entender direitinho os diálogos sem precisar de legendas.
Eu diria que é um filme imperdível. Fico agradecido ao Renato, que disponibilizou pra mim uma cópia em divx muito boa. (Thanx again, fella!!)
BRUCE LEE NO JOGO DA MORTE (Game of Death)
Robert Clouse, o mesmo diretor de OPERAÇÃO DRAGÃO (1973) dirige esse filme meia-boca do Bruce Lee. Bruce Lee era mais ou menos como o Elvis, um cara talentoso que se metia em projetos "barca-furada" e com as pessoas erradas. Esse Robert Clouse não tem a menor criatividade em filmar cenas de luta ou de qualquer tipo. O filme está muito datado, envelheceu demais.
Talvez se Tarantino fosse mais velho quando viu esse filme pela primeira vez, ele não gostasse tanto assim. Como ele nasceu em 1963 e o filme é de 1978, fazendo as contas ele deve ter visto o filme quando tinha apenas 15 ou 16 anos. Aí o filme deve ter ficado como lembrança carinhosa nas memórias de bom fã de cinema pop que ele é. Tenho certeza que ele é muito mais cineasta e muito mais criativo do que a maioria das pessoas que ele homenageia. Sem querer desmerecer, é claro, Sonny Chiba, os Shaw Bros e David Carradine, que eu nem conheço direito pra estar falando. Hehehe.
Na trama contada de maneira tosca e edição horrível, Bruce Lee é um astro de cinema que finge a própria morte através de um acidente nas filmagens para fugir de um sindicato do crime. Ele é dado como morto, mas ainda assim pretende se vingar dos bandidos, que acabam mexendo com sua namorada. As várias seqüências de luta no final são meio forçadas no meio da história, mas o curioso mesmo é a luta com o negão de mais de dois metros. O cara era um gigante. Heheheh.. A luta com o Chuck Norris é só no começo do filme e nem dá pra ter um gostinho de ver ele "chutando a bunda" do Chuck. É muito rápida. A história da cirurgia que ele sofre no rosto também é uma falha, já que o médico diz que ele vai ficar diferente mas ele acaba ficando do mesmo jeito e usa uma barba pra se disfarçar. Hehehhee.. Que canalhice! E o que é aquele final?? Parece até filme pornô, que termina com uma gozada e pronto. Comparando com os filmes mais recentes de Hong Kong de gente boa como Jackie Chan, Tsui Hark, Ringo Lam, Jet Li e cia, esses filmes do Bruce Lee não são grande coisa não.
Enquanto um dos filmes mais aguardados do ano não chega aqui no Brasil, lendo ontem um interessante artigo sobre KILL BILL, soube que o macacão usado pela Uma Thurman no filme é igualzinho ao que o Bruce Lee usou em BRUCE LEE NO JOGO DA MORTE (1978), e que as seqüências de animação do filme de Tarantino foram feitas pela equipe de BLOOD: THE LAST VAMPIRE (2000). Como eu estava com esses dois filmes em casa, fiquei mais animado para assistí-los. O do Bruce Lee faz tempo que eu tinha gravado da Globo e precisava de um empurrãozinho pra vê-lo. Comento abaixo os dois filmes.
BLOOD: THE LAST VAMPIRE
Vamos começar pelo melhor. BLOOD: THE LAST VAMPIRE é uma das animações mais impressionantes que eu já vi. Fiquei admirado com a qualidade da coisa. A animação além de ser estilosa e parecer bem diferente dos tradicionais animes, ainda há o uso lindo de CGI e de seqüências que parecem fotografias.
A história se passa numa base americana no Japão em 1966. A trama é meio confusa e cheio de mistério, o que já nem é novidade em anime, mas o mais importante a gente sabe: Saya é uma vampira, a última restante, que participa de um projeto secreto que tem o objetivo de aniquilar os demônios que estão no planeta, disfarçados de humanos. Esse enredo é bem parecido com o da série VAMPIRE PRINCESS MIYU, que eu vi recentemente. Mas além de ser muito melhor desenhado, BLOOD tem litros de sangue espirrando estilosamente. Deu pra perceber porque Tarantino escolheu os animadores desse filme para o seu KILL BILL. Inclusive, a tal vampira usa uma espada muito parecida com a que Uma aparece em algumas das fotos divulgadas.
Muita gente reclama da duração do filme. Realmente, do jeito que está, com apenas 48 minutos, parece um piloto de uma série de tv. Mas acho que se as pessoas reclamam que ele é curto demais é porque estavam gostando, não é mesmo?? Logo, acaba sendo um elogio dizer que a série é curta. Heheh.
Nos comentários no IMDB, vi alguém falando do inglês muito explicadinho do filme. Eu como não sou tão bom assim nas habilidades de "listening", acabei gostando bastante de ouvir e entender direitinho os diálogos sem precisar de legendas.
Eu diria que é um filme imperdível. Fico agradecido ao Renato, que disponibilizou pra mim uma cópia em divx muito boa. (Thanx again, fella!!)
BRUCE LEE NO JOGO DA MORTE (Game of Death)
Robert Clouse, o mesmo diretor de OPERAÇÃO DRAGÃO (1973) dirige esse filme meia-boca do Bruce Lee. Bruce Lee era mais ou menos como o Elvis, um cara talentoso que se metia em projetos "barca-furada" e com as pessoas erradas. Esse Robert Clouse não tem a menor criatividade em filmar cenas de luta ou de qualquer tipo. O filme está muito datado, envelheceu demais.
Talvez se Tarantino fosse mais velho quando viu esse filme pela primeira vez, ele não gostasse tanto assim. Como ele nasceu em 1963 e o filme é de 1978, fazendo as contas ele deve ter visto o filme quando tinha apenas 15 ou 16 anos. Aí o filme deve ter ficado como lembrança carinhosa nas memórias de bom fã de cinema pop que ele é. Tenho certeza que ele é muito mais cineasta e muito mais criativo do que a maioria das pessoas que ele homenageia. Sem querer desmerecer, é claro, Sonny Chiba, os Shaw Bros e David Carradine, que eu nem conheço direito pra estar falando. Hehehe.
Na trama contada de maneira tosca e edição horrível, Bruce Lee é um astro de cinema que finge a própria morte através de um acidente nas filmagens para fugir de um sindicato do crime. Ele é dado como morto, mas ainda assim pretende se vingar dos bandidos, que acabam mexendo com sua namorada. As várias seqüências de luta no final são meio forçadas no meio da história, mas o curioso mesmo é a luta com o negão de mais de dois metros. O cara era um gigante. Heheheh.. A luta com o Chuck Norris é só no começo do filme e nem dá pra ter um gostinho de ver ele "chutando a bunda" do Chuck. É muito rápida. A história da cirurgia que ele sofre no rosto também é uma falha, já que o médico diz que ele vai ficar diferente mas ele acaba ficando do mesmo jeito e usa uma barba pra se disfarçar. Hehehhee.. Que canalhice! E o que é aquele final?? Parece até filme pornô, que termina com uma gozada e pronto. Comparando com os filmes mais recentes de Hong Kong de gente boa como Jackie Chan, Tsui Hark, Ringo Lam, Jet Li e cia, esses filmes do Bruce Lee não são grande coisa não.
quarta-feira, novembro 26, 2003
ABEL FERRARA EM DOIS FILMES
Vi poucos filmes do Abel Ferrara. Mas vontade não falta de ver todos os seus trabalhos. Um que eu tenho especial vontade de ver é SEDUÇÃO E VINGANÇA (1981) sobre jovem muda que é estuprada e parte pra vingança. Também quero rever um dia aquele filme que ele fez com a Madonna e o Keitel.
Comento a seguir rapidamente dois filmes que vi recentemente desse americano cheirador de coca (essa foi pesada, hein?).
O REI DE NOVA YORK (King of New York)
Comprei o dvd desse filme por 5 pilas numa banca de revista. Uma pechincha, já que a qualidade tá boa e em wide. Confesso que eu julguei mal Christopher Walken, falei que o cara era canastrão, mas isso foi por desconhecimento de causa. Eu ainda não tinha visto esse filme de 1990 em que Walken é um chefão do crime que não tá nem aí. Ele mata os inimigos, paga fiança dos bandidos amigos, mata traficantes pra ficar com o negócio (mais ou menos como acontece em CIDADE DE DEUS). A melhor performance dele que eu já vi. O filme tem um elenco notável: além de Walken, David Caruso, Wesley Snipes, Laurence Fishburne e Steve Buscemi. O final é bem violento. Um filme macho. Definitivamente.
Infelizmente já está com alguns dias que eu vi o filme e minha memória não é lá grande coisa. Mas é coisa fina, isso eu sei.
O GLADIADOR (The Gladiator)
Lembram do Ken Wahl que nos anos 80 fez aquela série O HOMEM DA MÁFIA?? Aquela que passava na Globo depois do Fantástico?? (Tô ficando velho, mesmo. Hehhee). Pois bem. Ele é o protagonista desse filme bem anos 80 feito para a tv pelo Ferrara. O GLADIADOR não tem muitas características de um filme do Ferrara - seja lá o que isso significa -, mas é diversão competente. Quem gosta de DESEJO DE MATAR, deve curtir esse filme também.
Na história, Ken Wahl é um cara que é vítima de um motorista assassino. Ele sobrevive ao incidente, mas o seu irmão mais novo morre. Ele decide, então, punir as pessoas que não se comportam bem no trânsito, dirigem bêbadas etc, e pássa a se autointitular "o gladiador". Ele transforma a sua picape numa máquina de dar e levar porrada. Enquanto isso, o motorista assassino continua atacando.
No elenco, Nancy Allen, ex-esposa do Brian DePalma, com aquele visual anos 80, no papel de radialista.
Um bom texto sobre as obsessões de Ferrara aqui.
Vi poucos filmes do Abel Ferrara. Mas vontade não falta de ver todos os seus trabalhos. Um que eu tenho especial vontade de ver é SEDUÇÃO E VINGANÇA (1981) sobre jovem muda que é estuprada e parte pra vingança. Também quero rever um dia aquele filme que ele fez com a Madonna e o Keitel.
Comento a seguir rapidamente dois filmes que vi recentemente desse americano cheirador de coca (essa foi pesada, hein?).
O REI DE NOVA YORK (King of New York)
Comprei o dvd desse filme por 5 pilas numa banca de revista. Uma pechincha, já que a qualidade tá boa e em wide. Confesso que eu julguei mal Christopher Walken, falei que o cara era canastrão, mas isso foi por desconhecimento de causa. Eu ainda não tinha visto esse filme de 1990 em que Walken é um chefão do crime que não tá nem aí. Ele mata os inimigos, paga fiança dos bandidos amigos, mata traficantes pra ficar com o negócio (mais ou menos como acontece em CIDADE DE DEUS). A melhor performance dele que eu já vi. O filme tem um elenco notável: além de Walken, David Caruso, Wesley Snipes, Laurence Fishburne e Steve Buscemi. O final é bem violento. Um filme macho. Definitivamente.
Infelizmente já está com alguns dias que eu vi o filme e minha memória não é lá grande coisa. Mas é coisa fina, isso eu sei.
O GLADIADOR (The Gladiator)
Lembram do Ken Wahl que nos anos 80 fez aquela série O HOMEM DA MÁFIA?? Aquela que passava na Globo depois do Fantástico?? (Tô ficando velho, mesmo. Hehhee). Pois bem. Ele é o protagonista desse filme bem anos 80 feito para a tv pelo Ferrara. O GLADIADOR não tem muitas características de um filme do Ferrara - seja lá o que isso significa -, mas é diversão competente. Quem gosta de DESEJO DE MATAR, deve curtir esse filme também.
Na história, Ken Wahl é um cara que é vítima de um motorista assassino. Ele sobrevive ao incidente, mas o seu irmão mais novo morre. Ele decide, então, punir as pessoas que não se comportam bem no trânsito, dirigem bêbadas etc, e pássa a se autointitular "o gladiador". Ele transforma a sua picape numa máquina de dar e levar porrada. Enquanto isso, o motorista assassino continua atacando.
No elenco, Nancy Allen, ex-esposa do Brian DePalma, com aquele visual anos 80, no papel de radialista.
Um bom texto sobre as obsessões de Ferrara aqui.
terça-feira, novembro 25, 2003
PORCO ROSSO (Kurenai No Buta)
Mais um filme de Hayao Miyazaki que eu tive o prazer de conferir. Na verdade, é o que eu menos gostei dos filmes desse diretor. Mesmo assim, PORCO ROSSO tem muitas qualidades e alguns personagens que encantam. O filme conta a história de um homem com cabeça de porco que é um ás nos céus. Ele trabalha como caçador de recompensas na Itália da Primeira Guerra Mundial. Só depois de algum tempo é que a gente fica sabendo que ele era um homem normal até se tornar um porco através de uma espécie de maldição. Saber disso tira um pouco da estranheza de ver um porco num ambiente próximo do real. Esse é provavelmente o filme mais realista de Miyazaki, que sempre dá asas à imaginação e põe montes de criaturas estranhas em seus filmes.
