domingo, maio 22, 2022

TOP GUN – MAVERICK



Tom Cruise entra na quinta década se mantendo de pé e com sucesso em Hollywood. E com o mesmo sorriso e juventude que o trouxe à fama, mesmo beirando os 60 anos de idade. E isso é impressionante. Também é impressionante como o astro, agora também um produtor de sucesso, se transformou em dono de sua própria carreira, escolhendo diretores com assinatura pouco reconhecível, mas muito eficientes em sua tarefa de artesãos. Essa tendência tem se mostrado desde fins dos anos 2000 e de certa forma tem funcionado.

Na época que Cruise fez TOP GUN – ASES INDOMÁVEIS (1986), de Tony Scott, ele tinha poucos filmes importantes como protagonista, mas já havia sido visto por Francis Ford Coppola como uma estrela em ascensão em VIDAS SEM RUMO (1983). Vindo de sucessos como NEGÓCIO ARRISCADO (1983) e A LENDA (1985), ele chega como a escolha perfeita para o filme-propaganda da marinha americana. Hoje o filme de Scott envelheceu mal e nem sei se parece ainda um comercial de refrigerante. Ainda assim, é essencial que ele seja visto para que possamos entrar com mais intimidade em TOP GUN – MAVERICK (2022), de Joseph Kosinski.

A escolha do diretor é acertada, não apenas por ele ser muito talentoso. Além de Kosinski já ter trabalhado com Cruise em OBLIVION (2013), ele tem no currículo outra sequência de um sucesso oitentista, TRON – O LEGADO (2010). Ou seja, parece ser a escolha perfeita. A inusitada sequência de TOP GUN logo de início já deixa claro que quer prestar tributo ao filme original, seja pelas primeiras imagens do local de aterrisagem dos aviões, seja pela mesmo rock do filme de Tony Scott apresentado nos créditos.

O apego ao original é necessário também para se criar um fio condutor para a história: Maverick, o personagem de Tom Cruise, será instrutor de uma equipe de pilotos de elite que contará com o filho de seu falecido amigo, morto durante um treinamento no primeiro filme. E muito do sucesso desta sequência se dá por essa relação um tanto tensa que se estabelece entre o protagonista (que ainda carrega um sentimento de culpa) e o jovem vivido por Miles Teller.

Por outro lado, a tentativa de trazer um novo par romântico para o personagem de Cruise não funciona muito bem. Química zero entre Cruise e Jennifer Connelly, mas vejo isso mais como um problema do ator, que tem um tipo de energia estranha no ar, quando o assunto é sexo e romance. Na época de TOP GUN – ASES INDOMÁVEIS, as cenas de sexo com Kelly McGillis tinham uma pimenta interessante, com aquelas imagens dos beijos de língua explicitados, ainda que mostrados em penumbra estilizada. Agora, até mesmo pular da janela da amada, como um adolescente, ele faz. Sem falar que a sensualidade, que aparecia até de maneira homoerótica nos banheiros masculinos, é praticamente evitada nesta sequência. Já a recusa ao envelhecimento por parte de Cruise tem a sua graça, inclusive também nas cenas de Maverick jogando na praia com seus alunos.

Ainda tenho meus problemas com as cenas no céu, especialmente quando há muitos aviões parecidos nos momentos dos treinamentos, mas aqui elas são bem melhores que no primeiro filme, e a última cena de ação é ótima, deixando uma sensação de que acabamos de ver uma obra bem acabada, eficiente, feita com esmero, mesmo contando com um roteiro de diálogos fracos, mas isso talvez tenha ocorrido para não destoar tanto do filme original. No entanto, é louvável o quanto Kosinski consegue trazer de alma para o novo filme, e isso fica bem claro na última e emocionante cena de Maverick e Rooster, o personagem de Teller.

No mais, vale a pena ver na sala IMAX. A tela ultra-grande valoriza a beleza das imagens aéreas.

+ DOIS FILMES

TOP GUN – ASES INDOMÁVEIS (Top Gun)

A revisão de TOP GUN – ASES INDOMÁVEIS (1986), depois de passados muitos anos (décadas), acentuou o quanto ele ficou datado, embora eu tenha passado a admirar, agora em uma cópia lindona, o trabalho visual de composição, que é característico do Tony Scott. As cenas dos aviões no céu são um saco e muito difíceis de entender - deu uma saudade dos filmes de aviões do Howard Hawks... No mais, eu gosto das cenas mais humanas, no chão, da presença de Kelly McGillis. Mesmo com um roteiro ruim em mãos, eu gosto mais do filme quando ela está na tela. Fiquei me perguntando se Tom Cruise sabia que sua persona e seu personagem eram bem irritantes, não apenas pela arrogância de Maverick, ou se ele estava o tomando como um herói autêntico, um dos vários personagens que não passam por qualquer humilhação. Ainda assim, sigo gostando muito da filmografia de Tony Scott. Apenas deixo TOP GUN no finalzinho do ranking.

O PLANETA PROIBIDO (Forbidden Planet)

A ficção científica mais luxuosa até o advento de 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO é um filme bem divertido e bastante criativo. Para começar, já fiquei bastante impressionado com a ideia de mostrarem terrestres dirigindo um disco voador em direção a um planeta desconhecido. Depois soube que foi a primeira vez que isso aconteceu. A produção da MGM também trouxe efeitos especiais de primeira linha, um monstro fantástico e um robô que fez tanto sucesso que ganhou participações em outros filmes. Baseado na peça A Tempestade, de Shakespeare, o filme mostra um grupo de homens que chegam para resgatar pessoas no tal planeta do título e não são muito bem recebidos. Outra coisa muito inovadora em O PLANETA PROIBIDO (1956), de Fred M. Wilcox, é a minissaia da personagem de Anne Francis. Não à toa, até hoje o filme é visto como uma das melhores sci-fies de todos os tempos pelos especialistas. Filme visto no box Clássicos Sci-Fi (volume 1).

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