segunda-feira, novembro 24, 2003

O JÚRI (Runaway Jury)



Não pretendia ver esse filme no fim de semana. Mas conversando com o Renato por icq no sábado, ele me fala que o filme é muito bom, quase ótimo. Resultado: lá vou eu gastar os dez pila que eu tinha guardado pra cortar o cabelo ("Eu resisto a tudo, menos às tentações", como dizia Oscar Wilde). Por sorte, o filme é mesmo muito bom. E olha que eu não curto muito esses filmes de advogado, tribunal etc.

Já está sendo comum os filmes atuais virem com montes de cortes e planos rápidos para dar mais dinamismo a certos filmes. Isso é especialmente importante em filmes em que a ação se concentra principalmente em ambientes de trabalho entre quatro paredes. Ainda assim, O JÚRI ainda apresenta um par de seqüências de ação física muito bom.

O filme começa com aquela tradicional rotina americana, sempre apresentada de maneira estressante, como se todo mundo chegasse no trabalho muito atrasado e as gentilezas são puramente para se cumprir o protocolo. Essa rotina de país feliz (mas estressante) é ameaçada com um tiroteio na companhia. Um homem é assassinado.

Esse é o ponto de partida para um filme que pretende focar a atenção mais nos jurados do que nos advogados. Nesse filme, é mais importante para o veredito final um júri de anônimos do que a habilidade dos advogados. Não deixa de ser curioso o processo de escolha dos jurados e a manipulação que ocorre entre os grupos interessados. Nesse caso, o que há é uma disputa entre os donos da fábrica de armas responsável indireta pela morte do homem no início do filme e a esposa da vítima, que requer uma indenização pelo ocorrido. Com toda essa discussão bastante atual (vide os filmes TIROS EM COLUMBINE e ELEFANTE), fiquei me perguntando se os familiares das vítimas do massacre em Columbine receberam alguma indenização da indústria armamentícia. Alguém sabe me dizer se isso ocorreu??

O elenco do filme é ótimo. Gene Hackman como o chefão da indústria de armas, que se utiliza de métodos pouco honestos para conseguir o que quer; John Cusack, como um jurado com grande habilidade de influenciar as pessoas; Rachel Weisz (belíssima) como a namorada dele; Dustin Hoffman, como o advogado da vítima.

O JÚRI é o melhor que eu vi da lista de filmes baseados em livros de John Grisham. A FIRMA (1993), O DOSSIÊ PELICANO (1993), O CLIENTE (1994), O SEGREDO (1996) e TEMPO DE MATAR (1996) são apenas filmes medianos de advogados. Se bem que o último me agradou pelo tema polêmico.

Soube no blog do Renato, que o livro de Grisham no qual O JÚRI é baseado é sobre a indústria de fumo, e não a indústria de armas. Ótima mudança. Ponto positivo pro filme.

Outra coisa: fiquei admirado em encontrar a sala de cinema lotada no Iguatemi pra ver um "filme de advocacia". Foi o maior público que eu encontrei naquele multiplex. Nem em blockbusters como EXTERMINADOR DO FUTURO 3, eu vi tanta gente lá.

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