Mais uma vez ele mostra sua obsessão por aviões e pelo céu. Há inclusive uma cena que remete à NAUSICAA OF THE VALLEY OF THE WINDS em que o avião decola: a animação é tão boa que dá até pra sentir um frio na barriga.
O personagem do Porco só conquistou a minha simpatia depois de metade do filme. Isso graças à gracinha da personagem da alegre e encantadora Fio, uma garota de 17 anos que reconstrói o avião dele. Os piratas atrapalhados representam o lado cômico do filme e o chefe deles lembra bastante o Brutus do desenho do Popeye, o que eu diria que não é uma coisa muito boa pra se lembrar.
Consegui o filme em divx através do amigo Fábio Ribeiro. Com isso, ficam faltando apenas quatro longas para o cinema dirigidos pelo Miyazaki que ainda não vi: THE CASTLE OF CAGLIOSTRO (1979), MEU VIZINHO TOTORO (1988), KIKI'S DELIVERY SERVICE(1989) e ON YOUR MARK (1995).
E agora já posso arriscar um top 5 Miyazaki:
1. LAPUTA: O CASTELO NOS CÉUS (1986)
2. NAUSICAA OF THE VALLEY OF THE WINDS (1984)
3. A VIAGEM DE CHIHIRO (2001)
4. PRINCESS MONONOKE (1997)
5. PORCO ROSSO (1992)
Mais um filme de Hayao Miyazaki que eu tive o prazer de conferir. Na verdade, é o que eu menos gostei dos filmes desse diretor. Mesmo assim, PORCO ROSSO tem muitas qualidades e alguns personagens que encantam. O filme conta a história de um homem com cabeça de porco que é um ás nos céus. Ele trabalha como caçador de recompensas na Itália da Primeira Guerra Mundial. Só depois de algum tempo é que a gente fica sabendo que ele era um homem normal até se tornar um porco através de uma espécie de maldição. Saber disso tira um pouco da estranheza de ver um porco num ambiente próximo do real. Esse é provavelmente o filme mais realista de Miyazaki, que sempre dá asas à imaginação e põe montes de criaturas estranhas em seus filmes.
Mais uma vez ele mostra sua obsessão por aviões e pelo céu. Há inclusive uma cena que remete à NAUSICAA OF THE VALLEY OF THE WINDS em que o avião decola: a animação é tão boa que dá até pra sentir um frio na barriga.
O personagem do Porco só conquistou a minha simpatia depois de metade do filme. Isso graças à gracinha da personagem da alegre e encantadora Fio, uma garota de 17 anos que reconstrói o avião dele. Os piratas atrapalhados representam o lado cômico do filme e o chefe deles lembra bastante o Brutus do desenho do Popeye, o que eu diria que não é uma coisa muito boa pra se lembrar.
Consegui o filme em divx através do amigo Fábio Ribeiro. Com isso, ficam faltando apenas quatro longas para o cinema dirigidos pelo Miyazaki que ainda não vi: THE CASTLE OF CAGLIOSTRO (1979), MEU VIZINHO TOTORO (1988), KIKI'S DELIVERY SERVICE(1989) e ON YOUR MARK (1995).
E agora já posso arriscar um top 5 Miyazaki:
1. LAPUTA: O CASTELO NOS CÉUS (1986)
2. NAUSICAA OF THE VALLEY OF THE WINDS (1984)
3. A VIAGEM DE CHIHIRO (2001)
4. PRINCESS MONONOKE (1997)
5. PORCO ROSSO (1992)
PALAVRAS AO VENTO (Written on the Wind)
O único filme que eu tinha visto de Douglas Sirk era SUBLIME OBSESSÃO (1954), que é um puta dum novelão. Grande melodrama. Na história, um playboy mimado (Rock Hudson) provoca um acidente que deixa cega a mulher que ele ama. Ele, então, volta a estudar medicina, na tentativa de trazer de volta a visão da mulher. Meus amigos, essa história é de arrepiar, de provocar lágrimas sofridas (como diriam os Los Hermanos).
PALAVRAS AO VENTO (1956), que é um dos mais famosos filmes do mestre dos melodramas, não tem o mesmo potencial dramático, apesar de ter todos aqueles elementos do grande drama. Dizem que o Sirk é o culpado pelo surgimento das telenovelas. Mas a diferença é que Sirk fazia grande cinema também. Talvez não existisse Almodóvar, se não fosse por esse diretor ousado.
Sirk dizia que há uma distância muito pequena entre grande arte e lixo, e lixo que contém loucura se aproxima da arte. Seus personagens são mesmo loucos, como se a vida fosse um tormento e cheia de urgência. Em PALAVRAS AO VENTO, Rock Hudson é apaixonado por Lauren Bacall, mulher do seu melhor amigo, Robert Stack. Este, por sua vez, sofre de alcoolismo e ainda tem uma irmã (Dorothy Malone) que é ninfomaníaca e apaixonada por Hudson. Todo mundo parece estar desesperado no filme e a música acentua a todo instante esse momento de desespero.
Hoje em dia praticamente não existe mais diretores como Sirk, especialista em melodramas. Todd Haynes fez um melodrama competente, LONGE DO PARAÍSO, mas a intenção era de homenagear Sirk e o resultado ficou um pouco artificial. Talvez apenas Almodóvar, que cá pra nós pode até ter ultrapassado o seu mestre em genialidade e inspiração, vide a obra-prima FALE COM ELA (2002). Se bem que com esse filme, Almodóvar ganhou um nível de sofisticação maior, mais depurado. Sirk não tinha essa intenção, de ser tão sutil. Talvez o filme de Almodóvar que mais se aproxima de um Sirk seja A FLOR DO MEU SEGREDO (1995), que é um filme que se despe do humor dos trabalhos anteriores e ganha em dramaticidade exacerbada.
Comparando PALAVRAS AO VENTO com SUBLIME OBSESSÃO, fico com este último pela maior capacidade de mexer com os nossos sentimentos. Mas estou doido pra ver mais filmes do Sirk. E haja filme dele ainda pra ver: SINFONIA PRATEADA, CHAMAS QUE NÃO SE APAGAM, HERANÇA SAGRADA, MULHER DE FOGO, TUDO QUE O CÉU PERMITE, DESEJO ATROZ, ALMAS MACULADAS, AMAR OU MORRER, IMITAÇÃO DA VIDA. Infelizmente tudo ainda inédito em vhs e dvd no Brasil.
Bem que a Classic Line poderia lançar mais filmes dele. Ou então outra distribuidora. A edição americana em dvd de TUDO QUE O CÉU PERMITE(1956), por exemplo, vem com extras bacanas, incluindo dois documentários.
O único filme que eu tinha visto de Douglas Sirk era SUBLIME OBSESSÃO (1954), que é um puta dum novelão. Grande melodrama. Na história, um playboy mimado (Rock Hudson) provoca um acidente que deixa cega a mulher que ele ama. Ele, então, volta a estudar medicina, na tentativa de trazer de volta a visão da mulher. Meus amigos, essa história é de arrepiar, de provocar lágrimas sofridas (como diriam os Los Hermanos).
PALAVRAS AO VENTO (1956), que é um dos mais famosos filmes do mestre dos melodramas, não tem o mesmo potencial dramático, apesar de ter todos aqueles elementos do grande drama. Dizem que o Sirk é o culpado pelo surgimento das telenovelas. Mas a diferença é que Sirk fazia grande cinema também. Talvez não existisse Almodóvar, se não fosse por esse diretor ousado.
Sirk dizia que há uma distância muito pequena entre grande arte e lixo, e lixo que contém loucura se aproxima da arte. Seus personagens são mesmo loucos, como se a vida fosse um tormento e cheia de urgência. Em PALAVRAS AO VENTO, Rock Hudson é apaixonado por Lauren Bacall, mulher do seu melhor amigo, Robert Stack. Este, por sua vez, sofre de alcoolismo e ainda tem uma irmã (Dorothy Malone) que é ninfomaníaca e apaixonada por Hudson. Todo mundo parece estar desesperado no filme e a música acentua a todo instante esse momento de desespero.
Hoje em dia praticamente não existe mais diretores como Sirk, especialista em melodramas. Todd Haynes fez um melodrama competente, LONGE DO PARAÍSO, mas a intenção era de homenagear Sirk e o resultado ficou um pouco artificial. Talvez apenas Almodóvar, que cá pra nós pode até ter ultrapassado o seu mestre em genialidade e inspiração, vide a obra-prima FALE COM ELA (2002). Se bem que com esse filme, Almodóvar ganhou um nível de sofisticação maior, mais depurado. Sirk não tinha essa intenção, de ser tão sutil. Talvez o filme de Almodóvar que mais se aproxima de um Sirk seja A FLOR DO MEU SEGREDO (1995), que é um filme que se despe do humor dos trabalhos anteriores e ganha em dramaticidade exacerbada.
Comparando PALAVRAS AO VENTO com SUBLIME OBSESSÃO, fico com este último pela maior capacidade de mexer com os nossos sentimentos. Mas estou doido pra ver mais filmes do Sirk. E haja filme dele ainda pra ver: SINFONIA PRATEADA, CHAMAS QUE NÃO SE APAGAM, HERANÇA SAGRADA, MULHER DE FOGO, TUDO QUE O CÉU PERMITE, DESEJO ATROZ, ALMAS MACULADAS, AMAR OU MORRER, IMITAÇÃO DA VIDA. Infelizmente tudo ainda inédito em vhs e dvd no Brasil.
Bem que a Classic Line poderia lançar mais filmes dele. Ou então outra distribuidora. A edição americana em dvd de TUDO QUE O CÉU PERMITE(1956), por exemplo, vem com extras bacanas, incluindo dois documentários.
segunda-feira, novembro 24, 2003
O PESO DA ÁGUA (The Weight of Water)
A primeira coisa que chama a atenção nesse filme é a sensualidade e a beleza exuberante de Elizabeth Hurley. Sem ela, esse ótimo filme de Kathryn Bigelow seria menos brilhante. Ela eclipsa até o Sean Penn. O PESO DA ÁGUA (2000) conta duas histórias de diferentes épocas que se alternam e se mesclam. O tempo presente traz o poeta vivido por Sean Penn acompanhando sua mulher, a fotógrafa Catherine McCormack (de JOGO DE ESPIÕES), na investigação de um duplo assassinato ocorrido em 1873. Eles estão à bordo de um barco. Além do casal, estão os amigos Josh Lucas (de HULK) e Elizabeth Hurley (o diabo de ENDIABRADO).
A química entre os quatro entra em ebulição por causa do comportamento provocante de Liz Hurley, da atração que Sean Penn sente por ela e do ciúme da esposa. Liz Hurley é um vulcão nesse filme. A cena em que ela passa gelo no corpo enquanto toma sol de top less é de alta voltagem. (Grande Hugh Grant! Será que ele dá conta? Hehehe)
A trama contada simultaneamente a essa é a história da personagem da ótima Sarah Polley (de O DOCE AMANHÃ), que vive com o marido no tempo em que os EUA ainda estavam se formando. Interessante que essa parte do filme, o filme de época, é menos interessante no começo, mas vai se tornando mais interessante que a história contemporânea do meio para o final. Principalmente quando as revelações vão aparecendo, detalhes do passado dos personagens vêm à tona e o filme ganha ares trágicos e violentos.
Kathryn Bigelow mostra mais uma vez vigor na direção. Ela é talvez a melhor diretora de Hollywood da atualidade. Por mais que Truffaut tenha dito uma vez que cinema é arte de mulher, isto é, de atriz. Não há porque não possa ser arte de diretora também. CAÇADORES DE AVENTURAS (1991) e ESTRANHOS PRAZERES (1995) são ótimos. Ainda não vi K-19: THE WIDOWMAKER (2002). Aquela cara antipática do Harrison Ford acabou me afastando do filme. Mas um dia eu vejo.
A primeira coisa que chama a atenção nesse filme é a sensualidade e a beleza exuberante de Elizabeth Hurley. Sem ela, esse ótimo filme de Kathryn Bigelow seria menos brilhante. Ela eclipsa até o Sean Penn. O PESO DA ÁGUA (2000) conta duas histórias de diferentes épocas que se alternam e se mesclam. O tempo presente traz o poeta vivido por Sean Penn acompanhando sua mulher, a fotógrafa Catherine McCormack (de JOGO DE ESPIÕES), na investigação de um duplo assassinato ocorrido em 1873. Eles estão à bordo de um barco. Além do casal, estão os amigos Josh Lucas (de HULK) e Elizabeth Hurley (o diabo de ENDIABRADO).
