domingo, novembro 30, 2003

SAMSARA (The Samsara)



Depois de uma sessão frustrada de S.W.A.T. , melhor esquecer o filme por um momento e falar de um filme que em vez de nos deixar ainda mais vazios do que quando entramos na sala, nos enche de satisfação e de emoção.

Apesar do andamento lento do filme, acredito que ele agradaria a mais audiências que se propusessem a vê-lo, e não apenas ao público típico do Espaço Unibanco. O filme tem uma fotografia linda. Sem falar que SAMSARA é bem sensual, com boas mas sutis cenas de sexo. (Há uma cena em especial que todo mundo vai sentir vontade de experimentar um dia com alguém.) Pra completar, o filme tem um final tão emocionante que é difícil conter as lágrimas.

SAMSARA (2001), de Pan Nalin, é uma produção indiana/alemã sobre jovem monge budista, que depois de passar três anos, três meses e três dias meditando, volta para o seu mosteiro. Para se ter uma idéia de como ele estava depois de todo esse período de meditação, basta dizer que suas mãos pareciam as do Zé do Caixão, com unhas enormes e os seus cabelos e barbas bem crescidos. No entanto, ao voltar para o mosteiro, ele se vê tendo sonhos eróticos e excitando-se ao ver partes do corpo feminino, o que preocupou os seus colegas e os seus mestres, que acharam melhor que ele tomasse uma decisão. Numa de suas andanças, ele conhece uma mulher por quem ele se apaixona. Essa mulher muda a sua vida, apresenta pra ele prazeres que ele até então desconhecia.

Há também uma curiosidade quase antropológica por culturas diferentes da nossa que pode ser saciada no filme. O cinema pode proporcionar um pouco disso e até que barato. Bom mesmo seria podermos viajar sempre que quiséssemos, pra qualquer lugar do mundo que tivéssemos vontade. Eu por exemplo, gostaria de saber qual o gosto daquela comida que aquele povo come.

O final pode causar polêmica ou até indignação, mas o que eu achei importante, entre outras coisas, foi poder analisar o ponto de vista da mulher. Ela que tem mais sabedoria instintiva nas coisas da vida. Como se fosse mais desse mundo do que o homem, sempre desorientado, sempre querendo fugir, sempre querendo mais, ou não querendo nada.

Ao entrar no cinema, entrei meio estressado, ainda por causa da rotina de trabalho durante a semana e também por causa do corre-corre pra não chegar atrasado à sessão. Ao sair da sala, depois de me deixar levar pelo espírito “zen” do filme, saí olhando para as coisas e para as pessoas com outros olhos. Tudo parecia estar diferente, como se eu tivesse experimentado uma droga ou algo do tipo. E eu acho que não botaram nada na latinha de Coca-Cola.

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