A química entre os quatro entra em ebulição por causa do comportamento provocante de Liz Hurley, da atração que Sean Penn sente por ela e do ciúme da esposa. Liz Hurley é um vulcão nesse filme. A cena em que ela passa gelo no corpo enquanto toma sol de top less é de alta voltagem. (Grande Hugh Grant! Será que ele dá conta? Hehehe)
A trama contada simultaneamente a essa é a história da personagem da ótima Sarah Polley (de O DOCE AMANHÃ), que vive com o marido no tempo em que os EUA ainda estavam se formando. Interessante que essa parte do filme, o filme de época, é menos interessante no começo, mas vai se tornando mais interessante que a história contemporânea do meio para o final. Principalmente quando as revelações vão aparecendo, detalhes do passado dos personagens vêm à tona e o filme ganha ares trágicos e violentos.
Kathryn Bigelow mostra mais uma vez vigor na direção. Ela é talvez a melhor diretora de Hollywood da atualidade. Por mais que Truffaut tenha dito uma vez que cinema é arte de mulher, isto é, de atriz. Não há porque não possa ser arte de diretora também. CAÇADORES DE AVENTURAS (1991) e ESTRANHOS PRAZERES (1995) são ótimos. Ainda não vi K-19: THE WIDOWMAKER (2002). Aquela cara antipática do Harrison Ford acabou me afastando do filme. Mas um dia eu vejo.
O JÚRI (Runaway Jury)
Não pretendia ver esse filme no fim de semana. Mas conversando com o Renato por icq no sábado, ele me fala que o filme é muito bom, quase ótimo. Resultado: lá vou eu gastar os dez pila que eu tinha guardado pra cortar o cabelo ("Eu resisto a tudo, menos às tentações", como dizia Oscar Wilde). Por sorte, o filme é mesmo muito bom. E olha que eu não curto muito esses filmes de advogado, tribunal etc.
Já está sendo comum os filmes atuais virem com montes de cortes e planos rápidos para dar mais dinamismo a certos filmes. Isso é especialmente importante em filmes em que a ação se concentra principalmente em ambientes de trabalho entre quatro paredes. Ainda assim, O JÚRI ainda apresenta um par de seqüências de ação física muito bom.
O filme começa com aquela tradicional rotina americana, sempre apresentada de maneira estressante, como se todo mundo chegasse no trabalho muito atrasado e as gentilezas são puramente para se cumprir o protocolo. Essa rotina de país feliz (mas estressante) é ameaçada com um tiroteio na companhia. Um homem é assassinado.
Esse é o ponto de partida para um filme que pretende focar a atenção mais nos jurados do que nos advogados. Nesse filme, é mais importante para o veredito final um júri de anônimos do que a habilidade dos advogados. Não deixa de ser curioso o processo de escolha dos jurados e a manipulação que ocorre entre os grupos interessados. Nesse caso, o que há é uma disputa entre os donos da fábrica de armas responsável indireta pela morte do homem no início do filme e a esposa da vítima, que requer uma indenização pelo ocorrido. Com toda essa discussão bastante atual (vide os filmes TIROS EM COLUMBINE e ELEFANTE), fiquei me perguntando se os familiares das vítimas do massacre em Columbine receberam alguma indenização da indústria armamentícia. Alguém sabe me dizer se isso ocorreu??
O elenco do filme é ótimo. Gene Hackman como o chefão da indústria de armas, que se utiliza de métodos pouco honestos para conseguir o que quer; John Cusack, como um jurado com grande habilidade de influenciar as pessoas; Rachel Weisz (belíssima) como a namorada dele; Dustin Hoffman, como o advogado da vítima.
O JÚRI é o melhor que eu vi da lista de filmes baseados em livros de John Grisham. A FIRMA (1993), O DOSSIÊ PELICANO (1993), O CLIENTE (1994), O SEGREDO (1996) e TEMPO DE MATAR (1996) são apenas filmes medianos de advogados. Se bem que o último me agradou pelo tema polêmico.
Soube no blog do Renato, que o livro de Grisham no qual O JÚRI é baseado é sobre a indústria de fumo, e não a indústria de armas. Ótima mudança. Ponto positivo pro filme.
Outra coisa: fiquei admirado em encontrar a sala de cinema lotada no Iguatemi pra ver um "filme de advocacia". Foi o maior público que eu encontrei naquele multiplex. Nem em blockbusters como EXTERMINADOR DO FUTURO 3, eu vi tanta gente lá.
Não pretendia ver esse filme no fim de semana. Mas conversando com o Renato por icq no sábado, ele me fala que o filme é muito bom, quase ótimo. Resultado: lá vou eu gastar os dez pila que eu tinha guardado pra cortar o cabelo ("Eu resisto a tudo, menos às tentações", como dizia Oscar Wilde). Por sorte, o filme é mesmo muito bom. E olha que eu não curto muito esses filmes de advogado, tribunal etc.
Já está sendo comum os filmes atuais virem com montes de cortes e planos rápidos para dar mais dinamismo a certos filmes. Isso é especialmente importante em filmes em que a ação se concentra principalmente em ambientes de trabalho entre quatro paredes. Ainda assim, O JÚRI ainda apresenta um par de seqüências de ação física muito bom.
O filme começa com aquela tradicional rotina americana, sempre apresentada de maneira estressante, como se todo mundo chegasse no trabalho muito atrasado e as gentilezas são puramente para se cumprir o protocolo. Essa rotina de país feliz (mas estressante) é ameaçada com um tiroteio na companhia. Um homem é assassinado.
Esse é o ponto de partida para um filme que pretende focar a atenção mais nos jurados do que nos advogados. Nesse filme, é mais importante para o veredito final um júri de anônimos do que a habilidade dos advogados. Não deixa de ser curioso o processo de escolha dos jurados e a manipulação que ocorre entre os grupos interessados. Nesse caso, o que há é uma disputa entre os donos da fábrica de armas responsável indireta pela morte do homem no início do filme e a esposa da vítima, que requer uma indenização pelo ocorrido. Com toda essa discussão bastante atual (vide os filmes TIROS EM COLUMBINE e ELEFANTE), fiquei me perguntando se os familiares das vítimas do massacre em Columbine receberam alguma indenização da indústria armamentícia. Alguém sabe me dizer se isso ocorreu??
O elenco do filme é ótimo. Gene Hackman como o chefão da indústria de armas, que se utiliza de métodos pouco honestos para conseguir o que quer; John Cusack, como um jurado com grande habilidade de influenciar as pessoas; Rachel Weisz (belíssima) como a namorada dele; Dustin Hoffman, como o advogado da vítima.
O JÚRI é o melhor que eu vi da lista de filmes baseados em livros de John Grisham. A FIRMA (1993), O DOSSIÊ PELICANO (1993), O CLIENTE (1994), O SEGREDO (1996) e TEMPO DE MATAR (1996) são apenas filmes medianos de advogados. Se bem que o último me agradou pelo tema polêmico.
Soube no blog do Renato, que o livro de Grisham no qual O JÚRI é baseado é sobre a indústria de fumo, e não a indústria de armas. Ótima mudança. Ponto positivo pro filme.
Outra coisa: fiquei admirado em encontrar a sala de cinema lotada no Iguatemi pra ver um "filme de advocacia". Foi o maior público que eu encontrei naquele multiplex. Nem em blockbusters como EXTERMINADOR DO FUTURO 3, eu vi tanta gente lá.
domingo, novembro 23, 2003
O TEMPO DE CADA UM (Personal Velocity: Three Portraits)
Esse final de semana está sendo produtivo em matéria de filmes. Os filmes estão todos bons (ou ótimos) até agora. Ontem fui ver O TEMPO DE CADA UM, o novo filme de Rebecca Miller, de ANGELA: NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO (1995). Apesar de ser um filme contendo três histórias, há surpreendentemente uma regularidade no conjunto. Só o fato de ser um filme escrito, dirigido e interpretado por mulheres, já merece uma certa atenção, já que são poucos os filmes sobre o universo feminino e que sejam escritos e dirigidos também por mulheres. Os filmes que mais acertaram (se é que acertaram mesmo) em mostrar o universo feminino nas telas foram dirigidos por homens. Temos o caso dos filmes de Almodóvar, dos dois trabalhos de Rodrigo Garcia e do recente DEIXE-ME VIVER.
O filme de Rebecca Miller é dividido em três histórias. Há a história da mulher que apanha do marido e foge de casa (Kyra Sedwick); da mulher que é casada com um marido exemplar e tem sucesso profissional, mas que não sabe lidar com a ambição e com a fidelidade (Parker Posey); e a história da mulher que se descobre grávida e fica sem rumo, sem saber pra onde ir (Fairuza Balk).
As personagens apresentadas no filme são bem convincentes e reais. Kyra Sedwick era uma mulher que gostava de se sentir poderosa; gostava, por exemplo, de masturbar rapazes para se sentir com o poder. Até que se deu mal, se casando com um cara violento. A seqüência em que ele a pega pelo cabelo e a câmera dá uma parada, lembra demais OS BONS COMPANHEIROS (1990), do Scorsese. Destaque para a linda garota que interpreta a mesma personagem quando jovem.
Mas a parte do filme que eu mais gostei foi ver de novo Parker Posey, bonita, sexy e de pernas maravilhosas. A personagem dela é encantadora, apesar de não ser bem o modelo ideal de pessoa com quem você vai querer se casar. Não pelo jeito, mas pelas atitudes.
A história de Fairuza Balk é a mais maluca, onde coisas menos rotineiras acontecem para fazer despertar o instinto materno da moça. Com certeza, ela vai aprender muito com a experiência que teve com um garoto a quem deu carona.
Um detalhe interessante do filme - realizado em câmera digital - é o fato de ter um narrador homem, contando a história como se estivesse lendo um livro pra gente. Esse é o lado “literário” do filme, o que pode deixar algumas pessoas meio cismadas, achando que o filme não é grande cinema. O que eu sei é que eu gostei.
Esse final de semana está sendo produtivo em matéria de filmes. Os filmes estão todos bons (ou ótimos) até agora. Ontem fui ver O TEMPO DE CADA UM, o novo filme de Rebecca Miller, de ANGELA: NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO (1995). Apesar de ser um filme contendo três histórias, há surpreendentemente uma regularidade no conjunto. Só o fato de ser um filme escrito, dirigido e interpretado por mulheres, já merece uma certa atenção, já que são poucos os filmes sobre o universo feminino e que sejam escritos e dirigidos também por mulheres. Os filmes que mais acertaram (se é que acertaram mesmo) em mostrar o universo feminino nas telas foram dirigidos por homens. Temos o caso dos filmes de Almodóvar, dos dois trabalhos de Rodrigo Garcia e do recente DEIXE-ME VIVER.
O filme de Rebecca Miller é dividido em três histórias. Há a história da mulher que apanha do marido e foge de casa (Kyra Sedwick); da mulher que é casada com um marido exemplar e tem sucesso profissional, mas que não sabe lidar com a ambição e com a fidelidade (Parker Posey); e a história da mulher que se descobre grávida e fica sem rumo, sem saber pra onde ir (Fairuza Balk).
As personagens apresentadas no filme são bem convincentes e reais. Kyra Sedwick era uma mulher que gostava de se sentir poderosa; gostava, por exemplo, de masturbar rapazes para se sentir com o poder. Até que se deu mal, se casando com um cara violento. A seqüência em que ele a pega pelo cabelo e a câmera dá uma parada, lembra demais OS BONS COMPANHEIROS (1990), do Scorsese. Destaque para a linda garota que interpreta a mesma personagem quando jovem.
Mas a parte do filme que eu mais gostei foi ver de novo Parker Posey, bonita, sexy e de pernas maravilhosas. A personagem dela é encantadora, apesar de não ser bem o modelo ideal de pessoa com quem você vai querer se casar. Não pelo jeito, mas pelas atitudes.
A história de Fairuza Balk é a mais maluca, onde coisas menos rotineiras acontecem para fazer despertar o instinto materno da moça. Com certeza, ela vai aprender muito com a experiência que teve com um garoto a quem deu carona.
Um detalhe interessante do filme - realizado em câmera digital - é o fato de ter um narrador homem, contando a história como se estivesse lendo um livro pra gente. Esse é o lado “literário” do filme, o que pode deixar algumas pessoas meio cismadas, achando que o filme não é grande cinema. O que eu sei é que eu gostei.
sexta-feira, novembro 21, 2003
PEQUENOS ESPIÕES 3-D (Spy Kids 3-D: Game Over)
Ontem fui alugar dois DVDs (levei PALAVRAS AO VENTO, do Sirk, e O PESO DA ÁGUA, da Kathryn Bigelow) na King Video e aproveitei pra dar uma passadinha no Shopping Aldeota e, de repente, ir ver PEQUENOS ESPIÕES 3D se a fila não tivesse grande. Chegando lá, fila não tinha. A sala estava até um pouco vazia e estava até imaginando que eu iria ver o filme sozinho e ficar me sentindo meio estúpido com aqueles óculos coloridos. Hehhe..
Na verdade, eu só fui mesmo ver esse filme por causa dos efeitos 3D que, dessa vez, funcionaram mesmo. Lembro que tive uma única experiência assim vendo um filme do Freddy Krueger e não fiquei satisfeito com o resultado. Dessa vez, a ilusão é mais convincente, apesar de às vezes os óculos incomodarem um pouco, além de deixarem a vista cansada. A imagem às vezes fica meio embaçada, mas deve ser assim mesmo.
O filme em si, sem os efeitos, não seria tão interessante. A história é bem bobinha e o Stallone e o Clooney estão bem canastrões. Mas acho que é proposital. Chega a incomodar o descuido com que Rodriguez realizou esse filme. Já tinha sentido um pouco essa sensação com o segundo filme, mas dessa vez a preocupação ficou mesmo na elaboração dos efeitos. Estes, em alguns momentos, são tão legais que a gente deixa de prestar atenção na história (era essa a intenção, right?) pra ficar olhando as coisas que vem em nossa direção, ou se divertindo com a cena do skate - a mais legal. Essa cena é uma montanha russa. Com a vantagem que eu não sinto ânsia de vômito. Hehehhe.
No final do filme, há uma participação especial de certo ator de uma conhecida trilogia, além dos poucos erros de gravação durante os créditos. É diversão despretenciosa. Quanto aos efeitos 3D, talvez não voltem mais tão cedo em outro filme.
Ontem fui alugar dois DVDs (levei PALAVRAS AO VENTO, do Sirk, e O PESO DA ÁGUA, da Kathryn Bigelow) na King Video e aproveitei pra dar uma passadinha no Shopping Aldeota e, de repente, ir ver PEQUENOS ESPIÕES 3D se a fila não tivesse grande. Chegando lá, fila não tinha. A sala estava até um pouco vazia e estava até imaginando que eu iria ver o filme sozinho e ficar me sentindo meio estúpido com aqueles óculos coloridos. Hehhe..
Na verdade, eu só fui mesmo ver esse filme por causa dos efeitos 3D que, dessa vez, funcionaram mesmo. Lembro que tive uma única experiência assim vendo um filme do Freddy Krueger e não fiquei satisfeito com o resultado. Dessa vez, a ilusão é mais convincente, apesar de às vezes os óculos incomodarem um pouco, além de deixarem a vista cansada. A imagem às vezes fica meio embaçada, mas deve ser assim mesmo.
O filme em si, sem os efeitos, não seria tão interessante. A história é bem bobinha e o Stallone e o Clooney estão bem canastrões. Mas acho que é proposital. Chega a incomodar o descuido com que Rodriguez realizou esse filme. Já tinha sentido um pouco essa sensação com o segundo filme, mas dessa vez a preocupação ficou mesmo na elaboração dos efeitos. Estes, em alguns momentos, são tão legais que a gente deixa de prestar atenção na história (era essa a intenção, right?) pra ficar olhando as coisas que vem em nossa direção, ou se divertindo com a cena do skate - a mais legal. Essa cena é uma montanha russa. Com a vantagem que eu não sinto ânsia de vômito. Hehehhe.
No final do filme, há uma participação especial de certo ator de uma conhecida trilogia, além dos poucos erros de gravação durante os créditos. É diversão despretenciosa. Quanto aos efeitos 3D, talvez não voltem mais tão cedo em outro filme.
terça-feira, novembro 18, 2003
HERO (Ying Xiong)
Sim, meus amigos. Finalmente eu assisti HERO, a obra-prima de Zhang Yimou. E olha que o cara é o realizador de TEMPOS DE VIVER (1994) e O CAMINHO PRA CASA (1999), obras-primas do drama. Quanto à comparação quase inevitável: sim, o filme é melhor que O TIGRE E O DRAGÃO. Consegui assistir essa preciosidade graças ao meu amigo Herbert que passou lá em casa na última semana com uns divx's pra gente fazer um escambo digital.
É mesmo um crime um filme como esse ainda estar inédito no Brasil. E parece que nos EUA também continua inédito no circuito comercial. Esse povo não sabe o que tá perdendo. Quando passar no cinema, eu vou ver de novo com certeza esse espetáculo.
Na história que o filme conta, baseada em fatos históricos (e em lendas surgidas a respeito dos assassinos do rei de Qin), Jet Li é Sem Nome, um assassino contratado para matar três assassinos super-hábeis, que se apresenta ao Rei de Qin para comprovar, a partir das armas dos assassinos, a prova de que esses inimigos do rei estavam mortos. O rei, então, pede pra que ele narre como conseguiu matar os assassinos. A partir daí o filme entra numa sucessão de flashbacks, em imagens maravilhosamente fotografadas e com uma direção de arte sensacional. O filme tem uma semelhança com RASHOMON (1950), do Kurosawa, ou com o recente VIOLAÇÃO DE CONDUTA, do McTiernan. Isso porque nem tudo que se conta é a versão verdadeira dos fatos.
As cenas de luta são coreografadas de modo que parecem uma dança e não uma luta. Dessa forma, não é bem um filme de ação. Trata-se mais de um filme de arte que se apóia na cultura chinesa e nas artes marciais para ajudar e embelezar a narrativa. Aliás, apesar de a narrativa ser complexamente rica e bonita e cheia de códigos de ética estranhos temporal e geograficamente ao que conhecemos, é mesmo o visual do filme que enche os olhos.
A cena de luta entre Maggie Cheung (de AMOR À FLOR DA PELE) e Zhang Ziyi (de O TIGRE E O DRAGÃO) é tão bonita em suas tonalidades de laranja e vermelho que eu não consigo encontrar paralelos em nenhum outro filme que vi. É algo que não dá pra descrever com palavras. Também se destaca a cena nos interiores da casa entre Tony Leung (FELIZES JUNTOS) e Maggie. E a cena não envolve lutas, é mais intimista, bem ao estilo Zhang Yimou. Muito bonita. Já as lutas, as melhores são as que o Jet Li está participando. A primeira luta com Donnie Yuen (de BATER OU CORRER EM LONDRES) é ótima. A seqüência fantástica de Li e Cheung "espantando" as flechas é de cair o queixo.A sensacional saraivada de flechas pode ser comparada em menor escala a RAN (1985), do Kurosawa, ou a HENRIQUE V (1989), de Kenneth Branagh. Mas aqui, com ajuda da computação gráfica, o efeito ficou perfeito e muito mais bonito.
Dá pra escrever montes de parágrafos sobre as qualidades do filme, mas acho que já escrevi o bastante. Bom mesmo é que as pessoas consigam um jeito de ver o filme. Ou ajudem na torcida pra que lancem esse filme aqui no Brasil, de preferência na telona. Aquele sonzinho mixuruca das caixas de som do meu computador e a telinha de 14 polegadas não fazem jus a ele.
É mesmo um crime um filme como esse ainda estar inédito no Brasil. E parece que nos EUA também continua inédito no circuito comercial. Esse povo não sabe o que tá perdendo. Quando passar no cinema, eu vou ver de novo com certeza esse espetáculo.
Na história que o filme conta, baseada em fatos históricos (e em lendas surgidas a respeito dos assassinos do rei de Qin), Jet Li é Sem Nome, um assassino contratado para matar três assassinos super-hábeis, que se apresenta ao Rei de Qin para comprovar, a partir das armas dos assassinos, a prova de que esses inimigos do rei estavam mortos. O rei, então, pede pra que ele narre como conseguiu matar os assassinos. A partir daí o filme entra numa sucessão de flashbacks, em imagens maravilhosamente fotografadas e com uma direção de arte sensacional. O filme tem uma semelhança com RASHOMON (1950), do Kurosawa, ou com o recente VIOLAÇÃO DE CONDUTA, do McTiernan. Isso porque nem tudo que se conta é a versão verdadeira dos fatos.
As cenas de luta são coreografadas de modo que parecem uma dança e não uma luta. Dessa forma, não é bem um filme de ação. Trata-se mais de um filme de arte que se apóia na cultura chinesa e nas artes marciais para ajudar e embelezar a narrativa. Aliás, apesar de a narrativa ser complexamente rica e bonita e cheia de códigos de ética estranhos temporal e geograficamente ao que conhecemos, é mesmo o visual do filme que enche os olhos.
A cena de luta entre Maggie Cheung (de AMOR À FLOR DA PELE) e Zhang Ziyi (de O TIGRE E O DRAGÃO) é tão bonita em suas tonalidades de laranja e vermelho que eu não consigo encontrar paralelos em nenhum outro filme que vi. É algo que não dá pra descrever com palavras. Também se destaca a cena nos interiores da casa entre Tony Leung (FELIZES JUNTOS) e Maggie. E a cena não envolve lutas, é mais intimista, bem ao estilo Zhang Yimou. Muito bonita. Já as lutas, as melhores são as que o Jet Li está participando. A primeira luta com Donnie Yuen (de BATER OU CORRER EM LONDRES) é ótima. A seqüência fantástica de Li e Cheung "espantando" as flechas é de cair o queixo.A sensacional saraivada de flechas pode ser comparada em menor escala a RAN (1985), do Kurosawa, ou a HENRIQUE V (1989), de Kenneth Branagh. Mas aqui, com ajuda da computação gráfica, o efeito ficou perfeito e muito mais bonito.
Dá pra escrever montes de parágrafos sobre as qualidades do filme, mas acho que já escrevi o bastante. Bom mesmo é que as pessoas consigam um jeito de ver o filme. Ou ajudem na torcida pra que lancem esse filme aqui no Brasil, de preferência na telona. Aquele sonzinho mixuruca das caixas de som do meu computador e a telinha de 14 polegadas não fazem jus a ele.
segunda-feira, novembro 17, 2003
O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (The Texas Chainsaw Massacre)
O final de semana que passou foi sem cinema. O único filme que vi foi o dvd de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (1974), filme de estréia de Tobe Hooper. Isso porque eu levei o dvd lá pra casa na Lagoa de Uruaú, onde passei o sábado e o domingo na agradável companhia dos amigos Murilo, Cacau, Valéria, Rejane e Juliana, além de outra turma que estava presente na casa. Lá ainda revi HULK, do Ang Lee. Inclusive, tive também a oportunidade de assistir os extras do dvd, que estão sensacionais. Tão (ou mais) agradáveis de se ver quanto o filme. Emocionante ver o entusiasmo de Stan Lee ao falar com orgulho de seu personagem. Mesmo quem assistiu o filme no cinema, deveria dar uma conferida nesse dvd.
Voltando, então, ao filme do Tobe Hooper. Trata-se de um marco na história dos filmes de terror. Ainda hoje continua forte e com cenas ainda chocantes e de uma crueza espantosa. Já tinha visto há um tempão em vhs, mas pouca coisa ficou na memória. Agora, na revisão em dvd, o filme se revelou pra mim como um dos grandes do gênero. A cena em que o Leatherface põe uma garota no gancho, enquanto ela assiste aterrorizada o maníaco fazer em pedaços o corpo de seu amigo, é uma das mais aterrorizantes da história do cinema. As cenas finais com a Marilyn Burns (a rainha do grito dos anos 70) tentando fugir da família "esquisita" e da moto-serra é o auge do suspense no filme. E o fato de o filme terminar bruscamente, enquanto a adrenalina ainda está a mil é ponto positivo para o filme. Nesse caso, foi ótimo Hooper não ter feito um epílogo no sentido tradicional da palavra.
O filme até hoje é referência, sendo copiado até hoje. Inclusive, está pra sair um remake do filme. E parece que essa nova versão está sendo bem recebida pelo público. Histórias semelhantes também são encontradas nos filmes QUADRILHA DE SÁDICOS (1977) e no recente WRONG TURN.
Uma pena Hooper não ter feito mais filmes tão brilhantes quanto esse. Estava vendo a filmografia dele no IMDB e me interessei pelo segundo filme dele: EATEN ALIVE (1977). Será que ele foi lançado em vídeo aqui no Brasil? Parece que ele está de volta à boa forma com o novo THE TOOLBOX MURDERS, que tem a Angela Battis (MAY) no elenco.
O final de semana que passou foi sem cinema. O único filme que vi foi o dvd de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (1974), filme de estréia de Tobe Hooper. Isso porque eu levei o dvd lá pra casa na Lagoa de Uruaú, onde passei o sábado e o domingo na agradável companhia dos amigos Murilo, Cacau, Valéria, Rejane e Juliana, além de outra turma que estava presente na casa. Lá ainda revi HULK, do Ang Lee. Inclusive, tive também a oportunidade de assistir os extras do dvd, que estão sensacionais. Tão (ou mais) agradáveis de se ver quanto o filme. Emocionante ver o entusiasmo de Stan Lee ao falar com orgulho de seu personagem. Mesmo quem assistiu o filme no cinema, deveria dar uma conferida nesse dvd.
Voltando, então, ao filme do Tobe Hooper. Trata-se de um marco na história dos filmes de terror. Ainda hoje continua forte e com cenas ainda chocantes e de uma crueza espantosa. Já tinha visto há um tempão em vhs, mas pouca coisa ficou na memória. Agora, na revisão em dvd, o filme se revelou pra mim como um dos grandes do gênero. A cena em que o Leatherface põe uma garota no gancho, enquanto ela assiste aterrorizada o maníaco fazer em pedaços o corpo de seu amigo, é uma das mais aterrorizantes da história do cinema. As cenas finais com a Marilyn Burns (a rainha do grito dos anos 70) tentando fugir da família "esquisita" e da moto-serra é o auge do suspense no filme. E o fato de o filme terminar bruscamente, enquanto a adrenalina ainda está a mil é ponto positivo para o filme. Nesse caso, foi ótimo Hooper não ter feito um epílogo no sentido tradicional da palavra.
O filme até hoje é referência, sendo copiado até hoje. Inclusive, está pra sair um remake do filme. E parece que essa nova versão está sendo bem recebida pelo público. Histórias semelhantes também são encontradas nos filmes QUADRILHA DE SÁDICOS (1977) e no recente WRONG TURN.
Uma pena Hooper não ter feito mais filmes tão brilhantes quanto esse. Estava vendo a filmografia dele no IMDB e me interessei pelo segundo filme dele: EATEN ALIVE (1977). Será que ele foi lançado em vídeo aqui no Brasil? Parece que ele está de volta à boa forma com o novo THE TOOLBOX MURDERS, que tem a Angela Battis (MAY) no elenco.
quinta-feira, novembro 13, 2003
DOIS MUSEUS DE CERA
Uma boa você alugar um DVD e nele estar contido dois filmes. É assim que acontece quando você aluga o disquinho de MUSEU DE CERA. No lado B do disco vem a primeira versão da história, o filme OS CRIMES DO MUSEU. Comento a seguir os dois filmes.
MUSEU DE CERA (House of Wax)
Dirigido por De André De Toth, MUSEU DE CERA (1953) é considerado um marco no cinema por ter sido rodado com efeitos 3-D. Acho que não foi o primeiro, mas pelo que eu li no IMDB, o filme é um dos mais festejados entre os que utilizaram esse efeito. Ironia do destino é que De Toth só tinha um olho e não pôde conferir os efeitos do próprio filme (li isso primeiro na Cine Monstro # 2). Ele era era diretor de westerns e de dramas urbanos de crime. Conversando com o Daniel The Walrus, ele me falou que De Toth foi uma das grandes influências para Martin Scorsese. Sendo assim, é um diretor que merece atenção.
Mas é Vincent Price, o maior ícone do cinema de horror americano, a grande atração desse filme. É só comparar com o mesmo personagem do filme de 1933 pra você notar a excelência da performance de Price. O filme, inclusive, achei melhor que as adaptações de Poe dirigidas por Corman e estreladas por Price. Seu personagem em certas horas lembra o Corcunda de Notre Dame, noutras lembra Jack, o Estripador. Talvez Sam Raimi tenha se inspirado nele para fazer o seu DARKMAN (1990) - há semelhanças entre os personagens.
Pena é o dvd não vir com os óculos e com o efeito 3-D.
OS CRIMES DO MUSEU (Mystery of the Wax Museum)
Não sei se porque eu vi esse depois da versão de De Toth, mas o fato é que eu o achei bem inferior. O filme não tem o charme de Price, o roteiro é cheio de problemas (coisa que De Toth tratou de acertar) e tirando as pernas de Fay Wray, o elenco não é tão interessante. Aliás, a Fay tinha mesmo sex appeal. E olha que o filme é dos anos 30, o colorido não é dos mais realistas e a noção de beleza que temos hoje em dia é um pouco diferente. Fay no mesmo ano (1933) ainda faria a obra-prima KING KONG.
Foi Michael Curtiz, diretor de CASABLANCA, quem dirigiu este OS CRIMES DO MUSEU. E só comprova que o cara não era lá tão bom assim. (Eu, pelo menos, sou um dos que acham CASABLACA um filme super-estimado.) O colorido do filme é bem esquisito. Não tenho muita informação sobre o Technicolor, sobre como era obtido a colorização nesse processo. Alguém sabe me explicar??
Uma boa você alugar um DVD e nele estar contido dois filmes. É assim que acontece quando você aluga o disquinho de MUSEU DE CERA. No lado B do disco vem a primeira versão da história, o filme OS CRIMES DO MUSEU. Comento a seguir os dois filmes.
MUSEU DE CERA (House of Wax)
Dirigido por De André De Toth, MUSEU DE CERA (1953) é considerado um marco no cinema por ter sido rodado com efeitos 3-D. Acho que não foi o primeiro, mas pelo que eu li no IMDB, o filme é um dos mais festejados entre os que utilizaram esse efeito. Ironia do destino é que De Toth só tinha um olho e não pôde conferir os efeitos do próprio filme (li isso primeiro na Cine Monstro # 2). Ele era era diretor de westerns e de dramas urbanos de crime. Conversando com o Daniel The Walrus, ele me falou que De Toth foi uma das grandes influências para Martin Scorsese. Sendo assim, é um diretor que merece atenção.
Mas é Vincent Price, o maior ícone do cinema de horror americano, a grande atração desse filme. É só comparar com o mesmo personagem do filme de 1933 pra você notar a excelência da performance de Price. O filme, inclusive, achei melhor que as adaptações de Poe dirigidas por Corman e estreladas por Price. Seu personagem em certas horas lembra o Corcunda de Notre Dame, noutras lembra Jack, o Estripador. Talvez Sam Raimi tenha se inspirado nele para fazer o seu DARKMAN (1990) - há semelhanças entre os personagens.
Pena é o dvd não vir com os óculos e com o efeito 3-D.
OS CRIMES DO MUSEU (Mystery of the Wax Museum)
Não sei se porque eu vi esse depois da versão de De Toth, mas o fato é que eu o achei bem inferior. O filme não tem o charme de Price, o roteiro é cheio de problemas (coisa que De Toth tratou de acertar) e tirando as pernas de Fay Wray, o elenco não é tão interessante. Aliás, a Fay tinha mesmo sex appeal. E olha que o filme é dos anos 30, o colorido não é dos mais realistas e a noção de beleza que temos hoje em dia é um pouco diferente. Fay no mesmo ano (1933) ainda faria a obra-prima KING KONG.
Foi Michael Curtiz, diretor de CASABLANCA, quem dirigiu este OS CRIMES DO MUSEU. E só comprova que o cara não era lá tão bom assim. (Eu, pelo menos, sou um dos que acham CASABLACA um filme super-estimado.) O colorido do filme é bem esquisito. Não tenho muita informação sobre o Technicolor, sobre como era obtido a colorização nesse processo. Alguém sabe me explicar??
quarta-feira, novembro 12, 2003
RICHARD BROOKS EM DOIS FILMES
Comento rapidamente dois filmes vistos recentemente, ambos dirigidos por Richard Brooks, mais conhecido como o diretor de GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE (1958), com Paul Newman. Os dois filmes a seguir foram gravados da Globo e os dois são westerns, mas de estilos bem diferentes.
OS PROFISSIONAIS (The Professionals)
Como diria o Diogenes, esse é um filme macho. Vejam só o elenco: Burt Lancaster, Lee Marvin, Robert Ryan, Woody Strode e Jack Palance. É ou não é muito macho? heehehe.. Pra diminuir um pouco a balança do lado dos homens o filme apresenta a sensual Claudia Cardinale, não tão bonita quanto em O LEOPARDO, talvez por estar no México, onde geralmente as pessoas são apresentadas suadas e descabeladas. Se for homem, tem que estar com a barba por fazer. Hehehe.
Na história de OS PROFISSIONAIS (1966), um grupo de homens é contratato para tirar das garras de Jesus Raza (Palance), um líder revolucionário do México, a esposa de um ricaço americano (Cardinale), que havia sido seqüestrada. O grupo iria faturar uma boa grana pela tarefa.
O filme é uma beleza. Mostra um grupo de pessoas rudes mas que têm bom senso de ética e humanidade. O lado mais humano fica por conta do personagem de Robert Ryan, que numa cena, por exemplo, se recusa a matar os cavalos dos mexicanos, mesmo correndo o risco de que os mesmo acabem entregando a presença do grupo em terras inimigas. O chefe do grupo e homem de ética é Lee Marvin. Já Burt Lancaster é um exemplo de mercenário, do cara que está apenas pelo dinheiro, mas que se revela também um exemplo de camaradagem para os demais. As cenas de ação e tiroteio são bem boas. Por enquanto, esse é o melhor filme de Brooks que eu vi.
O RISCO DE UMA DECISÃO (Bite the Bullet)
Esse filme de 1975 é um western atípico. Na verdade, esse é um filme sobre uma corrida, uma espécie de maratona que dura alguns dias e em que as pessoas andam de cavalo por vários kilômetros pelo deserto americano, a fim de ganhar um prêmio. Poderia se passar nos dias de hoje que não faria muita diferença. De novo o lado humanista de Brooks está nesse filme. (Quer dizer, como eu senti isso nos dois filmes, julguei que isso seja uma característica do diretor, mas posso estar errado e isso não se confirma nas outras obras dele.)
No filme, Gene Hackman é um cara gente fina, que odeia quem maltrata animais. Ele é apresentado no começo do filme, salvando um potro. Também no elenco e participando da maratona, James Coburn e Candice Bergen.
O filme é meio monótono. Assisti "em fascículos" sempre antes de dormir, durante a semana passada. Ganha um pouco de ação com uma reviravolta no final, mas nada realmente excitante. A imagem do filme, que foi rodado em wide 2.35, ficou prejudicada na tela cheia da tv. Um filme apenas razoável do Brooks. O lado "didático" do filme é que aprendemos que ingerir sal é bom pra não passar mal no deserto e não perder muito líquido.
*******************
PS: Mais uma dica boa: na Record está passando agora THE SHIELD, uma série de tv policial muito foda. Assisti o primeiro episódio na última sexta e achei ótimo. O Renato sempre falava que era boa a série, mas como eu não tenho o canal AXN não tinha como acompanhar. Está passando dia de sexta, por volta das 11 da noite (horário de verão). Vale conferir!!
Comento rapidamente dois filmes vistos recentemente, ambos dirigidos por Richard Brooks, mais conhecido como o diretor de GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE (1958), com Paul Newman. Os dois filmes a seguir foram gravados da Globo e os dois são westerns, mas de estilos bem diferentes.
OS PROFISSIONAIS (The Professionals)
Como diria o Diogenes, esse é um filme macho. Vejam só o elenco: Burt Lancaster, Lee Marvin, Robert Ryan, Woody Strode e Jack Palance. É ou não é muito macho? heehehe.. Pra diminuir um pouco a balança do lado dos homens o filme apresenta a sensual Claudia Cardinale, não tão bonita quanto em O LEOPARDO, talvez por estar no México, onde geralmente as pessoas são apresentadas suadas e descabeladas. Se for homem, tem que estar com a barba por fazer. Hehehe.
Na história de OS PROFISSIONAIS (1966), um grupo de homens é contratato para tirar das garras de Jesus Raza (Palance), um líder revolucionário do México, a esposa de um ricaço americano (Cardinale), que havia sido seqüestrada. O grupo iria faturar uma boa grana pela tarefa.
O filme é uma beleza. Mostra um grupo de pessoas rudes mas que têm bom senso de ética e humanidade. O lado mais humano fica por conta do personagem de Robert Ryan, que numa cena, por exemplo, se recusa a matar os cavalos dos mexicanos, mesmo correndo o risco de que os mesmo acabem entregando a presença do grupo em terras inimigas. O chefe do grupo e homem de ética é Lee Marvin. Já Burt Lancaster é um exemplo de mercenário, do cara que está apenas pelo dinheiro, mas que se revela também um exemplo de camaradagem para os demais. As cenas de ação e tiroteio são bem boas. Por enquanto, esse é o melhor filme de Brooks que eu vi.
O RISCO DE UMA DECISÃO (Bite the Bullet)
Esse filme de 1975 é um western atípico. Na verdade, esse é um filme sobre uma corrida, uma espécie de maratona que dura alguns dias e em que as pessoas andam de cavalo por vários kilômetros pelo deserto americano, a fim de ganhar um prêmio. Poderia se passar nos dias de hoje que não faria muita diferença. De novo o lado humanista de Brooks está nesse filme. (Quer dizer, como eu senti isso nos dois filmes, julguei que isso seja uma característica do diretor, mas posso estar errado e isso não se confirma nas outras obras dele.)
No filme, Gene Hackman é um cara gente fina, que odeia quem maltrata animais. Ele é apresentado no começo do filme, salvando um potro. Também no elenco e participando da maratona, James Coburn e Candice Bergen.
O filme é meio monótono. Assisti "em fascículos" sempre antes de dormir, durante a semana passada. Ganha um pouco de ação com uma reviravolta no final, mas nada realmente excitante. A imagem do filme, que foi rodado em wide 2.35, ficou prejudicada na tela cheia da tv. Um filme apenas razoável do Brooks. O lado "didático" do filme é que aprendemos que ingerir sal é bom pra não passar mal no deserto e não perder muito líquido.
*******************
PS: Mais uma dica boa: na Record está passando agora THE SHIELD, uma série de tv policial muito foda. Assisti o primeiro episódio na última sexta e achei ótimo. O Renato sempre falava que era boa a série, mas como eu não tenho o canal AXN não tinha como acompanhar. Está passando dia de sexta, por volta das 11 da noite (horário de verão). Vale conferir!!
segunda-feira, novembro 10, 2003
AGORA OU NUNCA (All or Nothing)
O novo filme de Mike Leigh, do ótimo SEGREDOS E MENTIRAS (1996) e do horrível GAROTAS DE FUTURO (1997), é um filme sobre gente feia, triste e pobre, que tem elementos dos dois filmes citados. A graça de SEGREDOS E MENTIRAS era o fato de podermos rir e ao mesmo tempo chorar dos dramas dos personagens. Em AGORA OU NUNCA, Leigh faz um filme muito sério e sempre com aquele tom de pena dos personagens, com aquela coisa de "ah como eu sou miserável" que chega a incomodar.
O filme mostra o drama de três famílias. Numa das famílias - a que o filme focaliza mais - temos um motorista de táxi (o ator Timothy Spall, o rosto mais conhecido do elenco, e que pode ser visto em outros filmes de Mike Leigh também) cuja esposa trabalha como caixa de um super-mercado. Eles têm dois filhos. Os dois têm problemas de obesidade, herança do pai. Cada um tem os seus problemas. O rapaz é anti-social e revoltado com os pais. A moça é triste e passiva. Nas outras famílias encontramos casos de alcoolismo, gravidez indesejada e por aí vai o filme numa sucessão de desgraças que só perde pro Lars Von Trier e seu DANÇANDO NO ESCURO.
Mas pelo menos numa coisa tem que se dar o braço a torcer: o trabalho de atuação do elenco é ótimo. Mike Leigh provavelmente deve ter utilizado o mesmo método de SEGREDOS E MENTIRAS, isto é, ensaio, ensaio, ensaio e só depois que se começa a filmar.
É verdade que no final do filme eu comecei a simpatizar mais com os personagens, mas no começo eu me incomodava com esse povo cheio de autocomiseração. Prefiro o brasileiríssimo AMARELO MANGA, de Cláudio Assis, que tem gente feia, pobre e desgraçada, mas que mostra um povo de atitude, que vai à luta e manda - se for necessário - todo mundo se foder.
O novo filme de Mike Leigh, do ótimo SEGREDOS E MENTIRAS (1996) e do horrível GAROTAS DE FUTURO (1997), é um filme sobre gente feia, triste e pobre, que tem elementos dos dois filmes citados. A graça de SEGREDOS E MENTIRAS era o fato de podermos rir e ao mesmo tempo chorar dos dramas dos personagens. Em AGORA OU NUNCA, Leigh faz um filme muito sério e sempre com aquele tom de pena dos personagens, com aquela coisa de "ah como eu sou miserável" que chega a incomodar.
O filme mostra o drama de três famílias. Numa das famílias - a que o filme focaliza mais - temos um motorista de táxi (o ator Timothy Spall, o rosto mais conhecido do elenco, e que pode ser visto em outros filmes de Mike Leigh também) cuja esposa trabalha como caixa de um super-mercado. Eles têm dois filhos. Os dois têm problemas de obesidade, herança do pai. Cada um tem os seus problemas. O rapaz é anti-social e revoltado com os pais. A moça é triste e passiva. Nas outras famílias encontramos casos de alcoolismo, gravidez indesejada e por aí vai o filme numa sucessão de desgraças que só perde pro Lars Von Trier e seu DANÇANDO NO ESCURO.
Mas pelo menos numa coisa tem que se dar o braço a torcer: o trabalho de atuação do elenco é ótimo. Mike Leigh provavelmente deve ter utilizado o mesmo método de SEGREDOS E MENTIRAS, isto é, ensaio, ensaio, ensaio e só depois que se começa a filmar.
É verdade que no final do filme eu comecei a simpatizar mais com os personagens, mas no começo eu me incomodava com esse povo cheio de autocomiseração. Prefiro o brasileiríssimo AMARELO MANGA, de Cláudio Assis, que tem gente feia, pobre e desgraçada, mas que mostra um povo de atitude, que vai à luta e manda - se for necessário - todo mundo se foder.
ERA UMA VEZ NO MÉXICO (Once Upon a Time in Mexico)
O novo filme de Robert Rodriguez de certa forma me decepcionou. Mas talvez por eu ter esperado algo completamente diferente. Esperava um filme com mais cara de cinema pipoca, com muita ação, e ritmo parecido com o de A BALADA DO PISTOLEIRO (1995). O principal problema do filme é o roteiro cheio de buracos e a história confusa. Tanto é que isso me aborreceu no começo, fez com que eu me desinteressasse um pouco com a história. A trama envolvendo o presidente do México, policiais, traficantes e matadores não é das mais fáceis de acompanhar. Felizmente do meio para o final o filme cresce e a certa altura ficamos acostumados com toda aquela zona, que culmina na cena da revolução popular.
ERA UMA VEZ NO MÉXICO é um filme recheado de grandes cenas de ação e violência. Esse é, com certeza, o filme mais violento de Rodriguez. A cena em que o Banderas dá um tiro nos joelhos de um sujeito, por exemplo, é bem forte.
Mas a melhor coisa do filme é mesmo o personagem de Johnny Depp. Especialmente no final, quando ele ganha dimensões trágicas. Sentimos uma angústia e uma vontade de desapego da vida que chega a perturbar. Antonio Banderas está ok, mas o personagem dele é eclipsado pelo Depp, o que já era de se esperar. Uma pena Salma Hayek não aparecer mais vezes. Das poucas vezes em que aparece, ela brilha, especialmente na primeira aparição.
Outra sensação que o filme provoca, talvez por causa dos flashbacks de Banderas, talvez por causa do roteiro "problemático", é a de um sonho, ou de um pesadelo. Apesar de o filme situar o local (o México), a sensação que temos é a de que a trama se passa num lugar qualquer, num fim de mundo, sensação parecida com a que sentimos ao ver POR UM PUNHADO DE DÓLARES (1964), do Leone.
A verdade é que este filme cresceu em valor na minha mente à medida que escrevi esse texto. Quem sabe numa revisão ele não se revela um grande filme? Se bem que eu não quero experimentar a angústia da tragédia de Depp novamente tão cedo.
PS: Eva Mendes está mui bonita no filme, hein!!
O novo filme de Robert Rodriguez de certa forma me decepcionou. Mas talvez por eu ter esperado algo completamente diferente. Esperava um filme com mais cara de cinema pipoca, com muita ação, e ritmo parecido com o de A BALADA DO PISTOLEIRO (1995). O principal problema do filme é o roteiro cheio de buracos e a história confusa. Tanto é que isso me aborreceu no começo, fez com que eu me desinteressasse um pouco com a história. A trama envolvendo o presidente do México, policiais, traficantes e matadores não é das mais fáceis de acompanhar. Felizmente do meio para o final o filme cresce e a certa altura ficamos acostumados com toda aquela zona, que culmina na cena da revolução popular.
ERA UMA VEZ NO MÉXICO é um filme recheado de grandes cenas de ação e violência. Esse é, com certeza, o filme mais violento de Rodriguez. A cena em que o Banderas dá um tiro nos joelhos de um sujeito, por exemplo, é bem forte.
Mas a melhor coisa do filme é mesmo o personagem de Johnny Depp. Especialmente no final, quando ele ganha dimensões trágicas. Sentimos uma angústia e uma vontade de desapego da vida que chega a perturbar. Antonio Banderas está ok, mas o personagem dele é eclipsado pelo Depp, o que já era de se esperar. Uma pena Salma Hayek não aparecer mais vezes. Das poucas vezes em que aparece, ela brilha, especialmente na primeira aparição.
Outra sensação que o filme provoca, talvez por causa dos flashbacks de Banderas, talvez por causa do roteiro "problemático", é a de um sonho, ou de um pesadelo. Apesar de o filme situar o local (o México), a sensação que temos é a de que a trama se passa num lugar qualquer, num fim de mundo, sensação parecida com a que sentimos ao ver POR UM PUNHADO DE DÓLARES (1964), do Leone.
A verdade é que este filme cresceu em valor na minha mente à medida que escrevi esse texto. Quem sabe numa revisão ele não se revela um grande filme? Se bem que eu não quero experimentar a angústia da tragédia de Depp novamente tão cedo.
PS: Eva Mendes está mui bonita no filme, hein!!
domingo, novembro 09, 2003
MATRIX REVOLUTIONS (The Matrix Revolutions)
O fim de semana está acabando e não fiz muita coisa de diferente ou interessante não. Foi um fim de semana tranqüilo e de três decepções no cinema: ERA UMA VEZ NO MÉXICO, MATRIX REVOLUTIONS e AGORA OU NUNCA não foram tudo aquilo que eu esperava que fosse. Mas tudo bem. Os grandes filmes acontecem mesmo quando a gente menos espera. Por falar em boas surpresas, estou ouvindo um som bem legal aqui. O álbum “Sunlight Makes Me Paranoid” da nova banda Elefant. Good.
Vou comentando aos poucos os filmes que vi, na telinha e na telona, e como acabei de ver MATRIX REVOLUTIONS, é sobre ele que vou falar agora.
O filme não responde às perguntas deixadas em MATRIX RELOADED, tem cenas demoradas e chatas de batalhas em Zyon, e não justifica bem o fato de os Irmãos Wachowski terem divido a continuação em duas partes. Poderia ser apenas uma continuação e pronto. Eu gostei de RELOADED, gostei do clima de mistério que o filme desenvolve com todos aqueles diálogos meio nonsense. Os diálogos continuam mais ou menos assim em REVOLUTIONS, mas dessa vez enche um pouco o saco da platéia, que dificilmente vai sair satisfeita da sessão. Muita gente sai desapontada, como um amigo meu que acabei encontrando no final da sessão e me disse logo que não gostou. Outro cara perguntou pra ele se ele entendeu.
Eu também ainda não entendi direito o que era tudo aquilo. Estou mais ou menos como o Seinfeld no cinema. Heheheh. Os diálogos que servem pra fundir a cuca da platéia lembra SERIAL EXPERIMENTS LAIN, o desenho japonês, que começa bem, fica instigante à medida que o mistério vai se desenvolvendo, mas chega uma hora que enche o saco. Nem todo mundo é David Lynch, que consegue manter o mistério até o fim e ainda assim fazer a gente ficar arrepiado, emocionado, extasiado, apavorado.
A tragédia de Neo bem que poderia provocar certa angústia na platéia, principalmente pelo que acontece com ele numa luta com um Smith encarnado. Mas não é o que acontece. De qualquer maneira, vou procurar na internet um manual de explicação pro final do filme. O coquetel de kung fu + animê + cristianismo + hiduísmo + computação + filosofia + super-homem não me convenceu no final. E eu que estava até botando fé nos caras...
O fim de semana está acabando e não fiz muita coisa de diferente ou interessante não. Foi um fim de semana tranqüilo e de três decepções no cinema: ERA UMA VEZ NO MÉXICO, MATRIX REVOLUTIONS e AGORA OU NUNCA não foram tudo aquilo que eu esperava que fosse. Mas tudo bem. Os grandes filmes acontecem mesmo quando a gente menos espera. Por falar em boas surpresas, estou ouvindo um som bem legal aqui. O álbum “Sunlight Makes Me Paranoid” da nova banda Elefant. Good.
Vou comentando aos poucos os filmes que vi, na telinha e na telona, e como acabei de ver MATRIX REVOLUTIONS, é sobre ele que vou falar agora.
O filme não responde às perguntas deixadas em MATRIX RELOADED, tem cenas demoradas e chatas de batalhas em Zyon, e não justifica bem o fato de os Irmãos Wachowski terem divido a continuação em duas partes. Poderia ser apenas uma continuação e pronto. Eu gostei de RELOADED, gostei do clima de mistério que o filme desenvolve com todos aqueles diálogos meio nonsense. Os diálogos continuam mais ou menos assim em REVOLUTIONS, mas dessa vez enche um pouco o saco da platéia, que dificilmente vai sair satisfeita da sessão. Muita gente sai desapontada, como um amigo meu que acabei encontrando no final da sessão e me disse logo que não gostou. Outro cara perguntou pra ele se ele entendeu.
Eu também ainda não entendi direito o que era tudo aquilo. Estou mais ou menos como o Seinfeld no cinema. Heheheh. Os diálogos que servem pra fundir a cuca da platéia lembra SERIAL EXPERIMENTS LAIN, o desenho japonês, que começa bem, fica instigante à medida que o mistério vai se desenvolvendo, mas chega uma hora que enche o saco. Nem todo mundo é David Lynch, que consegue manter o mistério até o fim e ainda assim fazer a gente ficar arrepiado, emocionado, extasiado, apavorado.
A tragédia de Neo bem que poderia provocar certa angústia na platéia, principalmente pelo que acontece com ele numa luta com um Smith encarnado. Mas não é o que acontece. De qualquer maneira, vou procurar na internet um manual de explicação pro final do filme. O coquetel de kung fu + animê + cristianismo + hiduísmo + computação + filosofia + super-homem não me convenceu no final. E eu que estava até botando fé nos caras...
quinta-feira, novembro 06, 2003
WRONG TURN
Continuando a falar sobre filmes de terror, comento agora um dos melhores exemplares do gênero na atualidade. WRONG TURN (acho que ainda não tem título em português) está na lista dos ótimos filmes de terror produzidos nos EUA nos últimos meses, ao lado de MAY, PREMONIÇÃO 2 e OLHOS FAMINTOS (dizem que a continuação deste está ótima também).
O filme não perde tempo e já começa com a matança de algumas vítimas numa floresta, antes de aparecerem os primeiros créditos. Os personagens principais - também conhecidos como vítimas - irão aparecer logo em seguida. No elenco estão dois nomes conhecidos: a sexy Eliza Dushku (uma das caça-vampiros da série BUFFY) e Jeremy Sisto (de MAY e da série SIX FEET UNDER). Menos conhecidos no elenco: Desmond Harrington (de NAVIO FANTASMA) e Emanuelle Chriqui (de 100 GAROTAS).
WRONG TURN lembra um pouco QUADRILHA DE SÁDICOS (1977), de Wes Craven, inclusive na aparência da tal família assassina/canibal. Mas a principal qualidade do filme é o ritmo. O diretor não deixa a peteca cair em nenhum momento. É o tipo do filme que se você começar a ver não vai querer parar de ver ou deixar pra ver "em fascículos". E passa rapidinho, 84 minutos apenas.
A cena em que alguns dos personagens vão parar na cabana dos assassinos é de fazer a gente roer as unhas. As cenas na árvore também são de primeira, hein. E os efeitos gore estão ótimos, aparentemente feitos à moda antiga, sem utilização de computação gráfica. Ah, outra coisa boa no filme são as meninas, desfilando com aquelas blusinhas que as tornam ainda mais atraentes. (Ah, meu Deus...)
O vcd dssa maravilha, eu comprei quando passei por São Paulo. A cópia é ripada de um dvd promocional e contém algumas seqüências em preto e branco, mas que duram pouco tempo. O som do vcd tá excelente - alto e de qualidade. Esse valeu a pena. Mas ver no cinema deve ser ainda muito melhor.
O nome do diretor do filme é Rob Schmidt e tava vendo no IMDB os dois trabalhos anteriores dele no cinema. O primeiro deles é SATURN (1999), que parece ser um drama de derramar rios de lágrimas; o segundo, CRIME AND PUNISHMENT IN SUBURBIA (2000) é uma versão atual de "Crime e Castigo", do Dostoyevsky, e com Monica Keena e Ellen Barkin no elenco. Acho que os dois filmes estão inéditos no Brasil.
*************
PS: Pra finalizar, deixo duas dicas de publicações atualmente nas bancas:
- Cine Monstro # 2 - a melhor revista especializada em terror em terras brazucas; e
- Contos Bizarros, revista em quadrinhos produzida pelo pessoal da SuperInteressante e que contém histórias sobre os mais famosos serial killers. Tem Ted Bundy, Eddie Gein, Jeffrey Dahmer, Charles Mason e outros perturbados.
Continuando a falar sobre filmes de terror, comento agora um dos melhores exemplares do gênero na atualidade. WRONG TURN (acho que ainda não tem título em português) está na lista dos ótimos filmes de terror produzidos nos EUA nos últimos meses, ao lado de MAY, PREMONIÇÃO 2 e OLHOS FAMINTOS (dizem que a continuação deste está ótima também).
O filme não perde tempo e já começa com a matança de algumas vítimas numa floresta, antes de aparecerem os primeiros créditos. Os personagens principais - também conhecidos como vítimas - irão aparecer logo em seguida. No elenco estão dois nomes conhecidos: a sexy Eliza Dushku (uma das caça-vampiros da série BUFFY) e Jeremy Sisto (de MAY e da série SIX FEET UNDER). Menos conhecidos no elenco: Desmond Harrington (de NAVIO FANTASMA) e Emanuelle Chriqui (de 100 GAROTAS).
WRONG TURN lembra um pouco QUADRILHA DE SÁDICOS (1977), de Wes Craven, inclusive na aparência da tal família assassina/canibal. Mas a principal qualidade do filme é o ritmo. O diretor não deixa a peteca cair em nenhum momento. É o tipo do filme que se você começar a ver não vai querer parar de ver ou deixar pra ver "em fascículos". E passa rapidinho, 84 minutos apenas.
A cena em que alguns dos personagens vão parar na cabana dos assassinos é de fazer a gente roer as unhas. As cenas na árvore também são de primeira, hein. E os efeitos gore estão ótimos, aparentemente feitos à moda antiga, sem utilização de computação gráfica. Ah, outra coisa boa no filme são as meninas, desfilando com aquelas blusinhas que as tornam ainda mais atraentes. (Ah, meu Deus...)
O vcd dssa maravilha, eu comprei quando passei por São Paulo. A cópia é ripada de um dvd promocional e contém algumas seqüências em preto e branco, mas que duram pouco tempo. O som do vcd tá excelente - alto e de qualidade. Esse valeu a pena. Mas ver no cinema deve ser ainda muito melhor.
O nome do diretor do filme é Rob Schmidt e tava vendo no IMDB os dois trabalhos anteriores dele no cinema. O primeiro deles é SATURN (1999), que parece ser um drama de derramar rios de lágrimas; o segundo, CRIME AND PUNISHMENT IN SUBURBIA (2000) é uma versão atual de "Crime e Castigo", do Dostoyevsky, e com Monica Keena e Ellen Barkin no elenco. Acho que os dois filmes estão inéditos no Brasil.
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PS: Pra finalizar, deixo duas dicas de publicações atualmente nas bancas:
- Cine Monstro # 2 - a melhor revista especializada em terror em terras brazucas; e
- Contos Bizarros, revista em quadrinhos produzida pelo pessoal da SuperInteressante e que contém histórias sobre os mais famosos serial killers. Tem Ted Bundy, Eddie Gein, Jeffrey Dahmer, Charles Mason e outros perturbados.
quarta-feira, novembro 05, 2003
COMANDO ASSASSINO (Monkey Shines)
Dia desses passando por uma das bancas aqui do Centro, fui checar algumas fitas usadas pra vender. Comprei este COMANDO ASSASSINO(1988), do George A. Romero, por 3 pilas. Há tempos que queria ver esse filme e não encontrava nas locadoras. Outros filmes do Romero, por exemplo, continuam inéditos pra mim, simplesmente porque as locadoras não os dispõem nas prateleiras. Entre eles: MARTIN (1978) e THE CRAZIES (1973). Sem falar em BRUISER (2000), que só passou no Cinemax e continua inédito em cinema, vhs e dvd.
Bom, o que aconteceu foi o seguinte: de tanto que eu tava querendo ver o filme, acabei me decepcionando um pouco. Não que eu tenha achado ruim, eu gostei sim. É que o filme tem alguns probleminhas. A começar pelo ator principal. Fazia tempo que não via um ator tão ruim. Mas até aí tudo bem - filme de terror geralmente não tem fama de ter interpretações extraordinárias mesmo. Outro problema é que a pobrezinha da macaquinha, com aquela carinha de inocente, não convencia como assassina calculista. Coitada. Mas eu gostei da bichinha. Lembro que vi um documentário sobre os filmes de George Romero na TNT e ele mesmo disse que foi um trabalhão ter que fazer as cenas com as macaquinhas. Nem sempre elas obedeciam. Acho que ele não filma com animais de novo nunca mais. Um outro problema do filme é a tal da verossimilhança. De que maneira a macaca criou ligações psíquicas com o homem? Ou a idéia é mesmo que tudo pareça sem sentido ou sem razão de ser? E se a macaca cria essa ligação, o homem teria que se conectar ao cérebro da macaca também? Não me convenceu.
Mas tudo bem. Vamos às qualidades do filme. O início do filme é muito legal. Romero daria um grande diretor de dramas se resolvesse deixar os filmes de terror de lado. Garanto que teria experiências muito melhores do que seus colegas de gênero Wes Craven (que fez o açucarado MÚSICA DO CORAÇÃO) ou Sam Raimi (que teve uma experiência com drama em POR AMOR). A primeira parte do filme, que trata do acidente que deixaria o personagem principal tetraplégico, seguida de depressão, tentativas de suicídio e readaptação da vida quando se mexe só com a cabeça, tudo isso foi muito bem trabalhado. Destaque para a única cena de sexo do filme. Muito boa. Ótimas também as tomadas em que o protagonista vê pelos olhos da macaca.
Agora, voltando um pouco ao assunto de estar tetraplégico, sem mexer os braços ou as pernas: vocês não acham que o suicídio seria a melhor solução? Viver só com a cabeça funcionando e o resto do corpo morto deve ser um inferno, hein. Mas vamos deixar os pensamentos ruins pra lá.
O importante é que Romero mostrou mais uma vez que consegue, em filmes de terror, explorar temas profundos tanto psicologica quanto socialmente. O socialmente que eu falo se refere principalmente à trilogia dos mortos. O cara é dos bons.
Tenho impressão que esse filme foi lançado nos cinemas com o título INSTINTO ASSASSINO. Ou algo parecido. Alguém me confirma?
Dia desses passando por uma das bancas aqui do Centro, fui checar algumas fitas usadas pra vender. Comprei este COMANDO ASSASSINO(1988), do George A. Romero, por 3 pilas. Há tempos que queria ver esse filme e não encontrava nas locadoras. Outros filmes do Romero, por exemplo, continuam inéditos pra mim, simplesmente porque as locadoras não os dispõem nas prateleiras. Entre eles: MARTIN (1978) e THE CRAZIES (1973). Sem falar em BRUISER (2000), que só passou no Cinemax e continua inédito em cinema, vhs e dvd.
Bom, o que aconteceu foi o seguinte: de tanto que eu tava querendo ver o filme, acabei me decepcionando um pouco. Não que eu tenha achado ruim, eu gostei sim. É que o filme tem alguns probleminhas. A começar pelo ator principal. Fazia tempo que não via um ator tão ruim. Mas até aí tudo bem - filme de terror geralmente não tem fama de ter interpretações extraordinárias mesmo. Outro problema é que a pobrezinha da macaquinha, com aquela carinha de inocente, não convencia como assassina calculista. Coitada. Mas eu gostei da bichinha. Lembro que vi um documentário sobre os filmes de George Romero na TNT e ele mesmo disse que foi um trabalhão ter que fazer as cenas com as macaquinhas. Nem sempre elas obedeciam. Acho que ele não filma com animais de novo nunca mais. Um outro problema do filme é a tal da verossimilhança. De que maneira a macaca criou ligações psíquicas com o homem? Ou a idéia é mesmo que tudo pareça sem sentido ou sem razão de ser? E se a macaca cria essa ligação, o homem teria que se conectar ao cérebro da macaca também? Não me convenceu.
Mas tudo bem. Vamos às qualidades do filme. O início do filme é muito legal. Romero daria um grande diretor de dramas se resolvesse deixar os filmes de terror de lado. Garanto que teria experiências muito melhores do que seus colegas de gênero Wes Craven (que fez o açucarado MÚSICA DO CORAÇÃO) ou Sam Raimi (que teve uma experiência com drama em POR AMOR). A primeira parte do filme, que trata do acidente que deixaria o personagem principal tetraplégico, seguida de depressão, tentativas de suicídio e readaptação da vida quando se mexe só com a cabeça, tudo isso foi muito bem trabalhado. Destaque para a única cena de sexo do filme. Muito boa. Ótimas também as tomadas em que o protagonista vê pelos olhos da macaca.
Agora, voltando um pouco ao assunto de estar tetraplégico, sem mexer os braços ou as pernas: vocês não acham que o suicídio seria a melhor solução? Viver só com a cabeça funcionando e o resto do corpo morto deve ser um inferno, hein. Mas vamos deixar os pensamentos ruins pra lá.
O importante é que Romero mostrou mais uma vez que consegue, em filmes de terror, explorar temas profundos tanto psicologica quanto socialmente. O socialmente que eu falo se refere principalmente à trilogia dos mortos. O cara é dos bons.
Tenho impressão que esse filme foi lançado nos cinemas com o título INSTINTO ASSASSINO. Ou algo parecido. Alguém me confirma?
terça-feira, novembro 04, 2003
OS VIGARISTAS (Matchstick Men)
Esse começo de semana começou cheio de problemas pra mim. Na verdade, eu já tinha escrito uma lista dos tais problemas, mas alguns deles já foram solucionados e eu resolvi deixar isso pra lá e não alugar os meus leitores. Dessa vez. Hehehe. Por isso, deletei dois parágrafos inteiros. Então, vamos pular pra festa na sexta-feira.
Na última sexta fui pra uma festa Halloween que não foi tão legal assim pra mim. Serviu principalmente pra eu gastar dinheiro e ficar bêbado com duas doses de uísque barato. Deprimente. Mas a companhia foi boa. A Valéria, o Igor e a Rejane. Eu é que não soube me divertir mesmo, por alguma razão. Duas bandas tocaram na Órbita. Uma banda que tocava uns rocks que não é muito a minha praia e outra banda - a Matutaia - que toca rock setentista. Já tinha visto uma apresentação da Matutaia na primeira vez que fui pra Jeri. A banda é boa. Toca The Doors, Rolling Stones, James Brown em ritmo rock e outras coisa que não me lembro bem ou não conheço mesmo.
Na saída, ainda esqueci a chave do carro da Rejane no bolso da minha calça. Tava dormindo no sábado à tarde quando ela liga pra mim. Tomei um baita susto. Ainda bem que eu tinha guardado a chave. Só não me lembrava. (Aliás, o que é que eu ando me lembrando ultimamente mesmo??) Marcamos pra gente ver um filme no Shopping Benfica e eu estregaria a chave pra ela. Ainda bem que o filme foi ótimo - DEIXA-ME VIVER, que eu até já comentei no blog. No domingo, em vez de ver o novo do Rodriguez, preferi ver OS VIGARISTAS, que com certeza não ficaria tanto tempo em cartaz.
OS VIGARISTAS é o melhor filme de Ridley Scott desde TORMENTA (1996). Abrindo um parênteses aqui só pra dizer que também gostei de 1492: A CONQUISTA DO PARAÍSO (1992) quando vi no cinema. Sou fascinado pela odisséia de Colombo. A história toda do descobrimento da América parece uma lenda, de tão fantástica que é. Os filmes seguintes dele não me convenceram: NO LIMITE DA HONRA (1997) é abominável, asqueroso; GLADIADOR (2000) eu não achei tão ruim quando vi no cinema, mas foi cada vez caindo mais de cotação em minha mente à medida que o tempo foi passando; HANNIBAL (2001) é bem desagradável; FALCÃO NEGRO EM PERIGO (2001) dá vontade da gente sair correndo no meio da sessão.
Dessa vez ele acertou com OS VIGARISTAS. O que não quer dizer muita coisa, vamos combinar. O filme tem Nicolas Cage de novo num papel de um cara estranho e perturbado. Ele já tinha feito algo do tipo em VIVENDO NO LIMITE (1999) e no horroroso ADAPTAÇÃO.(2002). Achei que até iria ficar incomodado com o personagem dele, já que tinha visto um pouco no trailler. Mas não. O personagem é até simpático.
O filme é um drama sobre pessoas que vivem aplicando golpes, como OS IMORAIS (1990), LUA DE PAPEL (1973) ou a comédia OS SAFADOS (1988). Nicolas Cage é um trambiqueiro cheio de tiques nervosos e neuras relacionadas à limpeza e ambientes externos. Seu parceiro é Sam Rockwell. Uma menina aparece pra mudar sua vida - a ótima Alison Lohman, de DEIXE-ME VIVER.
A trama é bem organizada, os personagens são simpáticos, a direção de atores está ok, a fotografia em scope é bem bonita e o final é bem resolvido. Mas ainda assim não fiquei satisfeito. Normalmente falta emoção nesses filmes de Ridley Scott. É o caso de mais esse filme dele. Mesmo assim, considero um bom filme.
Esse começo de semana começou cheio de problemas pra mim. Na verdade, eu já tinha escrito uma lista dos tais problemas, mas alguns deles já foram solucionados e eu resolvi deixar isso pra lá e não alugar os meus leitores. Dessa vez. Hehehe. Por isso, deletei dois parágrafos inteiros. Então, vamos pular pra festa na sexta-feira.
Na última sexta fui pra uma festa Halloween que não foi tão legal assim pra mim. Serviu principalmente pra eu gastar dinheiro e ficar bêbado com duas doses de uísque barato. Deprimente. Mas a companhia foi boa. A Valéria, o Igor e a Rejane. Eu é que não soube me divertir mesmo, por alguma razão. Duas bandas tocaram na Órbita. Uma banda que tocava uns rocks que não é muito a minha praia e outra banda - a Matutaia - que toca rock setentista. Já tinha visto uma apresentação da Matutaia na primeira vez que fui pra Jeri. A banda é boa. Toca The Doors, Rolling Stones, James Brown em ritmo rock e outras coisa que não me lembro bem ou não conheço mesmo.
Na saída, ainda esqueci a chave do carro da Rejane no bolso da minha calça. Tava dormindo no sábado à tarde quando ela liga pra mim. Tomei um baita susto. Ainda bem que eu tinha guardado a chave. Só não me lembrava. (Aliás, o que é que eu ando me lembrando ultimamente mesmo??) Marcamos pra gente ver um filme no Shopping Benfica e eu estregaria a chave pra ela. Ainda bem que o filme foi ótimo - DEIXA-ME VIVER, que eu até já comentei no blog. No domingo, em vez de ver o novo do Rodriguez, preferi ver OS VIGARISTAS, que com certeza não ficaria tanto tempo em cartaz.
OS VIGARISTAS é o melhor filme de Ridley Scott desde TORMENTA (1996). Abrindo um parênteses aqui só pra dizer que também gostei de 1492: A CONQUISTA DO PARAÍSO (1992) quando vi no cinema. Sou fascinado pela odisséia de Colombo. A história toda do descobrimento da América parece uma lenda, de tão fantástica que é. Os filmes seguintes dele não me convenceram: NO LIMITE DA HONRA (1997) é abominável, asqueroso; GLADIADOR (2000) eu não achei tão ruim quando vi no cinema, mas foi cada vez caindo mais de cotação em minha mente à medida que o tempo foi passando; HANNIBAL (2001) é bem desagradável; FALCÃO NEGRO EM PERIGO (2001) dá vontade da gente sair correndo no meio da sessão.
Dessa vez ele acertou com OS VIGARISTAS. O que não quer dizer muita coisa, vamos combinar. O filme tem Nicolas Cage de novo num papel de um cara estranho e perturbado. Ele já tinha feito algo do tipo em VIVENDO NO LIMITE (1999) e no horroroso ADAPTAÇÃO.(2002). Achei que até iria ficar incomodado com o personagem dele, já que tinha visto um pouco no trailler. Mas não. O personagem é até simpático.
O filme é um drama sobre pessoas que vivem aplicando golpes, como OS IMORAIS (1990), LUA DE PAPEL (1973) ou a comédia OS SAFADOS (1988). Nicolas Cage é um trambiqueiro cheio de tiques nervosos e neuras relacionadas à limpeza e ambientes externos. Seu parceiro é Sam Rockwell. Uma menina aparece pra mudar sua vida - a ótima Alison Lohman, de DEIXE-ME VIVER.
A trama é bem organizada, os personagens são simpáticos, a direção de atores está ok, a fotografia em scope é bem bonita e o final é bem resolvido. Mas ainda assim não fiquei satisfeito. Normalmente falta emoção nesses filmes de Ridley Scott. É o caso de mais esse filme dele. Mesmo assim, considero um bom filme.
domingo, novembro 02, 2003
DEIXE-ME VIVER (White Oleander)
Uma pena esse filme não estar tendo a badalação merecida. É uma obra sensível e que traz personagens complexos e interessantes. No filme, Alison Lohman é uma adolescente que é adotada por diferentes famílias depois que sua mãe (Michelle Pfeifer) é presa por assassinar o namorado. Como o elenco do filme é destaque, vamos ver uma atriz de cada vez.
Alison Lohman. Acho que essa menina merece especial atenção. Ela pode se tornar tão importante quanto Natalie Portman ou até Winona Ryder. Quem sabe, né? Ela vai estar no novo filme do Tim Burton – BIG FISH. Além disso, ela também está em cartaz nos cinemas do país no novo filme do Ridley Scott – OS VIGARISTAS, em papel de destaque. Em DEIXE-ME VIVER, ela incorpora bem a menina suscetível a mudanças de acordo com os ambientes em que passa a viver.
Michelle Pfeiffer está linda como sempre e em um de seus melhores papéis. Ainda por cima é uma grande atriz. Ela é ao mesmo tempo assustadora e sedutora nesse filme.
Robin Wright-Penn, no papel da mulher ciumenta e “religiosa”, também está ótima.
Reneé Zellweger está mais feia do que costumamos ver nos filmes. O que terá acontecido com ela? Cirurgias plásticas mal feitas?
Como se vê é um filme onde o forte mesmo são as interpretações femininas. O filme focaliza o universo feminino, mostrando desde personagens inseguras até aquelas seguras demais.
Patrick Fugit, de QUASE FAMOSOS (2000) também está aqui no filme, dois anos mais velho. O garoto está crescendo. O papel dele é importante. É um dos namorados de Alison. Bonita a cena em que os dois estão olhando as estrelas na praia.
O legal de ver filmes assim, que se aproximam mais da vida, onde a violência não é banalizada, é que a gente não se sente anestesiado. Cada etapa dolorosa da vida de Alison é também sentida um pouco pelo espectador. Aqui a cena de um único tiro de revólver é mais forte do que um tiroteio inteiro de vários filmes de ação que pululam nas salas. Estava sentindo falta de um filme assim.
Curiosamente, o diretor Peter Kosminsky dirigiu apenas filmes para tv e uma versão meia-boca de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Acredito que esse é o seu primeiro grande filme.
No IMDB tem uma discussão interessante a partir de um comentário de alguém que leu o livro em que o filme se inspirou. Algumas perguntas que se pode fazer depois de se ver o filme, podem ser respondidas lá. Por exemplo, quem leu o livro sabe detalhes do assassinato do namorado de Michelle Pfeiffer; sabe que tipo de material foi usado para envenená-lo. Sabe mais detalhes sobre a insegurança da personagem de Reneé. Ou mais detalhes sobre os relacionamentos amorosos de Alison com homens mais velhos. Mas isso é normal em se tratando de adaptação de um livro para o cinema. Pra mim, o resultado final aqui foi mais do que satisfatório. Uma das mais agradáveis e prazeirosas surpresas do ano no cinema.
Uma pena esse filme não estar tendo a badalação merecida. É uma obra sensível e que traz personagens complexos e interessantes. No filme, Alison Lohman é uma adolescente que é adotada por diferentes famílias depois que sua mãe (Michelle Pfeifer) é presa por assassinar o namorado. Como o elenco do filme é destaque, vamos ver uma atriz de cada vez.
Alison Lohman. Acho que essa menina merece especial atenção. Ela pode se tornar tão importante quanto Natalie Portman ou até Winona Ryder. Quem sabe, né? Ela vai estar no novo filme do Tim Burton – BIG FISH. Além disso, ela também está em cartaz nos cinemas do país no novo filme do Ridley Scott – OS VIGARISTAS, em papel de destaque. Em DEIXE-ME VIVER, ela incorpora bem a menina suscetível a mudanças de acordo com os ambientes em que passa a viver.
Michelle Pfeiffer está linda como sempre e em um de seus melhores papéis. Ainda por cima é uma grande atriz. Ela é ao mesmo tempo assustadora e sedutora nesse filme.
Robin Wright-Penn, no papel da mulher ciumenta e “religiosa”, também está ótima.
Reneé Zellweger está mais feia do que costumamos ver nos filmes. O que terá acontecido com ela? Cirurgias plásticas mal feitas?
Como se vê é um filme onde o forte mesmo são as interpretações femininas. O filme focaliza o universo feminino, mostrando desde personagens inseguras até aquelas seguras demais.
Patrick Fugit, de QUASE FAMOSOS (2000) também está aqui no filme, dois anos mais velho. O garoto está crescendo. O papel dele é importante. É um dos namorados de Alison. Bonita a cena em que os dois estão olhando as estrelas na praia.
O legal de ver filmes assim, que se aproximam mais da vida, onde a violência não é banalizada, é que a gente não se sente anestesiado. Cada etapa dolorosa da vida de Alison é também sentida um pouco pelo espectador. Aqui a cena de um único tiro de revólver é mais forte do que um tiroteio inteiro de vários filmes de ação que pululam nas salas. Estava sentindo falta de um filme assim.
Curiosamente, o diretor Peter Kosminsky dirigiu apenas filmes para tv e uma versão meia-boca de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Acredito que esse é o seu primeiro grande filme.
No IMDB tem uma discussão interessante a partir de um comentário de alguém que leu o livro em que o filme se inspirou. Algumas perguntas que se pode fazer depois de se ver o filme, podem ser respondidas lá. Por exemplo, quem leu o livro sabe detalhes do assassinato do namorado de Michelle Pfeiffer; sabe que tipo de material foi usado para envenená-lo. Sabe mais detalhes sobre a insegurança da personagem de Reneé. Ou mais detalhes sobre os relacionamentos amorosos de Alison com homens mais velhos. Mas isso é normal em se tratando de adaptação de um livro para o cinema. Pra mim, o resultado final aqui foi mais do que satisfatório. Uma das mais agradáveis e prazeirosas surpresas do ano no cinema.